Poesias sobre Pássaros
Deus quando fez o mundo
Encheu o mesmo de cores
Eu vejo a todo segundo
Nos passaros também nas flores
Viver sem ser amado é como
cortar as asas de um pássaro
e tirar sua capacidade de voar
A dor tem capacidade de cortar
nossas asas e nos impedir de voar
Somos donos de um amor incrível
Permita-se voar.
O índio (pajé) se veste de pássaro. O padre se veste de rei. E o pastor se veste de empresário.
A arquitetura de uma oca é semelhante a de um ninho. A arquitetura de uma igreja católica é semelhante a de um palácio. E a arquitetura de uma igreja evangélica protestante é semelhante à de uma empresa startup.
No Brasil, o deus que antecedeu o colonialismo foi a natureza. O deus do pós-colonialismo foi a monarquia. E o deus contemporâneo é o mercado.
Os passarinhos
Os passarinhos contam, viajam, voam e aproveitam melhor a primavera. Eles protegem uns aos outros de determinados predadores. Lutam pra sobrevivência de grandes tempestades e protegem os seus filhotes.
Hoje não há passarinho que eu não invejo só por não ser Eu.
ENTARDECER E A LUA
A noite descia como em voo de pássaros,
Em rajadas de flocos coloridos.
Meus olhos se deliciavam, estremeciam,
De prazer e dor.
Como cristalizar este momento?
De que forças retirar o fluído para tal proeza?
Pensamento tolo que me fez perder todo o poente.
Quando dei pela natureza,
A noite me abraçava,
Beijava meus lábios com o nascer da lua.
Espetáculo de noite invernal.
Como deter o astro prateado
No seu lugar de agora?
Para saciar o meu prazer,
Para matar a minha sede de beleza.
Oh maldito pensamento!
Fez-me perder todo o nascer da lua!
Todos os poentes, todo o sol no seu turno.
Todos os verdadeiros voos de andorinhas!
E aqui estou sem saber contemplar.
Desejando obras monumentais da natureza.
Maldizendo o pensamento,
Vi-me num túmulo frio, escuro,
Sem haver sentido o momento de minha morte
Por tanto haver pensado nela!
Conclusão de alma:
O belo está naquilo que se vê e sente
Não no que se quer!
Nov/ 1974
CANTANDO SÓ PARA MIM - João Nunes Ventura-09/2024
Meu doce passarinho que canta
E encanta,
Já vem chegando nova alvorada,
A manhã de primavera iluminada
E esperada,
Que lembrança de minha amada.
Na aurora raios fulgentes de luz
E reluz,
No fascínio os cantos e amores,
E nas brisas que vem das matas
Em cascatas,
Espalham fragrâncias das flores.
Borboletas azuis de belezas mil
Céu de anil,
Tem a atração das lindas rosas
E com suas asas de cores belas
Todas elas,
Fascinadas nas flores cheirosas
Vem chegando ao jardim florido
E colorido,
A linda ave das tardes fagueiras,
Fascinado ao redor e circulando
Até recordando,
De felicidade as belas palmeiras.
Meu meigo e querido passarinho
Teu ninho,
De longe vens visitar meu jardim,
Que a manhã da minha felicidade
De saudade,
É te ouvir cantando só para mim.
Eu vejo você;
No silêncio da nossa casa;
No canto dos passarinhos;
No quintal, ao som das árvores sendo sacudidas pelo vento;
Eu te vejo;
De manhã, a noite;
Na nossa casa, sorrindo;
Eu vejo você;
Na música;
Na melodia;
Na poesia;
No ritmo;
Eu sempre te vejo;
Vejo você nos meus pensamentos;
Vejo o quanto de amor existe no seu sorriso;
E no encanto da sua fala quando estamos juntos;
Eu me vejo nos seus olhos;
Eu vejo;
Vejo você no Sol, na Lua e nas Estrelas;
Nos pés descalços sobre a grama verde;
No meu olhar ao acordar de manhã;
Te vejo no cheiro do café;
No som do violão;
Te vejo em tudo;
Te vejo em mim;
Certa manhã alguém me falou que eu era um pássaro
Que a verdade alguém me roubou
Que eu era livre
Que eu precisava de mais
Que eu não entendia
Achava que voar não poderia jamais
Achava assim que era proibido
Mas meus instintos eram inibidos
Sobre a liberdade, não sabia o que era verdade
Entre tantos medos e mitos
Meus desejos eram oprimidos
Mas de repente eu estava voando
Respirando a liberdade
O mundo conquistando
Pássaro que voa
Asas que batem
Canto e alegro
Ante esse mundo selvagem
Abra sua mente, ouça seu coração
Voe pra bem longe da opressão
Use suas asas pra voar
Pra amar, pra se libertar
É pouco fácil ser bom juiz,
Além do saber, é preciso vivência.
Como um passarinho,
Eu sigo pequenino e gentil.
Conheci você num dia de verão,
A noite era fria e levemente melancólica.
Pássaros dançavam ao vento do norte,
Águas buscavam sua gentil lembrança,
Da vida passada.
O quase toque em minha pele áspera
Deixou caminhos a serem guiados por você.
Vidas ao vento,
Como a cena mais laboriosa de um filme,
Um "eu te amo" desejando ser revelado.
Meu corpo murmurava seu nome
Na escuridão da noite profunda.
Quis você em quatro pétalas de rosa,
Em duas velas sobre o doce,
No cair daquela estrela atrevida,
Nas palavras ditas pelo pecador
Sobre seu pedido já concedido.
Feito passarinho
pouse leve
ocupe seu ninho
solte um canto
sedutor
ancore na boca
― da noite ―
repouse!
Pássaros com as mesmas penas
Dizem que voam juntos,
Mas que valor tem tal laço
Quando os corações não se encontram?
Nos salões onde se acenam sorrisos,
Ecos de futilidade dançam no ar,
Mas eu, em busca de um sentido,
Vejo as sombras que pairam no silêncio.
Se não ressoam os meus anseios
Na companhia que me rodeia,
Não é arrogância a minha voz,
Apenas outra senda a explorar.
Que eu encontre no meu voo solitário
A liberdade de ser,
Pois no espaço entre as estrelas,
A verdade se revela na penumbra.
Que as penas sejam distintas,
E que cada um busque a luz,
Onde o reconhecimento é sincero,
E a conexão não é um peso a suportar.
Assim, na dança do existir,
Cada passo, mesmo isolado,
Seja um hino à autenticidade,
E um convite à descoberta da alma.
SOBRE A BELEZA
Quando você vê um pássaro, e diz:
__ Ele é bonito!
Isso basta?
Por que perguntar a razão da sua beleza?
__ São as penas, o bico, a localização dos olhos,
a entonação do canto, disposição das pernas?
Não, é o pássaro em si que conta!
Só o pássaro!
A ciência da passarologia não entende de beleza.
Assim acontece com a música, com a poesia
e uma teoria filosófica.
Algumas notas musicais ou palavras
não nos transmitem mensagem de beleza.
Só o todo pode nos tocar.
Na verdade, eu nem sei o porquê dessas palavras...
Posso estar errada.
Mas tudo no mundo pode estar errado.
Eu posso, até, não existir!
Junho/ 1974
Linda Paisagem
Sentado em meio às árvores, aprecio o pôr do sol. Uma ninhada de pássaros chega aos montes, cantando e anunciando a chegada do outono.
O céu, de um azul profundo, é emoldurado por uma brisa suave que acaricia meu corpo. As folhas das árvores dançam gentilmente ao ritmo do vento, criando um sussurro harmonioso.
Cigarras, grilos e sapos, como uma orquestra, iniciam ao meu redor um esplendoroso concerto musical. O som das águas de um riacho próximo se mistura à melodia natural, trazendo uma sensação de paz e tranquilidade.
O ar está impregnado com o aroma fresco da terra úmida e o perfume sutil das flores silvestres. O cheiro das folhas secas, espalhadas pelo chão, evoca memórias de outonos passados.
A noite chega, as luzes se acendem e as pessoas começam a se recolher rumo aos seus lares, alheias ao maravilhoso espetáculo que as cerca. As estrelas começam a brilhar no céu, como pequenos diamantes, iluminando a escuridão com seu brilho sutil. O som distante de risadas e conversas se mistura ao canto dos grilos, criando uma sinfonia de sons noturnos.
*Juliano Fraissat, 12 de setembro de 2016, 02:19 AM.*
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Aprecio as coisas quietas:
um gato acomodado no sofá
um pássaro aninhado no coqueiro
o santo na charola ou altar.
Coisas que dão vida ao silêncio
que trazem à reflexão
e transmitem a sensação de paz,
mas, às vezes,
é preciso certos barulhos:
a criança que grita
os cantos silvestres
os rios que correm
é a vida vibrando
e o silencioso
anjo alegre
nos protege
o mundo vibra
e irradia
o equilíbrio há de ser,
o que a alma procura,
e o olhar há de ver-te
num infinito de ternura.
Até a primavera
Deixo o amor seguir, com sua alquimia e vertigem,
liberto os pássaros, botões do céu com asas à voar.
Renúncio ao fervor de amar sem medida,
e me perco nas linhas da ausência incontida.
Já exaltei o amor, cantei a paixão,
mas dissolvi-me em palavras, sem definição.
Agora despeço-me desse encanto profundo,
abandono o amor e o seu misterioso mundo.
Quem sabe, um dia, ao pulsar renovado,
meu coração encontre um novo chamado.
Quando o inverno ceder à estação primeira,
numa explosão de vida, cor, e primavera.
Até lá, busco-me no vasto vazio,
na imensidão de um silêncio frio.
Pouco a pouco
o céu
morre
tudo vai ficando
cinza
nem eco
nem flores
nem pássaros
gostaria, mas
nada sei da
ciência da morte
nem de céus
nem de bocas
nem de mim
nem de fins.
Se eu fosse um pássaro, podia fugir.
Saía por entre as grades que tenho na janela e passava os meu últimos dias a ver a cidade de cima.
Se existe Água para Peixe, Solo para Toupeira, Ar para Pássaro e Planeta Terra para Homens Ignorantes, então, deve existir Planeta para Homens Sábios!
Isto é, no Cosmo existem vários lugares e cada lugar é apropriado para uma determinada forma de existência!
Ser feliz nesta vida é difícil, mas não é impossível.
Seja paciente como um pássaro, que, mesmo preso,
não deixa de cantar e não perde a fé de um dia voltar
a voar.
Livro: O Respiro da Inspiração
