So Nao Muda de Ideias que Nao as tem
Carta de amor
Amor, nestes rabiscos desenho só sentimento
Em cada linha a saudade nodoando o coração
Com seu cheiro, seu gosto, seu pensamento
Que me fazem nesta carta confessar paixão
Letra por letra, ponto por ponto, argumento
Que já não sei amar mais ninguém
Do que você! E neste meu firmamento
Está o meu rimar que me leva além
Dos sonhos sonhados, do chamamento
Nas noites solitárias, frias, porém,
O que mais importa neste momento
É saber que você também me ama
E que juntos estamos neste planejamento
De vida, de cumplicidade, afinidade, chama
Assim, assino com o meu poetar
Esta carta de afeição
Grifada com o seu doce olhar
E versada com a nossa paixão...
Amor nestes rabiscos desenho só sentimento
Em cada linha a saudade nodoando o coração
Com seu cheiro, seu gosto, seu afogueamento
Nestes versos de reconciliação
Poetar é uma explosão de alma tão intensa, que nada acalma, só papel e tinta e os conselhos do vinho...
Ensaios
Nos ensaios de ausentar-me de ti
O meu poetar só falou desta dor
Chorou nas rimas e assim escrevi
Poemas que só falam deste amor
É amor que se compara com flor
Não se esquece do teu perfume
Uma vez cheirado vira o teu odor
Aromatizando a paixão em lume
Às vezes no silêncio eu te ouço
Então aí vejo como é difícil lutar
Pra que eu saia deste calabouço
Olho o retrato, lembro o teu sabor
E a saudade de te me põe louco
Adoçados nestes versos de amor
Luciano Spagnol
20 de maio, 2016
Cerrado goiano
Adeus ao cerrado
Oxalá
Que eu volte então
Para o poetar de lá
E assim na retribuição
Só saudade sinta de cá
Oxalá
Que de lá eu só despeça
Em breves idas ali e acolá
E então volte bem depressa
Sem ter que servir de escala
Uma coisa é certa, a gratidão
O cerrado foi recompensa
E um bem ao meu coração
Luciano Spagnol
Maio, 2016
Cerrado goiano
Se o desalinho é o retrato do cerrado, preserve cada torto galho, cada árido cascalho. Só assim teremos a beleza alinhada no desgrenhado.
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
SONETO NUMA SÓ DIREÇÃO
Tudo é ligeiro, fulgaz e pura ilusão
Do pó, e para o pó, somos nada
Mal desperta a quimera sonhada
Vem logo a sorte na contramão
O tempo nos engana, só fachada
Então, ter vaidade, é mundo vão
Primavera florada, inverno, verão
Outono de folhas ao vento levada
O que as mãos remam, passaram
A emoção faz do coração morada
Nesta trilha de dúvidas, vastidão
Porém, o amor, ah! Este é jangada
De velas içadas, numa só direção
Levando a alma, numa só toada
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano
VANITAS
Só, em silêncio, a inspiração tímida e fria
Poeta... A prosa sai tremulante e inquieta
Rascunhando a estrofe em uma linha reta
De ilusão secreta, dor e suspiro em agonia
Febril, sua o devaneio, amotina a euforia
Bravia a alma grita, palpita, e então espeta
O nada, por fim, quer ser qual um profeta
Iluminado, falante e de alucinada idolatria
Poeto... cheio da minha imaginação cheia
Nascente do meu mais abismo profundo
E desagregada das paredes da teimosia...
Farto, agora posso descansar a cavalaria:
As mãos nervosas e o coração moribundo.
Arranquei-ti-ei pra vida, vivas tu ó poesia!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
“SPLEEN”
O céu do cerrado, hoje, amanheceu plúmbeo
Sobre o espírito meditabundo, só e chuvoso
E, ungido toda a reta do horizonte, nebuloso
O dia virou noite, e o meu fausto olhar, ateu
Neste temporal escuro tal calabouço lodoso
Onde a vontade quer encontrar o êxito seu
Espavorido, o acaso coloca asas de fariseu
Em um voo infeliz, tão enfado e impetuoso
A chuva a escorrer as traças da melancolia
Imita as aranhas tecendo sua espessa teia
No beiral do vazio, numa angústia sombria
O trovão dobra, de repente, e furibundo
E a alma encarcerada em lúgubre cadeia
Chora o verso, suspirando e gemebundo
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro, de 2018
Cerrado goiano
SÓ
Eu, que o destino pândego impeliu à vida
Moldando- me com forjas de imprecação
Este que de má sorte na criação, nascida
Apenas para ao peito dar dor ao coração...
De flagelo em flagelo tem a poesia ferida
Sem fidelidade no caminho, outra direção
Sangra, rasga, na tranquilidade retorcida
Dos acasos servidos, os sons da solidão
Silêncio nas madrugadas, noites de luto!
Dias embatucados, me vejo em desalinho
Alma acabrunhada, de triste e vago olhar;
E, no horizonte do cerrado árido e bruto
E, talvez há de estar, no sempre: sozinho!
Sem o amor, sem tu, a chorar, a suspirar...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
09/04/2019
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Quando a Palavra de Deus desaparece do púlpito, o que se ouve só serve para banhar os esgotos para nutrição das ratazanas.
Quando vivemos o evangelho, nossas palavras só confirmam aquilo que todos já sabem, mas quando falamos o que não vivemos, também seremos conhecidos, não por cristãos, mas por HIPÓCRITAS.
Podem até arrastar multidões com o conhecimento terreno, mas só com a iluminação vinda do alto através do Espírito Santo, os eleitos ouvirão e permanecerão seguindo essa liderança para crescer na graça e no conhecimento do Eterno.
“A sede insaciável que muitos buscam no mundo só será plenamente saciada em Deus e por Deus, pois Ele é uma fonte inesgotável.”
Na caminhada cristã, há momentos que nos deixam em dúvida, mas essa incerteza, por si só, já é uma resposta. Não precisamos de confirmação adicional.
Primavera no cerrado
Depois da chuva das flores
Colore o cerrado de amores
Perfume, a aragem sorrindo
O inverno e secura indo
Num renovo que se refaz
Aroma de esperança traz
No voo da mamangava, do beija flor
É ressurreição, cheiro, cor
Desabrochando no sertão
Com florescente inspiração
Anunciada pelo vento
Cada botão rebento
Em quimeras da natureza
Emoção perfazendo em beleza
E gratificação de quem espera
A alma em poesia da bela primavera.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
12 de setembro de 2015
Cerrado goiano
LAMENTOS NO CERRADO (soneto)
Só, me encontro no cerrado cinzento
e acumulo agruras bem guardadas
das utopias na aridez desmaiadas
dos sonhos perdidos além do tempo
Tal qual pequizeiro de flores delicadas
que brotam no sequioso pasto sedento
meu temor e saudade faz de rebento
como as floradas nas secas galhadas
Quanto vil doloroso gemido em mim
assim como folhas secas num jardim
no seu fado, voam ao vento turbulento
Eu aqui, descrente no cerrado, vivo assim,
poetando lamentos tão irreverentes, enfim,
o fato é que a vida é feita de revoadas...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
12/06/2016, 06'06"
Cerrado goiano