Retrato de Velho
Tudo está se tornando efêmero na ciência, escrita, arte, amor e amizade; o novo, amanhã, já é velho. Sobre a partícula de Deus? Já esperam, impacientemente, a do Diabo.
Uma vez fiz uma pergunta a um velho.
-Será que eu mereço ter nascido?
Ele me respondeu com tanta franqueza.
-Viva e você saberá se merece ou não ter nascido"
Minha vontade agora é largar esses cadernos, nem que seja só por um minuto, pegar meu velho violão e fazer com que a vida tenha mais musicalidade na respiração, em nossos corações... e quando tenho o instrumento marcado em minhas mãos, me sinto mais leve... surgem então os pensamentos, ideias, letras, poemas, amores... e, de repente, me vejo acordando após incontáveis horas apenas pensando... tentando aprender algo de bom com a vida...
Viva sua vida como se fosse um carro velho. quando quiser voltar, a marcha ré não engata, se quiser parar, o freio não funciona, pq o caminho é sempre pra frente
O VELHO ARVOREDO
Cadê aquela sombra bela
Do velho arvoredo
Onde a gente se amava
Cadê aquele cheiro bom
de pasto mastigado
Onde ruminavam os bois
Cadê o riso de Luzia
Que me disse um dia
A lua é de nós dois
E a gente no velho arvoredo
A lua vinha cedo
Clarear o nosso amor
Pode me chamar de cafona
Eu gosto é de forró
Minha sandália é currupele
Ainda chamo cachete
Califon e caritó
Eu gosto de uma aguardente
Uma mulher decente
Pra ser meu xodó
E um cavalo bom de cela
Pra eu montar com ela
E derrubar a dor
Numa boa vaquejada
Namorar com minha amada
Na sombra de uma flor.
Dentre mortos e feridos, fica o grito da emoção,que pune velho castigo,traduz toda razão.
Apronta pra dança, pra vida, ela sim é coisa bonita, como correr na contra mão?
Mas sabe velho mundo, de ti quero tudo, até o segundo, e que não me falte o prazer mais ínfimo de voar.
Na simplicidade do vôo quem sabe um dia alcançar.
Quero as gotas que temperam minha tão profunda alegria.
Gotas de orvalho, capim-mato do dia.
Quero a simplicidade de apenas acordar.
Jovens espancam velho até a morte
Segundo noticias veiculadas pela televisão pública de Angola no programa bom dia Angola nesta sexta-feira 2 de Agosto de 2013 faz referência ao espancamento de um velho por dois jovens supostamente em estado de embriaguez, apresentando como motivação algumas superstições culturais estando os mesmos agora sob a égide da polícia nacional.
O pais ficou chocado com a noticia veiculada pela TPA1 que faz referencia a uma agressão perpetuada por dois jovens a um velho nesta sexta-feira 2 de Agosto de 2013 levando este terceiro a morte, portanto terão sido motivados a este ato hediondo pelo consumo excessivo de álcool e por crenças em superstições culturais, Atos do género são a todos os níveis contestáveis faz-me lembrar a teoria de um filosofo que dizia pergunto-me então ate quando ? Para onde vamos com este estilo de vida? Para onde foi o amor ao próximo e a solidariedade humana?
Não importa se tenham agido de forma irracional pelo fato de se terem embriagado, o que importa e que a vida humana foi coisificada, foi equivalida a um objeto,constestando um dos princípios do decálogo de forma insipida e incisiva que diz os sociólogos,psicólogos,psiquiatras,os assistentes sociais a policia e outros membros da sociedade tem de trabalhar todos juntos para moldar a sociedade a um comportamento socialmente aceite e digno, os legisladores devem criar leis que proíbam o consumo de álcool em locais públicos ou estar embriagado sob pena de passar uma noite na esquadra e ao pagamento de uma multa, proibir o fabrico de bebidas alcoólicas caseiras ou sob supervisão do estado para amenizar os nervos e aplicar altas taxas sob a importação de bebidas alcoólicas, as que se produzem localmente teriam um preço de mercado superior ao de um refrigerante, a suspensão de festas noturnas em locais impróprios e não autorizados.
Segundo os fundamentos dos direitos humanos na doutrina social da igreja católica no que toca ao respeito da dignidade humana refere que o respeito pela dignidade da pessoa não pode absolutamente prescindir da obediência ao principio de considerar o próximo como um outro eu,sem excluir ninguém levando em consideração antes de qualquer outra coisa a sua vida e os meios necessários para mante-la dignamente.
Os artigos 3º e 5º da declaração universal dos direitos humanos advogam a valorização da vida, a liberdade e segurança pessoal como também a proibição da tortura, crueldade e tratamentos desumanos, o direito a vida e um direito consagrado na lei constitucional angolana, na declaração universal dos direitos humanos, no pacto internacional dos direitos civis e políticos e em outros ordenamentos jurídicos pelo que se espera pela intervenção dos órgãos competentes, somos todos unanimes de que estes prevaricadores devem ser julgados e condenados de acordo a lei.
O tempo vem chegando e com ele as lembranças, a única e verdadeira riqueza do velho homem; lembranças de um tempo que fugiu de suas mãos, daquelas noites de quarta-feira tomando um refrigerante com os amigos e jogando conversa fora, das tardes de domingo que se foram embora , daqueles sorrisos largos que brotavam do rosto simplesmente por estar ao lado da roda de companheiros, fugir até uma queda d'agua escondido para se deliciar nas águas cristalinas, dali nasciam as melhores histórias, muitas gargalhadas e alguns arranhões, faz parte, lembrando-se ainda do tempo das peladas no fim de semana, ou das noitadas do sábado á noite, e aquela olhar de quando viam aquela princesa e que só eles entendiam, eram tempos muito bons, hoje nem se veêm mais, uns já foram acima, outros estão longe, o que lhe resta são as fotos amareladas que trazem brancos sorrisos, daquela galera ínesquecível, o seus cabelos brancos de hoje condenam que não mais vão se ver, mas mesmo assim consegue sorrir e dizer: Eu tive verdadeiramente irmãos de amizade.
Lembrou-se quando aquele velho esquecido
Não esquecido por ser da escória,
Era apenas mais um velho esquecido da memória,
Lhe deu uma idéia sem pé nem cabeça,
Mas pensando bem, quem sabe,
Por ser algo tão demente, aconteça.
Disse: mocinha, percebe que tudo a sua volta,
Quando você se solta,
Parece não existir do lado de fora,
Mas sim do lado de dentro?
Tal pergunta a fez calar, e pensar por um momento.
E se vivesse de tal forma, desvairada e intensa,
Inconsequente e divertida, que não pudesse saber,
Nem com reza braba ou macumba encardida,
Se vive um sonho ou realidade?
O que é mentira ou o que é verdade?
E ela, que não fugia da raia, e nem perdia uma briga,
Daquele dia em diante, tomou a loucura desse velho
Como seu trilho. Içou as velas e se lançou.
E respondia sempre, ah eu me arrumo,
Quando alguém lhe perguntasse:
Mas menina, qual o teu rumo?
E todo dia era assim, As flores pareciam lhe dar bom dia,
E o seu gato, por todos os deuses do céu e do inferno, lhe Sorria.
Estava perdida. E era tão bom não se encontrar.
Não se achar. E era como ser um daqueles dentes-de-leão
Soprados pelo vento, só voando.
Foda-se o depois.
E se o depois estiver acompanhado do passado,
Foda -se os dois.
Agora ela é a garota do momento,
Sendo conduzida pelo vento.
Nao sabia mais ao certo o que era sonho.
Nao sabia mais se o mundo real era quando da cama caia,
E os olhos abria, ou se quando se deitava,
E os olhos cerrava. Mas sorria. Só sorria.
Kito
Um dia, Um velho foi visitar mestre
Ryokan e disse-lhe:
- Eu quisera pedir-vos que fizésseis
um kito [Cerimonia para cumprimento
de uma promessa] em minha
intenção. Assisti à morte de muita
gente ao meu redor. E também
deverei morrer um dia. Portanto, por
favor, fazei um kito para eu viver por
muito tempo.
- De acordo. Fazer um kito para viver
muito tempo não é difícil. Quantos
anos tendes?
- Apenas oitenta.
- Ainda sois jovem. Diz um provérbio
japonês que até os cinqüenta anos
somos como crianças e que, entre os
setenta e os oitenta, precisamos amar.
- Concordo, fazei-me então um bom
kito!
- Até que idade quereis viver?
- Para mim, acho que basta-me viver
até os cem.
- Vosso desejo, na verdade, não é
muito grande. Para chegar aos cem
anos, só vos resta viver mais vinte.
Não é um período tão longo assim. E
sendo o meu kito muito exato,
morrereis exatamente aos cem anos.
O velho ficou com medo:
- Não, não! Fazei que eu viva cento e
cinqüenta anos!
- Atualmente, tendo atingido os
oitenta, já viveste mais da metade do
prazo que desejais. A escalada de uma
montanha exige grande soma de
esforços e tempo, mas a descida é
rápida. A partir de agora, vossos
derradeiros setenta anos passarão
como um sonho.
- Nesse caso, dai-me até trezentos
anos!
Ryokan respondeu:
- Como o vosso desejo é pequeno!
Somente trezentos anos! Diz um
provérbio antigo que os grous vivem
mais de mil anos e as tartarugas dez
mil. Se animais podem viver tanto
assim, como é que vós, um homem ,
desejais viver apenas trezentos anos!
- Tudo isso é muito difícil...- tornou o
velho, confuso. - Para quantos anos
de vida podeis fazer-me um kito?
- Quer dizer, então, que não quereis
morrer! Eis aí uma atitude de todo em
todo egoísta... - replicou o mestre.
- Bem, tem razão....- respondeu o
ancião, constrangido.
- Assim sendo, o melhor é fazer um
kito para não morrer.
- Sim, é claro! E pode ser? Esse é o
kito que eu quero! - o velho animou-
se bastante.
- É muito caro, muito, muito caro, e
leva muito tempo...
- Não faz mal. - concordou o velho.
Ajuntou, então, Ryokan:
- Começaremos hoje cantando apenas
o Makka Hannya Shingyo; a seguir,
todos os dias, vireis fazer zazen no
templo. Pronunciarei, então,
conferências em vossa intenção.
Dessa maneira, de uma forma suave e
indireta, Ryokan fez o velho homem
deixar de se preocupar com o dia de
sua morte e o conduziu ao Dharma.
Disse o velho índio à tribo, mantendo no olhar o brilho: “O que acontecer a terra, acontecerá a seus filhos”. É a sentença dada pela própria natureza, que mostra aos homens tão “fortes” a sua grande fraqueza; por não saber conviver, destroem só para fazer, da morte surgir riqueza.E assim despem a terra, de toda sua cobertura, deixando à mostra as feridas em sua carne batida, veias secas, sem poder levar a vida.Parece uma chapa quente expulsando os animais, os pássaros e os insetos; povos perdem os direitos, deixando de ser sujeitos, e vão se amontoando em alguns poucos locais.Em seu ventre machucado jogam os fortes venenos, como se fosse remédio. Os filhos que nela vivem misturando a dor e o tédio. Procuram sem resultado, o ar puro, que vinha de trás da encosta. Hoje a chuva cai e lava deixando os ossos à mostra.
De Janeiro a Setembro,vem outubro,novembro e dezembro. Vou falar do velho setembro. que em seus dias, trazem luz e vida. Setembro traz primavera, uma estação que bem diferente do que os homens a querem, é a estação das flores.
Flores e setembro, amor e poesia. Lendo, vivendo o amor em flor. Primavera, oh primavera, faz lembrar-me dos jardins, de rosas e jasmins. Não importo se tem espinhos, a rosa será sempre rosa que enfeitam os jardins, o jasmim sera sempre o incenso que perfuma, que cede aos encanto de sua beleza.
A gente deveria ser antes velho e depois novo.
Sábias palavras do meu avô Antonio Perez, repetidas tantas vezes que eu jamais esqueci.
Uma das raras vantagens de envelhecer é que o conjunto das experiências pelas quais passamos pode ajudar a não cometer alguns erros e para que não repitamos os velhos. Erros, que podem variar de simples enganos até os monumentais, que comprometem toda uma vida ou deixam sequelas irreparáveis.
A observação atenta, que só a experiência dá, pode fazer com que algumas vezes, em vez de aprendermos como os nossos erros nós os evitemos vendo os erros dos outros.
E se a nossa imaturidade não nos permitiu isso, é bom que alertemos os mais jovens, ainda que na maioria das vezes ninguém bata com a cabeça dos outros.
