Por você eu Limpo os Trilhos do Metro
Preferia passar uma semana dentro de uma caixa de concreto de 1 metro quadrado, úmida e sem luz, do ir que num show do Calypso.
Todo mundo sabe que o Metrô Rio não funciona como deveria, que as composições têm intervalos de 5/6min - isso não existe. Se a imprensa começar a vasculhar diversos setores das prefeituras, assim como do governo vai achar uma falcatrua atrás da outra. Todo mundo está cansado de saber que a saúde pública é um caos, que as escolas públicas são péssimas. Todo mundo está cansado de saber que não há segurança pelas ruas da cidade, todo mundo tem conhecimento de políticos corruptos, de favores trocados dentro da política. Todos estão carecas de saber que a cidade de Friburgo não foi reconstruída, que ainda existem dezenas de pessoas até hoje sem casas depois da tragédia no morro do bumba. Todo mundo tem conhecimento das estradas com ‘crateras’, mas cheias de pedágios caríssimos. Todos já sabem que nem maluco consegue se tratar nos hospitais psiquiátricos, e que o crack tem devastado crianças e adultos. Todos estão cansados de saber que ainda estão soltos vários responsáveis por tragédias e assassinatos no nosso País.
Mas o que mais me impressiona, hoje em dia, é a omissão do povo, principalmente de universitários, estudantes, jovens que não lutam mais por um ideal... Aconteça o que acontecer, pras pessoas tanto faz no que vai dar. Jovens mornos, criados em redomas, sem ideologia, sem garra pra melhorar, e lutar pelos seus direitos. Direitos? Nem sabem o que é isso. Pais que desistiram de ensinar seus filhos a pescar, e se acostumaram a dar o peixe. Jovens que não se interessam por política, por economia, por livros, por programas que realmente acrescentam, jovens que não têm mais conhecimento de nada, que nem sabem o que é comprar um jornal numa banca... Jovens omissos, que entram e saem de suas escolas, muitas vezes, caríssimas, sem saber o que aconteceu na rua ao lado em que estudam, ou residem. Por outro lado, jovens que só vivem na rua, soltando pipa, ouvindo funk, que só se interessam por games de máquinas caras, parcelados em 10x por seus próprios pais. Que tipo de adultos nos tornamos, mesmo sabendo que o futuro está nas mãos dos nossos filhos? Meu Deus, até quando vamos viver adormecidos diante de tantas tragédias. Quando a imprensa mostra os verdadeiros responsáveis, cumpre o seu papel, e tudo se “acalma na TV”, apagamos a luz, ligamos o ar condicionado, nos cobrimos com um bom edredon, e dormimos como crianças. E no dia seguinte, preparamos o Nescau dos nossos filhos, afinal de contas, nada como uma omissão atrás da outra, ops! – nada como um dia após o outro.
Parece que a população tomou um chá com ‘dramin’ e só vive 'grog', e no dia das eleições toma uma dose dupla do chá e ainda reelege esses safados e bandidos que não fazem absolutamente nada pela população. Cara, é de cansar ver ano, após ano e nada ser feito. As coisas só pioraram. Não sei mesmo o que vai ser dos jovens de hoje, dos meus sobrinhos, dos filhos das minhas amigas... Não, eu não sei de mais nada.
Garçom, por favor, mais uma dose de Chá de Camomila bem caprichado no Dramin, pq me deu uma dor de cabeça e uma náusea e, assim como eles, eu também preciso dormir.
A torre de babel estava sendo construída de vento em popa, tijolo sobre tijolo, metro e mais metro acima. Todos riam e brincavam e a torre subia sem parar. Logo nesse momento Deus desceu do céu e confundiu a linguagem dos construtores como relata a bíblia. Depois disso o arquiteto largou a planta no chão e saiu correndo, os construtores jogaram suas ferramentas num canto e partiram, os auxiliares desapareceram até que a obra foi totalmente abandonada.
No outro dia surgiram os cursinhos de idiomas e a construção civil foi deixada para segundo plano.
Você está em pé no metrô lotado. Uma pessoa quer passar, então você fica todo torto mas gentilmente cede a passagem. Porém pra sua surpresa ela não queria passar e sorrateiramente rouba o seu lugar e você fica se equilibrando que nem o michael jackson no smooth criminal só que com um pé só e de costas."
Ao sair da estação de metrô de Stamford Brook para a escura noite de outono, ouvi um som rápido atrás de mim. Não tive tempo de reagir e alguém me bateu com força na cabeça e me jogou no chão. Instintivamente, segurei firme a bolsa, onde estava a única cópia de um manuscrito que eu acabara de escrever. Mas o meu agressor não se deixou demover. “Dá a bolsa” gritava sem parar.
(…)
Mais tarde a polícia quis saber por que eu tinha arriscado a vida por uma bolsa. Tremendo e dolorida, expliquei: “É que o meu livro estava dentro dela.”
“Um livro?”, admirou-se o policial. “Um livro é mais importante do que a sua vida?” Claro que a vida é mais importante do que um livro. Mas, em muitos sentidos, o meu livro era a minha vida. Era o meu depoimento sobre a vida de mulheres chinesas, o resultado de um trabalho de muitos anos como jornalista. Eu sabia que tinha sido imprudente: se tivesse perdido o manuscrito, poderia ter tentado reescrevê-lo. Mas não tinha certeza se seria capaz de enfrentar novamente as emoções extremas provocadas pela redação do livro. Fora doloroso reviver as histórias das mulheres que eu tinha conhecido, e ainda mais difícil pôr as minhas lembranças em ordem e encontrar uma linguagem adequada para expressá-las. Ao lutar pela bolsa, eu estava defendendo meus sentimentos e os das mulheres chinesas, O livro era o resultado de muitas coisas que, caso se perdessem, jamais poderiam ser reencontradas. Quando alguém mergulha nas próprias recordações, abre uma porta para o passado; a estrada lá dentro tem muitas ramificações e a cada vez o trajeto é diferente.
Mas que mar me faria
descansar em calmaria?
Mar de metro, mar de milha,
mar certo, Marylia.
Mas seria a calmaria
mais de mar
ou mais de minha?
De meu mar, minha Marylia,
de agora mais o que fora menos
antes caos hoje ameno.
No cais esperei pelo mar
que me traria Marylia.
No caos aguardei,
no cais esperei.
Hoje, não mais.
Ela me olhou fixamente. Meu coração acelerou.
Um metro e setenta de pura sedução Jamais beijei boca tão quente.
Minha razão se esvaindo...quis ser racional e não pude.
Com ela entre meus braços mostrava força e virilidade,
parecia até mesmo um tanto rude.
Mas um olhar mais apurado, desses já sem maldade veria sem grande embaraço que estava completamente rendido.
É o amor! gritaram os meus neurônios mais jovens.
Sim é o amor! convencidos os meus hormônios.
Então é isso o amor? minha mente questionava.
Que maravilha é o amor! minha mente já se enganava.
Por muitas horas todo o meu ser foi amor.
Com a felicidade sendo bombeada em todas as minhas células minha realidade ganhou nova cor.
Foi numa noite sem brilho.
Nossos corpos tão próximos. A pele se inflamou.
Sem nada de empecilho a chama se consumou.
Quase uma hora de amor bestial.
Corpos possuídos, entregues sem pudor.
O amor chegou ao ápice não pude conte-lo e jorrou.
O moço do metrô
Era pra ser só mais um dia comum. Despertador estridente e banho frio como método de tortura e adeus ao sono às cinco horas da manhã. Paciência e agilidade matinal - dualidade duvidosa - pra domar a jubinha de leão, deixar pra depois o café que eu não tomo e enfrentar aquele trânsito caótico da cidade maravilhosa rumo às aulas de inglês.
O fato é que o sono não é tão invencível, a cidade não é tão maravilhosa às seis horas da manhã e após enfrentar o trânsito nosso de cada dia, que parecia duas vezes pior, desisti da aula já que pelo horário, só chegaria a tempo de ouvir o "bye, bye...see you on friday!"
Aproveitei o tempo para resolver outras pendências.
Mudei de rota e dessa vez fui de metrô. Até que não estava tão cheio, tinha espaço suficiente para entrar com calma e poder virar o pescoço observando a calmaria comum e tediosa que habitava o local. Habitava, até que, para surpresa geral, chega um cidadão carioca, rompendo o silêncio dominante, cantando a música "fora da lei" em volume e tons propagáveis para todo o vagão. O cidadão comum que acordou se achando o Ed Motta, atraiu a atenção e o estranhamento de todos ali presentes.
A senhora com cara de "tô brava", lançava olhares de fúria, decerto achou um disparate a coragem e suposta má educação do rapaz. O engravatado olhou com cara de reprovação, repassando bravamente as folhas de seu jornal. O nerd afundou ainda mais a cara em seu livro de "alguma coisa chata demais" certamente sentindo vergonha pelo rapaz que, não só cantava, mas insistia nos "paradibirudubuaê" típicos do Ed.
E eu? Eu só conseguia rir. Rir dos "paradibirudubuaê", rir da naturalidade em que o rapaz levava aquela situação e principalmente da reação ao redor.
Me recordei de um episódio do programa "De cara limpa" em que o ator-humorista-músico-autor e corajoso Fernando Caruso entra no metrô vestido de mulher e dança na barra de aço, realizando uma inusitada e divertida performance de pole dance para surpresa, estranhamento e simultaneamente risada geral.
Trata-se de um programa que visa desmistificar as regras do marasmo, levando humor e descontração a locais públicos onde a tensão ou o tédio imperam, assim, na cara dura, ou conforme o nome, de cara limpa. O que é sensacional, eficaz, positivo e porquê não, construtivo em tempos de estresse coletivo e certeiro. Em tempos de correria e agitação trivial, desatenção aos detalhes cotidianos, ao que é essencial. Um momento pra sorrir, um momento pra romper com as barreiras invisíveis do silêncio, doa a quem doer, custe os olhares insatisfeitos que custarem.
Momento pra respirar leveza, diminuir o ritmo. Despir as vestes da formalidade, dos bons modos, ser quem se é quando ninguém está vendo, mas quando todos estão vendo. Coragem? Sim, e autenticidade.
Me remete a uma citação de um dos meus escritores preferidos. Luis Fernando Veríssimo disse "Mas eu desconfio que a única pessoa livre, realmente livre, é a que não tem medo do ridículo". Eu concordo. E o moço do metrô também.
Uma estudante na ponte do metrô, linda, educada, simpática, sincera, meiga, docê, e que faz a sua parte e explora o seu amor, sua paciência e seu auxílio os colocando em prática.
Estava dando atenção a uma moradora de rua, dando tudo o que tinha, cada moeda.
Atenção, palavras, dedicação, transmitindo o vale a pena.
Dizendo com seu olhar:
Eu estou aqui; você é alguém e pode contar comigo, irei te ouvir e te entender.
Preciosa és.
Deus te abençoe!
Imagine um trem do metrô parando na estação por uns minutos e você não embarca por qualquer motivo.
Pode até ser que o próximo te leve onde você vai, mas é bem provável que no destino já não estejam as mesmas pessoas, nem as mesmas oportunidades.
Se você costuma não agarrar imediatamente a oportunidade, tenha certeza de que elas não vão ficar esperando por você.
Como o metrô, a vida é uma jornada de idas e vindas, de encontros e despedidas, onde cada passageiro carrega consigo histórias, sonhos e destinos únicos, lembrando-nos que, no final, todos compartilhamos o mesmo percurso rumo ao desconhecido.
Ela queria bater com os pés e gritar e falar bem alto, comer até ter um metro e oitenta de altura e depois fugir.
Talvez eu não seja desse tempo, um viajante intergalático parado na estação retro do metro*. Mas aqui é tão bom, apesar dos conflitos constantes não sei se gostaria de seguir adiante*. Construo pontes mas não castelos, cada dia é uma fase deste caminho na estação, onde eu torço para o metrô se atrasar e eu não embarcar.
RINÓPOLIS - a cidade da minha infância; sem metrô, nada de relevância.
Na balaústra do portão, o padeiro deixava o pão; apertava a buzina estridente, fixada na carroça azul, com a mula amarrada na frente.
Às seis da tarde, via a noite chegando, ao som do sino tocando, meu pai na Belina chegando.
A área comercial, tinha o bêbado oficial. Dormia ao chão atirado, com repulsa social; às vezes falante, em outras deprimido, mas por todos conhecido.
Quando ligava o auto falante, e tocava a `Ave Maria`, de longe já pressentia: alguém havia partido. Era hora de silencio, pra saber do falecido.
Sorridente ou infeliz, aos domingos de forma sagrada, o povo cercava a matriz. Grande era a movimentação, o padre Miro finalizava o sermão, os bancos eram disputados, e os diálogos encetados.
O cardápio era bem limitado: sorvete, pipoca ou amendoim ensacado (cru ou torrado).
Dali um dia parti, para um rumo desconhecido; vinte anos mais tarde voltei, quando então me assustei, com o que tinha acontecido - era um filme repetido.
Tudo estava no mesmo lugar. O velho taxista, com seu Fusca foi me buscar.
Achava a vida meio parada, mas na verdade, era apenas descomplicada.
Era um tempo de buscar o barulho, o tumulto, agitação, progresso e competição.
Agora, sinceramente, confesso: hoje penso no regresso. Com o passar dos anos, se descobre que a vida, quando corrida, passa rápido e despercebida.
Nó Rapadura
O teu lenço gaúcho
deve ter um metro
de comprimento,
deve ser de seda,
que você nunca
na vida se esqueça,
quando o teu lenço
for vermelho
o teu nó é Maragato,
que é nó Rapadura,
e que é nó de Quatro
cantos para vestir
a pilcha com nobreza.
