Poesia sobre a Seca
ALVORADA NO CERRADO (outono)
O vento árido contorna o cerrado
Entre tortos galhos e a seca folha
Cascalhado, assim, o chão assolha
No horizonte o sol nasce alvorado
Corado o céu põe a treva na encolha
Os buritis se retorcem de lado a lado
Qual aceno no talo por eles ofertado
Em reverência a estação da desfolha
Canta o João de barro no seu telhado
É o amanhecer pelo sertão anunciado
Em um bordão de gratidão ao outono
A noite desmaia no dia despertado
Acorda a vida do leito consagrado
É a alvorada do cerrado no seu trono
Luciano Spagnol
Agosto/ 2016
Cerrado goiano
LÁGRIMAS INTERNAS
Noite fria, alma seca, vida solitária
Pensamentos vagando,dor no peito, saudade insana,
alguma coisa em mim vai buscar longe uma recordação...
Nem sei se eu vivi mesmo o que lembro agora.
Nem sei ...
Mas essa saudade me revira pelo avesso e
me faz mergulhar num mar profundo de silêncios ,
de vazios , de desalentos.
E a chuva cai lá fora e aqui dentro estou fora de mim nessa busca de alguma faísca de ilusão que valha o momento.
Nada me alenta !
Uma lágrima escorre em meus olhos como se o mundo estivesse caindo sob minha cabeça e a solidão me doma ,
me rouba os segundos em que o meu silêncio só grita por ausências !
Ausências do que inda nem sei se de fato existiram ou
se são delírios desse momento.
Luz do abajur, vidro embaçado, silêncios exacerbados,
Meu corpo quer dormir e minha mente berra.
É hora de desistir de novo de mim.
É hora de partir para fora de mim!
As paredes gritam insanas e o instante se torna
um buraco imenso aqui dentro !
Preciso ir !
Pernoitar n'algum canto que me traga alento e
sonhos vestidos de encantos !
Armas da seca!
O sertão ainda encara
o sol forte e cristalino
a água distante e rara
tem as armas do destino
e a seca é quem dispara
a bala da dor que vara
o coração do nordestino.
Vaqueiro!
Essa dor me consome
sem dó nem perdão
a água que some
resseca meu chão
a seca e a fome
transforma meu nome
em herói do sertão.
Qual gotas de orvalho na seca
Temperança no desespero,
Luzes na escuridão,
As doces lembranças que ficam
Trazem Paz ao coração.
Verdes noites, cantos azuis.
Se for o amor, leva toda tua dor.
Fonte seca, braços fortes entrelaçados.
Ousados, costumam ser.
Magia de flutuar em teus seios,
teus anseios, teus versos, teus tetos.
Esculpir-te basta, idolatrando teu suor,
que se mistura ao meu em noites frias e amargas.
Depois que a flor seca e perde o encanto às abelhas se dão por satisfeitas e deixam de ferrar!
Os galhos secam se quebram os macacos saem. Do pé!
Boca seca ,
coração acelerado ,
Sinto a cada segundo a esperança se esvair ...
Uma tristeza tão profunda toma conta de mim ,
Me perco em lágrimas que insistem em molhar meu rosto ...
O que eu estou fazendo !? Me pergunto ...
Nunca foi de direito meu cobrar algo
Se não partilho do mesmo sentir , a dor então é só minha ...
Desespero insano ,
Medo de não ter tempo ,
De não conseguir ter , da maneira que idealizei
Medo de ser esquecida
De que tudo tenha sido em vão
Por um instante fecho os olhos e peço,
Que parem com essa dor ,
Que se acabe logo com isso
Que me falte o ar , eu não me importo mais ...
Egoísmo de minha parte !?
Vivemos em um mundo onde os valores são totalmente invertidos,
Amamos quem nos apunha-la
E damos as costas para quem mais nos amam...
A sensação de querer arrancar o coração com as próprias mãos , não é bem vinda ,
Tamanho desespero que causa esse tipo de reações...
Com quem falar !?
Quem ajudará !?
Alguém que possa secar minhas lágrimas e dizer que vai ficar tudo bem !?
Em um mundo perverso desse , estamos sozinhos a todo momento ,
Por mais que estejamos rodeados de pessoas , são pessoas frias , sem coração , sem amor ao próximo e sem compaixão...
Seria egoísta eu , querer parar !?
Seria egoísmo não estar suportando mais a dor !?
Não...
Não seria !
Além de tudo , não ousariam em chegar e dizer ...
Só quero que tudo se acabe de uma vez !
Daqui... não farei falta alguma !
**CL
Além da seca ferrenha
Do chão batido e da brenha
O meu nordeste tem brio
Quer conhecer então venha
Que eu vou te mostrar a senha
Do coração do Brasil
São nove estados na raia
Todos com banho de praia
Num céu de anil e calor
São nove Estados Unidos
Crescentes fortalecidos
Onde o Brasil começou
E hoje no calcanhar da ciência
Formam uma grande potência
Irrigando o chão que secou
Verdade que a seca inda deixa sequela
Mas foi aprendendo com ela
Que o nosso nordeste ganhou
Deixou de viver de uma vez de esmola
E foi descobrindo na escola
A grandeza do nosso valor
Eu quero é cantar o nordeste
Que é grande e que cresce
E você não conhece, doutor
De um povo guerreiro, festivo e ordeiro
De um povo tão trabalhador
Por isso não pise, viaje e pesquise
Conheça de perto esse chão
Só pra ver que o nordeste
Agora é quem veste
É quem veste de orgulho a nação
Eu quero é cantar o nordeste
Que é grande e que cresce
E você não conhece, doutor
De um povo guerreiro, festivo e ordeiro
De um povo tão trabalhador
Por isso não pise, viaje e pesquise
Conheça de perto esse chão
Só pra ver que o nordeste
Agora é quem veste
É quem veste de orgulho a nação
Louco, louco o mundão é tenebroso
O espírito abatido seca até os ossos
A gente mata, a gente morre, por histórias que distorcem
O inimigo não tem dó, até embarca nesse corre.
No coração fiel a Deus, flui o Ro da Graça Eterna que jamais seca, revelando o Amor que não tem fim, a Luz que não se apagará e a presença Daquele que nunca nos abandona.
Dilson Kutscher
Chuva de inverno,
Chuva de verão,
Sem ti sou terra seca,
Contigo uma flor,
sem ti sou como a erva,
contigo um jardim florido,
Morro contigo,
Morro sem ti,
Partes comigo,
Partes sem mim,
Vibro contigo,
Não vibro sem ti,
Folhas ao vento,
Folhas o chão,
Deito-me contigo,
Deito-me sem ti,
Adormeço contigo,
Adormeço sem ti,
Sou feliz mas...não sem ti.!
Porque não você? ... Será porque?
Porque cansei de chorar?
Uma hora a fonte seca.
Porque parei de ligar?
Até a paciência descarrega.
Porque cansei de sofrer?
Ser feliz não dói.
Porque não sinto mais saudade?
Existem milhões de pessoas no mundo.
Porque estou mais bonita?
Percebi que estou mais viva do que nunca.
Porque apaguei você da minha vida?
Borracha serve para apagar rabiscos.
Porque agora você me quer?
Porque é de praxe humana querer aquilo que não tem.
Érwelley C. de Andrade ALB/DF.
Virar as costas para pai e mãe é como cortar a raiz da própria árvore.
A ingratidão seca o coração, o abandono rouba a sombra, e o fruto se perde antes de amadurecer.
Quem esquece de honrar suas origens, cedo ou tarde sente o peso do vazio.
— Purificação ✍️
Não se cala o som do choro, o corpo é abrigo cansado, seca com os soluços.
Virão gritos, danos, o gosto amargo da perda.
É suportar o vazio onde antes havia um beijo.
Antes era: “Que seja infinito enquanto dure.”
A despedida não aceita poesia: ela é o fim do poema.
ESPLENDOR DOS IPÊS
Meus olhos lacrimejam pó
Minha garganta seca dá dó
Minhas pernas trêmulas dão nó
No horizonte tênue, cinza e pó
Estamos em agosto, que desgosto!
Estação seca das arvores tortas
Das flores e folhas mortas!
Do céu sem nuvens, descem vendavais
Formam redemoinhos de poeiras infernais
Estalos de galhos soltos criam asas latentes
Balanceiam como peraltas ambulantes
A mercê das correntes constantes...
Olho a imensidão dos eixos Sul e Norte,
Que unem as extremidades das asas do Plano Piloto
Onde carros apressados passam sem perceber
Do seu interior a beleza efêmera e tênue dos Ipês!
O roxo e o rosa enchem as retinas, bonito de se ver,
O amarelo é ouro e atraí abelhas e beija-flores
O branco é o símbolo da paz, que colosso!
A natureza nos brinda com esplendor
O destaque denso e um colorido revelado
Que se escondem na noite de um céu estrelado
E na manhã seguinte, o espetáculo bonito de se ver,
As explosões coloridas dos exuberantes Ipês!
Entre o que seca
e o que germina,
há um intervalo
onde eu respiro.
Alguns dias sou raiz cansada,
outros, vento recente
Há presenças que me pedem
com os olhos de antes,
e outras que me buscam
como se eu fosse abrigo
O tempo se dobra,
e eu, estou no vinco
tentando não rasgar
para dar conta de tudo
Tem gente para mim que a importância é como uma chuva na seca.
Não subestime a sua importância porque ela é como um pelo de um gato vai cair e não vai fazer falta.
Sempre que a vejo sob os galhos desta àrvore
Seca e murcha como um cadáver
A aflição me consome como veneno
Pois, no cinza de teu olhar, vejo algo além de um céu carregado
Posso ver o olho do furacão, elevando sua fúria às auturas
Igualando o oceano ao purgatório.
Mas que aperto! Não basta apenas a agitação do mar
E nem a ira dos ventos,
Sobrevoam nuvens negras como a morte em sua cabeça
Transbordando não água, mas lágrimas,
Devorando o rubi de tua face,
Agora sob uma enchente de dores!
Eu imploro, pare de sangrar
Nesse mar tão linda alma não merece se afogar
E nem sobre uma lápide seu nome estará
Pois em meu barco hei-de te levar
Chore agora, para não se afogar depois.
Quem despreza a água que o saciou revela apenas a seca do próprio interior.
A ausência de gratidão mostra a imaturidade de quem ainda não aprendeu o valor do gesto puro, do amor sem interesse.
