Restos
Um dia que nunca chega
Restos do amor traído ainda machucam por dentro
Vestígios do que sobrou do pecado mais original
Percorra um caminho e siga em frente, disse-me
Para errar novamente, tudo é exatamente igual
Não caio mais nessa conversa de dias melhores
Cansei de esperar por um dia que nunca chega
Temos apenas o presente e a hora certa é agora
Tentando acertar, na maioria das vezes se chora
Nas situações ímpares da vida, dá-se um contorno
Com serenidade e sintonia neste clima tão morno
A chama da vitória ainda está acesa, é preciso crer
Mas nem sempre a intuição induz ao certo escolher
Desistir não é opção para as almas elevadas ao céu
Cai-se mil vezes e levanta-se o dobro se for preciso
Andando pela escuridão, à noite, pensamento longe
É possível endoidar ainda que repleto de puro juízo!?
Restos de mim
Completamente perdido, sem destino
Estranho clima de recomeço no ar
Casais desfilam na calçada limpa
Alheios ao meu vazio tão singular
As férias passaram voando alto
Tanto tempo, mas ninguém ligou
Maior foi o tamanho do tombo
Ao descobrir que nada mudou
Cresce a incerteza do amanhã
O mar não está para peixe
A sereia encanta o marinheiro
Por favor, fascínio, me deixe...
Saboreio o gosto do espinho
Cravado em meu submundo
Como pode algo ser, por si só
Problema e solução de tudo?
Me acorde quando o sol explodir
O normal, um dia, terá fim
Me ouça quando o trovão cair
E só restarem restos de mim.
Ao contrário de Cazuza, "restos e raspas" não me interessam; amor a conta-gotas não me satisfaz; desejo morno, assim como o café dá-me náuseas. Apenas o excesso, interessa-me. Se não for pra me transbordar, por favor, não me enche.
Toda mulher sabe o que a faz feliz, o que não sabe é dizer não para as quimeras, para os restos de afeto que recebe e, que por motivos que nem ela própria entende, às vezes, passa uma vida toda fingindo para si mesma que é feliz.
Não há ninguém importante que não seja substituído, também há restos que podem ser utilizados, resumindo: tudo é parte de um todo.
DESAMOR
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Somos restos que ficam da própria loucura;
nosso tempo é perdido no voo dos anos;
o amor se perdeu nos desvãos da procura
e nas tantas mudanças de rumos e planos...
Acabaram as linhas; agulhas; os panos;
não há como fazer uma nova sutura;
temos esta certeza das perdas e os danos;
a doença venceu as previsões de cura...
Um aceno se oculta no silêncio fundo
que se deu nos limites deste fim de mundo
entre as velhas paredes vazias de lar...
Sempre perto e distantes; hoje muito além;
nossas vidas se foram nesse vai e vem;
já voltamos demais pra voltar a voltar...
você ateia o fogo e eu assopro para que me queime
aquele deslize na tela do celular me fez cego.
você foi um grito de paixão
eu fui um grito de carência.
estamos aqui agora para terminar de nos queimar.
precisamos virar cinzas.
eu, você.
o que restou de nós.
Não adianta nada tentar continuar com a parlapatice de ontem se já anteontem não passava mais de um pequeno pedaço estilhaçado de coisa senso comum. Coisa remendada nunca será fiel à sua construção. O que vale na vida é realmente o que tem importância e nos faz querer estar vivos para aproveitar até o último segundo. O resto sempre será o resto e ninguém vive disso.
O amor verdadeiro existe, só que preferia na conhecê-lo, tudo mudou, tudo ficou e nada restou de mim!
O problema dessa intensidade que me torna uma pessoa sempre inteira, é me ajustar a essa sociedade impregnada de pessoas pela metade, pelos pedaços, pelos restos, pelos rastros, pelos ralos, pelas sombras,pelas bordas, pelos cantos, pelas sobras...
Há duvida nas metades, afinal metades são metades, nada além disso.
Metades não são reais, são a certeza da eterna metade, o incompleto, o sem entrega.
Não tolero metades, tolero restos.
Restos do novo, restos do antigo, restos do que foi bom, restos do que foi ruim, restos do que nem se quer foi.
Há magia nos restos.
Eu sou um resto, quem não é resto não viveu, não vive, nascemos para ser restos.
Os restos são mais felizes.
Não há dúvida nos restos, não há metade nos restos, os restos se entendem pois são restos.
Nos restos há entrega, há verdade.
Nos restos há o inteiro, sem metades, os restos são completos, os restos se bastam.
Há paz nos restos.
Nossos caminhos são circulares e quando lhe encontrar de novo, se ainda restar fôlego em mim, aceito os seus restos: Pródigos.
Mulheres que emanam inteligência
seduzem os cérebros.
As outras que usam e abusam da lingerie
ficam com os restos - corpos.
Ter medo de ser esquecida é o pior dos medos. É como tentar fugir da velhice, não adianta, ela sempre chega. E as vezes, você já é velha e nem sabe. As vezes, você já foi esquecida, até por você mesma. A ignorância nunca pareceu ser tão atraente não é? Ela te chama, ela quer te agarrar, e você deixa. Você deixa. Você deixa se levar. Não há como resistir a uma boa dose de ilusão fantasiada de felicidade. Mas como toda ilusão acaba, o produto é negativo, o resultado é negativo. E tudo se torna escuro. Você se sente esquecida. Você está se perdendo. E a gente sabe, na vida, na vida, ninguém está disposto a te encontrar.
O presente, se foi, so nos resta o futuro, que se esvaindo, fazendo o passado, ser eterno, nas nossas mentes.
Se as palavras autorais não valem nada, aquelas alheias, copiadas e coladas, muito menos. Não passam de flores murchas, roupas usadas e descartadas, restos de um banquete, onde muitos saciaram a fome.
E quando a festa ia se aproximando, como explicar a agitação íntima que me tomava? Como se enfim o mundo se abrisse de botão que era em grande rosa escarlate. (...) Naquele carnaval, pois, pela primeira vez na vida eu teria o que sempre quisera: ia ser outra que não eu mesma.
Você já teve aquela sensação de “era isso que eu precisava ouvir hoje”?
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