Seco

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Faz de conta que ela não estava chorando por dentro – pois agora mansamente, embora de olhos secos, o coração estava molhado; ela saíra agora da voracidade de viver.

Clarice Lispector
Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Chorar não adianta, eu seco de tanto chorar e não passa. Ver TV, falar ao telefone, dançar, gritar, escrever, abraçar minha mãe, tomar suco de manga… nada adianta.
Eu sei, eu sei, o eterno clichê “isso passa”. Passa sim e, quando passar, algo muito mais triste vai acontecer: eu não vou mais te amar. É triste saber que um dia vou ver você passar e não sentir cada milímetro do meu corpo arder e enjoar. É triste saber que um dia vou ouvir sua voz ou olhar seu rosto e o resto do mundo não vai desaparecer. O fim do amor é ainda mais triste do que o nosso fim. Meu amor está cansado, surrado, ele quer me deixar para renascer depois, lindo e puro, em outro canto, mas eu não quero outro canto, eu quero insistir no nosso canto.

Mas você eu já desisti de esquecer. Pra sempre eu vou sentir um elevador de gelo seco em todos os meus andares quando você aparece de alguma maneira. Quando tem foto sua, quando tem recado seu, quando tem você atravessando a avenida.

Você já deveria conhecer meu tom seco e sarcástico e minha insuportável mania de falar a verdade sem me importar com o que os outros vão pensar. Sem me importar se vão continuar gostando de mim mesmo assim.
Eu nunca precisei fingir que sou uma pessoa boa. Nunca precisei fingir que eu não estou nem aí quando eu estou mais aí do que aqui. Não faz meu tipo. Me esforço às vezes pra ser romântica, pra acreditar nos planos, pra acreditar nas pessoas. Nunca chorei pra convencer. Talvez porque não faça questão de convencer. Ou, como você mesmo diz, sou direta, fria e seca. E nada disso é novidade pra ninguém. É só o meu jeito.
Eu não sou fácil, não me vendo, não aceito migalhas, não gosto de metades. Sou um império do bem e do mal. Sou erótica, sou neurótica. Sou boa, sou má. Sou biscoito de polvilho. Açúcar, sal, mousse de maracujá. Só não sou um brinquedinho. Que alguém joga no canto do quarto quando não quer mais brincar. Sou um pacote. Uma mala. Sou difícil de carregar.

Que planeta engraçado! É todo seco, pontudo e salgado. E os homens não têm imaginação. Repetem o que a gente diz...

Outono
Empoleirado num ramo seco
um corvo

vermelho relâmpago
irrompe do capim seco:
a cobra coral.

Precisamos aprender aceitar o que a vida nos dá, às vezes perdemos aqui, para ali ganhar.

Tudo tem seu momento de acontecer e apressar-se não vale de nada

Não desista da sua batalha e não se iluda aos olhos do poder. Viver na luz, na bondade, na paz, no final é o que realmente vai valer.

Amanhã será melhor um dia novo virá
Lute pelo bem que a luz não se apagará.

Tudo tem seu momento de acontecer
E apressar-se não vale de nada
E viva sua vida assim como um passarinho livre pra voar
Pense só, concentre-se em seu caminho
Pois se se perder, o difícil será voltar...

Em uma vida onde se perde quase sempre, e se ganha
quase nunca
Melhor um pássaro na mão do que dois a voar...
A voar...

Se a chuva é purificação então deixa molhar.

Quem anda descalço não semeia, espinhos para pisar

Por seco e calmo ódio, quero isso mesmo, este silêncio feito de calor que a cigarra rude torna sensível. Sensível? Não se sente nada.
Senão esta dura falta de ópio que amenize. Quero que isto que é intolerável continue porque quero a eternidade.

Clarice Lispector
Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

É melhor comer um pedaço de pão seco tendo paz de espírito do que ter um banquete numa casa cheia de brigas.

(Provérbios 17:1)

Rio seco
silêncio sob a ponte
apenas o vento.

sobre um ramo seco
uma folha se pousa
e trina ao vento

Entre o capim seco
uma surpresa rajada:
ovos de codorna.