Ruído
Em pedaços
O rio era fundo e mesmo sem saber nadar não me afoguei, apenas flutuei,
os ruídos romperam o silêncio,
em cada passo respeitei as escolhas com acolhimento,
valorizei com prioridade cada período da nossa história,
perdido no caos, arremessei sentimentos e eles remaram e remaram sem trazer respostas,
a mente grita, a alma dói,
pensamentos fantasmas, um corpo a deriva,
coração quebrado em pedaços e ainda assim bate forte.
O Refúgio da Minha Alma é Somente Deus
Quando o ruído do mundo é tempestade,
E a alma exausta busca algum abrigo,
Não há poder, honra ou vaidade
Que acalme o coração, senão o Amigo.
As luzes deste século — vaidade! —
Prometem paz, mas trazem só conflito.
E o homem, em sua cega liberdade,
Perde-se em si, sem Deus, pobre e aflito.
Mas eu, cansado de buscar em vão,
Achei nos Céus o amor que não se ausenta:
Refúgio eterno em meio à confusão,
Rocha de paz que toda dor enfrenta.
Em Deus repousa o ser, livre e contente,
Meu sol, meu norte, meu pastor presente.
O ruído do mundo corta o crepúsculo,
com crueldade e corrupção.
E o silêncio do campo desabrocha,
com pássaros cantando,
onde a terra responde sem palavras —
mas com honestidade, cercada de vida.
Viver sob expectativas sociais cria um segundo eu, um reflexo:
uma voz de perturbação e comparação.
Já a solitude permite-nos ver
um vislumbre da paz,
sem precisar de alguém —
bastando um único eu.
Uma paz que não é compartilhada,
mas vivida com amor.
Orgulho ou não,
não existe solidão:
apenas o sol, a chuva
e a felicidade nascida da simplicidade.
Entre a Arte e o Ruído
"Quem aprecia a verdadeira arte dificilmente se encanta com o barulho vazio de uma boate, pois seus olhos buscam beleza com significado, e seus ouvidos, sons que toquem a alma, não apenas o corpo."
O Silêncio Que Te Espia
William Contraponto
Te escondes no ruído e na agonia,
temendo o vulto da própria verdade.
Chamas de vida a farsa que te guia,
mas vives sob o fio da tempestade.
Teus gestos são ensaio e encenação,
reflexos de um deserto mal coberto.
Teu riso é disfarce da contramão,
pois nunca estiveste assim tão perto.
O quarto te devolve o que calaste:
um murmúrio sem rosto, frio, inteiro.
No fundo do silêncio que evitaste,
te espreita um ser sem nome e verdadeiro.
Não foges só do mundo lá de fora,
mas da presença crua que te habita.
O barulho é o refúgio de quem chora
sem ter coragem de escutar a dita.
A máscara se ajusta tão bem ao rosto que começa a parecer pele. Mas, no fundo, há um ruído.
Uma fricção entre o que mostramos e o que sentimos. Um cansaço. Uma sensação de estar sempre atuando, sem saber exatamente onde termina o personagem e começa o eu.
Silêncio que Respira
No ruído das máquinas,
busco um silêncio que respira.
Onde a alma não se explica
ela apenas é.
Há pixels que brilham,
mas não iluminam.
Há palavras que gritam,
mas não curam.
No fundo da ausência,
escuto o que o mundo enterra:
a ternura do instante,
a fé sem altar,
a justiça sem plateia.
As mãos vazias,
que não postam, não vendem, não imploram
essas sim, sustentam o invisível.
Essas escavam a verdade
que o ouro não compra
e que os likes não alcançam.
Na palma da mão, não carrego espadas,
mas sementes.
E mesmo que a terra esteja dura,
é nela que insisto em plantar
o impossível.
Porque há um Deus que não cabe em dogmas,
um amor que não vira tendência,
e um eu que não quer mais performance
quer presença
A Bússola Quebrada
Você sente? Esse ruído incessante, essa vibração no ar. É o eco de uma guerra fria que se recusa a morrer, um fantasma que assombra nossas conversas e congela nossas decisões. De um lado, o socialismo. Do outro, o capitalismo. Rótulos. Caixas. E nós, no meio, exaustos de uma batalha que não nos pertence.
Perguntamos "quem é melhor?", mas a pergunta já nasce errada. Enquanto as bandeiras são agitadas, a nossa verdadeira pátria, a "pátria educadora", adoece em silêncio. Nossas salas de aula se esvaziam de propósito, nossos jovens perdem o rumo, e nós continuamos a discutir o mapa, sem nunca dar o primeiro passo.
E se a resposta não estiver em nenhum dos lados?
Então, pare por um instante. Respire. Convido você a fazer um exercício: desvie o olhar das laterais. Ignore a direita, ignore a esquerda. Agora, olhe para a frente. Para o horizonte vasto de possibilidades que se abre quando abandonamos as velhas trincheiras. É lá que devemos procurar as respostas, não apontando o dedo, mas nos perguntando, com humildade: "Onde nós estamos errando? Será que estamos realmente pensando no outro?".
Algo dentro de nós está mudando. Conceitos que pareciam sólidos como rocha, como "moral" e "ética", hoje parecem se dissolver na maré do tempo. A nossa bússola interna parece ter perdido o norte. Clamamos por liberdade, um grito que ecoa em cada esquina, mas talvez estejamos confundindo liberdade com ausência de limites. Queremos ser livres, mas esquecemos que a liberdade floresce na responsabilidade.
É como entregar o leme de um navio a uma criança em meio à tempestade. Ela tem a liberdade de girá-lo para onde quiser, mas não tem a maturidade para entender as estrelas, as correntes, o destino. A liberdade sem sabedoria não é um voo, é uma queda.
Vemos a nobre ideia de uma sociedade que cuida de todos ser confundida com uma permissão para o caos. E vemos a força do capital, que poderia erguer nações, se tornar a ferramenta da ganância nas mãos de quem não tem o caráter para guiá-lo. O poder exige uma alma à sua altura, uma pessoa cuja sinceridade e responsabilidade sejam impecáveis.
Então, chega de olhar para o próprio reflexo. É hora de olhar em volta.
E aqui, a resposta se revela, não na filosofia, mas na pureza da matemática. Imagine a Direita (d) e a Esquerda (e) não como inimigos em uma linha reta, mas como duas forças que partem do mesmo ponto, formando a base de algo novo. Um ângulo reto. Uma fundação. O que acontece quando somamos suas potências? Pitágoras nos ensina:
Onde f é a Frente. O Foco. O Futuro.
A nossa jornada para frente não é a vitória de um lado, mas a resultante da união. É pegar a melhor qualidade de um e a melhor qualidade do outro. A disciplina e a inovação de um lado; a compaixão e o senso de comunidade do outro. Juntos, eles não se anulam. Eles se potencializam, criando um caminho muito mais longo e firme do que qualquer um poderia traçar sozinho.
Vamos parar de travar a guerra dos nossos avós e começar a construir o mundo dos nossos filhos. Juntando o que temos de melhor, para finalmente, e juntos, caminharmos para a Frente.
Fiz do silêncio uma estratégia, no silêncio o trabalho cresce sem ruído, o resultado fala mais alto.
Às vezes é preciso se perder no ruído,
pra achar o sentido há tanto perdido.
Entre telas e vozes, distantes,
encontrei no silêncio, o que é importante.
Os menos interessantes são aqueles que vivem pelo coletivo e pelo ruído, sem questionar, refletir ou enxergar além do óbvio.
Silêncio Escolhido
Há um instante em que o ruído do mundo se torna mais alto que o próprio coração.
Nesse instante, não é a fuga que chama, mas a clareza: compreender que a vida também exige portas fechadas.
Isolar-se não é negar a existência do outro; é afirmar a própria.
É um gesto de retorno — como o mar que recua antes de criar a próxima onda.
Quem se recolhe não desaparece: transforma-se.
No recolhimento, as vozes externas se dissolvem e surge a pergunta que nenhuma multidão consegue abafar: quem sou eu quando ninguém me olha?
Há quem tema o silêncio, porque nele não há disfarces.
Mas é nesse vazio aparente que se escuta o som mais nítido do ser.
O afastamento não é abandono; é a arte de respeitar a necessidade de repouso da alma.
Voltar — se voltar — é escolha futura.
Por ora, o presente é a pausa.
Um ato de coragem que se escreve com portas fechadas e luz suave,
onde a solidão deixa de ser ausência para se tornar presença de si.
Em tempos de ruído, sanidade é combinar informação e conhecimento com cuidado e limitar a ação àquilo que controlamos.
©11 nov.2005 | Luís Filipe Ribães Monteiro
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