Textos de Capacidade
A Música Em Mim
Quando muito ainda era pouco
E pouco era quse nada
Quando cantar era um sufoco
E se insistisse levava pedrada, 
Eu bancava o louco 
E cantava até nas calçada
Quando eu gritava
E ninguém me ouvia
A minha voz flutuava
E quase nada dizia, 
Era susto 
Era covardia
Mas mesmo assim 
A música eu abraçava 
E quando cantava 
Eu ia até o fim
Porque sem a música em mim 
Me falta um pedaço
É como se você 
Dissesse que sim
E eu já não soubesse
Mais o que eu faço, 
Sem música 
O meu mundo escuresse
É como gostar de alguém 
E não ganhar seu abraço
Quando eu canto 
No mesmo instante eu danço 
Por isso te causa um espanto
Mas é dengo maluco 
Que só faz bem 
À um coração tão manso, 
Porque o seu sorriso
É um encanto
E quem se olhar encanta também, 
É quase preciso 
É como remanso
Quando mais ainda era menos
E escutar já tanto fazia
Eu sempre ficava sereno
E nunca perdia a alegria, 
Porque minha viola 
Era sempre contente
Como um pássaro na gaiola
Cantando sempre o que sente, 
Porque a música em mim 
Me faz tão bem
É o viver mais distante
E ao mesmo instante presente.
Amantes
Já não é o mesmo sol da manhã 
Já não tem o mesmo brilho
Que antes, 
Nem aquele cheiro de hortelã
Que lembrava aquele beijo
Na boca daqueles amantes
Já não é o mesmo homem 
Nem mais a mesma mulher
Porque será que eles somem
E não vive mais como quer?
Se ambos tinham a mente sã
Porque hoje vive tão distantes?
Foi culpa do passado 
E daquela casa cheia
Depois do rio ter transbordado
E tanto sangue pulsando na veia, 
Onde a correnteza fez morada
Com aquele amor tão pouco 
E quase não dava pra nada
Assim já era um sufoco
O amor é precioso 
E ao mesmo tempo preguiçoso
Você que não sente 
Nunca vai saber
O quanto ele rigoroso
E mal da conta da gente, 
O amor é perigoso
É um remar contra a corrente 
Muitas vezes tão doloroso
Mas é o que tem pra hoje 
E já nos faz tão contente
Já não é a mesma chuva 
O mesmo rosto 
E o chão molhado, 
Já não é o mesmo desgosto
O mesmo choro
De um rei deposto
Lágrima é no telhado
E chuva no mês de agosto
Luz se fez poeira
E vento ali fez morada
Homem saiu na carreira
E mulher ficou apaixonada, 
Como cego no escuro
Pouco som fez zoada
Vizinho pulava o muro
E pra descer usava a escada
Aquilo era muito estranho 
Tudo fora do normal
Amante dormia no banho
E amanhã era noticia no jornal
Já não é o mesmo ar
Tudo já deu sinal
Reputação já quis naufragar
Quando tudo deixou de ser normal,
Amanhã um outro dia vem lá
E tudo como sempre nada igual 
Crença deixou de ser importante 
E muita gente não quis mais rezar, 
O que era perto agora é distante
Veio o tal de favor
E mulher já quis abusar, 
Como se conhecesse de dor
E por paixão tentasse me usar
Como se a boca
Fosse um cobertor
E ao me beijar tirasse essa toca, 
Dizendo que se enganou
Quando me beijava
Pensava que era um ator
Assim ela se alegrava
E logo perguntava quem sou.
A Fúria Da Razão
Um dia eu tive que reclamar 
Das coisas que só me faziam mal 
Não dava mais pra deixar 
Aquele barco de novo a remar, 
E fingir pra mim mesmo 
Que estava tudo bem
Tudo normal
Tive que mostrar
Qual era o seu lugar
E impedir que outra vez 
Voltasse e fizesse tudo igual
Não dava mais pra aguentar 
Tanta hipocrisia
E tanta coisa fora de lugar
Tanta coisa era um perigo
De se ter medo até de entrar, 
Pela gelosia
Dava sempre pra espiar
O que se escondia naquele abrigo 
Que pra gente não queria mostrar
Não era faca, aço 
Nem facão, 
Não era barco, abraço
Só coração
Espantado como ele só
No vai e vem 
Dessa confusão, 
Num estado de dar dó
Com rosto molhado 
Sem direção
Um dia eu tive que reclamar 
Colocar a boca no trombone
O meu instinto é amar
E nunca falar em telefone, 
Comigo é olho no olho 
É o meu jeito de reagir 
E também de começar, 
Malandro tu não tenta fugir 
Porque o meu grito é tão alto 
E tu não queira imaginar, 
A doçura tem meu jeito normal 
Quando ninguém me atrapalha
E me trata sempre por igual 
Mas nunca banque o canalha
Atropelando o meu ideal, 
Porque se não você vai conhecer 
A fúria da minha razão 
Que dentro de mim 
Nessas horas dão sinais
E faz prevalecer 
O que vem do coração, 
E todo dia aqui dentro 
Já bate sem fim, 
É batuque de assustar 
E até parar a multidão.
Vá Procurar O Que Fazer
Vamos ao trabalho 
Porque o dia de amanhã 
Nunca vem de graça, 
Você tem a mente sã
E um corpo que te abraça
Tá na hora de ir trabalhar 
E sair do banco da praça, 
Vá procurar o que fazer
Não seja mais um vagabundo 
Chega de tanta desgraça 
À tomar conta do mundo, 
Dá um basta na tua cachaça 
E vá praticar algum lazer
Um dia tu ainda me mata
De pirraça
E isso não me dar nenhum prazer, 
Deixa de tanta preguiça
E vamos todos à luta
Um dia a tua vida se enguiça
E cada problema te chuta, 
Deixa de tanto capricho
E vá procurar uma direção
Pra ver se um dia 
Tu encontre o teu nicho
Preenchendo o teu coração
E à todos nós causando alegria.
Aprendiz
Espero que você 
Tenha aprendido a lição
Pra que tanto b-a-ba
Não tenha sido em vão, 
Espero que você 
Tenha se arrependido
Pra que tanta comunhão 
Não tenha servido pra nada, 
Espero que você
Tenha entendido o recado
Pra que tanta confusão
Não tenha sido pecado, 
Espero que você se entregue
De corpo, alma e coração
Pra que tanto esfregue, esfregue
Não seja só paixão
Pra não ficar parecendo
Que o amor tenha acabado
Quando só restou ilusão, 
Com tanto sangue fervendo
Espero que você
Tenha rezado no sábado
Pra que tanto vem me ver
Não seja só perdão.
A Nossa Bela Infância
Hoje eu lembrei de você
E de todo o nosso passado
Tudo o que vivir 
E fiz pra te ver
Pra sempre continuar
Do seu lado
Hoje eu lembrei 
Dos seus rompantes
Daquelas suas loucuras
Até de quando era distante
Os seus ataques de doçuras
Hoje eu lembrei de tudo 
De todo o nosso aconchego 
Lembrei de tudo que era proibido
E mesmo assim
Era o nosso chamego, 
Nosso brinquedo escondido
Que a gente levava até o fim
Tal qual o nosso dengo
Nossa forma de dizer sim
Hoje eu lembrei de tudo 
De toda a nossa infância 
Nossa volta pelo mundo
Numa falta de elegância, 
Que aprontava com a gente 
Numa triste ganância 
De viver e se lambuzar 
Coisa seria de criança, 
Que sonhava em se casar
Mas confundia anel com aliança
Hoje eu lembrei de tudo 
De todo o nosso desejo 
Nosso sagrado começo 
Que era só beijo, 
Perna bamba 
E tropeço
Garganta rasgada 
Pele e osso na unha
Cristão, mel e invernada
Tomando conta da grunha 
Numa paixão desenfreada
Coisa mágica 
E bela de criança
Foi toda aquela nossa infância 
Nossa dica 
Nossa forma de lembrança, 
Que preenche os meus dias
E traz uma certa lógica
Pra tudo que a gente canta
E tanto que a gente dança
A nossa bela infância 
Foi um jardim
Onde muito se pintou
É hoje a nossa herança
E apesar da distância 
Muita coisa boa se guardou, 
Amor, amigo e irmão
Tudo isso aqui ficou
É o que nos faz lembrar 
De tudo que foi bom, 
Apesar do tempo que passou
Algumas pessoas foram embora
Mas aqui dentro, 
Pra sempre nos marcou.
Mascote Da Amizade
Se eu pudesse 
Eu guardava o teu sorriso 
E não deixava
Ninguém chegar perto, 
Ter você é tudo que eu preciso
É a dose mais pura
De água no deserto
Se eu pudesse
Eu te guardava na lua
Pra que ninguém tocasse em você
E só o teu brilho chegasse na rua,
Como quem chega 
E ensina a viver
Se eu pudesse
Eu te carregava pra mim
E a minha vida entregava 
Em suas mãos, 
Como quem entrega sem fim
Com a mais pura e louca emoção
Seu sorriso irradia a multidão
Seu caráter transmite sensatez
É coisa que não se paga
Com um milhão, 
Nem dá pra levar tudo de uma vez 
Porque junto a tudo isso 
Vem a sua bondade, 
Que é mais que um compromisso 
É pura sinceridade
Se eu pudesse 
Eu te protegia da chuva 
E te escondia do sol
Quando o inverno chegasse 
Eu te trazia lençol
E defendia da rua, 
De todo perigo
Eu defendia também
Você é um grande amigo
E sabe ser do bem, 
Assim como você 
Aqui outro não tem
Você é o mascote da amizade  
O vento que sopra
Em qualquer direção, 
Você é amigo de verdade
E contigo não há desonra
Nem tampouco decepção
Amizade é acordar de manhã 
E achar tudo engraçado
Amigo é ser natural 
E está sempre do nosso lado, 
Segurar a nossa mão 
Quando mais precisar
Sem olhar os nossos defeitos
Tratando todos por igual
Se eu pudesse 
Eu te levaria comigo
Pro fim do mundo 
E aonde mais precisasse, 
Te guardaria em meu abrigo
Quando esse mundo acabasse.
O Professor
Professor é palavra mágica 
É mistério profundo, 
Ele é quem traz a lógica
E nos prepara pro mundo
Professor é a razão 
A força e a coragem, 
Ele é toda compaixão
É saber retido numa só bagagem
É vida que se explica 
E luz que se acende, 
É forma que se aplica
É mão que nos estende
É dor que não se ver
Só quem sabe guarda e sente, 
Sua palavra nos faz aprender
A tocar o nosso barco pra frente
Professor é o silêncio 
E a vontade de gritar, 
É barulho que sufoca
E ao mesmo tempo quer escutar
Com ele há sempre perdão
É força que não deixa cair, 
É mão que te aponta uma direção
Quando não se têm pra onde ir
Professor também chora
E guarda todos em seu coração, 
Todo dia não tem hora
É o mestre mais fiel
A favor da educação.
Outros Olhos
Vamos olhar adiante 
Tudo aquilo
Que os olhos 
Não querem ver, 
Não vamos ficar
Assim tão distante
Porque essa distância 
Me faz sofrer
Vamos olhar tudo ao nosso redor 
E vamos fazer de conta 
Que nem sempre 
Os bons são os melhores, 
Pois quando viemos
A esse mundo 
Já houve dias piores 
Mas nunca estivemos só
Vamos cantar alguma coisa 
Que fale de amor no futuro 
Porque esse mundo precisa 
Amolecer esse coração tão duro, 
Vamos contar uma história 
Que possa encantar a senhora
Vamos abraçar as pessoas 
E amar loucamente sem demora
Vamos olhar tudo igual 
Pois todo mundo é perfeito
Defeito a gente acha é no sal
E na mágoa que carrega no peito, 
Vamos correr e respeitar o sinal 
Como rio que corre 
Respeitando o seu leito
Vamos abraçar as diferenças 
E olhar todas
Com um pouco mais de paciência,
Vamos evitar trovoadas
Porque indecência 
É um sofrimento
Que não combina
Com a sua sapiência
Vamos olhar tudo 
Com outros olhos 
E acreditar mais
Em todo mundo, 
Pois os sonhos são tão reais
E com a tua amizade 
Eu vou mais fundo
E até avanço os sinais
Vamos olhar o futuro 
E comparar com a fumaça
Que apesar de amargo e tão duro
Num segundo assim ele passa.
Me Leve Pra Qualquer Lugar
Me leve em seu raio de sol
Na beleza plena do seu olhar
Clareando como um farol
Como chuva no chão a molhar, 
Me leve no sal
Do teu paladar
Na sua boca confusa 
E no seu medo de andar, 
Me leve na fuga
E faça de mim tudo sempre igual
Todo dia me abusa
Mas não me deixa de amar, 
Me leve sem medo 
E me traga outro beijo
Tudo é tão cedo
Mas com tanto desejo 
Já não dá pra esperar, 
Me leve 
E me traga de volta
Nas voltas do seu abraçar, 
De tão louca
Solta me leve
No breve espaço
Que me deixa louco
Solto maluco no ar, 
Me leve na tua dança 
E na tua maneira de pensar 
Me guarde na tua lembrança
E na sua boca louca de beijar, 
Me leve na sua lambança
E na sua maneira de se lambuzar.
Vida Louca
Meus olhos são aquele morro
E o pó é como cachoeira
A boca pede socorro
E o sangue quando ali escorre
É como água na biqueira, 
Não sei quem vive 
Não sei quem morre
Eu só sei que é livre
Assim como quem corre, 
Viver nunca foi brincadeira
A vida sempre teve lá seus aclive
Eu sou a boca
De quem não morde
E o poder de quem não têm, 
Eu sou tudo o que você procura
Na falta que me faz também
Acorde a sua locura 
Porque o amanhã já vem, 
Adote aquela doçura
Pra quem um dia te olhar
Poder dizer amém
Os meus olhos são uma cidade
Numa noite de carnaval
É uma bela amizade
Em pleno canavial
Que vai cortando com a mão
Pra fazer aquele açúcar 
Misturando mel com paixão
Até aguçar o que se quer
Nem que seja perdão
Ou ilusão se puder,
Perto do que não vai
Longe do que já vêm
Na pureza de todo dia 
No sentido do que não sai
A locura já detêm
E o poder da alegria 
Cada vez ficando pra trás
Longe do que não sobe
Perto do que só cai, 
Pano que nunca encobre 
Menina louca de saia
Confuso destino destraia
E aos poucos um dia descobre
É a vida louca que se vê 
Perto do sol que já tá pra nascer 
Eu vim na sombra da lua
Muito antes de tudo escurecer, 
Pelo o que se faz na rua 
Diz que te ensina 
E ainda da prazer 
Prazer de se ter na cintura
O que devia esquecer 
Isso é perto da locura 
De quem não têm o que fazer, 
Quando a doçura já amarga
O jeito mesmo é correr
Enquanto dá tempo
E os amigo não te larga
Os meus olhos 
São os retratos do mundo 
Aflição de quem olha
Desespero de quem não vê 
Perdição lá no fundo 
Decepção se não crê
Aventura de amargar 
Nuvem negra em pleno deserto, 
Rio a naufragar
Nunca errado
Sempre tão certo
É o preco que temos a pagar
Quando o enredo é incerto
Dá vontade é de afogar
Pra nunca mais chegar perto.
O Meu Amigo Travesso
O meu amigo travesso
Outra vez correndo perigo
Ele está de volta a um começo
Aonde tudo começa contigo
Amigo maluco, travesso
Que apuro! 
Você é o susto 
Que alimenta a amizade
É o barulho que assusta
E acorda toda cidade
Diante de tudo isso 
Toda manhã é preciso cuidado
Amigo travesso, 
Maluco, pirado
Toda manhã
Eu preciso um bucado
De está pertinho de você
E amigo assim
É pra se ter dentro guardado 
E assim pra sempre vai ser
Nunca aqui dentro ter fim
Mesmo que o mundo tiver acabado.
Vazio
Era pra ser um dia feliz 
Mas o destino não quis
Quando ele abriu a porta 
Viu tudo fugir se num triz, 
Foi nesse momento 
Que ele enxergou a vida torta
Nunca mais pediu bis
Viu a alegria padecer quase morta
Era pra ser um dia feliz 
De muita festa, 
Risos e muita alegria 
Mas o destino usou de rebeldia
Levando tudo o que quis
E só tua ausência aqui resta
Vazio faz tudo escurecer 
Traz vento e não deixa amanhecer
Vazio balança qualquer estrutura
É como viver
E o coração já andar cheios 
De rupturas, 
Vazio traz sol
Mas nunca deixa chover
É como se amarrasse
Meus devaneios 
E não deixasse 
O meu sonho crescer
Vazio traz água 
Mas eu não quero beber
Vazio é a mágoa
E qualquer um quer esconder
É tempestade na lagoa
É um vazio que nos proibe viver.
A Distância
As vezes é a distância que acaba se aproximando mais as pessoas, 
Estejam elas onde estiverem
Tudo que é mágoa desaba
Toda forma de amar eles preferem
As vezes é a distância
Que nos faz tão presente
Sem se importar com a elegância
Daquele que está à nossa frente, 
Porque a distância 
É remédio pra alma
Só ela fecha esses cortes
Abertos lá no passado, 
Quando não se havia calma
E de restos só se conhecia mortes
Distância é tempo bom
É sinal daquele abraço bem forte
É um silêncio em forma de som
Que vai do sul até o norte
Distância é menino que corre 
E justiça que canta
É medo que morre
E verdade que encanta, 
Quando ninguém socorre
Lá vem a distância e te espanta
A distância é isso 
É paixão por dentro retida
Um mistério sem compromisso
Como uma nota musical 
Diversas vezes repetidas
A distância é a nossa herança
Nossa vontade de viver 
Pois dela vem sempre a esperança
De algum parente rever, 
É esta a nossa confiança
E a nossa maneira de dizer
Com ela vem sempre a lembrança
E a vontade de tudo reviver.
Sinal De Deus
O caminho que leva
Suspiro no ar
Um pé na terra 
E o outro no mar, 
Vento que sopra
Em qualquer direção
É fe que mora aqui dentro 
E nunca vai desabar, 
O carinho que eleva 
Em qualquer coração 
Moradia que releva
Qualquer estado de conservação, 
O caminho é o destino 
E aflito é o menino 
Que segue sozinho
Num louco e triste desatino, 
Pelas escadas da vida 
Pelas ondas do mar
E o suspiro do ribeirão, 
Fazendo o menino chorar
Desde muito pequenino
Já soltava o pranto no chão, 
A mão da vida era muito pesada 
E a criança não podia aguentar
Ela sempre caía da escada
Sem ninguém pra te amparar, 
É destino malino 
E jornada 
É vestígio de pó 
E resto de nada
Mas viver era sempre um capricho 
Um aprendizado meio esquisito
Não tinha brincadeira 
Nem banho no riacho, 
Só tinha vendaval
E braços acenando a bandeira
É como se eu vivesse 
E ninguém soubesse
Que eu existo, 
Mas assim que o dia amanhece
Já tô na estrada 
E os meus sonhos persiste
O meu caminho 
Só quem sabe sou eu
Ninguém deitou no meu ninho 
Pra entender de dor como eu, 
Que viu a vida valente 
Surrando a cara da gente
Jogando poeira nos olhos 
E nos obrigando a olhar pra frente, 
Sem conhecer o fim 
Nem a estrada onde ir
Esquecendo do sim
E batendo sempre em porta errada
Foi vida e destino se cruzando
Foi mágoa e o tempo levando 
Pela correnteza do tédio
E o tempo
Que se perdia sonhando
Foi voz que dizia que não
E força que insistia a lutar
Contra toda e qualquer multidão
Que no chão queria derrubar
Caminhei, 
Como jamais quis andar 
Lutando e aspirando a pé
Com um passo bem devagar
Mas seguindo sempre com fe
Foi chão 
Foi grão 
E migalhas
Quase um lixo 
Quase sem pão? 
Um corte de navalhas
Deixava sempre aberto 
Dentro do peito um vão
Que já parecia um deserto
Foi quando eu avistei uma luz
Tocando na minha direção
Eu já fiz logo o meu sinal da cruz
E confesso que foi tanta emoção, 
Era um sinal de Deus
Avisando que estava no fim
Toda aquela peregrinação
Com vozes do além 
Dizendo que sim,
Pra um coração
Que já agradecia
Gritando bem alto amém
Porque não mais padecia.
Toda Brincadeira
No fim toda brincadeira 
Vira coisa séria
Assim como todo país
A sua bandeira simboliza a miséria,
No fim toda brincadeira 
Sempre pede bis
Mas um dia ela vira coisa séria 
E já não é mais aquela 
Que a gente sempre quis, 
No fim toda brincadeira 
Esconde algum mistério
Como cadeira 
Que se empilha no escuro
E pra cair já está por um triz, 
No fim toda brincadeira 
Sempre vira uma escola
Cada gesto é uma cordilheira 
É como tirá um coelho da cartola, 
Fazendo dessa brincadeira
O nosso canto e a viola
Pra sempre um eterno aprendiz, 
É o saber que se leva
Pra qualquer lugar
Dentro da sacola.
Já parou pra pensar por que as vezes você se sente só? 
Mesmo com tudo e todos luxos e confortos, tem sempre aquele momento que sentimos perdidos nesse mundo. Mas por que será? Se temos tudo e não precisamos de mais nada! Ah, aí que você se engana, nunca teremos o suficiente quando o assunto é amor, felicidade e pessoas a quem compartilhar esse sentimento. Porque antes de felicidade compartilhada ser invejada ela é multiplicada!
Metade
Ninguém chora sem sentir
Nem sorrir sem motivo
Basta um sentimento insistir 
É o nosso impulso primitivo
Ninguém canta por acaso 
Nem dança pra te encantar
É quando o amor cria asa
E pra longe ele já quer voar, 
As vezes dentro da gente 
O amor vem em forma de música
Basta dizer o que sente
E você parar pra escutar
Ninguém é feliz sem saber 
Nem toda vez por inteiro
Metade de mim é você
De olhar tão serio e certeiro, 
Que inventa sorrir 
Quando deve chorar
E quando cai no terreiro
É pra colidir 
E nunca derrubar, 
Porque metade é cair
E a outra metade abraçar
É o que dá pra se unir 
É o que se pode juntar.
Animação
Hoje eu quero brasa
No meu aconchego 
E vento pra me animar; 
Sem esse olhar de mundo cego
Que segura a minha asa
E não me deixa voar, 
Hoje eu quero a luz
Que clareia um coração
Capaz de irradiar uma casa
E tirar o capuz 
Dos olhos dessa paixão, 
Pra que a gente finalmente 
Consiga se amar
E não ser mais o intruso
Em frente ao portão
Hoje eu quero
A mais linda melodia
E só da tua boca eu espero
O canto que faça 
Melhor o meu dia, 
E que toda fumaça 
Seja o mistério da vida
Aonde se esconde 
Toda e qualquer alegria, 
E que a chuva não caia
Antes do sol sair
Pois eu tenho medo da vaia
Que possa insistir, 
Assim como o bonde 
Que passa apressado 
E o homem diz
Não querer mais ir
Hoje eu quero a vida 
De um passarinho
Onde o vento te convida
E a liberdade faz seu ninho, 
Que meu canto seja a glória
A clarear todo caminho
Capaz de curar uma ferida 
E o meu canto entrar pra história
Hoje eu quero o abraço da noite 
E o olhar sincero lá das estrelas
Pra quando esse mundo me olhar
Verá que a luz é como açoite
A brilhar nos olhos dela, 
Hoje eu quero no espaço
Um cantinho bem guardado
Pra que o meu corpo 
Em seu abraço cela
E sinta o prazer também 
De um dia ser amado
Hoje eu quero festa
E muito barulho
Quero um abraço bem apertado
Mesmo de quem me detesta
Mesmo que seja um bagulho, 
Animação é o que me convêm 
Pois eu não vir a esse mundo 
Pra agradar ninguém
Eu quero é curtir a vida
E se você quiser 
É só me acompanhar também, 
Eu te prometo a minha amizade
E defender de todo perigo
Mas a minha sinceridade
Sempre te impõe castigo,  
Pois quando eu abro a minha boca
Eu falo sempre a verdade
E se isso te incomoda 
Talvez é você que não sirva 
Pra entender o que é liberdade
E muito menos pra ser meu amigo.
Retirantes
Somos o pó 
De uma vida em ruínas
E uma gente 
Sem disciplinas 
Tentando desatar esse nó
Somos a rampa do morro 
E cara mais suja no chão, 
Somos enfim aquele choro
Sem a chave do mundo na mão
Somos relâmpagos 
Invernos e refrão
Que o trovão da vida 
É um poema
Pra moça sem coração 
Que vive sempre iludida, 
Fazendo dos seus dias 
Um dilema
No breu confuso da noite
Sem amor, amigos ou paixão
Somos a voz
Que se solta em vão
Um ser feroz 
Na escuridão, 
Somos a correnteza
E aquela multidão 
Vivendo de incertezas
Querendo tocar 
O sol com as mãos, 
Somos enfim uma fortaleza 
E toda aquela confusão
Somos a liberdade
E toda a solidão
Prisioneiros da desigualdade
E da falta de compaixão, 
Pois o mundo é um motor
Que gira em rotação
Onde a verdade
As vezes se esconde
E no peito ainda mora uma dor, 
Somos enfim essa multidão
Com essa falta de amor 
E perdão
Que a vida as vezes
É como um trator
Um certo quinhão 
Pra quem tem outra cor
Nós somos a falta 
Que preenche o vazio
A solidão que exalta
E o sucesso um tanto tardio, 
Somos o regresso 
De quem vem de longe
Trazendo na mala
Sonho e esperança
E também algum documento, 
Mulher sempre fica na sala
E criança vem com o tempo
Quando a coisa aqui melhorar
Eu coloco todos na bagagem
E também carrego pra cá, 
Pra ver o sol nascer mais bonito
E beleza vai ser trabalhar
Pra se sonhar com o infinito
Primeiro é preciso buscar
Pra depois louvar com o bendito
O que de fato pôde encontrar
Do pó do nordeste sem chuva
Onde só tem curva e peste 
Eu vou direto é pra cidade grande
Pra que algo de bom
Lá se manifeste, 
Apesar do barulho do som
Diferente de lá do nordeste
Onde tudo era só silêncio
E tão calmo o nosso agreste, 
Levo comigo o meu dom
Que tenho há milênios
Uma forma assim de presente
Vinda de uma força celeste
Pra quem tá na vida sem rumo 
E longe da casa da gente.
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