Poesia do Carlos Drumond - Queijo com Goiabada
DEMORA
Uma das donas da ambiguidade
Quando demora pra vir, saudade
Quando demora pra ir, felicidade
Quando o tempo demora a passar, esperar
Quando a demora é estar, apreciar
Demora no tempo
Demora com tempo
Demoras ambíguas
Demora comigo
Mas não te demores
Com jeito
Com vida e sem convite
Demora madura
Demora que atura
Demore o tempo que for
Desde que a demora não mate o amor
JOTA B
E no final da tarde, quando o sol se pôs,
Não pude ver nenhum resquício de rancor
Pude, então, sorrir, pensar num novo amanhecer
Na vida eterna, num outro alvorecer
Sou o que não permanece. As coisas que digo não me dizem.
Já as que calo me contam e, as que contam de mim, não sou eu.
E se dizem e é verdade em seguida é mentira porque já terei sido antes
o que agora não sou mais. Penso ser aquilo que faço e o que deixo de fazer
é algo meu que não nasce.
Tudo muito quente.
Computadores,
Notebooks,
Tablets,
Aquecimento total!
Baterias já não seguram carga,
mAh cada vez mais altas,
E a Poesia...
Ah, a Poesia!
Silenciosamente se esfria...
Hora do almoço?
A comida se esfria...
Não existe mais a hora.
Não tem mais brasa no fogão...
Apagou!
O microondas socorre!
Socorro!
Tanta coisa quente e tão vazia!
Tanta coisa fria!
Coração, comida, casa, companhia!
Se isso enche!??
Talvez quem sabe,
Um dia!
POETAS
No fundo, todo poeta é um suicida
Se mata para expressar-se
Se mata para viver
Se mata para arrancar uma gota do oceano
Se mata aos poucos em cada dose
Se mata aos poucos em cada trago
Se mata!!!
CERTEZAS?¿
Quem dera as variáveis da vida
Fossem tão precisas quanto os cálculos de matemática.
Torço para que o fim do dia seja uma resposta com a qual eu possa conviver.
NÃO SEI COMO, MAS IREI TENTAR –
Oi como você está?
Provavelmente não deve estar se sentindo muito bem.
Pois, você está passando por uma fase complicada e às vezes se
sentindo sozinha, sei que pensa que todo mundo lhe abandonou,
mas estou aqui para lhe auxiliar nesse momento tão delicado.
Confesso que nem sei por onde começo, pois teus pensamentos
são turbulentos, mas estou aqui para o que você precisar, sei que
o momento é delicado, mas confio na sua força de vontade e
com certeza vai reverter tudo isso, esse desânimo e essa tristeza
profunda vai dar espaço para a alegria e novamente seus sonhos
irão se tornar realidade.
Nossa vida tem altos e baixos e infelizmente não temos
tudo o que queremos, colocamos expectativas de mais, não só
em bens materiais, mas nas pessoas também, e isso acaba nos
machucando e nos deixando à mercê do desânimo.
Quero ouvir você, assim sua tristeza também será a
minha e juntos encontraremos a alegria, e assim que voltar a
sonhar, com certeza você irá sair desse labirinto onde só
consegue enxergar a tristeza em meio à escuridão. Eu quero ser
seu cajado e seu ombro amigo para lhe auxiliar nessa fase, e
assim lhe ajudar a sair mais forte com essa dor que tenta lhe
derrotar.
Só quero lhe dizer que sempre que precisar conversar e
precisar de um ombro amigo, sempre estarei disponível para lhe
ajudar, afinal amigos são para cuidar uns dos outros, não é
mesmo?
MINHA OUTRA METADE
Você veio como chuva de verão;
Me surpreendeu, encheu meus olhos de lágrimas e encharcou o meu coração de amor. De repente você foi crescendo...
E o berço já não mais lhe coube. Mas nos meus braços você ainda cabe. Assim como Deus tirou Eva da costela de Adão; você foi tirado de mim: minha outra metade. Como água; você ocupa cada espaço daqui de casa, e vai ocupando do meu peito também. Quando vejo já é noite, e você está dormindo. Nem parece aquela criança agitada de durante o dia. Você é o sonho de Deus, e eu passei a sonha-lo também.
Enquanto o mundo está se acabando lá fora, você dorme como se nada estivesse acontecendo.
Você foi crescendo e o tempo da vida foi tirando você de mim. Logo ficarei velha e voltarei a ser uma criança como tu também. E você cuidará de mim. O tempo é danado: a cada dia vai esculpindo na minha faça rugas, deixando meu cabelo da cor das nuvens. Meus olhos um dia já não mais verá você tão bem. Mas imaginarei teu sorriso gostoso sem nenhum dente...
Eu sentirei teu toque, teu cheiro, o cheiro da minha criança linda. Quero sempre ter meu rosto molhado com teu beijo...
Tempestade
Sua beleza sem perfume, seu sorriso me envolvia, seu beijo quente a alma fria.
Mas no meu peito eu te queria...
Na incerteza de meus passos, sobre a ponte da ilusão, seu olhar me penetrava bem castanho a escuridão.
Ninguém sabia da verdade, muito menos da mentira.
Você sorria algo queria se me chamasse, eu logo iria.
Cortando a vinha da cidade cinza, onde se esmaga a solidão.
Dançando com a sorte, mais rápido que a morte.
Fez da loucura o seu galope, depois sumiu na multidão.
Foi quando a carne virou pedra, e sobre a brasa se aqueceu.
A boca seca molha o bico no conhaque, no gosto forte, assim esquece esse desastre...
Felipe Almaz
"Se ódio 'e o que sente agora, então ore para que venha o amor.
O tempo... ah!. O tempo sempre e' o melhor professor."
Amor frustrado
E de repente você está amando
Um amor ardente, ousado, desenfreado.
Um amor enternecedor, escancarado.
Um amor marcante, amor pertinaz,
que seduz e apraz uma alma vilanaz.
Ardorosa paixão, enlouquecida, vívida,
Sôfrega, lasciva, vibrante, alucinante.
Você vive uma efusiva paixão esfuziante
E espantada percebe que os arroubos
que lhe devoram por dentro e por fora
são falsos assomos, escombros de um amor
que feneceu antes da hora, foi abortado.
Seu sentimento foi desprezado.
Ironicamente o amor pereceu
antes do raiar da aurora.
Umbelina Marçal Gadelha
Cicatrizes
Parada diante de ti percebo-me estática.
Percebo-me petrificada, estou apática.
O sereno silêncio macula a minha memória
as ondas de pensamento rememoram
a minha história concebida por estesia.
A crua paixão me arrebatou
deixou-me obtusa, vulnerabilizada.
Buscar alento nos sonhos não materializados
Abastecer-me das palavras já não articuladas
Deixou-me miseravelmente indesejada.
Enquanto a alma adejava em sonhos
O amor envelheceu, caducou entre
as tantas noites mal dormidas,
as noites de inquietante espera,
o amor feneceu e jamais ressuscito
O tempo passou, mas não afugentou
os sinais de dor mascarados, as cicatrizes.
E por trás do indecifrável teorema do amor,
uma voz reconhecida me suplica
e a deslembrada esperança responde.
Umbelina Marçal Gadelha
Dentro de mim
Dentro de mim
Mora em mim uma menina
que revive com alegria
o frescor, a ousadia
e também a nostalgia
pela mocidade que findou.
Em mim mora uma moleca
sapeca que se esconde
que disfarça com astúcia
a imaturidade, apesar da idade
a abundante ingenuidade.
Dentro de mim mora uma senhora
que chora sua dor, seu dissabor
pelo que já lutou, mas não ganhou.
Já chorou, já pensou em desistir ,
mas lutou e segue em frente
seja lá para onde for.
Umbelina Marçal Gadelha
Dilaceração
Quando o espírito se dilacera para caber no mundo, dói a alma.
E quando a alma se aflige, as espadas laceram o seu coração.
Em sua face transparecem os vestígios de dor e prostração.
Por dentro as marcas da existência destorçam-lhe. Amargura-lhe
uma dor cruel, uma dor estranha, uma dor desmedida que se prefigura.
É uma dor que perdura porque veio para permanecer.
É anseio, é dor, é aflição, é tristeza... É martírio que faz desvanecer.
De onde vem tão profunda agonia que chamam de depressão?
Há algum remédio que a cure ou não?
Se para a dor da alma, o analgésico é o tempo
Que se esclareça ao sofrimento que o entorpecedor
chegou para sepultar a sua dor. Só que não.
Umbelina Marçal Gadelha
Escuto um sútil som que vem das gotas escorrendo pelas louças na pia
Sinto o cheiro do feijão cozido e olho pro cuco de imbuia na parede
O chiareis que faz o som da bassoura ao percorrer o chão esfoliante da calçada lá fora me acende sofá a fora
Esse céu que se prepara pra dormir
Alaranjado e rosa
Nuvens cheiosas e colossais
Com muito esforço o sol ainda consegue pincelar alguma luz nelas
Me equilibro atentamente na quina do meio-fio enquanto olho pro céu que já coloca uma sombra aqui em baixo e força os postes a iluminarem as ruas com leves rajadas de luz âmbar
Podia estar chuvoso
Talvez seria melhor ainda
Mas com a certeza que é de baixo desse céu que quero estar
Não sei o que preciso fazer.
Não sei o que mais preciso dizer.
Eu sei onde errei, acreditei que poderia te curar.
Talvez lhe recuperar.
Para sempre a perdi, minha Rainha Estelar.
Saiba que irei lhe procurar.
Buscarei á ti, para o meu desejo realizar.
FUGAS
às vezes
saio de mim em segredo
e ando a esmo
são fugas estelares
momentos fugazes
em noites infinitas
procuro luas
impossíveis de achar
reviro o pó das estrelas
uso a luz dos cometas
danço com selenitas
e me perco entre os planetas
quando consigo voltar
trago o rastro da lua minguante
e o esplendor da lua cheia
trago promessas esquecidas
trago sonhos distantes
trago mil belezas não vistas
trago auroras douradas
e galáxias inventadas
Pat Andrade
APRENDIZ
Mãe, contigo aprendi
que levantar é preciso
toda vez que cair
que a gente pode chorar
mas é muito melhor sorrir
aprendi que adiar planos
não é igual a desistir
aprendi que a vida vale muito
e que é preciso ser forte pra resistir
aprendi que é necessário
superar a dor de existir
aprendi a lutar
pelos meus sonhos
até o sim
aprendi a cuidar
e proteger quem eu amo
sem esquecer de mim
sigo aprendendo contigo,
mãe... até o fim
PAT ANDRADE
O poeta e o amor
O poeta quando ama
Faz versos em árvores
faz versos-pétalas
Faz versos-flor
Poemas frágeis
O poeta quando ama
Faz versos com asas
Faz versos-pássaros
Faz versos-nuvens
Poemas leves
O poeta quando ama
Faz versos improváveis
Faz versos-noites
Faz versos-dias
Poemas suaves
O poeta quando ama
É todo ele desamparo
Faz amor com versos
Faz amor com frases
Poemas raros
PAT ANDRADE
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