Poético
Completando hoje 61 anos de idade.
Faço essa breve reflexão, num ensaio poético do momento que vivemos:
As horas e os dias passam, o tempo insiste em continuar
E esses últimos dias passam, como se fosse um filme
A irreversilibilidade do tempo, que calcula o incalculável
Vai passar, vai ficar
A ausência de trocas de afeto
Criando a força do uso das palavras
Da arte
Da poesia
Da fotografia
E da empatia
O cheiro do álcool que exala no ar
O movimento desconexo do corpo
A fragilidade da vida
A inocência e a impiedade
A luz do silêncio
O barulho do mar
O calor do dia, desse dia
O renascer da simplicidade
O nascer do sol
A presença do Criador
A fugacidade da alegria
E a felicidade espontânea.
Paulo Maramutá.
Manhã de 18 de abril 2020.
Meu poético por TI sentir…
Recitar para alguém, dá-me um prazer;
Tão grande, que mal consigo explicar;
Tal havido nesse a mim a outrem dar;
Por tal conter: tão de mim conhecer!
Como é bom, eu sentir-me: em teu ver;
Por me sentir, tão sentido em teu olhar;
Logo unido a ti, em tal tão me encontrar;
Nesse nosso: tão separado haver!
Oxalá, tu tão gostes de a mim ler;
Como eu gosto, de a mim em tal te dar;
Neste unir de nós, por nossos sentidos!...
Pois mesmo sem sequer, te poder ter;
Fica em mim: a sensação, de em ti estar;
Fica em mim: sentir, de estarmos unidos.
Com uma enorme alegria por tal, com carinho;
São memórias que habitam o peito meu
No cenário poético do Sertão.
Vira lata no quintal sem coleira
Vigiando um burrego desnutrido
Um boi velho cantando seus mugidos
Carcarás nos farpados da porteira
Uma lebre fugindo nas carreiras
Um tum tum de batidas no pilão
Se mistura ao estampido de um trovão
Passar vela nas mãos de quem morreu
São memórias que habitam o peito meu
No cenário poético do Sertão.
Pés cansados calçando uma alparcata
Em fragelos os punhos de uma rede
Lagartixas desfilam nas paredes
No coreto matuta enfeitada.
Com perfume Almíscar perfumada
Um casal namorando no portão
Um vaqueiro , uma espora e um gibão
Procurando uma rês que se perdeu
São memórias que habitam o peito meu
No cenário poético do Sertão.
Um bruguelo chorando desgosto
E um velho tocando realejo
Faz comércio de doce quebra queixo
sacudir o pirrai que tomou o choro
Procissão de boiada dando estouro
Benzedeira vendendo oração
Lapeadas de folha de peão
Ver visagem de alguém que já morreu
São memórias que habitam o peito meu
No cenário poético do Sertão.
Pr Jardel Cavalcante
Vazio Poético
As palavras se esvaziam da mente
Como um copo de água em dias quentes
A sonoridade poética silencia a alma e desinquieta o coração
São dias difíceis ao poeta que se lamenta e se renova em seus escritos
Em que a criatividade se distancia e suas emoções se perdem na dor
A dor de estar no vazio poético.
Gratidão
Hoje eu abri o meu dicionário poético e com atenção percorri as palavras uma a uma em busca de alguma que tivesse a força, a beleza e a poesia que o teu gesto despertou em mim. Descobri contrariada, que por mais significativas que as palavras fossem, todas elas deixavam a desejar, porque certos sentimentos nunca serão capturados, nunca serão apreendidos pela semântica e aprisionados dentro de uma só palavra. Restou-me, então, o desejo de que você sinta a vibração de carinho e a luz da afeição que sem esforço algum emana dessa palavra grandiosa: Gratidão!
RAP POÉTICO
Vou te contar uma coisa
E espero que me entenda
Por mais difícil que seja
Faça e não se arrependa
Tente se aperfeiçoar
Naquilo que tu mais gosta
Não ligue para as pessoas
Elas falam pelas costas
Faça tua vontade
Independente do que seja
Usa sua liberdade
Busca sua felicidade
Irmandade, amizade
É sempre bom a gente ter
Sabedoria positiva vamos todos manter
Se algo está dando errado
Preste mais atenção
Não alegre os outros
Machucando seu coração
Seja sábio, seja grato
E procure evoluir
As pessoas falam, falam
Elas gostam de rir
Seja firme, positivo
E faça sempre o bem
A inteligência que Deus te deu
É sua e de mais ninguém
Dê um salto em sua vida
E mantenha a humildade
Seja verdadeiro sempre
Não pratique a iniquidade
Busque sabedoria,
Discernimento e aprendizado
Coloque sempre Deus na frente
E os Anjos ao seu lado!
"Posso não ser poético o suficiente pra você,
Mas posso ser romântico então o que poderá fazer?
Tento escrever mil poesias pra te ter,
Mas sem ações sucesso nessa jornada não terei,
Devo agir se quero te conquistar,
Sem tais atitudes estou fadado a sem você ficar."
UM SENTIMENTO POÉTICO
O sentimento poético,
Do riso cínico e do choro patético,
Tateia na curva sob o olhar cético.
Nas noites cinzentas do pensamento ético.
A mentira tem mira no condão do discurso.
O rio é o mesmo navegando em seu curso.
A corrupção e a ganância miram a larva e o recurso,
É o velho e o novo no mesmo percurso.
O sentimento desnuda a alma miúda.
Chora a face sisuda da desavença bocuda.
É um sentimento profundo clamando o amor,
Enrolado na mente com pétalas de flor,
É uma luz, é um sonho. Um afago consolador.
De um mundo mais justo e mais promissor.
Que a paz e a esperança
tenham um novo amanhecer.
Na batuta do tempo
e no seio do poder.
Élcio José Martins
Da flauta flutua
O lírico poético.
A sátira sutura
Com o quê céptico,
Que verga a envergadura
Da armadura pó sentido métrico.
Pulsão que castrou a dita ditadura,
Punção na mão do povo e o olhar na face/interna,
Mira agora o seu governo novo que não é mais que uma baderna.
Sufrágio clama o mouro para responsabilizar o tolo,
Diz - "tens poder" - mas - "pensa" - não és mais que um palerma!
Mas o povo é tento do descontentamento, falcão atento.
Lhe corroí ácido por dentro quando moi o pensamento.
Não há dito nem tortura que acabe com cultura,
Nem Maria nem José que não saiba como é
O fundo do tacho e a falta de rapadura.
A critica bate o pé com mão dura,
Com fé no Ser e na cultura.
Porque o Ser não esquece.
Que a espada enfraquece,
A flauta flutua,
A sátira sutura,
Com o quê céptico,
E o lírico poético.
A sagrada triangulação, o olho que tudo, ou quase tudo, vê... Só não o vê o que não quer ver e quem não quer ver que o que está visto é que temos que andar é de olho nisto, principalmente em quem está no poder. A mim não me compete competir, mas gosto de escamotear, falar por dizer e advertir para não esquecer. Que politicas fundamentalistas, como as que ainda vemos hoje, algumas até parecem nascer de novo, já exterminaram muito povo e censuraram muita pulsão que é só coisa do criador. Não devemos permitir censuras sobre a nossa envergadura. Nunca houve um tempo tão bom como o que se vive nos dias de hoje, para andar de olho, temos uma ferramenta que nunca antes houvéramos pensado sequer poder um dia existir. Esta janela para o mundo também é uma maneira de exercer, esclarecer, escutar e debater, aquilo que vai acontecendo. Todo temos e devemos ter algo a dizer... Nem que seja uma lírica mal escrita, cujo único objectivo é não sair da sátira poética! O resto fica à interpretação de cada um e a quem de direito com vontade de (munido de suas próprias ferramentas), agir. Sigo convencido de que pelo menos não fiquei inerte daquilo que eu sinto que penso!
O prazer sádico de ver indivíduos se afogando na sua própria hipocrisia é tão poético. O excremento de sua ignorância deixa pairar no ar sua ínfima existência naquele ambiente. É gratificante assistir em primeira pessoa, além de aplaudir incessantemente.
As Infâncias de Almeirim
(Um retrato poético das crianças que aqui vivem)
Toda criança que habita este chão,
carrega em si a cultura e a tradição,
de um povo que vive entre matas e rios,
com os pés na floresta e o coração nos desafios.
Filhos de agricultores, de mãos calejadas,
brincam com a natureza, celebram a alvorada.
Colhem frutos direto do pé, em festa com o dia,
vão à capela agradecer com fé e alegria.
Ah, crianças do rio, filhos de pescadores,
que navegam de barco em cantos e amores,
vão ao curral ver a boiada passar,
tomam leite da vaca, sem pressa de amar.
Brincam à luz da lamparina, numa noite qualquer,
vivem a infância simples, de um jeito tão sincero e tão belo de ser.
Vão à escola pelo caminho da ponte,
sobem na canoa e seguem adiante.
E há também as crianças da cidade,
em meio ao fuzuê, sons e ansiedade,
entre carros e motos, no ritmo apressado,
são crianças vibrantes no mundo conectado.
Entram no ônibus com seus cadernos e sonhos,
e ao contarem histórias entre risos risonhos,
descobrem que são felizes do jeito que são —
brincando na rua, na praça, com bola ou pião.
Há crianças amadas, cuidadas com ternura,
acolhidas nos braços de uma doce estrutura.
Mas há também as que vivem ao acaso,
sem teto, sem toque, sem carinho ou abraço.
Crianças que clamam por cuidado e atenção,
por amor, proteção e um pouco de pão.
Crianças que brilham como o sol da manhã,
que são o futuro, são alma, esperança e amanhã.
São elas, sim, o tesouro da cidade,
patrimônio terno, riqueza de verdade.
Almeirim pulsa em cada olhar e sorriso —
nas infâncias diversas, mora o paraíso.
Se Eu Vivesse Para Sempre
Acredito que existe algo poético no fim.
Existe algo poético no que tem fim.
Os momentos são valiosos — e você realmente dá valor a eles porque, um dia, não terá mais a oportunidade de vivê-los novamente.
Se os momentos mais simples da vida fossem eternos — eternidade mesmo — talvez não fossem valorizados.
Se você fosse viver para toda a eternidade, por que daria valor a algo tão simples, se ao longo de tantos anos reviveria esses momentos mais e mais vezes?
Momentos simples e confortantes, muitas vezes, não damos o devido valor.
Porque, com certeza, 60 ou 70 anos parece tempo demais.
As pessoas esquecem que tudo tem um fim.
Mas, quando finalmente percebem o quanto esses momentos são valiosos — se percebem — a vida se torna mais agradável.
Triste deve ser para aqueles que só percebem o quanto eram felizes com as pequenas coisas depois que já não são mais capazes de viver aquela vida.
Quando você percebe que não só a sua vida tem um fim, mas também os momentos, os dias, os anos —
e que nunca mais vai ter a oportunidade de voltar atrás,
porque já passou —
você começa a fazer valer a pena.
A vida vale a pena.
Seus sonhos valem a pena.
Os pequenos momentos começam a valer a pena.
Porque sim, você viverá esses momentos para sempre —
dentro do seu para sempre.
Então não —
se eu pudesse, não viveria para toda a eternidade.
Eu tenho meu lugar agora.
E um propósito.
Espelhos de sacrifício -Resumo poético/filosófico:
Espelhos representam reflexão, consciência, verdade. O “sacrifício” pode ser entendido como entrega.
Na mitologia o espelho muitas vezes é uma passagem entre mundos ou uma forma de enxergar verdades ocultas — então um “espelho de sacrifício” pode ser um símbolo de autoconhecimento doloroso, renúncia do ego, ou transcendência através da perda.
Um “espelho de sacrifício” nesse contexto pode simbolizar abrir mão de algo confortável para alcançar algo mais profundo ou verdadeiro.
21 de abril pode ser lido com um dia em que o espelho da história refletiu o preço da liberdade, também como um símbolo mais profundo — onde sacrifícios individuais revelam verdades coletivas.
Espelhos de sacrifício podem representar momentos em que a vida nos obriga a encarar nossa verdade mais crua — e ao atravessá-la, renascemos.
MÉTODO POÉTICO
.
.
Meu método?
O mesmo das Estrelas.
Primeiro, surge uma ideia –
vaga, ou mesmo fantasmagórica.
Ou então uma combinação inesperada
de palavras, por vezes embaraçosa...
Talvez – quem sabe – uma imagem
cujas estranhezas e travessuras
afrontem todos os cânones.
Uma eloquente frase
que cale ao peito
solitária:
sincera
lágrima.
.
Em uma palavra: Poeira
– nuvens de poeira desgarradas
vindas dos confins da mente
e das bordas do acaso.
.
Mas então, depois de muito vagar pelos meus arquivos,
ou de pairar errantemente sobre os meus sonhos,
algumas delas começam a se combinar
– como se, irmãs, viessem
de famílias distintas –
E eis que surge,
alegre,
a Gravidade,
pronta a juntar em um só giro
o que se queria disperso e sem mais rumos:
Ansiosa para, com violenta ternura,
moldar a forma.
.
Por fim, emerge,
do caos girante, uma estrela
– supremo milagre no delirante acaso
de um universo improvável
em sintonia fina.
.
Faz-se o Poema
– estranho acontecimento
cuja tenra fornalha interna
queima a pretensão
de alimentar
as almas...
.
A ti parece, este, um método por demais aleatório?
É porque não sabes de toda a paciência que foi necessária
para não limpar intempestivamente a poeira errante
que por tanto tempo pairava nos escuros céus
dos meus arquivos, sonhos, lembranças.
Quantas vezes fui tentado a deletar
um quase-embrião de verso,
ou quis me desfazer
da tal metáfora
tão desajeitada!
Mas ouvi a voz:
Guarda este pó
que de ti vieste.
.
Sem esta paciência,
não seria possível a criança:
ver, do poema, a forma brotar esperança
como flor que redefine as suas próprias pétalas
e decide, magnífica e hesitante,
se pétalas terá...
.
Ver, da alma poética,
redesenhar-se certo corpo
quando é corpo o que se quer...
E, quando não é isto o que se almeja,
aceitar-se como alma pura-chama,
ou reconhecer-se, mesmo,
tão somente como pó.
a dignidade do pó:
despretensioso,
periférico,
errante.
.
Este é o método:
render-se ao que se tornou possível
no oceano do improvável
com a bem ajustada
sintonia fina.
Respirar
a poesia
como destino
que se fez do acaso...
.
.
[BARROS, José D'Assunção. Revista Sede de Ler, 2024]
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