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A FADA DOS LÍRIOS

Se por simples perversão ela errasse
Em algum lugar da nossa história...
Dos contos, me ficariam à memória
Apenas a expressão do que me falasse...

Se por simples estrelas me contasse,
Os meus agrados ficariam em sua glória
E as minhas palavras compulsórias
Em cada um dos gestos que ela amasse...

Hoje trago de tua face o esquecimento,
Do que me dissesse nos momentos,
De quando tudo nos foi feito de magia...

Se Deus a fez no mundo pra enternecer,
Foi para ao coração eu compreender
Como o tempo a nossa história contaria...

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PRETEXTO

Que nada me fosse vil! E pecado
Ao firmamento! E eu seria um santo,
Que, no mundo, o meu pesado
Seria o meu provar de acalanto...

E de toda à vida, eu seria um manto
Ao destino, que se prega andado,
Mudo. E, qual razão teria um pranto?
E de qual amor seria meu curvado...

Por tudo é essencialmente puro!
E nada é de vão momento...
Nem adúltero, nem enlouquecido...

Por tudo o que é desgraça, impuro!
E canto, e disperso ao vento
Do meu santo mundo o ardor vivido...

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MIRAGEM

Ser um amor alegre entre os amados,
Ter um destino jurado e bendito,
Ser um modesto à não andar restrito,
À jamais pedir perdão dos pecados...

Ser um santo em meio aos malvados,
Ter na paixão tatuado um só grito
Como um sapo no frescor dos banhados
A esperar seu grande amor infinito...

Ter o que o Homem afirmou ao luar:
“Eis p’ra cada um uma estrela a brilhar...
Em toda vida há um vultoso plano.”

Ser simplesmente uma razão de viver...
Ter dum Poeta, o verso, um querer;
Que tanto no mundo eu sou um engano.

Inserida por acessorialpoeta

VAIDADE

Como posso dizer-te dos desejos,
Se em mim são loucos também!
Como posso falar-te dos ensejos,
Se me são iguais os que você tem?!

Anseios! Que nos faz enlouquecer,
Perder a razão, completamente!
Demências! Que nos faz sofrer,
Se não às tivermos dentre a gente!

Loucuras! Que dizer-te não podia,
Já que me são também em euforia...
Dentro d’alma, é dor e sofrimento!

Mas, falar-te de amor ao coração,
Talvez eu possa, dizer-te de paixão,
Já que me é igual por sentimento!

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ASPIRAÇÃO VIVA

Tu és dos meus dias o vento norte!
A tocar a minha pele em ar quente,
Beijando-me a face, insano, tão forte
Por deixar o meu sentir elouquente!

Tu és dos meus dias a brisa da sorte,
O findar do meu aspecto plangente...
Que, no avarento momento da morte,
Deu-me vida com um beijo ardente!

Morto por cansado num afeto triste,
Deste-me o beijo d’um amor que existe
Dentre as almas mortas esquecidas...

Que bem os desejos que sinto agora,
Sejam eternamente pela vida a fora
Os ventos a beijarem as faces perdidas!

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INGÊNUO

Quem sabe, então, o que antes fostes,
Um encantamento as delícias de amor,
Dizeis-me a notar-me outro furor,
Sem que cousas vossas me encostes...

Que sei, no entanto, que de esplendor,
Outrora, apenas, quando pentecostes:
Festejo que anjos em celebridade postes
À memória dum único que amar fuor...

Então, não me inventam cousas outras;
Dizeis-me que fizestes dum encanto
O afeto que por todos os ventos sopras...

Bem como me vago, a pântanos afora;
Que dum Poeta me notado canto
Ao Deus de amor e por tos que chora...

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MEU PRECIOSO AMOR

Vem, amor, para quem te ama tanto!
Para quem não sabe mais o que fazer,
Nem mesmo sabe mais ficar sem ter
Os teus sorrisos belos e o teu encanto...

Vem, que te desejo não sabes o quanto,
Vivo por tua paixão, por teu querer...
Sim, amor, sonho e vivo por teu viver,
Sou da tua canção o teu vultoso pranto!

Choro e canto, mas a chorar sem dor...
Na face escorres as lágrimas de amor,
Por tão humilde alma que há em mim!

Tu és da minha vida o tudo que já amei,
A essência mais rara que tanto esperei
Estar aprisionada no meu amor sem fim!

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LAÇOS

Tantos sentimentos me perseguem...
E nesta vida em que eu vou passando
Céus inteiros me clareiam, quando
Todos os de bom amor me seguem...

Com a voz do infinito eu vou cantando
As melodias dos que não temem,
Dos que, nos louvores, prevalecem
Nos maus das noites dispersando...

Eu anseio qual se afia prudentemente,
O que não se firma em mau intento,
Que não se deixa amar secretamente.

Pois que os sentimentos nesse mundo,
Não inquire tudo o que se vai vendo...
Mas anseia o coração, que é profundo!

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OBSESSO

Há no meu amor um desejo e uma lenda,
Que são de ‘spasmos fiéis e de conflito,
Que são de paixões e de oferenda;
Que me tornam na vida um ser bendito.

Há na minh’alma um fulgor e uma emenda,
Que são por um conforto de infinito,
Que são de louvores à minha contenda;
Que são por todo plano o meu grito.

Espíritos me rondam os espaços mais cruéis,
Por vaidades que bendizem verdadeiros;
Por razões me confundir de amor e sonho.

No meu amor, se passam como fortes leis
A provar, de mim, recantos altaneiros;
Que por Deus, é o forte amor qu’eu disponho.

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NO SEU IMPOSSÍVEL

Na noite escura do teu penar,
Sou vento que te roga, santa,
A brisa que acaricia, e manta,
Que te envolve o rosto, o ar!

Sou o ser que vaga, a portar
Na candura que em ti canta...
Sou a melodia fina e infanta,
Que na tua alma quer entrar...

Quero o teu corpo envolver...
No teu arrepiar frio te sentir,
Nas tuas entranhas, se perder!

Trago-te a chama do existir...
Os desejos, o amor e o viver
Que tanto esperaste por vir!

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POESIA ELEITA

Donde vem esta beleza tão rara?
Que é o oiro da alvorada que deita,
Na noite é o clarão da lua que para,
Na face de olhos à boca perfeita!

É do mar o azul que o céu depara,
Da voz o deleite d’uma poesia eleita,
Uma canção que da alma dispara
Na manhã clara, que a vida rejeita!

É a ambição, os desejos e loucuras
Ao ansiar das fontes as águas puras
Nas melodias dos cantos que têm!

Donde tu vens tens amor infinito?
Pois tu mais me pareces um mito
Dos olhos sofredores d’um alguém!

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A UM POETA

E vozes interagem o que escrevo!
Na minh’alma o silêncio corta,
Dizendo o que sou e o que devo,
Dos meus olhos já de água morta!

Sussurros estranhos igual ao meu?
Deuses choram versos mortos...
Não sou de brado igual ao teu!
Só canto as mágoas que conforto!

Nuvens, Poeta, cobrem o meu dia!
O sol de esperança, me é fantasia
Como as preces que clareia e sente...

Os meus segredos, eu te desvendo:
Penso o que pensas d’alma lendo
O que sou à boca já de toda a gente!

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DEST’ARTE

Sou aquele que desperta as almas escuras:
Enigmas da noite, por todo esplendor...
Em que vagam, por abstinências e dor,
Dos meus olhos fechados são murmuras...

E os elevo, à grandeza de vossas alvuras...
— Ó vultos transparentes de visão ardor —
De minh’alma cansada, e de vos pecador,
Que os mortais não nos vejam amarguras!

E na profundeza vã das miragens, aberta,
A porta dos espíritos vãos, que desperta,
Que nos revele o dest’arte do amor-pagão...

E na noite, pálida, a‘lma branca que vaga,
Sob o imenso olimpo de fogo, agonia apaga,
E os vês, dias de glórias sob vossa ilusão...

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DESEJOS EM AGONIA

Eu queria ser a brisa no teu esplendor
Galgar pelo tempo, ao vento imenso!
Eu queria ser alma em tudo que penso...
A aura do teu sentido e o teu frescor!

Eu queria ser o gosto do teu beijo denso,
O mel que escorre da tua boca em flor!
Ser as lágrimas do teu pranto sem dor
Que beija a tua face, sob o desejo tenso!

Eu te desejo sobre o langor dos sentidos
Por tempos curtos passados e perdidos,
Num dia de noite, sobre trevas sem fim...

Minha alma vagueia ao tempo em agonia
Por deixar-te passar ao vento aquele dia
Em que o ar teu perfume errou em mim!

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HORAS QUENTES

Se eu pudesse ter-te, oh, amada minha,
Nesta hora em que os desejos aflorados
Consomem todos os medos e pecados
Deste Poeta louco que te adivinha...

Toda louca que tu és, bem à noitinha,
Vem ao pôr-do-sol a lua dos amados
A deixar-te em suspiros amargurados,
A estender-se pela noite, tão sozinha...

Se eu pudesse ter-te às horas quentes,
Sob roupas íntimas que te põe ardentes,
Rasgaria em linhas as vontades tuas...

Deixaria estas loucuras sem passado...
E no momento que tivesse do meu lado,
Suavizados, faríamos amor... às luas!

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AFETO

O tenho porque a vida me deu, portanto,
Para mantê-lo altivo e forte
Sem que o tenha de repente à morte,
O complemento de essência um espanto!

Sempre o mantendo de perfume infanto!
Sempre o ouvindo de inteira sorte!
Que morrer não fosse nunca a norte
Cantando... e sorrindo... chorando e tanto.

Ao sol alto e de infinito o ando viver...
De sorrisos largos, complexo, equivalente;
Que o tenho a propósito de encontrar...

Que no mesmo recesso e ao mesmo querer
O sobressalto, portanto, a toda gente,
Que o amor nos seja a vida, o som, o ar...

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SUBSTÂNCIA FLUIDA

Eu só queria ser o que nunca fui;
Vida, som, ar... não sei o quê.
Queria ser a tua fragrância que dilui...
E, nos ares do amor, amar você!

Eu só queria ser o que inteiro flui...
Na alma, brotar o que não vê.
Queria ser o teu amor que não deflui
E dentro de mim, o teu por quê!

Queria ser a tua substância fluida,
Jazer em tua alma numa outra vida
E ser inteiramente o teu querer...

Mas se me ponho em outras esferas,
Neste presente que são as tuas eras
Cairia no abandono o meu ser...

Inserida por acessorialpoeta

PAGÃO

A vida segue-me andando
Sem que o destino possa-me compor...
Qual sol? Qual luar? Ando
Sem saber onde encontrar o amor...

Qual chorar? Qual mágoa? Pecando
As sombras desse caminho... Nem dor
A mimh’alma desdenhando
Possa-me servir qualquer vigor...

Lágrimas encontram-me à cadência...
Qual sofrer? S’em nada pensa
A esse falsando que ninguém viu...

A essa vida, eu respondo:
Vai andando... e cantando... compondo
A encontrar quem lhe sorriu!...

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SONETO DA COBIÇA

Pois, nem quando a noite cai
Faz se apagar a beleza de seu olhar.
Nem as vozes que te detrai
Tiram-me a vontade louca de te amar.

Pois, na desordem se contrai
O nosso aberto amor a se encontrar.
É sangue que nas veias vem e vai
Que não se pode da mente apagar...

Apagar em nós todas as loucuras
Por o desejo de nossas almas puras,
Nem por as entranhas aquecer...

Pois, nos amamos quais dois ateus,
Sem nos esquecer das leis de Deus
Por o nosso intenso amor enternecer.

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DAMA DAS ROSAS

Por ser docemente bela, única e quente,
És a Musa que inspira o meu querer...
A amo assim, tão simplesmente
Por me fazer em paixão enlouquecer...

Às altas chamas, ao clamor independente,
Sim, eu a amo, em desvarios de prazer,
Que trago ao coração, unicamente
Por completar às insanas o meu viver...

Pois eu a amo, minha bela, meu sorrir,
Minha virgem, meu engano, meu amor...
Sim, eu a amo sem ao menos te sentir!

Tão somente, pois, és tão rara criatura,
Um amor de versejar e de se impor...
Às vozes belas, Dama das rosas e ternura!

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CINDERELA

Era ela, a minha amada: a que alucino...
Veio pra mim naquela carruagem.
– Bem que eu sabia que seria ao meu destino
Aquela que me era uma miragem...

Veio ela, sem que me fosse de passagem,
A minha poesia, o meu sol, o meu desatino...
Era ela: o meu encanto de roupagem,
Veio pra mim com seu amor intenso e fino...

Era ela, a minha amada, aquela coisinha,
De amar sem sofrer, sem sentir dor,
– Que das canções alucinava de ser minha...

Mas quando de verdade eu a cantava... ai, o dia!
Uma luz a iluminava em tão primor
E me acordava da mentira em que eu sorria...

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O MESMO BEM

Por onde andei... amigo, cantando...
Nada de mal encontrei comigo!
Pois, por onde passei fui edificando
O amor, que agora, divido contigo!

Nesta canção que te canto exaltando,
Trago-te aos pés descalços abrigo!
Ao coração o sorriso espelhando
O mesmo bem, que me tens, consigo!

E, cantemos ao mundo assim: veja,
A vida se traça quando se deseja
O melhor perfume as mãos amigas...

Pois, o mal invejoso desencontrado
Tende a morrer por se querer elevado
O amor de graças e de belas cantigas...

Inserida por acessorialpoeta

TENTAÇÃO

Até quando aguentarei os normais?
Até quando meu coração terá piedade?
Anjo ditador, cuidado com a realidade;
O meu louco coração já sofre demais!

Faça-me defesa das tentações irreais!
Não me deixe que as dores da saudade,
Nem que a minha lealdade
Possa se estressar por um pouco mais!

Tu que sempre, anjo, me dá a mão,
Peço-te, por uma vez, mas de coração,
Não te revogue a força entre a gente!

Mas, não te deixa de verdade em falar!
Nem jamais me deixa a lua se abrandar...
E da real tentação, faça-me contente!

Inserida por acessorialpoeta

SONETO DA RAZÃO

Nesta vida de pressentimento altivo,
Elevado e ardente como a chama,
Que aos desejos incendeia e ama,
É por teu prazer que o amor cativo...

E neste sentimento insano, explosivo,
Que de ardor te deseja insana,
Endoidecida, a minha voz que clama,
É por tua espera que sonho e vivo...

Que bem, de paixão tanta, fosse à lua...
Mas, amor, que vivo pr’alma tua,
Que é de mim toda razão nesta vida!...

E, por antes, que não fosse à loucura...
Pois, que te vivo a desventura...
Mas, seja o amor como for, é a lida!

Inserida por acessorialpoeta

LOUCO

Deste acaso imprecado sem razão,
Em que eu vivo a desventura,
Tudo é pálido, é morto, tudo é vão
Dentre a minh’alma intensa e dura!

Não me há sentimento de ilusão
Neste transbordar de tortura...
Que já inventivo à solidão
Transpõe os meus olhos e perdura...

Eu já tanto sinto esse compasso,
Que já me é amor, que já é laço,
Que já me é tormento de conforto!

E deste blasfemo que vence a morte,
Que sorrio pela vida, desta sorte,
Já me sou de afeto intenso e absorto...

Inserida por acessorialpoeta