Textos de Esperança
As flores estão por todos os lados
Enfeitando sonhos e jardins
As aves voam atentas trazendo os dias, esperanças
Sonhos são aves com asas abertas
Só fecham no calar do dia
Quando os sonhos se poem no final do dia
Quero sol, quero mar, um beijo
A luz dará
Tempestade de sonhos voam como mar
Quero voar como uma ave
Basta acreditar nos seus sonhos
E se doar
Nunca é tarde
Enquanto há vida, há luz, há dias, e esperança.
Lembre-se dos sonhos de José,nem seus irmãos que estavam ao seu lado acreditaram em seus sonhos.Ele foi traído,vendido,humilhado,caluniado...
Mas Deus tinha um propósito em tanta aflição e o exaltou.
De humilhado passou a ser governador do Egito!
Nem todos acreditarão em seus sonhos,mas Deus não desistirá deles!
Na luta pela sobrevivência, muitos se esquecem de ser recíprocos, empáticos. Preferem aniquilar ao invés de buscar uma forma de ajudar a ambos.
A vida do outro pouco importa, quando se está com a corda no pescoço.
Para que pensar no próximo quando pode-se livrar-se as custas dele.
Um mundo sem esperança, sem amor, cria homens sem caráter sem expectativas, sem vontade de ser melhor.
Era uma noite linda
Eu vi saturno e seus anéis
Vi Marte, vi Mercúrio
Uma vez quando criança
Me explicaram sobre constelações
La me mostraram Órion.
Mas tem uma estrela especial.
Essa estrela não tem comparação
Pela manhã eu a vejo nascer
Durante o dia fico olhando para ela
Ao se despedir da um espetáculo
Incansável de ver sua beleza
Todos os dias
Eternamente será bela
Ao amanhecer e ao entardecer
Os dias não irão tirar sua beleza
Em todo lugar o seu brilho há de me cativar
Esse sol que brilha leve no inverno
Quente no verão
Aquece e alegra
PARA VOCÊ
Deus te fez do jeitinho que você é, valorize!
Você está podendo acordar mais um dia, valorize!
Você é a imagem e semelhança de um pai que te ama, valorize!
Faça gestos de amor para si mesmo e verá o amor que está dentro de você irradiar ao seu redor.
A vida não precisa ser triste, ser pesada ou de total desânimo. Eu sei, você pode estar em um momento muito ruim, mas a escolha entre um sorrir e um chorar é apenas sua! A escolha entre um pensar ruim e um pensar alegre, é sua! É exclusivamente sua! Então, se dê valor! Se ame! Porque, o maior antídoto para uma cura, para qualquer cura, está em suas mãos: o auto amor.
@keylak.holanda
Se !!! Mas..
Se Deus não tivesse um plano de salvação para a humanidade,
se ele não tivesse antes da fundação do mundo estabelecido a sua vitória sobre a futura organização que viria denegrir a integridade e a inocência da sua criação.
Se não existisse um Salvador pra remir a falha do ser que foi criado mas se virou contra o Criador,
Se não tivesse acontecido a cena da cruz pra dar a vitória sobre o pecado e sobre o inferno, como seria a vida na terra???
Nasceriamos sem esperança, viveríamos algum tempo já sabendo da sentença, teríamos em mente que ao morrer, teríamos uma eternidade escura e horrenda.
Teríamos medo de crescer, pois com o crescimento viria a idade adulta, e isso traria a cada vez mais a ideia de que iríamos nos encontrar com a escuridão da eternidade.
Sem nenhum sentido pra viver, e sem nenhuma perspectiva, e pela falta de entender o motivo de ser alguém e estar aqui, muitos tirariam a própria vida, ou tirariam a vida de muitos, pois a desilusão seria a palavra de ordem no sentimento da humanidade.
Mas ...
Mas Deus, com toda sua Sabedoria e Poder, criou a solução antes do problema,
Mas Ele, que criou, não deixaria sua criação perdida, pois tudo o que ele faz é perfeito, e sendo feitos pelas suas mãos, somos aperfeiçoados naquilo que ele mesmo nos deu, a esperança...
Mas Ele, nos deixou uma dádiva, uma situação na qual podemos reverter o nosso quadro de incapacidade em relação ao ato de falha humana, que se usarmos , somos alcançados e inseridos no centro do seu plano, que é salvar o perdido e errante pecador.
Mas Seu Filho, não se fazendo por merecedor da sua herança, abriu mão da sua Glória por um tempo, e cumpriu em si mesmo todo o propósito do Criador em restabelecer a comunhão com a criatura...
Mas Ele mesmo, com seu poder e conhecimento, criou a solução mesmo antes do problema acontecer.
A ESCLEROSE
Sou uma prisioneira dentro de mim,
Meu corpo é minha própria cela
E minhas grades são os meus pensamentos...
Já não reconheço minha face no espelho
E as mãos cianóticas não podem mais segurar meus sonhos.
Vivo entre grasnidos e estertores,
Embora o pulmão e a mente ainda guardem aspirações.
Meu coração é um animal selvagem,
Que entre arritmias ainda palpita por dias melhores.
Mesmo que a digestão esteja comprometida,
Não vou engolir esse sentimento de derrota e melancolia.
Mesmo cheia de sintomas, ainda cultivo uma esperança.
Uma dessas pequeninas é verdade,
Mas tão resistente, tão ectasiada,
Quanto os últimos capilares que ainda restam em meus dedos.
Essa esperança, assim como os sonhos,
São especiais, porque são para poucos.
Ela é um resultado de se saber
Que dias melhores virão,
Porque existem heróis de máscaras e aventais que lutam por mim.
E entre Raynaud e prognósticos,
Vou afastando as sombras.
E como já disse o poeta,
Não acrescento mais dias à minha vida,
Mas sim vida aos meus dias.
INDIVISÍVEIS
O mundo não iniciou com o teu nascimento,
Foram muitos os que vieram antes de ti.
Por isso, faze-te inesquecível,
Sê aquela presença agradável
Que se espalha por tudo que é vivo.
Marque cada canto do mundo.
Faça de cada dia um presente que não se repete.
Ande sem se preocupar com o tempo.
Sê a chama que arde sem fraquejar.
Distribua sonhos por onde passares.
Sê diferente de tudo o que existir.
Colha flores na alma dos homens,
Para que vejam que a beleza
Existe dentro de cada um.
E assim, quando deixares o mundo...
Todas as criaturas perguntarão por ti
E o mundo deixará de ser o mesmo,
Como se a tua presença tivesse sido indispensável
E a tua vinda tivesse dado sentido ao mundo.
Pois a esperança é o que todos buscam,
Mesmo inconscientemente,
Seja lutando ou apenas em suas preces.
Mas Deus não é algo intocável e distante,
Um ser a quem recorrer nos dias difíceis.
Deus é o que está dentro de ti
Assim como tu és uma parte de Deus:
Como as gotas de chuva que se unem
Na imensidão do mar.
É a palavra de conforto aos desesperados.
É o ato de coragem buscando a justiça.
É o olhar de piedade aos necessitados.
Todas as pessoas que cruzam teu caminho,
Não vieram por acaso ou escolha própria,
Todos trazem consigo esta dádiva
De aguçar tua alma para algo grandioso:
O amor.
BELIEVE
Acreditar é a única opção sensata,
Embora pareça uma idéia abstrata.
Acreditar que a vida vai mudar...
Que as coisas vão melhorar.
Acreditar que existe um propósito maior...
Que vamos todos a um lugar melhor.
A desesperança é a própria morte,
É conduzir a vida à própria sorte.
Portanto, tome as rédeas do seu futuro...
Esqueça de vez o passado obscuro.
Seja a chama que arde sem fraquejar.
O primeiro passo sempre é acreditar !
O SEGREDO DA VIDA
Ser feliz não envolve fortuna ou sorte...
Mas sim um espírito liberto
E exige uma visão aguçada.
Pois a beleza da vida só é vista nas entrelinhas...
Como acompanhar os primeiros passos do filho,
Ou o olhar apaixonado do grande amor,
A festa do cão de estimação ao te ver chegar,
Ou ainda acompanhar um pôr do sol.
Os milagres da vida acontecem diariamente e não custam nada !
Não deixe a rotina aprisionar a mente
E cegar os olhos da alma.
A felicidade não está nas coisas externas, mas sim em nós.
Ser feliz não depende dos outros, basta perceber o AMOR !
É difícil explicar, até mesmo sentir
O que as vezes se passa em nossa cabeça e coração.
Tentamos, nos confundimos.
Imaginamos, nos iludimos.
Somos enganados por nós mesmos.
Pensar demais de si além do normal é loucura.
Mas pensar nada é o que?
Tenho medo da solidão, do obscuro e complexo mundo mental.
Neste mundo louco, quem decide entendê-lo cai em suas insanidades.
Podemos apenas negar ou mentir nossos distúrbios?
O quer que façamos, não se pode negar a amargura
Que é está presa ao mundo podre, arisco e desumano.
Vamos firmes persiste, pois, o prêmio está por vim.
As Sete Aberrações
VI - O Tempo
Enquanto penso no que me foi dito na noite anterior, vou até o banheiro, encho minhas mãos de água e molho meu rosto, encarando o espelho logo em seguida.
De minha narina esquerda, uma linha vermelha se estendia até meus lábios. Esfreguei com meu pulso e encarei o sangue que manchava minha pele.
"Por quê?" - Falei, em voz alta. De trás de mim, inesperadamente, recebi uma resposta:
"Será que é tarde demais?"
Me virei rapidamente. Encostado na outra parede, enquanto sentado no cesto de roupas, ele estava, ou melhor, eu estava. Olhei para o espelho mais uma vez e ambos aparecíamos no reflexo. Olhando para baixo, percebi que não estava mais no banheiro de meu apartamento. Não existia chão, meus pés se sustentavam nas solas dos pés de outro reflexo meu, que me encarou da mesma forma que o encarei. Acima de mim, na imensidão branca onde deveria estar o teto, mais três reflexos perambulavam, sem parecer me notar ali, ou sequer, viam uns aos outros.
"Somos muitos, não?" Disse aquele que foi o primeiro a aparecer, e que ainda mantinha-se à minha frente.
"Mas você é diferente. Diga, você é outro? A sexta aberração?"
Aquele "eu" andou em minha direção com um olhar sereno, encarou-me e então, limpou meu sangue com um lenço que tirou de seu bolso, lenço esse, que eu mesmo ganhara de meu pai anos atrás. O mesmo lenço estava também em meu bolso.
"Todos somos, fomos, poderíamos ter sido ou seremos versões de você, em momentos do passado, presente ou futuro. Eu, sou a sua versão de um futuro bem próximo"
"Por isso é você quem me responde?" Perguntei. Ele me respondeu confirmando, com um aceno de cabeça e um sorriso de canto de boca.
Depois de pouco tempo, estávamos sentados, olhando para cada versão de nós mesmos. Ao redor deles, memórias do passado se formavam.
Apontava, animado, para cada uma delas, contando sobre os momentos felizes como se meu outro eu não os conhecesse. Nas memórias, vi pessoas que já se foram, como meus avós, alguns tios e primos. Isso me fez transbordar algumas lágrimas, secadas pelo meu outro eu, que tentando fazer me distrair, apontou na direção das memórias mais engraçadas de minha infância. Logo me reanimei, assisti tudo o que podia e não podia me lembrar.
Olhando um pouco à minha direita, vi algumas versões de mim que não reconhecia. Antes de eu sequer questionar, fui respondido:
"Ah, todos esses são versões de você que não chegaram a existir, graças às escolhas que fez".
Alguns momentos tristes, outros felizes, que gostaria de ter vivido, sonhos que não pude realizar em lugares que não pude ir, mas nenhuma parecia tão relevante quanto aqueles que há muito haviam partido, e agora, pareciam estar a um palmo de distância.
"Eu só queria poder dizê-los como sinto falta... De cada um deles". Estiquei minha mão em direção a eles, mas apesar de parecerem tão próximos, estavam longe demais.
"Impressionante" - Disse meu reflexo, enquanto me encarava surpreso "Mesmo com todas essas possibilidades lhe sendo mostradas, ainda insiste em olhar para os momentos do passado".
"Bom..." Respondi. "Cada uma dessas versões poderiam ter acontecido, mas não aconteceram. Sendo assim, elas não fazem parte de mim, não são eu, não me são tão valiosas."
"Você prefere suas memórias, mesmo as dores que passou, mesmo os momentos ruins, as perdas, todas elas fazem parte da sua vida"
Apenas concordei com um aceno de cabeça.
"Estou sem palavras, posso apenas parabenizá-lo" Nesse momento ouvi um barulho de estática, senti uma pontada no peito, depois todo aquele local pareceu tremer. As pessoas que vi simplesmente sumiram.
Coloquei minha mão no peito, me controlei e olhei para ele de novo.
"Para onde eles foram? Isso foi uma provação ou algo assim? Qual é a lição que deveria ter aprendido com isso tudo?"
Ele me olhou mais uma vez, com um olhar triste, ainda que sorridente.
"Acho que... Quem acabou recebendo uma lição fui eu. Esperava que visse todas aquelas possibilidades e se sentisse tentado em poder viver de forma diferente. Ainda assim, você preferiu a vida que teve" - Mais uma vez, a dor no meu peito e o barulho de estática se fizeram presentes.
"Eu não entendo" respondi
"Não percebe? Você conseguiu aprender conosco! Com cada uma das aberrações! Entende cada erro que cometeu, mas ainda assim, sabe que seus erros são parte de quem você é, ou melhor, de quem somos! A perfeição vem daquilo que é, não do que poderia ser. Você,
pequeno iluminado, pôde me dar uma provação e eu sequer passei, eu devo ser sua versão que fracassou nesse teste." Sua última frase saiu em um tom de ironia.
Meu coração apertou mais forte dessa vez, junto com outro barulho de estática, fazendo com que eu quase desmaiasse. O clarão ao redor começou a se raxar e mostrar o negro atrás daquela lona de luz. Pensei em perguntá-lo se ele de fato, era a sexta aberração, mas, rapidamente, a resposta a essa pergunta se tornou clara: já havia admitido, eu mesmo, ser uma aberração.
"Eu não me arrependo de nada, e também, não é como se fosse uma desistência banal, mas, queria ficar com eles! Deixe-me ir de uma vez, eu sei que estou pronto!" Disse finalmente.
"Não se preocupe, logo você estará com todos" - respondeu. A face começou a se raxar, revelando raios brancos e negros através da carcaça feita à minha imagem e semelhança - "Mas ao menos mais uma vez, você deve acordar" - um último som de estática me atingiu, fazendo-me fechar os olhos - "Ainda há aqueles que precisam de você do outro lado". Comecei a ouvir vozes desesperadas e gritantes ao meu redor, eles pareciam pedir espaço, ordens para que outras pessoas se afastassem, em um desespero que não me parecia fazer sentido.
Abri meus olhos a ofegar, quando vislumbrei tudo que estava ao meu redor. Estava deitado e amarrado a uma maca. Uma mulher e dois homens de jalecos brancos e máscaras que cobriam suas bocas e narinas, me encaravam, secavam minha testa com esparadrapos e me pediam para me acalmar, que já havia passado. Diziam eles, que apenas quatro choques do desfibrilador foram o suficiente, para que eu recobrasse a consciência.
As Sete Aberrações
VII - A Mãe
Estou sentado na cama de um hospital. Minha cabeça está enfaixada e em meu pulso direito, há uma agulha, anexa à mangueira que traz um soro às minhas veias. À minha esquerda, minha mãe está sentada, sem falar uma palavra sequer, apenas me encara. Presa à parede em minha frente, uma televisão exibe a programação tediosa de domingo. Ao mesmo tempo em que encaro a tela, não assisto, meus olhos estão completamente sem foco, sem brilho.
O sufocante branco fechado ao meu redor parece manter-me preso à ilusão que a aberração da noite passada causara.
Em uma mudança de imagens da tv, pude ver meu reflexo na tela. Sorri ao estranhar minha própria aparência e, enquanto as vozes de uma plateia de talk show gargalhavam histericamente, decidi quebrar o silêncio daquele quarto quase vazio, subitamente:
"Mãe" - Eu chamei. Ela me encarou surpresa - "Eu estou parecendo uma aberração, não estou?" Comecei a rir, enquanto algumas lágrimas percorriam o rosto mais magro e pálido do que outrora.
"Como você pode fazer piadas desta situação? Será que você não entende que é culpa sua que tenha chegado a esse ponto? Nós queríamos cuidar de você! Nós queríamos fazer isso tudo passar!"
"Quem não entende é você" - Respondi, calmamente - "Não faz ideia da dor que passei, todas as sete vezes, e nada adiantou"
"E por isso você vai desistir? Como você pode fazer isso conosco?" Ela começou a chorar, pendendo seu rosto para frente e cobrindo-o com as palmas das mãos.
Envolvi em meus braços a figura daquela mãe que, outrora tão firme, inabalável, agora mostrava sua sensibilidade e tristeza.
"Eu também te amo" - Respondo.
A noite chega e com ela, meu pai. Ele entra no quarto e abraça minha mãe, que logo após, aperta minhas duas mãos, beija minha testa e dá as costas. O homem de barbas curtas e acinzentadas senta-se ao meu lado um pouco mais tímido que minha mãe e segura minha mão esquerda.
"Como está essa força, garoto?" Pergunta. Obviamente sabe minhas condições, mas seu perfil, calmo e descontraído sempre fala mais alto.
"Estão igual ao meu cabelo" - Brinquei.
"Mas..." - Ele ergue um pouco as faixas em minha cabeça. Seus olhos castanhos se estreitam para encarar o outro lado das bandagens - "É, acho que não precisamos fingir que está tudo bem" - Termina, demonstrando frustração ao falhar em sua piada.
Dou risada enquanto o encaro e ele me acompanha. Não demorou muito, aqueles risos foram banhados em nossas lágrimas.
"Eu tenho que confessar... Estou com medo" - Pela primeira vez, ouvi aquelas palavras. Pela primeira vez, soube o que meu pai estava sentindo e, pela primeira vez, vi meu grande protetor, amedrontado.
"Eu também estou, pai" - Apertei a mão dele um pouco mais firme, enquanto seu sorriso sumia completamente, dando lugar aos soluços de choro - "Imagino que seja difícil, que doa me ver assim, mas, você precisa ser forte. Quando isso acabar, você será o único com quem a mãe poderá contar. Por favor, prometa que será forte, por ela"
Ele acenou afirmativamente com a cabeça e me abraçou, como nunca havia abraçado antes.
Minha família perdeu muito pela esperança de me curar. Tudo em vão. Agora, estava sendo difícil de aceitar a derrota, apesar de toda a gratidão que sentia por eles e toda a vontade de continuar lutando, o fim era iminente.
Pouco depois, minha vista começou a se turvar. Senti frio. Assisti o vulto embaralhado de meu pai se levantar, perguntando às enfermeiras que entraram o que estava acontecendo, de forma desesperada, quando tudo finalmente tornou-se escuridão.
Tudo o que pude ouvir, ou sequer sentir, foram três toques contínuos de sinos, como os das catedrais. Logo em seguida, vi algo em minha frente, o que deduzi ser a última das aberrações.
Seu corpo era simplesmente uma capa negra e flutuante, ressaltando dois olhos brancos e profundos dentro da touca. Nas extremidades das mangas daquela capa, mãos negras e esqueléticas se faziam visíveis. Em sua mão esquerda, trazia uma grande foice.
"Olá" - Tentei dialogar. Esperei algum tempo, em vão, não recebi qualquer resposta - "Acho que sei o motivo de estar aqui"
"Ela anuncia minha vinda com as fragrâncias de crisântemo, para que um dia possa ver as cores do jardim. Não permitiria que partiste só, então abri caminho até ti, mas, eu... Sinto muito..." - Respondeu finalmente a criatura
"O que? Sério? Você não é a Morte? É seu trabalho!"
"Sabes quem sou?" - Ele pareceu confuso. Apesar de sua aparência nada convidativa, sua voz e sua forma de falar eram suaves, quase doces. - "Não me agrada que as coisas aconteçam dessa forma. Queria ser capaz de evitar-me a vir àqueles como você, que mesmo tão jovens, tornam-se sábios e aclamáveis. Bem-aventurado seria o mundo, se os viventes presenciassem tudo aquilo que já vistes"
"Tu sabes de toda a dor que já senti. Conheces cada momento, dos triviais aos fundamentais, os quais presenciei. Por isso, hoje estás aqui. Morte, tu não vens como uma aberração ou uma inimiga, eu bem a conheço, pois tu és o descanso eterno, que agora sei, dentro de mim, que sou merecedor. Assim como a acolho alegremente, espero que me aceite, sob seus mantos, de bom grado" - Agora, tudo estava feito.
A Morte surpreendeu-se ao ouvir meus dizeres. Já sentia-me muito menos carnal do que sempre fora. Apesar de não poder ver a face daquele que estava à minha frente, senti certa emoção calorosa vinda de seus olhos, então sorri.
Ele estendeu sua mão direita em minha direção. Instintivamente, fiz o mesmo, ou tentei. Algo estava me segurando. Quando olhei para trás, várias pessoas estavam ali. Amigos de longa data e alguns que há muito não via, familiares que não eram tão próximos e alguns que nunca me abandonavam, até mesmos conhecidos, aos quais apenas dizia "Oi" ou "tchau". Todos eles seguravam meus braços.
Encarei aquela que estava mais próxima. Aquela pessoa, segurando com força em meu pulso esquerdo.
"Não vá, não ainda. Por favor! Eu sequer consegui me despedir!"
Vê-la chorar foi o mais doloroso dos sentimentos que tive até hoje. Logo após suas palavras, todos começaram a fazer o mesmo.
"Volte!" - Diziam - "Não desista!"; "Nós estamos aqui" - Os gritos eram incessantes
"Eram eles que ainda precisavam de mim, não é?"
"Esta é tua última e mais difícil provação" - Respondeu-me a Morte.
Olhei para todos aqueles que estavam ali, aquelas gotas de luz em uma imensidão feita de trevas. E, com um sorriso e um último aceno de cabeça, disse: "Obrigado" e "Adeus". Quase todas aquelas luzes acenaram de volta, enquanto reconhecia meu pai no meio da multidão, abraçando minha mãe com força, transformaram-se todos em flores variadas, cheias de cor, vívidas, a não ser por uma pessoa. Sua mão ainda segurava meu pulso, enquanto seu rosto inclinado ainda lamentava nosso adeus.
Coloquei minha mão sob seu queixo e o ergui, encarando profundamente seus olhos.
"Todos temos nossas próprias vidas para seguir, com ou sem outras pessoas, mas, sei que minha vida foi tão bela quanto poderia ser, porque você estava lá. Não quero que lembre de mim com arrependimentos ou mágoas, quero que saiba que, mesmo no último momento de minha vida, você foi a mais forte luz, que teimou em brilhar no meu coração sem pulso. Agradeço por sempre ter estado comigo. Obrigado. Eu te amo"
Aquela luz, ao me abraçar, finalmente cedeu. Em minhas mãos, tudo que sobrou fora uma rosa vermelha. Os badalares dos sinos começaram mais uma vez, mas, não pararam em seu quarto toque. Ao fundo, pude ouvir uma melodia que conhecia de algum lugar. As flores que
haviam caído ao chão começaram a se multiplicar em um extenso jardim. A imensidão negra deu seu lugar a um céu azul repleto de nuvens brancas e estrelas.
Atrás de mim, a Morte removeu de sua cabeça o manto, que, outrora negro, tornara-se azul. A imagem de uma bela mulher se fez presente sob as luzes dos céus e daquele manto. Aos seus pés, todos aqueles que já haviam partido estavam presentes. Aos meus lados, todas as sete criaturas que conheci anteriormente ajoelharam-se perante a ela. Aproximei-me e fiz o mesmo gesto.
"Você conseguiu. Seja bem-vindo" - Disse ela.
"Assim como vós, ponho-me sob o manto da noite, onde hei de descansar, brilhando como estrela, com todas as outras luzes que me aceitam em seu meio. Obrigado por receber-nos." respondi, em uníssono, com A Anunciante, O Espelho, A Máscara, O Mundo, A Esperança e O Tempo, despedindo-me de tais aberrações.
Estendi minha mão direita, entregando a ela, oito rosas vermelhas.
Minha irmã acordou assustada com esse sonho, sentou-se em sua cama e enfim, entendeu: "Suas orações foram entregues a tempo".
MÃOS INQUIETAS
Escolher aonde deixar as mãos
Pra não imitar ninguém
Ficou difícil com tanta gente no mundo.
Se vou pra praça
Tem gente sentada com as mãos no queixo, parece que pensa
Tem gente com as mãos na testa, parece que espera respostas
Tem gente com as mãos nas pernas, parece inquieta e quer partir...
Se ando na rua
Tem gente andando despreocupada com mãos nos bolsos, a vida parece boa;
Tem gente com as mãos na nuca, parece que não quer perder a cabeça;
Tem gente com as mãos na boca, parece que quer falar, mas não e a hora e o lugar.
Tem gente que balança as mãos, Parece ter raiva
Tem gente parada com as mãos no nariz, parece um chafariz e não saber aonde ir.
Sou de gente que ver tudo isso, pareço com todo mundo e sigo o meu caminho,
Tento controlar minhas mãos.
Eu não tenho dó de nenhum ser humano, todos somos vencedores por essência, somos filhos de um Deus todo poderoso, tem pessoas que ainda não se deram conta disso, da grandeza que elas mesmas possuem e nada nem ninguém pode tirar, estou nesta Terra só pra orientar e tentar ajudar as pessoas à enxergarem esse caminho.
Somos todos vencedores e as cicatrizes são só para nos deixar mais fortes.
DOS LUGARES
Dos lugares onde sofri, nasceu a maturidade
Dos lugares onde maltratei, percebi o caminho
Dos lugares onde lutei, busquei certezas
Dos lugares onde toquei, deixei emoções
Dos lugares onde fotografei, dei esperança
Mas, dos lugares onde amei...
Nunca saberei dizê-los ao certo
Pois há um mistério, no ar.
No momento que algo, que consideramos como um caos, nos força a sair de nossa zona de conforto, nos faz perceber nossa essência, como parte de quem somos.
Quando nos perdemos, nos encontramos.
Só assim nos enxergamos e passamos a nos conhecer verdadeiramente. Sem máscaras que confundem a nossa mente.
Olhamos para o espelho e vemos nossa alma e não mais aquela figura pretenciosa.
Neste momento podemos nos curar e finalmente termos a quem sinceramente amar.
Não é vulgar, tampouco vaidade o auto amor. É o processo saudável e fiel, que lhe tira do lugar de sabotador.
Alimenta sua força pra lutar e vencer. Se nutra com esperanças, pra não desvanecer.
Amor próprio ou próprio amor. Abra seus olhos e sinta o resplendor.
Dossel
Um denso dossel cobriu meus olhos, e a noite caiu.
Foram-se as vozes, as cores, o toque, e no silente de um só; resvalei em mim nas lembranças que se esfumaram no tempo.
Na urgência do destino, a selfie ausente do poente não vivido. O adeus roubado.
Caminhando de olhos fechados, uma vida esvaiu-se por entre os dedos. Cansado, adormeci nos escombros de mim mesmo, a duras penas conformado.
Despertei à luz do sol, quando o vento soprou o dossel. Nesta altura, conheci — desconhecendo, as rugas na pele e os fios brancos, nascidos na dormência de quem fui.
Na esperança, sigo lutando no presente, a guardar memórias na epiderme; trapaceando o incerto blackout.
Quanto tempo me resta, não sei!
Cá dentro, é a dor no vazio da minha metamorfose que perdi.
Sem ver, envelheci!
Precisamos Florescer
É que muitos não entendem e lamentam.
De fato não é nosso ato que fermenta.
O bolo da sorte oscila entre o sul e norte.
E quem consegue é aquele que tenta.
Lendo as novidades nesses folhetos.
Jornais que viram cinzas aos gravetos.
É que meu mundo está estampado nas portas dos bordéis.
Tão malandro e fajuto esse jovem viril.
Se perde nas praças dos coronéis.
Não encontra esse medo febril.
Nesse plantio que foi lançado.
Nesse canavial embaraçado.
O tempo que argumenta as poses da elite.
E a classe mais miserável que sofre,
E o decorrer do tempo permite.
Precisamos florescer.
Nascer.
Crescer.
A vida tecer.
Um repleto e completo esperançoso gesto de viver.
Giovane Silva Santos
Moça bonita
Moça bonita
Sem laço, sem fita
Pés descalços no chão
Lutando por uma batalha
Para se igualar ao irmão
Moça bonita
Sem laço, sem fita
Soltou de um nó seus cabelos
Sem ligar para a opinião alheia
Disposta negar exageros
Moça bonita
Sem laço, sem fita
Quanto ao tempo de escravidão já sabia
A suas algemas, não mais cabia
Livre dos preconceitos e das palavras
Daqueles que a julgaram um dia
Moça bonita
Sem mãe, sem filha
Será mãe, já foi filha
Agora livre do laço de fita
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