Sonetos de Fernando Pessoa
[...] não me recordo de nenhum livro que tenha lido, a tal ponto eram minhas leituras estados de minha própria mente [...].
Pode alguma coisa ser mais imunda, mais suja do que um porco? Se estivermos a falar de coisas externas, não.
Não haja medo que a sociedade se desmorone sob um excesso de altruísmo. Não há perigo desse excesso.
O misticismo é apenas a forma mais complexa de se ser efeminado e decadente. O único lado útil da inutilidade.
Isto está tudo decadente: já nem decadentes há.
O maior erro que os homens podem cometer é tentarem saltar por cima da gradualidade e da evolução da natureza e realizar hoje aquilo que a natureza previu para amanhã.
O que há de bom ou mau em qualquer crença, qualquer, é o modo como se crê. O bem ou o mal estão no psiquismo do crente, não na crença.
Os espíritos altamente analíticos vêem quase que só defeitos: quanto mais forte a lente mais imperfeita se mostra a cousa observada. O detalhe é sempre mau.
" As coisas sonhadas só têm o lado de cá… Não se lhes pode ver o outro lado… Não se pode andar à roda delas… O mal das coisas da vida é que as podemos ir olhando por todos os lados… As coisas de sonho só têm o lado que vemos… Têm amores só puros como as nossas almas."
A natureza é a diferença entre a alma e Deus.
O historiador é um homem que põe os factos nos seus devidos lugares. Não é como foi; é assim mesmo.
