Clarice Lispector

Clarice Lispector

Escritora e jornalista brasileira
1 - 25 do total de 1834 pensamentos de Clarice Lispector

Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.

Clarice Lispector
MONTERO, Teresa (org.). Correspondências. Rio de Janeiro: Rocco, 2002.

Nota: Trecho de carta escrita a Tania Kaufmann, em 6 de janeiro de 1948.

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Brasília... Uma prisão ao ar livre.

Clarice Lispector
LISPECTOR, C. em crônica denominada "Brasília".

Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.

Clarice Lispector
A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
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Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho.

Clarice Lispector
A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.

Clarice Lispector

Nota: Trecho citado por Anna Maria Knobel em "Moreno Em Ato", atribuído a Clarice Lispector.

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Sendo este um jornal por excelência, e por excelência dos precisa-se e oferece-se, vou pôr um anúncio em negrito: precisa-se de alguém homem ou mulher que ajude uma pessoa a ficar contente porque esta está tão contente que não pode ficar sozinha com a alegria, e precisa reparti-la. Paga-se extraordinariamente bem: minuto por minuto paga-se com a própria alegria. É urgente pois a alegria dessa pessoa é fugaz como estrelas cadentes, que até parece que só se as viu depois que tombaram; precisa-se urgente antes da noite cair porque a noite é muito perigosa e nenhuma ajuda é possível e fica tarde demais. Essa pessoa que atenda ao anúncio só tem folga depois que passa o horror do domingo que fere. Não faz mal que venha uma pessoa triste porque a alegria que se dá é tão grande que se tem que a repartir antes que se transforme em drama. Implora-se também que venha, implora-se com a humildade da alegria-sem-motivo. Em troca oferece-se também uma casa com todas as luzes acesas como numa festa de bailarinos. Dá-se o direito de dispor da copa e da cozinha, e da sala de estar. P.S. Não se precisa de prática. E se pede desculpa por estar num anúncio a dilacerar os outros. Mas juro que há em meu rosto sério uma alegria até mesmo divina para dar.

Clarice Lispector
LISPECTOR, C. A Descoberta do Mundo. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1984.

Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever.

Clarice Lispector
A Hora da Estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Mas já que se há de escrever, que ao menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas.

Clarice Lispector
Para não esquecer. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada.

Clarice Lispector
Água Viva. Rio de Janeiro: Rocco. 1998.

E umas das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi criadora de minha própria vida.

Clarice Lispector
Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres, 1969.

Ela acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam.

Clarice Lispector
A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Nota: Trecho ligeiramente adaptado do original.

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Ah, e dizer que isto vai acabar, que por si mesmo não pode durar. Não, ela não está se referindo ao fogo, refere-se ao que sente. O que sente nunca dura, o que sente sempre acaba, e pode nunca mais voltar. Encarniça-se então sobre o momento, come-lhe o fogo, e o fogo doce arde, arde, flameja. Então, ela que sabe que tudo vai acabar, pega a mão livre do homem, e ao prendê-la nas suas, ela doce arde, arde, flameja.

Clarice Lispector
Onde estivestes de noite. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Nota: Trecho da crônica Vida ao natural.

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Liberdade é pouco. O que desejo ainda não tem nome.

Clarice Lispector
Perto do coração selvagem. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1980.

Terei toda a aparência de quem falhou, e só eu saberei se foi a falha necessária.

Clarice Lispector
LISPECTOR, C. A Paixão Segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
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E o que o ser humano mais aspira é tornar-se ser humano.

Clarice Lispector
Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

... estou procurando, estou procurando. Estou tentando entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi. Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda.

Clarice Lispector
LISPECTOR, C. A Paixão Segundo G.H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer.

Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi o apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, esperarei quanto tempo for preciso.

Clarice Lispector
Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Passei a vida tentando corrigir os erros que cometi na minha ânsia de acertar.

Clarice Lispector
Clarice Lispector: Esboço para um possível retrato

Nota: Trecho de "Esboço para um possível retrato".

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Eu não: quero é uma realidade inventada.

Clarice Lispector
Água Viva. Rio de Janeiro: Rocco. 1998.

Nota: Trecho adaptado de outro pensamento.

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(...) passava o resto do dia representando com obediência o papel de ser.

Clarice Lispector
A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato...
Ou toca, ou não toca.

Clarice Lispector
Entrevista a Júlio Lerner, TV Cultura, 1977.

É difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo.

Clarice Lispector
A paixão segundo G.H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.

Clarice Lispector
A Descoberta do Mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Crônica Não entender.

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O que verdadeiramente somos é aquilo que o impossível cria em nós.

Clarice Lispector
A maçã no escuro. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Porque há o direito ao grito.
Então eu grito.

Clarice Lispector
A Hora Da Estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
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