Tag sertão
A vida no interior
É diversa da cidade
Não tem prédio luxuoso
Nem muita modernidade
O melhor a se fazer
É ver o entardecer
Na total tranquilidade
O CANTO DO SABIÁ
No silêncio do sertão
É o lugar do sabiá
Logo cedo de manhã
Ele vem cantarolar
À tardinha, vem de novo
Se exibindo para o povo
Com o seu assobiar
Veio o homem, bicho mal
Pra tentar lhe aprisionar
Preparou uma armadilha
Querendo lhe engaiolar
Mas o pássaro escapou
Bateu asas e voou
Foi rezar noutro lugar
O Nordeste é abençoado
É uma linda região
Tem o mar do litoral
Tem os rios do sertão
Tem cuscuz e forrozeiro
Tem um povo hospitaleiro
Com um grande coração
Se a vida bater forte
Querendo lhe derrubar
Fique firme e aguarde
Porque tudo vai passar
Não se esqueça da lição
Flor que nasce no sertão
É a que mais vai durar
DE OUTRORA
Quando a máquina viaja
Trago na minha lembrança
Os tempos que se passaram
Retratos da minha infância
Começo da minha vida
Lampejos de uma criança
Nas terras do meu sertão
Na bandas de onde vivia
O grande pé de imbú
Que no terreiro se erguia
E o roçado de meu pai
Que me trazia alegria
Já na vila, povoado
Com pracinha e zabumbeiro
Que acompanhava os pifes
Quando surgia o luzeiro
Alegrando os sertanejos
Daquele sertão inteiro
Agora, tempos passados
Do sertão me afastei
Nova cidade, outro estado
Na vida continuei
Mas eu me sinto caboclo
Na raiz eu não mudei.
Dizem que cidade grande
É o melhor canto que há
Que tem tudo nessa vida
Que se possa imaginar
Mas na roça tem igual
Mais bonito e natural
Basta a gente comparar
.
A cidade tem o carro
O metrô e o caminhão
Não tem pássaro no céu
Não tem bicho pelo chão
A roça tem sabiá
Pato, boi, tamanduá
Cabra, peixe e pavão
.
A cidade tem farol
Com a sua luz acesa
Mas não tem o cintilar
Nem o brilho da beleza
O roçado tem luar
Com estrelas a piscar
No clarão da natureza
.
A cidade tem barulho
O roçado, amenidade
A cidade tem agito
A roça, serenidade
Na cidade, o tempo voa
No roçado, eu fico à toa
Na maior tranquilidade
...Tu é um aconchego nordestino
Tu é um desmantelo de amor
Tu é mandacaru que tem espinho
Mas que as vezes brota flor...
Em um canto do Sertão
Ao ritmo lento da melodia, vou caminhando.
O sertão é o meu lar, onde o vento sopra contando…
Cada árvore seca, cada chão rachando.
Essa é a poesia viva de uma terra abençoada.
O calor incha a pele, mas aquece o coração.
Na aridez do tempo, a minha música cresce.
A natureza se expressa em silêncio profundo.
Com a simplicidade, consigo compreender o mundo.
A água do rio é a dança dos galhos.
O céu estrelado é como um antigo atalho.
No sertão, sou parte dessa imensidão.
Vivência e raiz, tocando o meu chão.
RECORDAÇÃO DO MEU TEMPO NO SERTÃO
Versão Urbana ou Pardal
Eu já fui Curió,
Que só vive no mato,
Não vive na cidade.
Hoje sou Pardal,
Que não vive no mato,
Só vive na cidade,
Por circunstâncias,
Ou por necessidade.
Acho que sou um Curial,
Mistura de Curió com Pardal.
Acho que sou um Pardió,
Mistura de Pardal com Curió.
Como não consigo definir,
Deixa assim que é melhor.
Vez em quando dói o coração,
Na cabeça vem recordação,
Do meu tempo no Sertão.
Quando não aguento a saudade,
Junto vara de pesca e carabina,
Deixo a cidade e vou pro sertão,
Pescá recordação e matá saudade.
Minhas filhas me dão tanta alegria,
Enviando fotos e vídeos de pescaria,
Ver os nétos aprendendo a usar vara,
Prá pesca lambari, bagre, lobó, piapara...
Não importa tipo e modelo de vara.
Nem espécie e tamanho de peixe,
Mas só a alegria de pescar,
Escutando seus pais falar:
Sobre catar e chupar guavira,
Guabiróba, guapeva, jaracatiá,
Coquinho pindó, macaúba, bocajá,
Comer marolo, goiabinha do campo,
Comer ariticum cagão,
Pouco prá não dar diarréia,
Comer jabuticaba do mato,
Pouca prá não entupir,
Tirar palmito, mel de európa e jatei...
Essas e muitas coisas que eu vivi...
Por isso é tanta recordação...
Quanta saudade do sertão...
Saudades dos parentes,
Povo bom e boa gente,
A grande maioria vivia,
Em sítios e fazendas,
Dentro dos sertões.
Longe das cidades.
Tantas recordações,
Quantas saudades...
Marsciano
Renovo do Sertão
Novembro tá chegando, a seca vai embora,
O sertão resplandece, é festa que aflora.
Com timidez, o verde começa a brotar,
O mato se enfeita, vem pra nos alegrar.
Os riachos que antes só guardavam saudade,
Agora cantam vidas com a nova umidade.
Água corrente e fresca, dá gosto de ver,
É bênção do céu que faz a gente renascer.
A alegria do nordestino é pura emoção,
Quando as chuvas dançam na palma da mão.
Trovoadas ressoam, é música no ar,
Armazenando esperanças pra um ano de plantar.
Assim, o sertão se veste de esperança e cor,
Cada gota é um sonho, cada chuva é amor.
Novembro é renovo, é vida a florescer,
No coração nordestino, sempre vai prevalecer.
Se Jesus voltar pra terra
É melhor tomar cuidado,
Pois Tenho visto Cristãos
Em partido coligado.
Desesperado por grana
Confunde fé com a gana,
Que é comum nos marginais.
Pregando a devacidão
O Deus do seu coração,
É as redes sociais.
No centro do sertão, o que é doideira às vezes pode ser a razão mais certa e de mais juízo!
Sertão é isto: o senhor empurra para trás, mas de repente ele volta a rodear o senhor dos lados. Sertão é quando menos se espera.
Cada vez que retorno e passo nela
O passado revivo na lembrança,
Tantas coisas do tempo de criança
Mãe botando no fogo uma panela.
Sobre a mesa com fruta uma tigela
Eu cresci sem saber o que é ganancia,
Violência, bandido e intolerância.
Mas cresci e a idade me deu asa
TEM LEMBRANÇA VAGANDO PELA A CASA
ONDE UM DIA VIVI MINHA INFÂNCIA.
(Léo Poet)
*
Mote:Belchior
LEITE MUNGIDO
.
Cuscuz, queijo e ovo cozido
Copão de leite mungido
Eis meu café da manhã.
Ao lembrar do meu sertão
Bate uma baita saudade
Nas veias do coração.
O tempo... quanta maldade
Parece não ter noção
Do estrago que fez na alma
De um poeta setentão!
A vida é simples
De uma ternura requintada
No brilhantismo da estrela d'alva
Serenando o horizonte da madrugada.
A vida é requintada
Pelo sabor das iguarias da dona de casa
Na poesia do boiador que invade
Os campos poetizados de saudades
A vida é abençoada
No terço desbulhado de piedade
No "Deus me livre" do pecador inocentado
Nos benditos das beatas do rosário
A vida é uma fascinação
No melaço das abelhas sem ferrão
Dá água gelada em alumínio ariado
No beijo acerteiro dos enamorados.
A vida não é ilusão
Nas mãos que arrancam legumes do chão
Na bravura de Maria queimando o carvão
No suor de meio dia esperançando o trovão.
A vida seu caba é o hoje de um agora mais não.
Geraldo Neto
O sertão da caatinga
Os caminhos são tortuosos
Nas estradas do meu sertão
Cercado de estacas e farpados
A caatinga reina nessa região
Uma floresta branca atípica
Cheia de diversidade e beleza
Como o mandacaru com sua flor típica
E o tronco do Juazeiro com sua dureza
Os cactos estão aqui para reinar
Suas folhas dão lugar a seus espinhos
Para registirem a seca e sua água conservar
E suas flores embelezar a terra com carinho
Sem pasto para o gado sobreviver
A macambira e as palmas são a solução
Para boi poder ter o que comer
Homem e natureza estão em comunhão
E assim são os caminhos pela caatinga
Cheio mato e uma beleza bem peculiar
De tanta utilidade que niguém imagina
Só andando pela magia desse lugar.
O sertanejo se alegra, com a chuva no Sertão. Madruga logo cedinho, levando consigo seu gibão. Vai pra roça, no sustento de seu pão.
Sentado á mesa, de frente para um prato de fava com farinha, minha tia me olha e diz: O menino come de tudo! e eu à respondo: Mas tia se eu for escolher eu vou ficar com fome!
Meu sertão.
MAR!
Trecho da Peça: O Sertão Vai Vira Mar
Com o tempo, a quentura e a seca começaram a fazer parte do dia a dia de todos.
De tão quente e tão sem chuva, pouco a pouco as pessoas daquela cidade foram indo embora, deixando suas casas, suas histórias e seus animais!
Os animais!
Esses sentiram os efeitos da seca.
Poucos restaram naquele sertão.
Sofreram muito com a saída dos homens, mas tiveram que lidar com o que tinham.
Cada um, do seu jeito foi se preparando para o dia que o Sertão virasse Mar.
Isso mesmo, de acordo com as teorias da Senhora Asa Branca, um dia o Sertão viraria Mar e quem não preparasse o seu barquinho, não teria chance de sobreviver.
Ninguém nunca imaginaria que o grande problema de todos, a falta de agua, seria agora, justamente um novo problema, só que ao contrário, a pá virada virou de vez, e ia ser agua demais, agua pra encher as bacias, lagoas e até uma cidade!
Um mar!
No Ceará leva na caixola
O Humor no coração
Nascem com ele pronto
Isso é fato da região
Tem Chico Anysio!
Tom Cavalcante!
Tudo cria do sertão.
