Texto de Conscientização
Se alguém te tratar mal, basta lembrar que há algo errado com essa pessoa, não com você, quando sou alvo de olhares compassivos ou excluído em conversas, tento resistir ao impulso de me culpar,
lembrando que a crueldade alheia reflete a limitação interior deles, não meu valor, essa mentalidade me fortalece em momentos de rejeição, ainda que seja difícil impedir que a mágoa me consuma antes dessa lembrança vir à tona.
As pessoas são cruéis, elas têm medo de tudo que é diferente, porque a gente revela como elas são absurdamente iguais e entediantes, meu corpo marcado pelas sequelas e meu discurso melancólico mostram a quem me observa que a vida é dura, e isso assusta quem prefere ignorar qualquer desconforto.
Ao me ver diferenciado, projetam insegurança, ofendem-me até que eu me cale, e só depois percebem o quanto a uniformidade que tanto prezam aprisiona todos numa ilusão de normalidade.
Quem sabe ouvir, arranca lições até do silêncio,
em longos períodos em que minhas cordas vocais não respondiam, descobri que o silêncio diz mais do que a fala vazia, o som ausente convida à empatia e ao olhar atento, mas poucos aceitam esse convite. Esse aprendizado me faz valorizar quem permanece em silêncio para compreender, em vez de falar sem escutar.
Você merece todo amor que tenta dar aos outros, mesmo quando minha voz falha ao declarar gratidão, percebo que meu desejo de cuidar excede minha capacidade de me receber amor. Reconhecer meu valor não como alguém que “uma hora vai desistir,” mas como
sujeito digno de afeto, tem sido batalha diária que contradiz a voz interna que insiste em me desmerecer.
A pessoa que aprecia sua própria companhia, dorme sem esperar mensagem, sem esperar agradar ninguém, depois de longas horas de isolamento, descobri que estar só não é sinônimo de vazio; pude aprender a escutar meu próprio corpo e, às vezes, encontrar serenidade no som de
minha respiração.
Dia após dia, levanto palácios invisíveis
com tijolos de desejo moldados em palavras. O corpo se rende às limitações, mas a mente ergue pontes de esperança, cada linha escrita, um alicerce de legado. Sonhar em voz alta é recusar o silêncio eterno,
é semear promessas no coração de quem lê.
Não desanimar é o passo inicial, mas há dias em que finjo e dias em que afundo.
Como em “Raindrop” de Chopin, sou um corpo submerso, gotas caindo, insistentes, a melodia abraça meu desamparo, cada nota reforça a prisão da dor, e eu luto para emergir,
preso à corrente silenciosa da resignação.
A velhice virá, eu sei. Temo tornar-me um piano velho, desafinado, emudecido num canto qualquer. Assusta-me a ideia de que minha voz, já tão frágil, possa um dia secar… Até desaparecer como um som esquecido. Por isso, escrevo. Antes que meu instante de voz se apague, quero deixar, em palavras,
os últimos acordes da minha história.
Sou mais da chuva… Ela desce como quem lava os silêncios que me habitam, desfaz a poeira invisível que cobre meu espírito.
Enquanto cai, borra as dores, dissolve as arestas do peito.
O sol, ao contrário, me expõe como vitrine vazia: sua luz varre os cantos,
revela rachaduras, escorre sobre minhas lágrimas… as que finjo… não existir.
Há dias em que o cansaço pesa tanto… que desistir parece um alívio, um oásis no deserto da dor. A luta contra a depressão, contra a dor crônica, me empurra para esse abismo de querer parar… Mas então… me agarro a um fio de fé, um sopro mínimo de esperança… E decido: viver só mais um dia.
Apenas… mais um.
Minha vida… um depósito de excessos inúteis. Tristezas, pensamentos sombrios, compaixão mal direcionada… restos de guerras sem vencedores. Sou um reservatório entupido de emoções tóxicas, incapaz de filtrar o que me faz bem. Cada sorriso forçado… é um disfarce frágil
diante da avalanche de memórias escuras. No fim… essa batalha interna não deixa heróis, apenas sobreviventes… exaustos.
Já entreguei meu afeto, já me doei… Hoje, sou frio, um escudo erguido para sobreviver. Doar amor a quem não valoriza é soprar feridas abertas, não deixá-las cicatrizar. Esse gelo me protege, mas deixa uma saudade aguda
do calor humano que um dia foi natural… e hoje me trai em julgamentos e abandono.
Aprendi da forma mais dura: deixar o coração de lado e usar o cérebro como escudo. As pessoas são guerras silenciosas, pensam em si antes de estender a mão. Minha compaixão virou alvo, minha fragilidade, exploração. Hoje, sou um general cauteloso, planejando cada passo
em terreno hostil, pois a confiança cega só trouxe dor.
Você não precisa estar pronto… precisa ter coragem. Coragem de levantar
quando o chão parece um abismo. De dar o primeiro passo
mesmo com as pernas tremendo, de enfrentar o dia quando tudo em você grita pra desistir. Cada movimento é uma ruptura, uma rachadura nas correntes invisíveis que tentam me manter no chão. E, a cada tentativa, destruo um pouco mais o cárcere que me foi imposto.
Sou um peso de papel,ou talvez uma pequena âncora que impede que os ventos levem embora o que importa. Minha função parece simples, mas é resistência. Mesmo parado, ainda sustento, ainda protejo, ainda sou abrigo
contra o dispersar das coisas. E talvez, exista alguma dignidade em ser esse ponto fixo no meio da tempestade.
Acredito no amanhã, mas não sei se meus pés aguentam o caminho. A esperança é um fio de sol atrás das nuvens pesadas, mas meu corpo, feito de barro molhado, afunda a cada passo. O futuro canta ao longe, como uma melodia leve, mas dentro de mim, só o silêncio das cordas frouxas
de um instrumento que esqueceu como vibrar.
A maior força mora no silêncio das batalhas invisíveis, guerras travadas na sombra do coração, onde o grito se converte em segredo guardado, e o triunfo, quão um pássaro alado, que insiste e entoa suave e eterno,
planando oculto entre as folhas do tempo, feito um conto antigo sussurrado pelo vento.
Nella città III - A cor da carne
Há dores que nascem antes do grito.
Não do corpo, oráculo por vezes calado,
nem da alma, que cedo se curva ao pranto.
Mas da identidade, lançada à sombra, à face do repúdio,
antes mesmo de saber-se ser.
Nasce, então, a dor sem nome,
antes que a luz do mundo pudesse tocar a pele — nua.
É o peso de um tom que destoa,
aviltado pela violência do olhar.
A cor da carne, que não é da alma,
não é identidade,
mas adorno passageiro —
incompreendido por olhos de cárcere,
que desferem o açoite mudo da ignorância,
a face vertida.
Vê:
a cor sublinha o corpo,
e não pede perdão pelo que é.
Aqueles que esperam que a cor se renda
não entendem o enigma da pele — nua,
que nenhuma voz pode enunciar.
MANIFESTO – 2 DE ABRIL DE 2025
"Ser autista não é tragédia. A tragédia é o silêncio."
Por Diane Leite
Hoje é 2 de abril.
Dia da Conscientização do Autismo.
E se você quer realmente entender o que é isso, então sente. Leia. Sinta. Porque eu não estou aqui pra suavizar. Estou aqui pra mostrar o que é real.
Eu sou Diane.
Sou mãe.
Sou mulher.
Sou autista não diagnosticada.
Não porque não seja. Mas porque sou funcional demais, falante demais, inteligente demais…
Pra caber no seu laudo.
Tenho dois filhos autistas.
O mais velho, superdotado, escondeu o diagnóstico por medo do preconceito.
O mais novo, autista clássico, grau 1 de suporte, depende de um papel assinado pra ter acesso às terapias.
Recentemente, precisei tirar meu filho pequeno da escola.
As professoras diziam na cara dele que não gostavam dele.
Sim, em 2025.
Pra vocês verem o despreparo. A crueldade.
Foi um fato isolado?
Talvez.
Mas doeu. Doeu porque eu reconheci aquela dor.
Porque eu senti isso a vida inteira.
E a pergunta que fica é:
Até quando?
Até quando os típicos vão passar por cima dos atípicos como tratores,
destruindo a mente de uma criança de 7 anos, como destruíram a do meu filho mais velho aos 10?
Ele passou os 10 anos seguintes trancado dentro de um quarto.
Porque era o único lugar onde não existiam pessoas que machucam.
Porque lá dentro, pelo menos, ele era livre da dor social.
E eu?
Mesmo ferida mil vezes, fui criando casca.
Fui ficando forte.
Tão forte que o mundo já não conseguia mais me quebrar.
Mas ele ainda consegue quebrar os nossos filhos.
É por isso que eu estou aqui.
Pra usar minha voz — inteira, tremendo, mas firme —
pra dizer às mães de filhos autistas:
Não tentem mudar o mundo lá fora.
Mudem o mundo dentro da sua casa.
A inclusão começa no café da manhã.
No abraço.
No olhar.
Na aceitação diária de quem eles são — sem tentar "consertar" o que não está quebrado.
Foque no que seu filho tem de melhor.
Aprecie o amor que ele entrega.
Aprecie a visão de mundo única que ele oferece.
Eles não estão atrasados. Eles estão no tempo deles.
Quer avaliar Marcos do Desenvolvimento?
Faça, sim. Com responsabilidade.
Mas entenda:
cada criança tem o seu tempo.
E antes de dizer que é “preguiça”, “manha” ou “frescura”,
investigue.
Aceite o diagnóstico.
Estude.
Lute.
Use a neuroplasticidade a seu favor.
Pare de ter vergonha de ter um filho autista.
E comece a amá-lo como ele precisa ser amado.
Eles não são problema.
Não são castigo.
Não são atraso.
São presente.
Num mundo cheio de mentiras, jogos sociais e maldade,
eles são a pureza que a humanidade esqueceu.
Sim, nós temos limitações.
Luzes demais. Sons demais. Texturas demais.
Falta de organização mental, confusão com piadas, dificuldade de leitura facial.
Mas também temos foco.
Intensidade.
Fidelidade.
Talento.
Nós somos necessários.
E sabe o que mais dói?
Não é ser diferente.
É ser ignorado.
É ver seu filho ser excluído da festinha.
É ver ele ser o “bobo da corte” na escola.
É ver ele ser tratado como fardo — até mesmo por familiares.
O que é “só uma brincadeira” pra você…
pode custar a vida de um autista.
E eu sei do que estou falando.
Eu vi meu filho tentando sair desse mundo cinco vezes.
Cinco.
Porque não se sentia pertencente.
E enquanto isso, as mães atípicas como eu seguem invisíveis.
Sem laudo, sem escuta, sem apoio.
Ou somos “a forte demais”
Ou “a sensível demais”.
Mas nunca “a humana que só quer ser compreendida.”
Por isso hoje, neste 2 de abril,
não basta você vestir azul.
Não basta postar uma imagem de quebra-cabeça.
Você precisa mudar.
Você precisa olhar.
Você precisa incluir.
Porque autismo não é doença.
Doença é o preconceito.
Doença é a omissão.
Doença é a arrogância de quem acha que só existe um jeito certo de existir.
E se tem algo que eu aprendi com meus filhos é isso:
a diferença é um dom.
A pureza deles é um lembrete do que o mundo deveria ser.
E a sua aceitação pode ser o primeiro passo para transformar esse mundo.
Hoje, tudo o que eu peço é:
Nos veja.
Nos ouça.
Nos respeite.
Nos inclua.
Porque nós também somos o mundo.
— Diane Leite
O esquizofrênico
Parece até filme de terror
Mas imagina a dor
De não saber a diferença entre ser e ter
Que doença pode definir uma pessoa?
Uma doença mental?
Ou, etc. e tal?
Me diz aí
O que é normal?
Quem dera eu fosse só um portador
Para me livrar dessa dor
Que não sei onde encontrei
Ah, eu queria tanto ser normal
Mas o que é afinal?
O preconceito veio me assombrar
Para que desrespeitar?
As vozes vieram me falar
É algo que não consigo controlar
E não é mentira
Para mim é real
Ninguém vê igual
É difícil conviver
Mas eu vou tentando vencer
É difícil se por no seu lugar
Mas não é impossível amar
Muitos dizem que você não é normal
Mas nunca vi um pai igual
Que tal substituir é por tem
A doença nunca irá te definir
Porque você é muito maior
Ele tem esquizofrenia, não seria melhor?
Psicofobia já ouviu falar?
Se ainda não, melhor se informar!
✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.
Receba no seu WhatsApp mensagens diárias para nutrir sua mente e fortalecer sua jornada de transformação.
Entrar no canal do Whatsapp- Relacionados
- Frases sobre a Consciência Negra que fortalecem a luta e inspiram
- Frases de Preconceito
- Dia da Consciência Negra: Frases de resistência e orgulho
- Frases sobre preconceito e discriminação racial
- Poesias sobre Preconceito
- Preconceito
- Frases sobre o meio ambiente de grandes filósofos e pensadores para conscientizar