Coleção pessoal de Rnb

Encontrados 6 pensamentos na coleção de Rnb

Quando a flor desabrochou, descobriu que a vida era muito mais bela e intensa do que descrevia o poeta que por ali passava. Também descobriu que nenhuma das lamentações que ouviu era capaz de descrever as inevitáveis dores e sofrimentos dos viventes. Ao desabrochar compreendeu que nenhuma palavra era tão profunda e grande o suficiente para caber nela um sentimento. Percebeu que nenhuma melodia era capaz de conter toda a felicidade e admiração que a vida lhe provocava. E que nem os mais habilidosos oradores seriam capazes de prepará-la para os dias de tempestades ou para os abruptos cortes.
Descobriu assim, que a vida extravasa de tantas as formas, pois é maior, mais preciosa e bela, do que qualquer poesia, música, dança ou pintura. E por a vida ser mais, ela jorra pela arte

não tenha inveja dos levianos, nem se deixe roubar pela beleza dos superficiais. Nem sempre o que é aparência de fato é, nem sempre o que é essência, pode ser visto num primeiro olhar. As maquiagens rapidamente se desmancham, e o que é frágil facilmente se quebra. Mas invista sempre no que irá durar. As bases sólidas e bem firmes permitirão que você construa algo que além de belo, seja duradouro.”.

Borboleta

Mudei e nem percebi
Como borboleta que ainda não descobriu que sabe voar

E no espelho agora vejo
Que já não sou a mesma
Não pelo corte de cabelo
Nem pela flacidez da pele
Apenas mudei...

Como uma nova estação
Que faz da seca flores,
E do espinhento mandacaru
Um verso de amor...

Sou outra e a mesma
Como uma noite de luar
Que mesmo conhecida
Faz-se nova a cada vez

E agora o reflexo que vejo
É tão desconhecido e íntimo
Que só posso dizer:
Mudei.

Olha menina,
Por mais que a tristeza pareça ser sua sina
A esperança espera por você
Creia: Para cada lágrima semeada
Colherás cachos de gargalhadas
E tal como Sara
Que extasiada tomou Isaque no colo
Assim te faltarão palavras
Quando enfim o riso nascer

Ouve rapaz,
Para além dos cantos de desespero
A vida toca uma bela melodia
Não vês a saída
E te conformas com a infelicidade
Mas lá fora o ritmo que toca:
É o do amor

Venham, venham todos,
Venha você que outrora era a amarga Mara
E você que como Jó provou de todas as provas
Venha também você que como pródigo partiu, mas nada conseguiu
O banquete está pronto!
O Rei logo vem!

Venha-te que manqueja pela vida,
E que mesmo tendo linhagem real, foi escravizado pelo medo
Venha este, que ninguém vê, passa pela vida, sem nunca viver
Venham os que cansados estão e os aflitos de alma

A fé anuncia;
A esperança prepara;
O amor conclama;
O Rei está a porta;
Para cada convidado, traz um cálice de vida
Um novo nome,
Lugar à mesa
Porção de nobreza
Aliança eterna
Filiação com o Rei

Oração em verso

Minhas palavras são simples
Minhas mãos fracas
Meu coração muitas vezes se engana
E meus pés tropeçam na estrada
Mas ainda assim me queres
Sabes quem sou
Falho, fraco, limitado
Mas ainda assim se importa
Minhas lágrimas lavam teus pés
Tuas palavras lavam minha alma
Meu perfume te ofereço
Teu cheiro é a paz
No meu silêncio
Tú se revelas
Canto minha fome
Conto do teu favor
Bebo das tuas fontes
Sacio-me no teu amor
És o melhor que há em mim

Retrato de uma flor

Tão delicada era, que muitos julgavam ser feita de porcelana. Finos traços faziam dela única. Exoticamente bela simples era ela. Parecia pintada a mão, feita por um hábil artesão. Se dela fosse tirada uma fotografia, muitos diriam que aquela pequena rosa, era frágil, e só podia ter brotado na mais bem cuidada estufa. Mas só bastava, que o fotógrafo desse uns passos para traz, e capturasse o cenário no qual crescera a ternura. E todos se espantariam. Como é possível tão bela flor no sertão?