Poesia do Carlos Drumond - Queijo com Goiabada

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Não é que eu queira fugir
Não é que eu queira parar
Mas dentro de mim
Tudo parece desmoronar

Meu coração acelera
E eu perco a lucidez
E neste sufocamento
Me encontro mais uma vez

É que o futuro é tão dependente deste momento
E é um fardo tão grande os meus pensamentos
Que minha alma é levada ao vento
E minha mente vem a pulsar.

Inserida por Jonathan7894

Pequena lua

Tenho fases como a lua
Às vezes sou verso
Noutra sou rua
Por ora me liberto
Noutra me fecho feito tartaruga

Fases que vem e vão
Feito pássaro que voa alto
Mas tem dia que prefere ficar no chão
Às vezes quero colo
Noutras a solidão

Às vezes pareço louca
cantarolando lavando a louça
Noutra pareço normal quando silêncio observando o jornal

Mas é na música que me enxergo
Viajo pelo mundo na mente inquieta
Quem me vê por aí
Pode até tentar me decifrar
Mas vou dizer que isso não vai prestar

No meio de tantas fases
Difícil saber quem sou
Quem vou ser e quem você merece encontrar

Eu já te disse
Sou como a lua
As vezes me perco
Me procuro e me acho
Sou céu aberto
Mas também sou laço

Inserida por AndreaDomingues

quase
amor
quase
paixão

quase
saudade
quase
sexo
quase
nada
quase
tudo
solidão...

Inserida por zatonio

"E há sempre um
(o mais intratável) que não desiste
e escreve versos
Não gosto destes loucos.
(Torturados pela escuridão, pela morte?)

Inserida por dia_marti

Amarras

Um dia, te terei em meus braços
Sentirei teus afagos, teus mimos
Quem sabe, poderemos mudar nosso destino
Um dia, conhecerei o teu coração
Longe dessas amarras, longe dessa prisão
Enfim, poderei transformar tuas razões
Numa verdadeira paixão, sem hora de acabar
Sem ninguém para nos amordaçar

Inserida por Poetaantonioferreira

Aprendi a me importa com quem se importa comigo.
Por isso cheguei a conclusão que a única forma de felicidade e você Mozão.

Inserida por gabriel_almeida_10

Não é mais fácil ser feliz sem dor, é melhor.
Difícil é ser feliz sem nunca ter tido dor nenhuma.
Nem haveria poesia...

Inserida por ana_michelle

Nesse tempo de crise
ignorância é uma arma
mas o medo em excesso se
torna
uma cela
onde só o bom senso geral
pode
ajudar
a menos estrago
vim a criar

Inserida por ManoNikito

Outonando

Outono de brisas frias
vindas de tantos lugares
trazendo junto melodias
do céu, da terra e dos mares

Amo o outono tão quieto
folhas amarelas que se vão
em uma canção de afeto
tocando junto ao coração...

Inserida por neusamarilda

EU ME SINTO

Sinto-me como uma criança colocada a força em um balanço e presa nele, enquanto ele gira em torno de si mesmo sem parar.
Como uma criança que não consegue ver nitidamente o que lhe cerca, o mundo a sua volta.
Como uma criança sem forças para parar o balanço, mas exausta de tanto tentar.
Como uma criança com tanto medo dentro de si que não consegue gritar.
Como uma criança que tudo o que faz é chorar.
Como uma criança, esperando que alguém possa me salvar.
Como uma criança com um imenso desejo de que tudo apenas acabe.

Inserida por Valente_nika

Pandemia

O único proveito da pandemia
E o crescimento real.
Melhora a própria Vida,
E o todo. Porque; cada um,
é parte do todo.
Se não; é apenas uma penitencia
Coletiva, que o tempo se encarregará
De apagar. Porque, Vida e transformação,
só existe no agora.

Marcos fereS

(em tempo de corona)

Inserida por marcosviniciusfereS

às Musas não interessam
drenagens, deixam alagar livremente
com o que sobrevém: a água do instante
subjectivo

quando o poeta era uma fera luminosa
e Veneza, sobre a laguna, a porta para o Levante
com seu tráfego de peregrinos imateriais – que também traziam
as laranjas douradas, a seda, a musselina
porcelanas, aço, pimenta
incenso e alívios

a cidade detinha um colégio de sábios
que sabia, em dialecto próprio, ser a magia
este palácio mergulhado nos silêncios
meio submersos

e que apenas a ciência da leitura paulatina
poderá ser o escafandro glotal e sinal que soltará
da grosseria eloquente

o espanto oculto do poema

Inserida por pensador

NEM TANTA COISA DEPENDE

preferes o canto, o lugar oculto
a folhagem, a sombra, o quarto, este
saco de trigo: ouro de um texto
sobre a velha escrivaninha do real

lá fora o clarão do arvoredo
atalhos para a tingidura da paisagem
cá dentro menos caminho, outro

panorama: a presença tão-só
desabitada de uma pessoa, mistério sem
atributo ou função

sempre a desfeita de um coração
o cultivo intensivo das figuras
e sobram tristeza e dias ao corpo que escreve
no calabouço de uma manhã muito larga

reluzente de gotas de mel
enquanto os gatos lambem o sábado
e sentado, sapo de ouro, permites-te pôr no mundo
(mas porquê) outro poema

Inserida por pensador

ardia de amor pela casa
uma confusão de silêncios ou
dizendo de outro modo
afundava-se numa líquida recordação cardíaca
ocultos pólen pólvora fósforos
a má reputação dos dedos
paixão cartografada remota
toponímia de enganos
braço a braço crescia alto
o incêndio no interior do peito
deliberado ritual de lâminas e pele
a transparente certeza
da cicatriz
mas ardia de amor pela casa soturna
silêncio dando para o saguão luz muitíssimo
extinta por sobre a larga extensão destruída
morrer, principalmente de amor, é
uma compendiosa tarefa doméstica
dentro do coração antigo
serei breve

Inserida por pensador

DEPOIS QUE ME PARTI

ilustração chã do planeta
pouco préstimo teve este aguaceiro

reservatório de enganos
em tão opaca agra e degredo, a poesia
escuríssima nuvem no-la encobre

nula grandeza a de um texto
vai pelas gentes com uns chorados
mais leves que ao vento canas

em que trilho, com que rastro
por que abertas

mal ter vindo, mal ter ficado

Inserida por pensador

Todos os dias o rio é um violino sangrando muito. Constante negócio de navios interiores.
Tomar a rédea do teu nome ondulando pela tarde, circunscrevendo a luz. Eu, o medo, um negócio de importação de angústias. O amor é uma arma rude — moeda de troca de antagonismos ínscios. Um comboio de cansaço.
Devo dormir — garantir que o rio não arrasa a casa.

Inserida por pensador

É o meu delírio sempre a horas certas dentro de um aquário híbrido. Estranhar ser pessoa. Estranhar ter crescido. Ter de ser crescida. Sem pele. Coleccionadora de vestidos que não posso vestir.
É incrível como a torre pode cair.
Devia, antes de saber se caio, demolir um assunto grande. Só para assistir à cadência. Como com as estrelas, mas sem desejar.
Não vai doer. É só uma luz muito aguda.

Inserida por pensador

A minha esperança é azul. Propagação. Níveis do Inferno.
Flores de Jacarandá no chão.
Gostava de me decifrar. Perdi o relógio, perdi a caneta, não perdi o anel. Ele arde-me.
Era isso! A faísca. No caos, a faísca. Tu. Não esquecer.
Fazer ver a leveza da tempestade. Até doerem os dedos. Até chorar. Até rir. Até dormir descansada no teu peito azul.

Inserida por pensador

Não há corpo igual. Não há cheiro nenhum no mundo que colmate o meu vício por ti. Não há tragédia igual. Drama incorruptível.
O tamanho de tudo, encaixe perfeito, a dimensão do conjunto e a distância entre opostos.

Inserida por pensador

permanecem estáticas as pontes do boassú
as pontes da boa vista
tivéssemos dinheiro vontade
compraríamos pão
mas essa casa de velhos
tão próxima ao campinho
onde torcidas formigas
vibravam milhões
essa casa aos olhos
congela mangue
manga e tijolos
houvesse gana cimento
pegaríamos a br 101

Inserida por pensador