Sobre a Velhice
Na Velhice/ no Outono/ na Saudade
Ainda trago ao pé de mim
aquela mulher ao meu lado.
Deus, como foi rápido,
cada olhar sem rumo e disfarçado
os beijos ardentes como febre de outono.
Outrora desses anos todos que passaram
carrego no meu interior
a única mulher que eu amei.
Tive muitas outras
uma por noite
duas por noite
três
quatro
outras por meses
até anos longos e duráveis
mas aquela, nunca se apagou da minha vida,
nem nunca vai.
Não tive chance de ter mais dores com ela
ajudá-la em suas necessidades,
diversas tristezas e calamidades.
Ela está ai, anda por ruas estreitas
por entre cidades pequenas.
Sei que viaja, cuida dos filhos
se resguarda, bebe vinho no natal
faz dieta e lê bons livros
poupa-se do cansaço da mulher
e lembra,
às vezes lembra.
Talvez todas as noites
ou intervalos de meses
anos,
até décadas
Meu Deus, isso é muito tempo
mas ela lembra.
Não se lembra de mim em si,
porém do sol diferente
que brisava seu rosto pequeno.
Pai! Como eu ainda lembro
daquela pinta na bochecha
no corpo tão pequetito, e tão sereno.
Lembra-se dos chocolates, das flores
dos jantares fulminantes e estrelados.
Voltávamos e eu virava a esquina errada
só para continuar mais tempo a andar com ela.
De quando eu chorava ao deixar ela em casa
na vigia da lua e dos anjos.
Eu não me esqueço, como eu não me esqueço
do amor que virou arte nos ares
nos cafés que frequentamos,
das trufas que comemos
dos ursinhos de pelúcia
no cinema,
das horas esquecidas ao telefone
eu nem olhava para o relógio.
Das diversas vezes que levou as roupas à costureira
para remendar os rasgos que eu havia dado
na noite anterior.
E de quando ela me chamava de: "louco",
o meu "louco".
A vida? A vida passa por ai,
despercebida e calada.
Não dá o menor sinal de aviso
ela anda nas pontas dos pés
de mansinho, a cada dia que nasce
a cada sol que aparece
como que se voltasse de uma festa
e a vida, um dia fica nessa festa que não tem hora pra acabar
chamada mundo.
Hoje, já se passaram sessenta anos
sessenta e poucos anos, confundo os números,
que o meu amor foi embora.
não sei ao certo
estou velho
meus cabelos brancos não me deixam mentir.
O que eu diria se ele estivesse na minha frente agora?
- Diria o tanto que eu ainda a amo.
Palavras que me abalam profundamente.
Porque são palavras que eu nunca disse.
Os jovens vivem na ilusão de que o mundo é seu. Mal preparados para a velhice, mal preparados para a morte. Eles se encontram em muito pouco.
E como uma coisa só, a vida e a morte, a vigília e o sono, a juventude e a velhice; pois essas coisas quando mudam são aquelas, e aquelas, são estas.
... Quais as palavras que não foram ditas? O temor da morte e da velhice acontece quando vemos que: o tempo passou e não foi real.
O tempo mostra não a velhice, mais as experiências contidas
Onde podemos muito aprender enquanto viver.
Eu, chego ao tempo que o tempo passar,mais ñ passo ao passar do tempo.(A velhice é a maturidade do homem.)
"Sempre não tive a idéia fixa de que a velhice me traria muito? Em meus jovens anos escrevi em algum lugar: primeiro nós vivemos nossa juventude, em seguida nossa juventude vive em nós. Não sei bem, ainda hoje, o que eu queria dizer com isso outrora. Mas eu tinha realmente medo de não atingir a idade de viver esta experiência; eu o sabia profundamente, uma longa vida, com todas as suas dores, vale ser vivida,. Claro, o valor da vida pode nos ficar escondido pelos desgastes sofridos pela nossa carne, nosso espírito (...) do mesmo modo que a juventude mais empreendedora pode se ver entravada em sua felicidade e em seu sucesso, por um fatal concurso de circunstâncias; mas, por além das perdas, a velhice adquire muito mais que a famosa aptidão à serenidade e à lucidez: ela permite que se chegue a uma plenitude mais acabada."
Coisas da velhice
a velhice parece ser motivo de dor
causa sofrimento por ausência
daquele filho que habitava o ventre
que da sua origem só o faz é esquecer
a história da vida parece que castiga
lutas com todas as forças
trabalhos,construções
hoje sem teto, só decepções
a sociedade só destrói
racistas com as rugas de um rosto
tira o remédio que cura
apenas exclusão,dor no coração
o que mais fere,machuca
é a dignidade do valor que já não tenho
a condenação que é a solidão
a vergonha da minha presença nos teus olhos...
PENSO QUE NA MINHA VELHICE MINHAS IDÈIAS NÃO SERAM TÃO VELHAS QUANTO AS PROMESSAS DE MELHORIAS HOJE PREGADAS PELOS POLITICOS"
PEDIDO
Uma coisa peço a Deus, e peço incessantemente,
Ser na minha velhice o mesmo moço que sou
Não com o mesmo viço, os olhos no mesmo brilho,
Não com a desenvoltura física,
Com as mãos pesadas de agora,
Com os mesmos cabelos na mesma cor,
Não com a mesma voz altiva,
O andar desenvolto, com os mesmos anos que conto,
Tampouco que o tempo pare para que eu permaneça só,
Com o mesmo olhar malicioso,
Com as ambições que alimento,
Não quero ser o velho renitente contra os feitos da vida,
Não ser jovem ardente, de sonhos imediatos, meus,
Nem desejar que o mundo me veja como um prodígio,
Alguém que rompeu as leis e permanece,
Incólume às intempéries do tempo.
O que peço a Deus e já faço inconscientemente,
É ser capaz das mesmas boas ações,
Dos sonhos, do bem querer, da alegria
Que sinto com a alegria dos outros,
É ser este mesmo moço formoso,
Preparado pra declinar.
A doença, a velhice, a morte, as agruras da vida - esses sentimentos da vida não são impostos a nós de fora. Só somos vítimas deles porque consentimos com eles e tomamos atitudes condizentes a eles.
Não existe injustiça maior que a velhice... Somos desejados no ventre... paparicados no nascimento... lapidados na formação pra maior idade, e quando menos percebemos já estamos velhos, sem serventia pra vida... Pois ela, a velhice é a primeira a nos rejeitar com suas marcas, fazendo ficarem visíveis a todos na nossa carne e na nossa alma. Ela não nos dá a oportunidade de se quer escolhermos que rumo queremos dar pro nosso corpo cansado de viver intensamente cada segundo da vida. Ao menos quando cansamos da velhice partimos levando ela conosco! Bem diferente da saudade e do amor que vivem para sempre!
Velhice
Deixa dessa meninice,
que o amor é mesmo essa tolice
com traços de esquisitice
e não há maluquice
que cure essa burrice.
Se me perguntam do que tenho medo, respondo: Do tempo.
Porque ter medo da velhice, se ela é conseqüência do tempo? Porque temer a morte, se ela nasce no tempo? A concretização dessa constatação tão inconcreta é o que mais me amedronta. As marcas deixadas por esse cruel e impiedoso ser são de longe a pior dor que um ser pode sentir. No momento o qual, um individuo pode se deleitar diante da sua imagem que é refletida pelo espelho, é muito cruel observar a magnitude e força do tempo, sentir a fraqueza nos ossos, e não poder fazer absolutamente nada, somente viver e esperar que a dama de preto, venha buscá-lo. Ao nos preocuparmos com esse deus silencioso, parece que ele nos dilacera com uma impiedade bestial. É de fato controverso, que mesmo sendo tão agressor do nosso corpo, é ele o protetor da nossa alma, da nossa mente. O tempo deixa marcas físicas, mas apaga as marcas mentais, as piores marcas possíveis. Se esse rei nos ilumina com a vossa gloria, ao mesmo tempo em que nos queima com sua magnitude, não cabe a nós nos revoltarmos. A inteligência que a nos foi concedida, não é tão onipotente para paralisar o tempo. Podemos retardar sua crueldade mais nem de longe, podemos vencê-lo.
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