Poesia de Cora Coralina aos Mocos
Eis que já é novo dia
tudo brilha junto ao sol
e que tenha muita alegria
até chegar o arrebol
Mas quando a noite vier
seja tudo melhor ainda
sob a luz da lua há de ter
a sua noite muito linda
Que nela haja o amor
e nada que seja tristonho
muito carinho a seu dispor
um bom sono e lindo sonho
Outro lado
A cortina era um véu
Que dividia a sala
De um lado eu, olhos esbugalhados , boca roxa , roupa rasgada , semblante de fúria
Corri pra cortina puxando com força
Queria rasgá-la , eu estava com ódio
Eu queria furar a cortina toda com a faca que na minha mão estava
Pra chegar do outro lado
Onde estava eu
De semblante calmo , vagaroso
Bonitinho , arrumado , pele limpa , boca rosada
Enquanto o eu furioso não consegue chegar ao eu calmo
O eu calmo apenas toca a cortina e ela se abre
Ele chega ao eu furioso e em sua boca beija
Une sua carne ao outro
Na mais perfeita relação
Um mete o outro recebe
E assim um eu se torna o outro
O calmo se torna fúria
A cortina foi rasgada
Noites claras ou plena escuridão
Dias felizes para iluminar
As lutas internas, vã solidão
Uma nuvem passageira no ar
Cada fase da lua a passar
Um adeus solto na imensidão
BEBÊ CABRITO
Ele é muito inteligente,
não quer saber de atrito,
nem vacina ele toma,
não precisa estar inscrito,
é melhor que gente braba,
mama na teta da cabra,
esperto bebê cabrito.
Viemos das ruas.
Sobrevivemos a noites escuras.
Seus livros trouxeram conhecimento.
Moldaram mentes, feito estátuas de cimento.
Mas nossas vidas foram escritas com sangue, suor e lágrimas, muitas lágrimas.
Sabedoria adquirida em cada beco e viela.
Olho no olho faz travar a sua gíria imitada.
Não me intérprete mal, sou a favor do conhecimento, amo a literatura.
Sei que livros são a chave e faz girar a fechadura.
Mas eles escrevem sobre o mar sem jamais ter se molhado.
Enquanto nos já navegavamos antes da informação.
Nossa vivência segue quente com a força de um vulcão.
Tenha um canto só seu
Dentro d'alma ou numa estrela
Escolhida para ser um refúgio
Quando a vida ofendê-la
Nesse silencioso e belo canto
Encontre seu eu para se renovar
Deixe rolar todo riso, esqueça o pranto
Fique leve, tudo passa ou irá passar
Do tempo que me foi dado, um relógio foi posto em meu peito. Este, era um coração em constantes ticks e tacks, tirando assim minha força, vigor e desconsoladamente minha juventude.
Por diversas vezes pensava que teria parado de contar os segundos, pois não o sentia bater. Mas precisava acerta-lo, tendo em mente que não poderia pôr ou tirar um segundo sequer que fosse de meu tempo.
A bomba relógio que em meu peito batia, já havia de ter a sua hora de explodir. Não sabendo eu quando meu tempo terminaria. Me via em euforia de saber que não o tinha como prever.
Poderia algo fazer com que o tempo dele chegasse antes do que o destinado? Talvez aquilo que o fazia bater haveria também de cessar seus batimentos ?
Seria por amor ou pela falta dele? Será então pela arte que já não fora mais nada alèm de uma expressão vazia de sentimentos extravagantes e conturbados. E caso tais eventos o fizessem de fato parar de bater antes do tempo.
Quem poderia deduzir ou mesmo afirmar que fora antes do tempo determinado?
Oque eu poderia dizer sobre a indigência social deste mundo?;o individualismo a causou e dês de que foi inventada nunca mais sessou.
Passarei despercebida por essa terra;mesmo meu que meu nome estivesse escrito na história dos homen;quem homem restará para lembrar da história?
Mesmo quem me amou me esquecerá;pois o tempo e a morte irão garantir que isso aconteça.
Terei pouco tempo antes que tudo aconteça; para ser lembrado antes de tornar ao pó e tudo desapareça.
A brevidade dos dias são como os orvalhos em folhas ao resplandecer da aurora, se formam e logo evaporam.
Os ponteiros são alados e mesmo que calados voam alto de forma tal que não podemos alcançar.
Ele não para, não volta e não pula fases, só existe agora. Não se preocupe com o que não pode controlar.
Mesmo distante
Meu coração sente
Algo que nunca senti antes
Esse amor da gente!...
Te amo com desejo
Te amo com minha imaginação
Mas ao fechar os olhos te vejo,
E te sinto em meu coração!...
MUDANÇAS
Fechei as portas da vida
Para as chatices do cotidiano
E joguei as chaves fora.
Tenho agora na cabeça
Apenas sentimentos leves
E um chapéu de palha.
No ermo da praia,
A sonoridade das ondas
Purifica meus ouvidos,
E a brisa litorânea
Enche meu peito
De cheiro de mar.
Sem os sapatos oprimentes
Caminho descalço na areia,
Sentindo os pés beijados
Pela escuma salgada
Que apaga meus rastros...
COMPROMISSO
Eu sei, Senhor,
Que minha vida
Será curta ou longa
De acordo com a tua vontade.
Mas como deixei de realizar
Uma porção de coisas,
Eu te peço que me segures
Um pouco mais por aqui.
Quando eu subir,
Pagarei com juros e correção
O tempo excedente
Que me concederes.
REGRESSO
Não me pergunte
por que fugi de novo.
Não me pergunte
aonde fui,
por que voltei
nem o que fiz pelos caminhos
de ida e volta.
Não me diga
que minha ausência
provocou saudades,
também não fale
que lhe fiz falta
enquanto estive fora;
pense apenas que voltei
para ficar.
Aperte-me contra o peito
com ternura,
sem cobrança,
e deixe entrar
mais uma vez em sua vida
o homem que a ama
e cujo tempo de fuga
terminou.
FELIZ DEMAIS
Guardo por minha vida boa e amena
um grande amor, e sinto a toda hora
que, enquanto o amor me alegra e revigora,
pensamento ruim não me envenena.
Sei aceitar de forma bem serena
mesmo o que chegue e logo vá embora;
assim, posso afirmar que até agora
tudo o que já vivi valeu a pena.
Tenho o pouco que quero, durmo em paz,
sempre no estado de feliz demais,
na lide, entre os amigos e no lar.
E só me aventaria desagrado
se porventura eu não tivesse achado
tanta gente no mundo para amar.
UM QUADRO DA INFÂNCIA
Sem mostrar resistência a essa vontade
de visitar os tempos de criança,
ponho na mão meu livro de saudade
e folheio lembrança por lembrança.
O olhar de minha mente assim me invade
a infância por inteiro, e logo alcança
uma linda menina da cidade,
loura, de olhos azuis e fala mansa.
Foi ela, certo dia, sol já posto,
que, após eu mal pisar sua calçada,
parou-me, com as mãos prendeu-me o rosto,
esfregou sua boca em minha boca,
e em seguida, saiu em disparada
para dentro de casa, como louca...
O Amor do subconsciente
Por mais que eu tentasse,
não conseguia, eu não era capaz.
Ainda assim, algo em mim sabia.
Tinha angústia,
tinha sentido,
tinha um sentimento tão profundo
que apenas se explicava no silêncio.
Toda hora, toda vez...
Era imperceptível, porém apenas para mim.
Irracionalmente eu era levado,
não apenas pelo olhar,
mas também pelo inconsciente.
Dessa forma, me apaixonei sem perceber.
- Gabriel Lira Franco
Propósito
Eu vou usar tudo que tenho em mim,
todas as minhas ferramentas de comunicação,
toda minha arte,
só pra você me ouvir.
O meu propósito não é falar.
O meu propósito é você me ouvir:
Existe, para além dessa sua existência tacanha,
uma perfeita Poesia invisível,
orquestrando essa melodia chamada Vida
e convidando, insistentemente, sua Alma para dançar.
Há neste meu propósito uma certeza ardente
de que a vida merece ser experienciada por completo,
afinal, viver é a nossa maior dádiva.
E nessa certeza mora uma esperança viva
de que, enquanto tivermos uma alma
Deus poderá ser Sentido.
Esse é justamente o ‘Sentido’ da vida,
não esse monte de compromissos que você marca
só para fugir de ir pra casa se encarar.
E nem esses textos bíblicos que você posta
mas não entendeu que fé é sobre descansar.
Tampouco essa culpa que você insiste em se punir
por não ser perfeito ou apenas por errar.
Isso não é vida.
Vida é esse instante sagrado
onde sua alma encontra o Eterno.
E o meu propósito é te fazer lembrar disso.
Volta pra casa.
Com a palavra,
Alice Coragem.
Sol e Lua
Ele é como o sol
resplandece bem cedo
e sorri e batalha e corre
e se cansa, mas a coragem não lhe falta;
mesmo, às vezes, com tristeza em seu coração
procura não transparecer sua emoção;
é comedido e concentrado,
mas ocasiões o fizeram assim
e todas foram aprendizados.
Ela é como a lua o sol a ilumina
e ela se torna mulher-menina.
Sonhadora e apaixonada,
às vezes se depara olhando para o nada
e sorri um sorriso que faz seu coração disparar
e até mesmo lhe falta o ar.
Quando Sol e Lua se encontram
acontece algo como um encanto...
Suas almas juntam-se
como num eclipse
e não há nada que os paralise
além do êxtase de dois corpos em união.
O Sol consegue repousar
para que no outro dia
possa esplêndido estar...
A Lua não para de brilhar,
pois o Sol a amou de uma tal maneira
que ela tem medo de dormir, acordar
e pensar que sonhou
e que tudo vai acabar.
Quando o Sol fica longe
a Lua sente frio
ela o quer, sempre, por perto
e isso lhe causa arrepio...
O Sol acha a Lua meio desligada,
mas na verdade ela quer
ser feliz e mais nada.
Leandra Lêhh
INTANGÍVEL
Guardei-te na gaveta das coisas novas,
arrumadas, qual gaivota que sobrevoa
a praia, antes de fechar a porta da tarde.
Guardei as razões que me deste
para te eleger. O teu gracejar constante
e aquele sorriso de inspirar poetas.
É tarde. A vitrola acusa cansaço
e os versos repetem-se na folha vazia.
Rendo-me à alegria de te sonhar
tão azul e tão presente como antes.
Sempre te soube interdito e breve.
Tão intangível, que magoa.
ALVORADA
Alvorece
as gaivotas acordam a cidade
os sinos cantam ao desafio
com os sonhos interrompidos
a maré lambisca a margem
os raios de sol diluem a bruma
e os meus lábios fogosos
engomam as rugas do teu corpo
com a mesma devoção
com que a natureza regenera.
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