Sonetos de Saudade
Não mude a pessoa que você sofreu pra construir até aqui,
só pra agradar as pessoas dos diferentes locais que você costuma frequentar.
Quem muda conforme o ambiente é o Camaleão, e não você!
A mente turva, feito as águas de rio bravo;
O coração despedaçado, feito vidro estraçalhado;
A alma cheia, feito o vazio do espaço;
A dor silenciosa, feito grito no vácuo;
O brilho no olhar ofuscado, feito penumbra em noite de luar.
Desde que partiu, a ambiguidade desses sentimentos me frustram; o contentamento descontente; a certeza incerta; a razão irracional. O sorriso, na verdade, é a máscara da dor; o silêncio, na verdade, é o rastro camuflado da fatalidade; a força, na verdade, é a angustia disfarçada. Nada e tudo; o mundo perdeu a graça e a vida já não mais tem sentido.
A única coisa na qual tenho certeza, é que a saudade sempre se fará presente, eterna companheira solitária. Sei que nunca superarei sua perda, e que todas as manhãs acordarei com a esperança que a sua partida tenha sido apenas um pesadelo, mas conforta-me a ideia de que voltarei a vê-lo na eternidade.
Sempre será uma uma inspiração para mim. Estou orando por ti!
O vento e o tempo
O vento sopra e o tempo voa...
Empurra os dias e leva o passado...
Leva as dores, leva os amores.
O tempo passa e a vida muda
A gente cresce, amadurece...
O vento sopra e empurra o
tempo...
Leva o velho e traz o novo.
O tempo passa, o vento sopra...
Só não leva a saudade
de quem vive dentro da gente.
Poetamento
Meu simples poetamento, pouco explica em seu rumar.
Faz parte dessas ruelas que sempre surgem,
Como meus pequenos passos a marear.
Insinuando trilhas, avistando mapas, a orbitar.
As palavras servidas, além do que, tanto perguntam.
Como guardar o beijo que será efervescido?
Como carregar os pedaços dos que nos faltam?
Como desalumiar os pirilampos da saudade?
Meu palavrear não tem controle de custos.
Pode arquejar no tempo, não estar imune,
Ficar laçando luares, impávido escapulindo.
Querendo partilhar em si, fugaz raio da vivência.
Minha confabulação desmerece acanhamento.
Anda indócil, quase sempre nua, a entregar-se a um riso.
E quando eu pouco me descompasso, num alvoroço,
Sem qualquer anúncio, faz surgir estelares num pingo d’água.
Carlos Daniel Dojja
Vazio
A boca cala,
Os olhos se fecham...
As Lágrimas escorrem.
O silêncio grita...
O corpo arde...
O coração aperta.
Na pele...
Suor, arrepio...
Frio.
Aqui dentro...
Vazio.
Para Carol,
Em meio ao digital, no isolamento, encontramos abraços em uma antiga folha de papel. Amarelada pelo tempo que transborda boas recordações. Faz lembrar dias de praia, cabelo cacheado ao vento, mar e maresia.
Fotografia do riso, brisa com gargalhadas.
Sinto saudades de você, meu amor
Preciso da sua companhia.
Os dias parecem eternos,
sua ausência tira minha vida.
Minha vida, estou pensando em você
e eu sei que você também,
você sabe que meu coração bate
enquanto minha mente pensa em você.
Estou tremendo e não está frio
minha pressão muda.
Quando penso em você,
meu coração para.
Com um beijo eu resolveria,
enquanto acaricio seu corpo
no escuro imagine
seu belo corpo esguio.
Você e o que mais amo
e eu nunca vou te esquecer,
mesmo se você não estiver comigo,
em meus sonhos te amarei.
SOU UM VELHO DIÁRIO
Sou um velho diário
Deitado no lixo
Na areia esquecido
Quando a dor não cabe no peito
Fica na alma e transborda de insónia
Sou um velho diário
De rosto estampado, calor
Fogo, alegria nostalgia e expressão
Sou música, palavras, frases
Um reviver, uma ilusão
Do presente e do passado
O meu diário é um amigo
É uma doce companhia
Pétalas de rosas entre as folhas secas
Numa bela recordação
Mas hoje querido diário será diferente
Vou sorrir e voltar a viver
Deste diário velho deitado no lixo
Que tanto amou deixou saudade.
Netos,
que coisa mais linda
que Deus pode nos dar!
Eles são estrelinhas
que brilham com luz própria
que brilham além céu,
que brilham além mar.
Eles são a saudade
dos nossos filhos pequenos
e do que foi embora.
Eles são mais do que são:
pureza, amor , alegria
e a esperança que nos alimenta
nesta pandemia.
Netos...
Haverá um tempo
Em que o passado soará como uma linda canção
E a canção, trará de volta a lembrança de um passado...
Saudade...
Haverá um sorriso
Uma lágrima talvez
Mas também a completa certeza
Que nada foi em vão mas que tudo valeu a pena...
Eu não sei o que esperas
O seu silêncio me tortura
A brisa do mar veio me acalmar
Ela disse pra eu não me magoar
Mas esse conselho foi se atardar
Sinto que existe um mar entre ambos
Isso afoga às minhas esperanças
Mais uma vez me encontro à deriva
Boiando num oceano de dúvidas e feridas
Deveria ser pecado amar-te
Não quero ter que renascer para entender
Que eu não fui feito pra você
Prometo consertar esse meu desencontro
Resolver os meus confrontos
Mas não agora
Vou embora
Na dúvida
Se vou
Sobre
viver
Por favor, siga seu caminho...Tem que ser assim.
Vou guardar-te na minha memória.
E visitar-te quando sentir saudade.
Perdão!
Nem sei se te gosto
Se um dia me negaste
A atenção requerida
Com orgulho me esnobastes
Me lançando do navio
No meio do mar da saudade
Me afoguei na decepção
de um amor de imaturidade
Folhas são lembranças já vividas, um dia verdes, mas secas pelo tempo e levadas pelo vento.
Lembranças de pessoas que naquele momento jurei enganos e ilusões. São horas de conversas jogadas para o vento, sorrisos bestas e momentos únicos!
Secaram, sumiram... Mas prevalecem aqui e aí. No mais íntimo possível, mostrando que entre espinhos havia um afeto.
Por pequenos passos passamos pelo passado perdido em memórias passadas. Choros e sorrisos, abraços e carinhos que naquele exato momento foi nossa grande fortaleza.
Brincadeiras antigas nos tornavam reis e rainhas, polícia ou ladrão. Em um passe de mágica meu cachorro se tornava um gigante dragão.
Minhas pernas corriam livremente sem destino ou perigo, meus joelhos ralados eram símbolos do meu ser de criança.
Passado perdido por telas brilhantes e um padrão que impõe e determina que imaginação vem de crianças, e para os adultos só cabem família, trabalho e dinheiro na mão.
Amor que explode no peito
Transformar sentimentos em palavras.... coisa mais difícil não há.
O ódio que você sente é capaz de lhe engasgar,
o amor que explode no peito não há jeito de totalmente expressar...
a dor que dói tão doída.... não adianta gritar, e gritar, e gritar... não vai parar.
A paz que morada em sua alma faz... está lá e você não consegue mostrar...
Um medo de arrepiar... arrepio você sente se sente a unha o quadro riscar...
um gosto, um desgosto,
tanto afeto, desafeto...
solidão,
esperança... que nunca alcança,
alegria todo dia
ou que falta no seu dia...
E a palavra fere...
magoa, entristece
alegra o coração...
...tente entender isso não...
(Ser) tão
Quando, à tarde, o sol risca o céu de encarnado
E a vida debreia seu ritmo normal
Vejo advir um ser tão bonito
Com um jeito sincero, de um povo sereno
Onde falar sorrindo é tão natural
Ser tão realista, da cerva trincada
Do banho de rio, da alma lavada
Que pede conselho e não desafina
Como sanfoneiro em festa junina
Um ser tão livre, que anseia por mais
Que nunca desiste e não volta atrás
Mas luta e persiste, pegando a estrada
Na mala um sonho, sem rumo, sem nada
Qual flecha atirada, não voltam jamais.
LEMBRANÇAS
Nas horas em que bate uma incerteza,
em que meus pés não pisam com firmeza,
eu busco, pai, a força dos teus passos.
Como se eu fosse ainda uma criança
que tenta caminhar... treme... balança...
mas sabe que ao cair, cai em teus braços.
Nas horas em que eu erro (e eu erro tanto)
para acalmar as dores do meu pranto
eu tento recordar cada lição...
E então, como num toque de magia,
eu volto a ver o olhar que corrigia
e a ouvir a voz que dava o teu perdão.
Nas horas em que eu busco mais coragem,
ao reencontrar, na mente, a tua imagem,
com ela, os meus temores eu reparto.
E eu sinto que tu segues ao meu lado
me protegendo, como no passado,
afugentando os monstros do meu quarto...
Pai, eu cresci... E o teu menino agora
não pode te chamar sempre que chora
e nem pedir teu colo quando cai.
Porém eu sou, no mundo das lembranças,
a mais feliz de todas as crianças
por ter um grande amigo, herói e pai!
