Poesia do Carlos Drumond - Queijo com Goiabada
Meia lágrima
Não,
a água não me escorre
entre os dedos,
tenho as mãos em concha
e no côncavo de minhas palmas
meia gota me basta.
Das lágrimas em meus olhos secos,
basta o meio tom do soluço
para dizer o pranto inteiro.
Sei ainda ver com um só olho,
enquanto o outro,
o cisco cerceia
e da visão que me resta
vazo o invisível
e vejo as inesquecíveis sombras
dos que já se foram.
Da língua cortada,
digo tudo,
amasso o silencio
e no farfalhar do meio som
solto o grito do grito do grito
e encontro a fala anterior,
aquela que emudecida,
conservou a voz e os sentidos
nos labirintos da lembrança.
Não vi em minha vida a formosura,
Ouvia falar nela cada dia,
E ouvida me incitava, e me movia
A querer ver tão bela arquitetura.
Ontem a vi por minha desventura
Na cara, no bom ar, na galhardia
De uma Mulher, que em Anjo se mentia,
De um Sol, que se trajava em criatura.
Me matem (disse então vendo abrasar-me)
Se esta a cousa não é, que encarecer-me.
Saiba o mundo, e tanto exagerar-me.
Olhos meus (disse então por defender-me)
Se a beleza hei de ver para matar-me,
Antes, olhos, cegueis, do que eu perder-me.
A uma dama dormindo junto a uma fonte.
À margem de uma fonte, que corria,
Lira doce dos pássaros cantores
A bela ocasião das minhas dores
Dormindo estava ao despertar do dia.
Mas como dorme Sílvia, não vestia
O céu seus horizontes de mil cores;
Dominava o silêncio entre as flores,
Calava o mar, e rio não se ouvia,
Não dão o parabém à nova Aurora
Flores canoras, pássaros fragrantes,
Nem seu âmbar respira a rica Flora.
Porém abrindo Sílvia os dois diamantes,
Tudo a Sílvia festeja, tudo adora
Aves cheirosas, flores ressonantes.
Se uma gaivota viesse
trazer-me o céu de Lisboa
no desenho que fizesse,
nesse céu onde o olhar
é uma asa que não voa,
esmorece e cai no mar.
Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.
Se um português marinheiro,
dos sete mares andarilho,
fosse quem sabe o primeiro
a contar-me o que inventasse,
se um olhar de novo brilho
no meu olhar se enlaçasse.
Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.
Se ao dizer adeus à vida
as aves todas do céu,
me dessem na despedida
o teu olhar derradeiro,
esse olhar que era só teu,
amor que foste o primeiro.
Que perfeito coração
morreria no meu peito morreria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde perfeito
bateu o meu coração.
A hora da partida soa quando
Escurece o jardim e o vento passa,
Estala o chão e as portas batem, quando
A noite cada nó em si deslaça.
A hora da partida soa quando
as árvores parecem inspiradas
Como se tudo nelas germinasse.
Soa quando no fundo dos espelhos
Me é estranha e longínqua a minha face
E de mim se desprende a minha vida.
Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio
E suportar é o tempo mais comprido.
Peço-Te que venhas e me dês a liberdade,
Que um só dos teus olhares me purifique e acabe.
Há muitas coisas que eu quero ver.
Peço-Te que sejas o presente.
Peço-Te que inundes tudo.
E que o teu reino antes do tempo venha.
E se derrame sobre a Terra
Em primavera feroz pricipitado.
Um dia, gastos, voltaremos
A viver livres como os animais
E mesmo tão cansados floriremos
Irmãos vivos do mar e dos pinhais.
O vento levará os mil cansaços
Dos gestos agitados irreais
E há-de voltar aos nosso membros lassos
A leve rapidez dos animais.
Só então poderemos caminhar
Através do mistério que se embala
No verde dos pinhais na voz do mar
E em nós germinará a sua fala.
Malandragem
Vem do nada...
- Diga aí, cara!
Como vai, “broder”...
E eu respondo
Vou indo, mano...
Como vai a mina?
A desconfiança responde
- A nega está estirando
Os cabelos chapa.
- E a sua mãe,
Broow, como vai?
- A coroa vai levando
Meu...
-(Chega à bisteca).
...Beijos...
-seus cabelos, hem!...
Gata estilo rock hooll
Mana...
E o amigo dá no pé
No dia seguinte
Surge do nada
-diga aí, cara!...
Perfeição
Olha a perfeição,
Rebolando,
Dançando,
Cantando,
Como se fosse uma rosa,
Olha a perfeição rosa,
Morta em sua direção como
O céu ao vento
Olha a perfeição tranquila
Beijando o relento.
Olha a perfeição vermelha cor
De guerra chorando a beleza…
Olha a perfeição como o sótão
Escuro; como a cortina da noite,
Suja; como o branco de um assento,
Visível; como a transparência
Do dia.
Olha a perfeição jogando tudo
Pra trás e se entregando ao seu
Inverso…
Olha a perfeição
Não está mais perfeita.
Ai dos homens que errôneos por natureza e desgraçados pela vida idealizam para além de si mesmos.
Eis vossa maior angustia ,a ânsia pela gloria que crava com seus afincos o egoísmo impertinente e sedutor.
Eis de vossa fúnebre reflexão que a tona traz o homem que infeliz pelos erros encontra-se o seu conforto nas ilusórias crenças que lhe desabrocham um amargo sorriso
Ai de vossa imaginação avassaladora que nos guia ao abismo com sua sua aura sinistra oculta em vossa alma que nos oferece tal como uma oferenda as trevas ,conforto tão ilusório capaz de desvanecer-se sendo constituído apenas de seus esboços ,ademais abismos negros que famintos anseiam por outras ilusões e desgraçados pela fome insaciável ,destroem-se a si mesmos.
Seja rica numa bela mansão
ou pobre numa casa de periferia,
Mãe é sempre igual no coração,
tem no filho sua maior alegria
Um filho de Ogum é tão bonito de se vê
Dá até espanto de tanta beleza
Corajoso forte e generoso
Inteligente guerreiro e moço
Dedicado lindo e valente
O filho de Ogum encanta muito gente
A bravura nas ações
Um sedutor de corações
Mas o filho de Ogum tem seu outro lado
É ignorante bravo e chato
Ambicioso calculista e rancoroso
O filho de Ogum é um estouro
Mas isso tudo que o torna encantador
Sua personalidade de grande senhor
É tão bonito de admirar que você até pode se epaixonar
Filho de Ogum é orgulho de qualquer um.
Engolindo a seco
A angústia atrevida, sempre chega de mansinho.
Entra na minha casa, invade a minha vida,
isso sem ao menos, perguntar se deveria.
Entra na cozinha, senta, e ainda
pede um chá.
E quando resolve se espalhar no meu sofá, pede pipoca, e ainda quer guaraná.
Assiste minha vida, com o controle nas mãos.
Enquanto ela sorri, eu perco meu chão.
Vira meu mundo de pernas para o ar e ainda me diz calmamente, você que aguente com seus próprios caos.
Eu grito, some!
Ela obedece, mas leva meu coração.
Oh, até quando será essa triste batalha?
Quando penso que acabou, ela me surpreende com novas etapas.
Ninguém vê, ninguém sente, ainda assim, são capazes de julgar.
Eu sei que ainda há chão, mas agora estou pulando num pé só, dou um passo por vez, que é para não perder a louca vontade de recomeçar.
Meu Deus, guie meus passos ou me dê asas, só assim eu voo, para longe de mim mesma.
Porque eu descobri, que sou eu o tempo todo!
Eu ... Eu mesma, com os comigos de mim.
Autora #Andrea_Domingues ©
Todos os direitos autorais reservados 24/05/2020 às 18:50 horas
Manter créditos de autoria original _Andrea Domingues
INSIGNIFICÂNCIA
Parece notória a solidão,
mas não podemos deixar abater a alma;
Quando olhamos para o mundo,
Através de uma pequena fresta
Da nossa profunda insignificância,
podemos ver a alva,
E com raios cintilantes
vem o sol a nos consolar;
A calmaria a nos rodear,
nos enche de esplendor do amor de Deus;
Mesmo sob o céu,
vivendo ao léu,
pode um novo dia recomeçar.
Livros são tesouros,
neles podemos ser heróis,
bandidos, duendes, bruxas ou fadas,
nas aventuras das linhas soltas
pelas mãos de um escritor,
que escreve cada obra
para abrir em nossa mente
uma nova e bela estrada
Numa entrevista...
- Qual o seu grau de escolaridade?
- Bem, eu cursei quatro anos de amor integral, terminei ano passado. Atualmente, prossigo com a pós graduação em desapego.
Madrugada de Inverno
- Ela apareceu em uma fria madrugada de inverno a mais linda e perfeita dama, jeito doce forma sublime, aparência estonteante, ele, logo se apaixonou, de tudo fez, se dedicou, se entregou, simplesmente se jogou, infelizmente um dia a conquistou, alguns meses se passaram, ele agora já não sorria, sofria calado, abandonado, entristecido, desesperado, mas um dia ela falou, já não da mais pro nosso amor, assim então, ele concordou, o amor passou.
- O amor passou, mas não morreu o que faria ele¿ oh meu deus, ainda triste em um bar, com suas dores a curar, as feridas abertas ainda doíam, mas a maior dor era lembrar, daquela maldita madrugada doce e fria de inverno.
Poema Mórbido
Quando eu morrer
Não quero luxo
Não quero nada incrustado de ouro
Nem nada que seja tão caro
O que importa é se vivi bem a vida
Amei e fui correspondida
E aproveitei cada segundo
Como se ele fosse o último
Não que esteja sendo mórbida
E já pensando na morte
Mas quem sabe eu esteja sem sorte
E ela me busque amanhã?
O amor é fogo, é gelo
é gargalhar e desespero,
são as ondas que vem e vão,
é tudo aquilo que inspira um coração.
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