Textos de Mãe para Filho
E disse a minha FILHINHA (Carla Sophya Santos) após a Mãe ter dito que numa flor, via a poesia:
(…) Então o meu Paizinho (Manuel Santos) é um jardim! 🥰👑💐🌷🌹🌺🌸🌼🌻
Tu que em mim vês, um jardim, Linda Flor;
Sei bem, porque o tal vês, minha Querida;
Nesse ver que em ti tens, por tanto AMOR;
Que em ti, depositei; nessa em ti tida!
Tal vês, porque só de AMOR, foste feita;
No dia em que a Ti, à MÃE, nós juntamos;
Todo o sabor, que A nosso PAI, Respeita;
No demonstrar do quanto, nos AMAMOS!
És por tal, LINDA FLOR, de um jardim mista;
Brotada nesta vida, para eu ver;
A beleza do AMOR, em nós tão tida!...
Por em ti ter, a tua MÃE tão vista;
Num completar do AMAR, tido em meu Ser;
Para em TI ver, O AMOR; da nossa vida.
Com a sorte e a alegria de um ser de tão lindo SER, Pai;
A força de ser mãe
Ter a ternura daquele olhar que buscava o acolhimento de uma mãe
Deus me fez mãe
Me fortaleceu me dando paciência
Fui forte onde muitos cairiam
Estava segura na rocha
Não foi fácil nada é facil
A luz daquele olhar me fez ver que os dias seriam dificeis,
mas seriam alcançados
Deus me fez forte no momento certo
Pra pessoa certa
Minha pequena luz...
Shirlei Miriam de Souza...
OS OLHOS DE MINHA MÃE
Eram duas pérolas cravadas em um triste rosto.
Havia algo marcado, a beleza e o desgosto.
De dentro da água salgado, saltou-se a ostra
à maresia, e suas partes separadas, banhou-se
no sêmen d’areia molhada.
E seu ventre carregou-se de encanto ou desencanto,
a cada vez que amanhecia, por tantos e tantos dias,
ouvindo a noite gemer para cobrir seu sofrer.
Aflito o grito da alma, de uma alma sem calma...
E aqueles olhos? Nunca lhes vira tão de perto!
Nem sabia dos desertos que seu mundo oferecia,
mas em seu rosto, desenhadas, duas pérolas, sim, havia!
Quem nunca se sentiu desprezada pela mãe?
Sinto que apenas eu, passo por isso, talvez um pouco egoísta, mas parece que todo mundo sobe aquelas fotos bonitas com a mãe e eu não tenho nem uma na galeria, é complicado, quando te vendem a mentira que a relação maternal é puro amor, proteção e carinho. Isso é mentira, há mães que desprezam, que rebaixam e que deprimem os filhos. Dói imenso, as palavras que te saem da boca "Mãe", dói quando dizes que não sou ninguém, que sou desprezível e que nunca conheceste alguém tão relés como eu, dói tanto quando sussurras, "Oxalá nunca te tivesse tido". Eu não escolhi vir à tua vida, não quis estragar esses sonhos dos que nunca falas, não quis "obrigar-te" a casar com o pai, tu escolheste, vocês escolheram, e por má sorte nasci eu. Mas uma vez que já não havia volta atrás, por que não fazer bem as coisas?, por que não me dar o amor e a empatia que tanto preciso, por que não ser boa mãe, por que me desprezar e me chamares nomes feios.
Oxalá alguma mãe leia isto e reflita, cuidem dos filhos.
Oxalá a minha mãe veja isto e sem saber que sou eu, reflexione e mude.
Enoja-me dizer isto mas acho que lá no fundo Mãe, eu amo-te.
Mãe consagrada
Mãe Maria Deus coroou,
para ser mãe de Jesus
nosso Senhor.
Mãe rainha cheia de esplendor
que por mãe de todos
Deus consagrou!
Maria sua graça é só amor...(3x)
Seu coração de mãe,
ninguém superou,
porque Maria és alheia a própria dor.
Salvastes o mundo
pois, seu próprio filho renunciou...
Ensinou, que em um coração
cabe um ventre de amor.
Maria sua graça é só amor...(3x)
Este ventrículo é um laço
de um versículo abençoado!
E ele é maior no amor
por dentro de uma oração!
Seu amor é gesto de bem doado;
Foste o bem para o bem,
e por bênção...
para ser sempre celebrado!
Maria sua graça é só amor...(3x)
Maria Lu T S Nishimura
Música em adequação ao soneto:
Versículo do coração
A mulher, mãe Maria, Deus consagrou
Ser a mãe de Jesus Cristo, nosso senhor,
É tambem mãe rainha cheia de esplendor,
Que por mãe de todos nós, Deus corou!
Neste contexto, o preceito é só de amor;
Coração de mãe nunca ninguém superou,
Porque, é de tal forma alheia a própria dor
À salvar o mundo inteiro, seu filho deixou!
Mas, também cabe um ventre no coração,
O ventrículo, laço do versículo abençoado,
É maior no amor, por dentro de uma oração!
Amor é sem dúvidas, gesto de bem doado,
É pratica do bem, para o bem e por bênção,
Sempre, nunca somente num dia celebrado!
Oxum
Você és o encanto em minha vida
Oxum, minha mãe
Só tu sabes das angústias vividas
Eu lhe sinto
Toda vez que me canso
Toda vez que tropeço
Toda vez que canto, Yabá
Toda às vezes que rezo
E você me escuta
Pois, sinto seu perfume
Doce como tu és
Sinto o seu toque
Seu abraço
Ouso até os seu idés
E quando repouso meu ori
Uma coisa grita em meu coração
"Não foi bom hoje
A vida é assim
Confia, filho em mim
E não desanima não".
Então eu levo fé
Levo, para todos os cantos
É que nasci do ventre de Oxum
E lá eu aprendi
O quanto amar é um encanto.
Sou mãe biológica de poesias
A Inês, minha amada sobrinha
Tenho comigo que sou mãe e não sabia
Sim, sou mãe biológica de poesias
Como tenho as portas da alma aberta
Elas chegam de mansinho
E se abrigam no meu útero com carinho
Nascem naturalmente, sem dor, sem fórceps
Sem traumas e sem gritarias
Não escollhem o horário e nem o dia
São libertas de qualquer imposição
São repletas de amor, esperança, certeza e gratidão
Nossa comunicação acontece por intuição
Nos momentos de exaustão elas me arrastam pelas mãos
Tagarelam em meus ouvidos e provocam confusão
Deixo tudo que estou fazendo para lhes dar atenção
Às vezes invadem minha privacidade e se vão
Para algumas eu conto com a magia da parteira
São arteiras, dão cambalhotas dentro de mim e se escondem
Dizem que tem medo da realidade desse sol que arde
Querem ser eternamente a inspiração da minha vida
Mas ao fazerem a travessia se expandem na alquimia da poesia
Do livro: Deusas Aladas
SER PAI E MÃE...
É MAIS DO QUE “FALAR”
Os filhos não fazem o que os pais dizem...fazem o que os pais fazem.
SER PAI E MÃE...é aprender diariamente e dar o exemplo.
Não é necessário ter o mesmo sangue
Não é necessário ter a mesma cor e nem falar o mesmo idioma.
O amor é o único segredo e a única ligação.
Ninguém deveria ser privado de liberdade por causa de suas crenças e opções.
A educação é a mãe de todos os comportamentos -cada comportamento depende da mãe que se teve ....
A INTOLERÂNCIA é a tia frustrada de todos os TIRANOS que ficaram orfãos da mãe educação ....
Ser orfão, por si só, é já uma tragedia ...mas ser orfão de educação é uma tragédia monumental!
Poema
Ternura de Mãe
Filha minha, lindo botão que desabrocha,
frescor de manhãs de primavera, entre todas as donzelas, a mais linda, doce, singela!
Comparo- te com lis do campo, vejo- te como flor de pântano, certeza tenho que o Pai do céu, te escolheria, dentre todas elas!
Candura própria de Maria, alma alva e angelical, existente brilho, só nas estrelas,
és princesa, e original
Quando vejo teus olhos brilhantes,
fitando o mundo sem esperança, rogo ao Pai e a Maria, socorre- a neste instante!
Filha amada, filha minha, agora entendo, porque não tens par, vejo- te num radiante luzidio, reluzente revestimento, cintilante brilho, outra como tu nunca, és singular!
À noite, quando o sol já no ocidente,
a lua, estrelas, brilham, vejo- te como lua,
as estrelas tuas damas de companhia!
Vejo a lua, é a te que vejo!
As estrelas, tuas pajens fulgentes, num belíssimo, encantador, cortejo de rainha!
Quantas vezes, vejo- te como divina, no
teclado, balé, na oração, sono, acordada,
são muitos os momentos, talvez, em todos de tua vida!
Cintilas quando dormindo!
Quantas vezes em teu quarto, acariciei teus cabelos, e tu não me vias?
Constantemente fico pensando,
ela tem mãos de artista, estatura de miss, porte de infanta, soberana de um reino,
rainha um dia, grande mulher!
Agora menina moça, estás na adolescência limiar da juventude, chegará um dia que serás moça, mulher!
És linda, bela, divina!
A mais perfeita das maravilhas!
O criador não nos deixou a fórmula,quando te criou, oh! filha minha!
Ainda não encontrei teu príncipe, cônjuge, futuro companheiro, sei que vive, no momento ainda estrangeiro!
Quando aparecer, vai ser pra valer, tempo, não vais ter pra retroceder, vai levar- te num cavalo branco, cheio de plumas brilhantes,
sei que vou chorar, ficar em prantos!
Serás feliz, viverás o teu encanto!
(Poema public no Jornal Tribuna do Leste Manhuaçú)(Data 13/05/91)
Aroma de amor
Quase tudo na vida me cheira saudade,
Um pé no chão, um abraço de mãe,
Um cheiro de flor, quando a noite se avizinha.
Há um redemoinho girando em meu peito,
As vezes sou vento revolto,
Ou, um dia é aperto e num outro sereno.
Sangra flores, nos porões do meu ser
E assim sigo exalando aquele insistente
E necessário aroma de amor
Que faz-me vingar a cada amanhecer
Vejo a angústia em meu rosto em frente do espelho.
A angústia que minha mãe sente por estar sofrendo.
A tristeza que em meu rosto não demonstro.
A vontade de mudar minha história.
As lágrimas que meu coração chora ao vê-la.
A tristeza em saber que estou presa a essa situação.
As lágrimas que secam em minhas faces.
A solidão que sinto em meu coração.
As receitas de medicamentos que parecem não ter fim.
As horas que no relógio passam e o sofrimento que acaba de recomeçar.
ABANDONAR… abandonar… Pai ou Mãe… porquê?!!!!!!!!!!!!!
Abandonarmos, um Pai ou Mãe, num lar;
É algo, que não se faz nem a cão;
É de nós, o maior desconsolar;
Dado a tais, pela nossa ingratidão!
Alegar, que pra tais, tempo não temos;
É esquecer que ele, em nós viveram;
Não com um, mas com quantos cá nascemos;
Com quais, tanto trabalho tiveram!
Que pena haver, tão fraco abandonar;
Que pena haver, tão fraco em nós sentir;
Que pena haver, tão grande ingratidão!...
A quem tudo nos deu, pra nos criar;
Por quem tanto sofreu, sem nos medir;
Em nós, por tal desconsideração.
Com A MAIS profunda MÁGOA, encontrada nos meus sentires;
O passeio pelo paço
Eu peço tanto para a minha mãe me levar ao Paço Municipal. *Isso* porque sempre que eu passo lá em frente, fico olhando abismado, procurando entender o que acontece por trás daqueles imensos portões azuis, trazidos da Europa no século passado.
Se eu desse alguns passos longos e pulasse, talvez eu *conseguiria* alcançar a campainha e viesse alguém abri-los.
Quaquer dia irei pedir uns passes para que eu possa fazer uma visita guiada com meus parças.
Penso que seria interessante.
Assim eu entenderia bem melhor o que de tão especial se passa ali dentro.
Aproveitaria a ocasião para comer uva passas e brincar no belo jardim PORTUGUÊS que consigo vislumbrar quando por ali passeio.
Paulo Shangio
mãe tem um tempo diferente de todo tempo
mãe faz o tempo correr de improviso
mãe encontra tempo no entretempo
mãe faz o tempo parar quando preciso
mãe sabe o tempo certo de ser vozinha
mãe tem todo tempo do mundo pra todo mundo
mãe nunca cobra tempo quando está sozinha
mãe não sabe o tempo que leva pro filho volta e deixar de vira mundo.
mãe ja viu de tudo vendo o tempo passar
mãe no tempo certo ja por vezes riu e chorou
mãe só não quer ter tempo de ver o filho ir e não voltar
mãe por amor aos outros seu tempo dedicou
mãe espera com paciência o tempo pra ser mãe
mãe não sabe cronometrar o tempo no ponteiro
mãe mesmo com o passar do tempo sempre vai ser mãe
mãe no tempo do dia dorme por ultimo e acorda primeiro
mãe é tão apaixonada pelo tempo que venha o que vier
mãe só usa o seu tempo pra ser mãe e parece nunca sentir dor
mãe só quer ganhar tempo quando não mais tempo tiver
mãe se pudesse mudar o nome do tempo certamente alcunharia de amor.
MÃE DE VERDADE
Mãe de verdade amamenta sem dor,
Sem se queixar, do filhinho querido;
A noite de sono, sem alarido,
Perde por ele, num ato de amor.
Mãe de verdade ela roga ao Senhor
Pra que seu filho seja protegido;
Sempre co' amor ele seja provido,
Pra que ele cresça com todo vigor.
Mãe de verdade jamais acha um peso
Ajudar seu filho a viver ileso
Neste mundo mal, que temor nos põe...
Quem não trata com zelo, com capricho,
Quem pega seu filho e joga no lixo!...
Não!... Nunca soube o que é ser uma mãe!
INCAUTO
Minha santa ordem quase sem mãe
Que jamais permita com teus poderes
Carcomer as pétalas das tuas flores
Depois fingir infinitamente apiedado
Chorar copioso as tuas dores
Deixar borrar os aventais de giz
Mofar os rituais dentro do peito
Decompor as ferramentas de aprendiz
Tornar impuras as brandas mãos
Obsoletas inférteis comprometidas
As ideias discorridas dos ideais
Por negar-me a mim diante do espelho
Trincado de ingratidão
Leis da Mãe
Não abandone a lei de sua mãe. - Provérbios 6:20
Escritura de hoje : Provérbios 6: 20-24
Ao ler Provérbios 6:20, que se refere à “lei de sua mãe”, lembro-me de algumas das “leis” únicas de minha mãe que me ajudaram muitas vezes.
O primeiro que chamo de “a lei da cozinha quente”. Quando chegávamos da escola em um dia frio de inverno ou quando passavam as férias, a cozinha estava sempre tão quente de assar e cozinhar que as janelas ficavam no vapor. Também estava quente com o amor de uma mãe.
Uma segunda lei que eu chamo de “a lei da perspectiva de uma mãe”. Quando eu ficava chateada com alguma questão infantil, ela costumava dizer: “não preste atenção”. Ou: “daqui a dez anos você terá esquecido tudo sobre isso. ”Isso me ajudou a colocar as coisas em perspectiva.
Mas, acima de tudo, era a “lei da fé” de minha mãe. Ela tinha uma confiança inabalável em Deus que a mantinha forte e gentil em meio aos medos, pressões e tempos difíceis que enfrentávamos em família.
Mamãe está com o Senhor agora há muitos anos. Ainda sou grato por suas "leis", porque elas me ajudaram em muitos dias difíceis.
Mãe cristã, você também está escrevendo "leis" para seus filhos. Vale a pena lembrar? —DCE
Refletir e orar
Eu amo você, mãe, por sua graça quieta,
por esse sorriso querido em seu rosto gentil,
por marcas de labuta em cada mão amorosa
que funcionou para mim antes que eu pudesse entender. - Simpson
Nenhum homem pobre tem uma mãe piedosa. -Abraham Lincoln David C. Egner
OLHANDO PARA O CÉU
Quando vejo a lua no céu a brilhar,
Beijando as matas da mãe natureza,
Com um brilho tão vivo, de rara beleza,
Que desnuda a terra e ilumina o mar.
De novo para céu lanço o meu olhar,
Salpicado de estrelas, piscando incessantes,
Como pirilampos na noite como raros brilhantes,
Lá tão longe e distantes, no céu a bailar.
Eu olho de novo para o infinito,
Um céu radiante, um céu tão bonito,
Parece que vejo,diante dos olhos meus,
Um salão enfeitado e a presença de Deus.
Como simples mortal, eu faço um pedido,
Eu peço com fé, o meu grande troféu,
Para quando eu me for, desse mundo tão lindo,
Que eu seja também, uma estrela no céu.
Que as luzes da vida eu leve comigo,
Saudades de amores, recentes e antigos,
Me junto às estrelas, que me acolhem, me abrigam,
Mandarei minhas luzes,às pessoas que amo e aos amigos que ficam.
As Sete Aberrações
VII - A Mãe
Estou sentado na cama de um hospital. Minha cabeça está enfaixada e em meu pulso direito, há uma agulha, anexa à mangueira que traz um soro às minhas veias. À minha esquerda, minha mãe está sentada, sem falar uma palavra sequer, apenas me encara. Presa à parede em minha frente, uma televisão exibe a programação tediosa de domingo. Ao mesmo tempo em que encaro a tela, não assisto, meus olhos estão completamente sem foco, sem brilho.
O sufocante branco fechado ao meu redor parece manter-me preso à ilusão que a aberração da noite passada causara.
Em uma mudança de imagens da tv, pude ver meu reflexo na tela. Sorri ao estranhar minha própria aparência e, enquanto as vozes de uma plateia de talk show gargalhavam histericamente, decidi quebrar o silêncio daquele quarto quase vazio, subitamente:
"Mãe" - Eu chamei. Ela me encarou surpresa - "Eu estou parecendo uma aberração, não estou?" Comecei a rir, enquanto algumas lágrimas percorriam o rosto mais magro e pálido do que outrora.
"Como você pode fazer piadas desta situação? Será que você não entende que é culpa sua que tenha chegado a esse ponto? Nós queríamos cuidar de você! Nós queríamos fazer isso tudo passar!"
"Quem não entende é você" - Respondi, calmamente - "Não faz ideia da dor que passei, todas as sete vezes, e nada adiantou"
"E por isso você vai desistir? Como você pode fazer isso conosco?" Ela começou a chorar, pendendo seu rosto para frente e cobrindo-o com as palmas das mãos.
Envolvi em meus braços a figura daquela mãe que, outrora tão firme, inabalável, agora mostrava sua sensibilidade e tristeza.
"Eu também te amo" - Respondo.
A noite chega e com ela, meu pai. Ele entra no quarto e abraça minha mãe, que logo após, aperta minhas duas mãos, beija minha testa e dá as costas. O homem de barbas curtas e acinzentadas senta-se ao meu lado um pouco mais tímido que minha mãe e segura minha mão esquerda.
"Como está essa força, garoto?" Pergunta. Obviamente sabe minhas condições, mas seu perfil, calmo e descontraído sempre fala mais alto.
"Estão igual ao meu cabelo" - Brinquei.
"Mas..." - Ele ergue um pouco as faixas em minha cabeça. Seus olhos castanhos se estreitam para encarar o outro lado das bandagens - "É, acho que não precisamos fingir que está tudo bem" - Termina, demonstrando frustração ao falhar em sua piada.
Dou risada enquanto o encaro e ele me acompanha. Não demorou muito, aqueles risos foram banhados em nossas lágrimas.
"Eu tenho que confessar... Estou com medo" - Pela primeira vez, ouvi aquelas palavras. Pela primeira vez, soube o que meu pai estava sentindo e, pela primeira vez, vi meu grande protetor, amedrontado.
"Eu também estou, pai" - Apertei a mão dele um pouco mais firme, enquanto seu sorriso sumia completamente, dando lugar aos soluços de choro - "Imagino que seja difícil, que doa me ver assim, mas, você precisa ser forte. Quando isso acabar, você será o único com quem a mãe poderá contar. Por favor, prometa que será forte, por ela"
Ele acenou afirmativamente com a cabeça e me abraçou, como nunca havia abraçado antes.
Minha família perdeu muito pela esperança de me curar. Tudo em vão. Agora, estava sendo difícil de aceitar a derrota, apesar de toda a gratidão que sentia por eles e toda a vontade de continuar lutando, o fim era iminente.
Pouco depois, minha vista começou a se turvar. Senti frio. Assisti o vulto embaralhado de meu pai se levantar, perguntando às enfermeiras que entraram o que estava acontecendo, de forma desesperada, quando tudo finalmente tornou-se escuridão.
Tudo o que pude ouvir, ou sequer sentir, foram três toques contínuos de sinos, como os das catedrais. Logo em seguida, vi algo em minha frente, o que deduzi ser a última das aberrações.
Seu corpo era simplesmente uma capa negra e flutuante, ressaltando dois olhos brancos e profundos dentro da touca. Nas extremidades das mangas daquela capa, mãos negras e esqueléticas se faziam visíveis. Em sua mão esquerda, trazia uma grande foice.
"Olá" - Tentei dialogar. Esperei algum tempo, em vão, não recebi qualquer resposta - "Acho que sei o motivo de estar aqui"
"Ela anuncia minha vinda com as fragrâncias de crisântemo, para que um dia possa ver as cores do jardim. Não permitiria que partiste só, então abri caminho até ti, mas, eu... Sinto muito..." - Respondeu finalmente a criatura
"O que? Sério? Você não é a Morte? É seu trabalho!"
"Sabes quem sou?" - Ele pareceu confuso. Apesar de sua aparência nada convidativa, sua voz e sua forma de falar eram suaves, quase doces. - "Não me agrada que as coisas aconteçam dessa forma. Queria ser capaz de evitar-me a vir àqueles como você, que mesmo tão jovens, tornam-se sábios e aclamáveis. Bem-aventurado seria o mundo, se os viventes presenciassem tudo aquilo que já vistes"
"Tu sabes de toda a dor que já senti. Conheces cada momento, dos triviais aos fundamentais, os quais presenciei. Por isso, hoje estás aqui. Morte, tu não vens como uma aberração ou uma inimiga, eu bem a conheço, pois tu és o descanso eterno, que agora sei, dentro de mim, que sou merecedor. Assim como a acolho alegremente, espero que me aceite, sob seus mantos, de bom grado" - Agora, tudo estava feito.
A Morte surpreendeu-se ao ouvir meus dizeres. Já sentia-me muito menos carnal do que sempre fora. Apesar de não poder ver a face daquele que estava à minha frente, senti certa emoção calorosa vinda de seus olhos, então sorri.
Ele estendeu sua mão direita em minha direção. Instintivamente, fiz o mesmo, ou tentei. Algo estava me segurando. Quando olhei para trás, várias pessoas estavam ali. Amigos de longa data e alguns que há muito não via, familiares que não eram tão próximos e alguns que nunca me abandonavam, até mesmos conhecidos, aos quais apenas dizia "Oi" ou "tchau". Todos eles seguravam meus braços.
Encarei aquela que estava mais próxima. Aquela pessoa, segurando com força em meu pulso esquerdo.
"Não vá, não ainda. Por favor! Eu sequer consegui me despedir!"
Vê-la chorar foi o mais doloroso dos sentimentos que tive até hoje. Logo após suas palavras, todos começaram a fazer o mesmo.
"Volte!" - Diziam - "Não desista!"; "Nós estamos aqui" - Os gritos eram incessantes
"Eram eles que ainda precisavam de mim, não é?"
"Esta é tua última e mais difícil provação" - Respondeu-me a Morte.
Olhei para todos aqueles que estavam ali, aquelas gotas de luz em uma imensidão feita de trevas. E, com um sorriso e um último aceno de cabeça, disse: "Obrigado" e "Adeus". Quase todas aquelas luzes acenaram de volta, enquanto reconhecia meu pai no meio da multidão, abraçando minha mãe com força, transformaram-se todos em flores variadas, cheias de cor, vívidas, a não ser por uma pessoa. Sua mão ainda segurava meu pulso, enquanto seu rosto inclinado ainda lamentava nosso adeus.
Coloquei minha mão sob seu queixo e o ergui, encarando profundamente seus olhos.
"Todos temos nossas próprias vidas para seguir, com ou sem outras pessoas, mas, sei que minha vida foi tão bela quanto poderia ser, porque você estava lá. Não quero que lembre de mim com arrependimentos ou mágoas, quero que saiba que, mesmo no último momento de minha vida, você foi a mais forte luz, que teimou em brilhar no meu coração sem pulso. Agradeço por sempre ter estado comigo. Obrigado. Eu te amo"
Aquela luz, ao me abraçar, finalmente cedeu. Em minhas mãos, tudo que sobrou fora uma rosa vermelha. Os badalares dos sinos começaram mais uma vez, mas, não pararam em seu quarto toque. Ao fundo, pude ouvir uma melodia que conhecia de algum lugar. As flores que
haviam caído ao chão começaram a se multiplicar em um extenso jardim. A imensidão negra deu seu lugar a um céu azul repleto de nuvens brancas e estrelas.
Atrás de mim, a Morte removeu de sua cabeça o manto, que, outrora negro, tornara-se azul. A imagem de uma bela mulher se fez presente sob as luzes dos céus e daquele manto. Aos seus pés, todos aqueles que já haviam partido estavam presentes. Aos meus lados, todas as sete criaturas que conheci anteriormente ajoelharam-se perante a ela. Aproximei-me e fiz o mesmo gesto.
"Você conseguiu. Seja bem-vindo" - Disse ela.
"Assim como vós, ponho-me sob o manto da noite, onde hei de descansar, brilhando como estrela, com todas as outras luzes que me aceitam em seu meio. Obrigado por receber-nos." respondi, em uníssono, com A Anunciante, O Espelho, A Máscara, O Mundo, A Esperança e O Tempo, despedindo-me de tais aberrações.
Estendi minha mão direita, entregando a ela, oito rosas vermelhas.
Minha irmã acordou assustada com esse sonho, sentou-se em sua cama e enfim, entendeu: "Suas orações foram entregues a tempo".
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