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QUERO


Quero ser o sonho que te faz bem...
Que te faz dormir e sonhar.
Eu quero ser sua poetisa a cantar
as melodias mais profundas
das sereias no fundo do mar.
Deixa-me cantar!

Sou também jardineira das flores
E posso uma semente lançar...
As sementes dos amores.
E pintar um jardim tão perfeito
Que não haverá outro jeito
a não ser amar, amar, amar...
Nas profundezas do mar,
ou no mais simples leito.

Inserida por joanaoviedo

POR TUA ALMA É QUE ANELO


As violetas passaram sobre o meu olhar,
deixando sombras arroxeadas.
E os nardos cobriram a visão da tua passagem...
Indas que ouvia a carruagem de um príncipe,
não pude sentir o gosto por te ver passar...
Mas os olhos da minha alma ferida sentiu tua sombra...
- Podes passar-te, oh majestade!
E sobre mim, essa sombra palpitará,
como se meu corpo estivesse tocado!

Será imenso esse amor que me abrigas.
E nunca mais, nunca mais, haverá um estribilho,
em meus versos onde te pousarás teu brilho!
No encanto da alma, e por quem anelo.

Então apenas os nardos e as violetas se passaram
arroxeando meus olhos e cobrindo-me a visão
da tua breve passagem.

E meu corpo palpitará
como se lhe houvesse tocado.

Inserida por joanaoviedo

CACTOS FERIDOS


Arrancaram-se os cactos
onde era o nosso ninho.
E cortaram-se os espinhos!
Perdi meu diamante nas brumas
de uma noite triste!

Desfolharam a flor estranha,
a mais bela do jardim!

Talvez o tempo! O tempo!

E, nossa casa tão sonhada,
ao som de tristes ventos,
em horas caladas se desmoronou...

Não seremos o que sonhamos:
“Pobrezinhos, de mãos dadas
a andar pelos caminhos...”
Bastavam-nos nossos cactos
onde fizemos um ninho!

Talvez o tempo... O tempo!
Roubaram nossa morada
e a arremessaram aos ventos!
Talvez o tempo... O tempo!

Inserida por joanaoviedo

ENVELHECER


Envelheci o quanto pude
e o quanto não queria também.
Mas percebi que a cada cantar das brisas,
uma nota fazia seu caminho musical.
E todos os dias e madrugadas vividas,
Desenhou-se em cicatrizes remontadas
no meu rosto jovial...
Tornando-se apenas sulcos sagrados.
Por isso orgulho-me das rugas,
e de quanto meus olhos se pintaram
de roxas orquídeas a cada por de sol.

Percebi que isso se chama eternidade
e o meu próprio Eu recoberto
desse tempo de sonhar!
E é a vida esse sonhar, sem amarguras...
Apenas com esboço de canto
no canto da boca.

Inserida por joanaoviedo

VEM!


Toca minha alma com os teus lábios ...
e com os dedos perfura-me a epiderme,
e ultrapassa, fantasmagoricamente, a derme!
Se não podes tocá-la nem com os olhos...
Posso sentir os espinheiros, esses abrolhos.
Sou a felina dos outeiros, que dança na selva
e nos picadeiros, onde tudo se faz verdade.
Até a ilusão da eterna felicidade.

Vem! Toma meu corpo junto ao seu...
Olha na janela já se faz breu!
Por entre os montes os pingos regam
a relva que nosso corpo um dia acolheu.
Vem! Que o tempo passa... E se passa,
não há como esticar o braço para, com sofreguidão,
segurar, em desespero, o meu abraço.

Vem alma minha, pois minha alma perde-se a calma,
enquanto aninha-se em outros ninhos...
Lembro-me o doce perfume, em agonia
das longas noites sem seus carinhos.
-Vem, toma meu corpo junto ao seu!

Inserida por joanaoviedo

TAÇAS QUEBRADAS


Na quimera daquelas taças levantadas aos ventos,
firmamos um eterno compromisso de trilhar
em linha reta a mesma estrada, até o infinito!

Amei-te tanto, e viajei às estrelas, até se dar conta
e sorver meu próprio pranto!
Compreendi que ao amor não se propõe um brinde
em taças que se despedaçam ao toque de qualquer vento...
E que ainda os ouço ao chegar da noite, os açoites
dos falsos juramentos.

Nada mais desejo além da brisa no meu rosto,
feito remédio a suplantar tanto desgosto!

Por que te quebrastes, oh, taças, levantadas ao vento?!
Por que morreste, oh, sonhos de meu tormento?

Inserida por joanaoviedo

CANÇÃO DO AMADO


Era madrugada e ela dormia languidamente
sobre o lençol de cetim.
Sonhou que havia alguém batendo à porta querendo entrar, havia barulhos de mãos na maçaneta.
(Oh, quem seria àquela hora?!)
Era o amado que a chamava para um passeio no jardim,
e lhe trouxera cestas de figos, flores e perfumes...
Mas ela estava cansada!
A luminosidade do lençol de cetim a convidava, dizendo:
- Não abra! É muito tarde!
Eis que o amado saiu com frio e o corpo molhado d’orvalho, às ruas cobertas de folhagens e pétalas que a chuva fizera cair...
Ao longe ainda ouviam-se os passos cansados do amado
e um perfume de flor ficara na maçaneta.
Sentiu saudades! Era dele o perfume.
Saiu correndo descalça e com roupas de dormir.
Havia homens maus nas ruas que a açoitara.
Ela dizia: - Estou atrás do meu amado...
Acaso não o vistes? Ainda há pouco quis estar comigo!
Deixem-me ir!
Mas os homens responderam com escárnio:
- Você não tem amado algum!
Se tivesse, o perfume dele estaria em seu corpo,
porém, agora estará em nossas mãos, será prisioneira
até que seu amado venha buscá-la! Pode dormir!
Agora não mais sobre o lençol de cetim,
mas na calçada suja, molhada.
Corpo ferido, sonhando com o amado e com as flores
que lhe deixara.

(Reeleitura do Cap. 03 de Cantares de Salomão em forma de poesia.)

Inserida por joanaoviedo

DUAS FACES DA POESIA


Ontem vi a poesia. E era vestida de chita fina,
enfeitada com colares. Ia por caminhos de flores,
onde se viam os amores encantados,
jovens enamorados, vestidos, alguns de linhos...

E tinha risos no rosto a poesia.
De mãos dadas por entre os pátios,
entre os parques da cidade, até nas pontes se viam!
E era a poesia tão jovem, pele de pêssego rosado,
cheirando a jasmineiro em flor...
Seu nome era amor.

Hoje pelo mesmo caminho, ia novamente a poesia,
tão linda, mas desencantada! Seu rosto triste
e com lágrimas, faltavam-lhe flores nas mãos
e também pelos caminhos.

Usava um vestido surrado, não era mais um brocado,
nem lhe compunham babados! Colares? Quebraram todos.
Até as pérolas morreram ao virem a poesia tão triste!
Faces já enrugadas... O corpo meio curvado!
E ia a poesia de hoje, que era a poesia de ontem.
Não mais na mesma euforia.

Ser jovem! Oh, quem lhe dera!
Naquele viver tão triste, acabara a primavera!

Inserida por joanaoviedo

OS OLHOS DE MINHA MÃE


Eram duas pérolas cravadas em um triste rosto.
Havia algo marcado, a beleza e o desgosto.

De dentro da água salgado, saltou-se a ostra
à maresia, e suas partes separadas, banhou-se
no sêmen d’areia molhada.

E seu ventre carregou-se de encanto ou desencanto,
a cada vez que amanhecia, por tantos e tantos dias,
ouvindo a noite gemer para cobrir seu sofrer.

Aflito o grito da alma, de uma alma sem calma...
E aqueles olhos? Nunca lhes vira tão de perto!
Nem sabia dos desertos que seu mundo oferecia,
mas em seu rosto, desenhadas, duas pérolas, sim, havia!

Inserida por joanaoviedo

SE É QUE ME ENTENDE


Minha cara dei a tapas, desde que nasci...
Não porque sou melhor, Mas é porque sou mulher.
Pensando bem, não foi minha cara que coloquei a tapas,
e sim “meu sexo”.
Queira você, sim ou não, quando eu passar,
vai ter que “abrir alas”. Eu não preciso de horas ou tempo
para (re)construir minha história, as minhas horas
são as que eu passo lutando na “selva desumana”.
Também não preciso escrever um poema, cantar uma música, me fazer de “pequena” para ser acolhida, a própria vida
me acolheu, a própria lida diz quem sou eu.
Não preciso ser só “Cinderela”.
Tenho fogo nos olhos, e na alma um vulcão...
que ora adormece, mas não é sempre não.
Também não preciso contar historinhas
das “Mil e uma noites” para não morrer.
A minha história se consagrou no jardim do Éden,
quando disseram que eu sou Eva e transgredi,
mas também progredi, e não adianta se lamentar.
Não estou aqui para questionar, mas Adão foi
um “maria-vai-com as outras”. Se é que você me entende!
Minha cara a tapas eu dei desde que eu nasci.
Não porque sou melhor e sim, porque sou mulher.
Mas é preciso explicar: Não foi minha cara que coloquei
a tapas, e sim “meu sexo”.
Não porque sou melhor, mas porque sou mulher!
Se é que você me entende...
Mas talvez ninguém nunca entenda!

Inserida por joanaoviedo

A GRANDE PÉROLA



Todo coração guarda um segredo
qual pérola dentro da concha...
Um amor proibido e um amor
fracassado: Concha vazia!

O mar é a vida que vai.
Vai levando conchas vazias...
Ondas vêm trazendo, talvez, à praia,
a grande pérola.

Mas, o que seria viver sem essa eterna busca,
e por entre tantas conchas fazer o sonho
valer a pena?

Inserida por joanaoviedo

Destino…

Libertino…

Que brinca comigo,

Eu escolhi estar na chuva.

Mas também pedi abrigo.

Inserida por PoesiaDeTeto

Então tu és criador.

Se és,

Não-cries-dor,

No que se auto-cativa…

Na mente ativa,

Se fazem milagres,

Que curam até “peca-dores”…

Inserida por PoesiaDeTeto

Sempre sabemos onde esta o erro,
Onde esta o problema,
E qual a solução,
Mas faz parte sentir o drama.

Inserida por PoesiaDeTeto

Horas … horas… Pois…

A que ponto chegou o mundo?

Criando razões rasas,

Pra fugir do profundo…

Inserida por PoesiaDeTeto

Enredo…

De roteiros , bipolares...

E medos confiantes,

É a força da maré

Que habita,

Que grita,

Nos faz ser gigantes.

Inserida por PoesiaDeTeto

Colina , montanhas e curvas!

Geografia do teu corpo…

Fazem mapas que percorrem

Brevemente…. minha mente…

Antes mesmo do esboço.

Inserida por PoesiaDeTeto

Eu anti tudo

até eu mesmo,

Me senti indecente…

Ah!! Quanto mundo…

Eu mudo no mundo da gente?

Inserida por PoesiaDeTeto

⁠Envidraçada
Você disse: “Não me questione... nunca...”
Frase feita, determinada.
Mas, a cozinha era pequena com fogareiro de duas bocas, perdido sem intenção de nada e o pior, não havia cheiro e calor de coisa alguma.
Mas o aroma de seu beijo navegava em minha boca e eu precisava dar um jeito de digerir seu feitio.
Tínhamos que namorar. Peguei suas mãos ásperas para sentir seu movimento, sua energia e o modo que manipulava e você as retirou: triturei as cebolas e
Chorei!...
Olhei em seus olhos sem desviar, para descobrir qual era o seu tempero e a sua hora. Você desviou e duvidou e eu acreditei no Curry como condimento e companheiro.
Abracei você desavisado na sala e sussurrei amores e você desdenhou.
Fui à cozinha novamente, piquei as maçãs ácidas e verdolengas e percebi que estava em descompasso, não era a hora.
Na biblioteca, você distraiu na leitura sobre motores e aquecimento e observei sua atenção e namorei seu perfil e sua paz.
No quarto, sozinha, retirei o avental, pintei minha boca e desejei a mim mesma, paz e discernimento das verdades.
Voltei ao escritório e com segurança disse que estava tudo pronto.
Você, descansadamente, arqueou as sobrancelhas e perguntou:
—O que você fez hoje?
Respondi:
—Frango ao Curry.
E você. num silêncio mordaz, sentenciou:
— “Não como frango!"
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠O Compasso do Vôo
Tocou um tango.
Ele levantou-se, saiu pelo salão, abandonou a mesa e a comunhão de todos que o cercavam e na multidão ele a viu; era ela todos seus dias, era ela todas suas noites.
Aproximou e disse:
— Dance este tango comigo.
Ela indignada com a transparência respondeu:
— Não sei dançar tango.
— Isto não importa, tango é uma dança masculina; comigo você não perde o compasso.
Ela levantou-se e viu o mundo em alto relevo descortinado acima de sua verdade.
Caminhou até o salão, petrificada, nem sabia como tocá-lo em público.
Ele providenciou o enlace. Pegou suas mãos úmidas e
geladas, segurou-as com firmeza e as trançou em seu corpo.
Ela sentiu seu movimento e desta vez não podia fechar os olhos, inalou seu cheiro sem poder beijá-lo, percebeu suas pernas fortes e não podia entrelaçá-las. E por um instante o vinho recém aberto a deixou tonta em um só gole.
Dançou, jogando seu ritmo nas batidas sufocadas suspiradas do bandónion.
Suspirou, puxou coragem e dançou aos olhos de todos. E no mundo emparedado ela viu o fio do prazer e com volúpia dançou esparramando todo seu desejo.
Neste instante, o salão foi inundado de um perfume fragmentado e indefinido da lágrima que escorre, do pensamento cheio de saudade, do prazer de sua voz e da incerteza do encontro frente à maciez do contato de seu beijo.
E todos perturbados com o banho de verdades em pétalas frente estes sentimentos, dançaram embriagados abraçando seus pares. E no amontoado esprimido do anonimato, eles os amantes, se perderam sem julgamento.
E nas asas do desejo e da imaginação emergiram na noite e no compasso fálico desse desejo onde mora a morna volúpia longe das paredes livres, perderam-se no horizonte em um vôo flutuante sem destino certo.
Onde a noite é suave ao adormecer, onde pairam e
pousam as almas amantes que se deitam para simplesmente amar.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury