Coleção pessoal de PalavraMotriz
COLHEITA
Se a minha palavra germina na tua terra arada, nosso plantio vencerá pragas, estiagens, vendavais...
Degusto vinho barato. Não troco brigadeiros por macarons, tampouco dendê por azeite trufado. Assim que pelo meu amor não se envaideça. Meu gosto é meio desqualificado.
Quando olhos generosos captam tua essência acolhendo teus contornos sinuosos, a vibração do inefávell se faz matéria.
O curso da história é irrefreável, tanto quanto a evolução da essência que compõe a humanidade. Mesmo que a individualidade dos seres seja ainda tão imperfeita, há uma contabilidade coletiva dos nossos erros e acertos que torna una a nossa caminhada.
BAGAGEM
No meu alforge de viajante
apenas teus versos
como fricção de gravetos
que estoura em fogo
no deserto.
A CURA DO DESAMOR
Meu bem, por mim não te preocupes.
Tenho curado minhas feridas
com o próprio cuspe.
Lamente pela vida
que abrevias em ti,
por medo, a cada instante.
DO AMOR ESSENCIAL
Nunca fui de amar o óbvio e o que só reluz por fora.
Funciono em sentido horário.
Desconfio que o chip humanoide
me foi posto ao contrário.
A VIDA IN VITRO
Talvez não seja preciso decifrar tanto a vida...
Apenas executá-la
transitando entre conjecturas com cara de ciência,
o irracional dos sentidos
e o pragmatismo do fazer.
Talvez.
Quanta gente já nos amou, sem saber, pelo avesso... dando-nos elevada importância na persistente falta de apreço.
Há quem se vanglorie de não portar carros caros e grifes, alardeando sua humildade, mas ostenta tanta vaidade na falsa simplicidade, que um carro top de linha comparado com o seu ego parece uma carrocinha...
Tem gente que faz com o tempo malabarismos, interpretando-nos no presente pelo passado, do qual já nos despedimos.