Tarde
Olhos Cor do Céu
CAPÍTULO 2:
São seis e cinquenta e cinco da tarde, agora. Daqui a cinco minutos tenho de estar na escola. Então, tô saindo de casa agora. Já na escola, acabo de ver minha amiga, Amélia. Ela vêm correndo ao meu encontro. Isso só pode significar um assunto: Garotos!
- Amanda, você não vai acreditar.
- Oi pra você também, amiga. Então, qual é o garoto da vez?
- Tá vendo aquele garoto ali, encostado na parede?
- Aham. Mas eu nunca vi esse garoto por aqui. É iniciante, não é?
- Sim. E você não vai acreditar. Essa belezura vai estudar com a gente, tá?
Fiquei perplexa. Esse garoto vai estudar com a gente? Não pode ser. Sabe, não sou muito louca por garotos, mas esse com certeza vai tirar a minha pouca concentração nas aulas.
- Não acredito. Não pode ser. Agora sim eu reprovo de ano.
Nós rimos. Então o sinal bateu.
Numa tarde destas, numa laranjeira a beira da cerca de um sítio já quase sitiado pela cidade, nasceram duas laranjas que, sem pretensões nenhuma não almejavam nada, a não ser que a própria natureza se encarregasse de fazer delas o que quisesse. E assim foi, amadureceram lindas entre folhas verdinhas, uma foi logo colhida e colocada em uma travessa de vime bem no meio da mesa na casa dos proprietários do sítio a outra ficou na árvore bem pertinho de um ninho onde filhotinhos de sabiás logo descobriram por meios de bicadas o sabor delicioso da fruta. Fizeram furinhos que ficaram maiores e que alertaram através do perfume alguns insetos e até abelhinhas e, assim, de repente uma população de espécies se aconchegaram na frutinha e no entorno dela. Uns gostaram dela madurinha, outros já apreciaram passadinha e alguns - tem gosto para tudo - adoraram ela quase podre, mas foi unânime entre todas as bicadas da bicharada que a laranja estava ótima. Depois disso tudo ela caiu no chão, e entre uns dias e alguns meses, brotou de suas sementes, outra laranjeira. E a outra laranja? Ninguém comeu, ninguém cheirou, simplesmente quando ela estava madura colocaram no freezer para um dia fazer algum doce que não foi feito e ela acabou esquecida na gaveta de frutas, congelada no tempo. Se um dia você for colher alguém para trazer à sua vida, que seja para apreciar seu perfume, que seja para ouvir suas histórias, ouvir suas risadas, que seja para compartilhar o por do sol, que seja para se refrescar na chuva, que seja para alimentar a alma com carinho, que seja para sentar do teu lado de mãos dadas e deixar a natureza fazer o que quiser com o tempo. Mas não deixe de maneira nenhuma esquecida num canto da casa, num canto da vida
Olhos Cor do Céu
CAPÍTULO 6:
Na manhã seguinte acordei tarde, como de costume. Foi um dia normal. Apesar de eu estar com a mente ali no vizinho.
À noite, quando eu estava indo para aula, dei de cara com o Gabriel.
- Oi.
- Oi.
- Então, dormiu bem à noite passada?
- Aham. E você?
- Também.
O sinal da escola bateu. Provavelmente nós íamos chegar juntos na escola. Então, quando chegamos, todas as alunas da nossa turma ficaram olhando. Para não dizer babando. Então, me obriguei a fazer uma provocação:
- É, parece que você está fazendo sucesso com as garotas da escola.
- É, parece. Acho um saco isso, se você quer saber.
- Porque? Não é bom se sentir lindo popular?
- Não. Não gosto disso. As garotas só se aproximam porque me acham lindo, não porque sou alguém realmente interessante.
Fiquei um pouco sem jeito. Eu era uma garota próxima, certo? Acho que ele reparou nisso.
- Ah, desculpe. Me expressei errado. Não quis dizer isso de você...
- Tá tudo bem, sem problemas.
Eu disse isso sorrindo, enquanto entrávamos na sala.
Acho que a Andi também reparou que chegamos juntos. Mas nós só conseguimos nos falar na hora do intervalo.
- Vocês chegaram juntos. Todas as garotas ficaram se perguntando como isso. Eu, inclusive. Cara, eu não acredito que ele é seu vizinho. Não pode ser. Você é de sorte, hein? Fala sério.
- Ah, cala a boca, Andi. Ele não tá nem aí pra mim, o que já era de se esperar não é? Eu já nem cultivo esperanças com garotos por isso. É tudo ilusão mesmo, não?
- Ah, cara, vai começar? Para com depressividade.
- Depressividade? O.k.
Nós estávamos descendo a rampa da escola, quando escutei alguém me chamando. Era ele.
ELE - hoje eu não vi o sol espero ver amanha
ELA - dormiu ate tarde kkk
ELE - não é que eu não te vi hoje e tu o sol do meu dia e luz que ilumina a minha vida
Quero me sentar à tarde em um pôr do sol para refletir e deixar a brisa me acertar
Me inspirar... Escrever o que me inspiro para me declarar do que meu coração pensa
Além do vazio que há aqui dentro de mim ainda me restou esperança de lhe dizer a quão importância você tem a mim;
Te tenho comigo o tempo inteiro sem trégua que me faça pensar em desistir, mas sim persistir;
Quero ser feliz ao menos uma vez... Tentando lhe dizer a imensidão dos meus sentimentos...
"Fiquei até tarde da noite questionando o porquê de te eternizar em cada pensamento meu. Tentava com persistência e coragem admitir que do fim não restara mais nada e que teus acenos subentendidos, tampouco eram sinais. Comecei anotando os teus trejeitos em pequenos pedaços de papel. Depois decorei tuas manias estranhas, tuas gírias, teus olhares. Eu me reestruturei só para não perder qualquer gesto que me permitisse te esquecer. Encontrava-te uma letra de música, numa poesia pela metade e até mesmo naquele abismo de incertezas que nos afastava. Saudade do tempo em que eu tinha por quem lutar. Que eu esquecia o precipício que reside em mim apenas para dar apoio ao teu. Não sei se vais compreender, sei lá, sabe. Sinto falta do que poderíamos ter sido, enquanto aprecio o peso de um futuro que eu mesma desenhei ao te admirar de longe. O erro exala simpatia até distorcer-se em inexatidão. E é sempre a mesma coisa, um texto se acaba e nossa história torta permanece, o que me causa palpitações, baby, uma vez que no contorno de cada letra o nosso dueto não parece fazer tanto sentido assim. E eu ainda insisto no plural, usando como argumento o arrepio que a tua presença me proporciona e os imprevistos que te atraem para o meu mundo. E há tantos imprevistos por aí, meu bem. Tua subjetividade é um imprevisto, dotado de sentimentos sem nome e efeitos colaterais. Saudade de ser aquela desequilibrada que esquece roupas, lembranças e sentimentos pelos cantos da existência como se nada mais importasse. Sinto a nostalgia de um ser esquecido e a melancolia dos infortúnios que esbarram a todo o tempo nos meus ombros já cansados. Sinto falta de não sentir falta, de não temer o gosto de ilusão a cada traço irreversível e desconhecido que trilho rumo ao norte de lugar algum. E nesse prefácio de pulsações involuntárias eu descobri que o azar bate à minha porta a cada dez segundos."
E num décimo desse instante eu ainda tenho a esperança de que você seja o azar da vez.
Mas nunca é.
SE O TEMPO VOLTASSE
A se aquela tarde voltasse nem que fosse só por um segundo,
Juro que jamais exitaria
Eu olharia em seus olhos e confessaria do meu amor por ti
Quisera tivesse dez segundos eu seguraria a sua mão, ao seu lado andaria por esta estrada longa
Sem pensar na solidão, sem pensar em nada
Se eu pudesse voltar o tempo para ao menos lhe explicar
Porque o amor se calou e o destino nos separou
Se o tempo retrocedesse para aquela tarde de verão
Quando em meio a multidão, naquele aniversario eu te vi
Vestida num vestido preto lindo
Olhares cruzados, sonhos, vontades reprimidas de nós dois
Se o tempo voltasse, e eu pudesse te ver de novo
Naquela manhã de sábado só nós dois no fusca
Quando pensei te beijar e não o fiz,
Arrependido e frustrado fiquei
Me perguntando até hoje: por que não?
Se o tempo voltasse, e me levasse àquelas manhãs de sol e brisa
Quando você por mim passou. olhares se trocaram, desejos ecoaram dentro de nós
Se o tempo voltasse
Quando a noite chegou e você se recolheu sem mim e eu sem ti
Pensamentos, sonhos, esperanças
Mas o tempo não volta, mas eu ainda te quero
O sol se pôs entre nós
Mas quem sabe amanha ele nascera de novo pra nós dois...
Quem sabe
Essa macia tarde deveria ser movida para trás
evitando que um nicho de archotes me destapasse o
meu cru estômago desobstruindo imbativelmente
crateras servidas em divisíveis taças que mal
conseguem expiar as monstras vidraças ressentidas
através de sãs mentiras.
viajantes mentiras.
houve uma ensinada tarde
em que a luz se esticava dentro de mim
agitava-se cruelmente longamente
e eu expandia sem parar
quando subi demasiado humano
por entre avenidas de escadas povoadas
vizualizava esquecidos sábios
quem seriam? quem serão? existirão?
depois da meditação sentado na última abóbada do planeta
descobri a diferença entre a palavra origem e proveniência
essas asas d’ouros em tudo bizarras
acorreram-me uma a uma amando o vento
retina de minha oriunda consciência
outros arrastaram o espaço do meu concreto corpo
e a profundeza do mar a avistar as feridas palavras
eis que me amarram de ponta a ponta
uma infinita espuma movida por rostos
meu coração recluso do impróprio choro doce
contempla o tempo desafinado por raros
perfumes deslizantes
dessas hirtas pétalas ligeiramente oblíquas
e noctívago danço a sinfonia em que morro loucamente
No cair dar tarde, lá estava eu admirando o belo entardecer na mais movimentada avenida da cidade...
Sou criança, sou menino, sou jovem, sou homem maduro.
Sou a noite, o amanhecer, o dia, a tarde, o anoitecer.
Sou paz, sou guerra, sou calmaria e perturbação.
Sou o tudo, sou nada, sou luz, trevas e escuridão.
Sou eu, sou ele, sou a sua imaginação.
Sou o que tu pensa, sou o que tu acha, sou sim, sou não.
Sou estrelas, sou céu, sou terra, sou chão.
Sou a lua, sou o mar, todo feito de ilusão!.
As vezes me pego a pensar:
Se o tempo passar e for tarde demais?
Se eu não lembrar dos dias dos quais quase morri?
Sem querer sorri, na verdade em prantos.
Tantos são os dias
Já nem lembro o que queria dizer no dia que não disse.
Tolice talvez. Pra três ou mais que vinte.
Não sente, prisioneiro na atmosfera terrestre.
Sigo inocente.
Um universo gigantesco pintado a fresco por sei lá quem
A milhões de anos adormecido num além.
Brilhante artista, nunca assinou suas obras.
Nunca saiu na revista, nem direitos autorais cobra.
Egoísta?
Paranoia constante, por instantes me leva a loucura
Doença que não tem cura, a morte da lucidez que murmura.
Foi numa tarde fria... -daquelas em que não desejamos mais nada,além de um chocolate quente,um bom filme,e uma boa companhia-...Em que meu coração despedaçou-se...
Ele fora lançado ao vento, afim de que todos seus pedaços fossem de encontro inusitado à pessoas que –de alguma forma- sentiram-se deixados.
Com um ar aceitável,logo meus lábios lançaram de imediato, a impressão de que já fora de se esperar –tal queixa-; Afim de que meus feelings fossem salvos...
Ter dado todo esse cuidado a eles, não fora tão certa a decisão... Embora meu pavor fosse deixa-los imune, -dentro de mim- o meu maior cuidado – e que fora rejeitada pelo meu coração- era de que eu não fosse movida pela razão;E de que eu deixasse meus desejos escolhidos à segundo plano.
Iluminação?...
Cedo ou tarde.
Ocorre, inevitável.
A ficha cai...
Morte... Deus!
E, deveras, vemos
O valor da vida!
ME FALTA
O dia foi estressante. Eu chorei a tarde toda.
Primeiro que o dia começou super bem. Eu mal consegui escovar os dentes, meus dedos doíam muito. A mãe de imediato sacou que eu estava com os nervinhos da mão tudo danado, e me enfiou uma tala.
Espero estar bem até sábado.
É terrível olhar pra essa tala e lembrar aquele olhar confuso diante de uma atitude totalmente nova pra mim. Eu nunca fiz aquilo. E não faria de novo. Mas foi de total impulsividade da minha parte.
Depois de falar com a única pessoa que eu podia contar isso – e até agora eu não sei o porquê – eu fiquei pensando em tudo de novo. Revivi cada situação, cada movimento, cada olhar.
O olhar permanece o mesmo. O mesmo que eu deixei ali, naquela praça, no meio da chuva. Tudo permanece igual, exceto uma ironia que eu não conheci, e uma ponta de falsidade que eu tinha a esperança que não existisse ali.
Era a mesma coisa. O anel, o relógio, o penteado, o brilho nos olhos, as mãos trêmulas, a calma, a voz, o bom humor, o jeito de andar, o carro, a mania de brincar com os dedos. Mas tinha alguma coisa ali que eu não conhecia. A companhia, quem sabe.
Me disseram hoje que o que eu não conhecia nele que estava ali era a minha ausência. O que eu não conheci nele era a falta de mim. Era a ausência da minha imagem refletida naqueles olhos, dos meus dedos entrelaçados naqueles dedos, da minha pequena estatura do lado de um ser quase gigante. Isso eu não conheci em você.
A minha ausência em você sempre foi ausente porque eu sempre estive com você. Não tinha visto aquele olhar de peixe nem a sua voz falha. Não tinha te visto sem um olhar aceso pela vida inteira de felicidade que você estava certo que teria – não que não terá, mas não vai ser do jeito que sonhou.
Exatamente isso e agora eu tenho mais certeza ainda. Foi essa minha ausência em você que eu não tinha conhecido, e não gostei de conhecer. Uma vez você me disse que não conseguiria ser o que você era sem eu, e eu achei bobagem aquilo, te chamei atenção. Mas você tinha razão. Não é mais como era, e mesmo permanecendo com todos os acessórios que usava e com aqueles olhos cintilantes falta alguma coisa que te fazia ser indescritível. Me falta.