Tag mato
Sou dessas
Sento no mato
Olho pro alto
Admiro o abstrato
Piso no chão
Sinto os grãos
Enriqueço com a percepção
Sou dessas
Sonho um mundo melhor
Choro quando estou na pior
Devaneio com tudo ao redor
Sou dessas
Também subo no salto
Me perco no asfalto
Com brilho estrelado
Saio do anonimato
Respeito a natureza!
Contemplação é firmeza,
Mas ainda é pouco,
Pra sair da cena depressa!
Velas acesas!
Só pra lembrar que Mariana ainda tá lá!
Chorando num canto, esperando chegar,
A tal da justiça, que é muito arisca
E nunca arrisca de passar por lá!
A amazônia vazando,
Dando espaço pra gado de corte.
Sem perceber que é morte
Que vai cavando seu campo!
Todos em prantos
Quando o planeta gritar:
- Socorro!
- O som não propaga no
- Vácuo!
- Preciso de ajuda!
Mas ninguém escuta!
Essa raça maldita que me ocupa,
Que eu ofereço fruta.
Que ofereço a paz!
Eles querem mais.
Querem elevar seus status sociais,
Seus rendimentos mensais,
Seus iates no cais
Doa a quem a dor, e em mim sempre dói mais!
Momento Breve
E eu permaneço aqui olhando as estrelas e assistindo o céu
Sem nenhuma certeza
Eu vou tingindo o papel
Com cores claras e opacas
Com noções raras e breves
Cores tristes e alegres
Sujas de fumaça
Num papel a perigo
Em um ninho de traças
E o meu único pedido
É só mais uma taça
De vinho tinto
Pra me desoriêntar
Pra eu me achar
E me perder no caminho
E entender o que sinto
Ou não...
E ela me chamou
De bandido, de vilão
Pois levei comigo
Teu coração
Mas me chamou
De herói, de mocinho
Me deu um beijo
E pediu carinho
Meu bem fique Mais um Pouquinho, por favor
Querida é que eu
Preciso do teu calor
No Recanto Abandonado
O sol ardido no meio da tarde pulsando sobre a cabeça despreocupada de quem anda pela secura do chão como se fosse um carneiro. Um caminho aleatório tomado em meio à grande planície vasta carente de vegetação, perdida entre serras e serrado, sob o céu azul sem nuvens estalando o capim marrom, que se mistura ao vermelho do chão qual o vento sopra poeira no horizonte camuflado pela distancia.
A boca seca, sedenta por um gole d'água, seca cada vez que o cigarro de palha é tragado insaciavelmente para dentro dos velhos pulmões batidos dependurados entre as costelas salientes da esguia figura andante. Muito ao longe ouve-se o ar calmamente balançando a fantasmagórica dimensão de terras infindáveis que estendem-se preguiçosas por quilômetros trazendo o som de alguns insetos perdidos e pássaros solitários á caçá-los.
Embriaga-se de espaço, de tempo e altas temperaturas. Cambalea-se pisando sobre as pedras soltas, esqueletos de outras terras, outros tempos. Vê turvamente uma sombra dançando à frente, uma pequena árvore avulsa tomando o eterno banho de sol do verão sem fim no mundo esquecido onde ninguém vai. Sentindo-se convidado a sentar-se à sombra, automaticamente tira mais um pouco de fumo e vai enrolando mais um longo palheiro, que é apetitosamente devorado em seguida.
Junto ao estreito tronco, sentado, magro, fumegando um rastro de fumaça aos céus, pensa que é capim, enraizado no solo árido onde nem rastos vingam. Como toda rara vegetação do lugar, deseja água, olha para o céu e não consegue ver nem uma nuvem, fecha os olhos e tenta apalpar as profundezas do chão, estica suas raízes até onde consegue alcançar, mas nada encontra. Torna a olhar para o céu, e fita a vastidão azul tão infinita e inacessível quanto a terra estendida ao longo das distancias incontáveis deste lugar nenhum.
O entardecer vai esfriando e entristecendo o coração de mato do pobre sujeito que adormece em meio a ventania que sopra areia sobre suas pernas como se fosse o coveiro dos sertões misturando-o, transformando-o em rocha, levando o pó de sua existência a se espalhar para além de onde se possa juntar. Adormecido, não vê a noite seca chegando aos poucos, matizando o céu profundo que se escurece atrás das cortinas de poeira.
Sonhando tão profundamente quanto suas raízes de capoeira, entra em contato com o pequeno grupo de plantas ao seu redor, aos poucos sintonizam-se e passam a relembrar das chuvas passadas, do alvorecer umedecido, do frescor da noite, das flores e dos pássaros. Logo protestam contra o clima, pois engolem seco o passar dos dias ouvindo chover nas serras ao horizonte na espera de que o vento traga algumas gotas, e morrem aos poucos pelo castigo da insensibilidade da natureza com aquele vasto recanto abandonado.
Passado algumas horas da madrugada tal manifestação foi surtindo efeito, os ventos cada vez mais fortes vieram varrendo ilusões das esquecidas planícies enquanto as nuvens relampiosas jorravam feches de luz escondendo toda escuridão embaixo dos pedregulhos. Em poucos minutos a água desabava ferozmente contra o chão fazendo levantar a poeira que era lançada pelos ventos em redemoinhos dançantes num espetáculo que aos poucos tornava-se medonho. Apavorado o homem desperta com os olhos esbugalhados, cheios de areia, e num pulo deixa de ser capim e passa a ser folha, flutuando pela tempestade, esperando pousar sobre um lago, se o acaso lhe desse esse prazer. Era a última coisa que desejava, para descansar em paz no fundo da água, tornando-se barro, alga, limo esquecimento.
" Vá se jogar na cachoeira, andar descalço no mato... Vá tomar o sol na pele, mas cuidado eu não vou esta ai pra te salvar."
Estou numa fase de minha vida que resolvi andar descalça, sentir o cheiro de terra molhada e o frescor nos pés dos verdes matos... E meus sapatos? - Está pendurado num filete de luz que vem céu e balança com o vento das folhas (oscilações do tempo).
Coisas de Deus,
sem luxúria, nem ostentação
Encontro a felicidade,
em coisas tão simples,
às vezes invisíveis,
mas que confortam o meu peito,
e alegram meu coração.
pequenas coisas
que me encantam,
que me dão uma
alegria fenomenal:
chuva na madrugada,
pássaros e flores no quintal...
café ao amanhecer,
cheiro de terra molhada,
almoço com a família reunida,
idoso de bem com a vida,
cheiro de leitão assando no forno,
bolinhos de chuva ao entardecer,
canções de ninar para embalar o sono
pastel com caldo de cana,
Um telefonema de quem a gente ama,
dia frio na cama...
Tudo isso me encanta e a você?
É mato?
— Arranca que é mato!
— Pra mim é flor.
— Mas é mato, menina.
— E o que é que tem se for?
— Tem que arrancar, senão se alastra.
— Prefiro mato espalhado do que concreto e esse cheiro de piche.
— Você ainda não entende. Isso se chama modernidade.
— Então me manda de volta para a antiguidade.
— Não tem como voltar, agora é só pra frente.
— E desde quando a frente não tem flor?
A CASINHA
Bem no meio da floresta
A casinha isolada
A luz é do vagalume
O som é da bicharada
Da terra vem a sustância
Do rio água para a estância
Natureza abençoada
Da roça...
Da roça, das mão suja de terra, que é de prantá,
Sô fia do mato, doce quinem água de mina,
Meus véi trabaiva na roça, pra famia sustentá,
O zói enche d’agua do tanto que admira.
Sô poeta lá da grota, dos versim de roça,
Carrego na voiz a sanfona e a viola,
Sô o disco de vinil da veia vitrola,
Minhas rima mantém viva aquelas moda.
Inda lembro do rádio vermeio do meu veio avô,
Da casa de assoaio alto, do chêro das marmita dos trabaiadô,
O café margoso pra curá as pinga de onte enquanto escutava,
Se eu tô aqui é purquê meu povo da roça abriu os camim na inxada.
Só cunverso nos verso cas palavra de antigamente,
Pra honrrá quem veio antes de eu e me firmô nesse chão,
Foi na roça que pai e mãe prantô pros fí coiê mais na frente,
Passano dificudade e guentano humilhação.
Meu povo era brabo demais da conta, pensa num povo bão,
Parece que iscuto a voiz dos meu véi quando iscuto os modão,
Meu peito dói de tanta farta que faiz, oi ai,
Vovô resmungava nos canto e parecia poesia, até dava paiz.
Da roça sim sinhô. Essa poeta aqui é fia do sertão,
Não herdô terra nem fazenda, mais nunca se invergonhô,
E eu vô falá procêis, tentano num chorá, guenta coração!
Eu tenho um orgulho danado doncovim e da muié que eu sô.
O simples
Na pequena casa de madeira as velas acesas iluminam a escuridão,
a janela aberta permite o cheiro do mato entrar,
os cavalos descansam, os cachorros estão com seus olhares hipnotizados pela beleza da lua e das estrelas,
o sereno aqui e a cerração acolá são as companhias de cada gole dado na boa cachaça,
o silêncio da noite calma as vezes é interrompido pelo rastejo no mato,
sentado na cadeira de balanço observo a paisagem sem celular, sem televisão, sem carro e me emociono ao perceber o quanto è bom poder desfrutar da simplicidade.
Cheiro de Mato
As vezes a gente acorda pisando fundo
Acelerando ao máximo para não chegar
Tão longe do horizonte desse teu olhar.
Gosto da sua velocidade quem sabe a me encontrar.
Esse corpo poético não há perfume melhor.
A fragrância de seus lábios misturada com teu suor.
Dois corpos duas respirações entrelaçados como cipó.
E as borboletas de seu olhar o fogo do sol maior.
E chega a hora de todos viajantes talvez precisar partir.
Quando se ama não se quer ir tão longe.
O sentimentos e a alma não se esconde.
Por mais invisível seja nosso horizonte...
Eu gosto do seu silêncio e da sua reputação.
Eu gosto da tua saudades e coração,
Dificil é a tua ausência veneno e ilusão,
Esperança entre lágrima ė uma insurreição.
Hoje imaginei não fugir sem destino pelo mundo afora.
Era o destino te tatuando na parte interna da memória.
A gente não fez loucuras de amor mas se adora...
A vida existe escorregões e do destino sou a hora.
Não que seja certo também que seja errado.
O amor também já amou e foi atropelado
Como o tempo a gente brilha e tudo se torna abençoado.
No campo do amor a lei maior ser apaixonado.
Um fio de cabelo deixado no meu pescoço
Um elogio para alimentar as veias de bom moço.
Se o amor não me amar grito socorro
Para que vires anjos e beije meu rosto.
E a vida é um rio com fortes correntezas
Quanto maior a montanha mais linda a cachoeira.
Te gosto e sinto a sua brisa calma como lareira.
Pode ser que sejas amor ou apenas uma flor rasteira...
Quero sentir o cheiro de nosso amor no silêncio de nosso deserto.
Lembranças de mato queimado e corpos suados.
Os beijos molhado e sonhos eternizados
Aromatizado pelo destino dos amantes apaixonados.
Cada santo quer a sua vela...
Cada tolo tem sua mania...
Conversa em pé de ouvido...
Tem a sua valia...
Se o mato enxerga...
As paredes podem ouvir...
Melhor falar baixinho...
Sorri melhor quem por último ri...
Cada um fala como quem é...
E não faz pouco olhar por si...
Procurando o que convém...
Adiante e mais além...
Cada um sente o frio...
Conforme a roupa que tem...
Cães e lobos comem todos...
Roem os ossos e não deixam para ninguém...
Calar é a sabedoria dos tolos...
Mas falamos bem baixinho para não ofender outrém...
Paschoal Nogueira
“Eu vivi muito comigo, me repreendo e louvo aplausos, dou a mim vida e também me mato.”
Giovane Silva Santos
Às vezes parece que a coisa empena
E o perfume da açucena vira cinza de carvão
Mas sou feito mato na beira do rio
Não me esconda desafio
E não me entrego nunca não
DESLUMBRE
Quando duas línguas se tocam
O mundo de quem deseja o beijo
Torna-se oração perfeita
Sabores ardem sedentos
Nesse encontro de saliva e espasmos
Extraindo dos lábios molhados
Aceites inaudíveis das vozes dos hálitos
Da ternura única e efervescente
Todo perfume tateia o momento
Assistindo espargir pela sala do anseio
A dissimulada fome engolindo as palavras
Dado ser afoito intenso e místico
O espírito aguarda que o corpo entreveja
Pelos olhos fechados em êxtase
O deslumbre da língua quando beija
Não adianta, já tentei gostar da praia, do sol, mas minha vibe é o mato é a sombra é o verde é o barro é onde eu me encaixo.
desmataram o verde e cobriram de luto
com as cinzas das próprias folhas
a mesma folha que assina o contrato
é a mãe das que jazerão nos matos
consequência de nossos atos
em transformar que vive
em algo tão barato