Poesia Completa e Prosa
Traços
Rastros
Que se vão...
Por ir...
... São teus,
Mulher errante!
Encontro-me
Numa pane
No fundo
Esvairado...
Me congelaste...
Moça de vida fácil?...
Virgem dos lábios núbeis
De olhares soslaios
-cheiro de traição:
Minh´alma se confunde
Duas mortes
Num só luar
Eu e tu...
Soneto jocoso
Pondero a emudecida formosura
De Fília, sem temer que impertinente
Possa, no meu soneto, meter dente,
Pois carece de toda a dentadura.
Se, por cobrir a falta, esta escultura
Tão muda está que não parece gente,
Estátua de jardim será somente,
Se de pano de raz não for figura.
O Senhor Secretário quer que a creia
Bela sem dentes; eu lho não concedo:
Desdentada é pior do que ser feia,
E em silêncio só pode causar medo,
Ser relógio do sol para uma aldeia,
Para um povo estafermo do segredo.
Abismo, infinito
Tudo sai de si,
E a vida chuta
Desmancha-se de lágrimas
A única coisa
Que lhe resta.
Lágrimas! Lágrimas! Lágrimas!
Arde por dentro o coração.
Tudo corta deprimidamente
E o que vem a cabeça
A morte?
Você se encontra no esmo
É como uma pista
Em buracos
Desviando carros
Nessa vida tropeço
Em abismo
E caio no infinito.
Geração
Bem vindo ao mundo
Suas primeiras palavras
- O choro...
Amamentou-se...
Bem vindo em casa
Sorria,
E assim aprendeu
A sorrir (que lindo!).
Não há mais boas vindas?
Já veio ao mundo!
(Amanhã e depois
Vai começar a sua história,
A nossa história... - Família)
O universo é uma escola
Imensa (boa sorte!).
Logo lhe jogam
No mundo
Para continuarem
Dando novas
Boas vindas.
Partida
Cava
A
Cova
De quem
Vai
Embora,
Sem a despedida.
Não há consolo
Abraço
Para quem fica.
Cava
A cova
De quem parte
E vira estatística
Nem todos
Se importa
Com a vida…
A
Vida
Do outro
Que vai
– Fica esquecida.
Não resta
Mais memória,
Queima
Os arquivos
Da história.
E espalham
Que nada
Vem sendo
Realidade
No coração
Humano
Também há
Maldade.
Cava
A cova
No mundo
De pessoas
Viva e por dentro
Morta.
Amor clandestino
Em toda minha vida
Subirei penhasco;
Subirei a plenitude;
Subirei o sublime;
O Monte Evereste,
O Cristo Redentor,
Degraus curvosos...
Apontarei que Maracujá
É a minha vida;
Sem Maracujá
Não sobrevivo;
Sou de Valéria
Mas beijo o interior
Da Bahia
Primeiro subirei
O infinito...
Para chegar
Ao maracujá!
Pretérito do passado
Paixão!
Cores quentes...
(Que sonoridade).
Não! Não...
Por que roubaste
O meu ser oculto?
Miserável!
Deixo-me no nada.
Arrancou-me, mutilou-me
Deixando-me no além.
Ingrata,
Seus rastros
Voltaram
Para tentar roubar
Este lugar vazio
Que você me deixou
-pretérito, quero distância
De ti.
Máquina
Às vezes a vida parece
Uma espécie de máquina agressiva
Uma máquina livre
Feito um pássaro
Cria asas, voa alto.
Perde-se
Deixando mágoas
Em formas de cachoeiras:
Bate e rebate
Nos seixos
Desmancham-nos,
Aos poucos diminuem,
Os torna um ser pequeno
E aos poucos se sentem pisoteados.
Porém, não bem somos
Uma máquina
Mas somos um ser
Capaz de se aperfeiçoar.
Vida
Amar, amar a sorte de viver,
E de tudo crer em Deus...
O mundo acabou, acabou para
Renascer em flores...
Poucos sabem o valor de viver!
Sonhar o impossível, e beijar
O infinito, e erguer a mão
Na plenitude, é ver a sorte
De renascer.
Renasça, e sempre
Como uma mariposa alçando
voou e um tigre nas vitórias,
Sem deixar de amolecer o coração.
De coração
Nos momentos montanhosos,
Vou exaltá-lo.
Que venha a ser
O pico do monte Evereste,
O levarei até o topo.
Quero guardar momentos
Eufóricos de um ser
Fantástico, extravagante, plácido.
Quero fracionar eternidade
À procura de um ser
Íntegro, não vendável, não comprável
Não tão fácil de ser encontrado
Você, meu grande amigo.
A CHAMA MAIS BELA DO AMOR
Profª Lourdes Duarte
De repente num momento fugaz,
Os olhos se cruzam, as mãos se entrelaçam
Luzes interior, resplandecem nos olhares
Dando afago para o amor que adormecia.
Como num sono encantado a fada desperta
Um amor que os corações não sentiam
Olhando o céu estrelado, a nevar
Braços enroscados se acariciam.
Frases lindas trazidas pela voz do amor
Sussurram aos ouvidos, casal enamorado
A luz interior resplandece como uma chama
A chama ardente, a chama do amor.
Rasgam-se as nuvens no céu estrelado,
Invade o peito, a vontade de gritar,
O amor nasceu forte e devassador,
Ardente, a chama mais bela do amor!
noite fria
com ventos nas ruas cantando sem rima
uma mulher gelada e nua em plena rua
acenando a mão para o céu.
e o gelo caindo sobre o véu da noite
gelando-me a carne sem piedade
eM todas as noites frias, ficava contemplando serena
o frio, plantado na alma do ser que habita
as faces das nuvens cinzentas
queria ser fogo e esquentar a terra
mas cada vez mais me encolho
com receio de virar pedra...
...........
e vem o dia...
sem a dança do sol nos arredores dos montes...
ciça b. lima
( in "balada do inverno triste " do livro "só poemas" )
Fica tão triste a minha cidade !
Quando a criança que passa fome, tromba, rouba
se marginaliza e não vê perspectivas.
Quando quem pode não faz, quem faz quase nunca pode.
Fica tão triste a minha cidade !
Quando embriagado pelo poder,
o homem engana, trapaça e mente
Quando crescem os prédios e diminuem o verde.
Quando a desgraça bate à porta de uma família
e os vizinhos fecham as suas para não ouvirem os gritos.
Quando faz frio e não há manta ; faz calor e não há água.
Fica tão triste a minha cidade !
Quando quem deveria dar exemplo, peca.
Quem deveria dar segurança, oprime,
Quando há doces e brinquedos na vitrine,
A criança pedindo e o pai, no bar, bebendo,
Fica tão triste a minha cidade !
Quando a mentira é amiga do dia
e a vergonha se esconde na noite.
Quando a coragem termina e
a testemunha não comparece.
Quando o barulho ultrapassa a capacidade do sentido
e o ar quase impossível de se respirar , é vida.
Quando aos domingos e feriados suas ruas ficam desertas
Fica tão triste a minha cidade !
Quando há na segunda-feira, o choro, o cheiro da morte.
o carro batido, o cansaço, a estrada e a velocidade.
Quando o ônibus passa de manhã e a tarde,
com gente pendurada, com os pés dentro e o corpo fora.
Quando a alegria é a síntese de um momento bom,
e a desgraça é duradora, analítica e densa ..
Quando há o grito de gol e a alegria se agita,
a torcida se irrita, o pai de família e a criança,
antes de voltarem para casa passam no pronto-socorro.
Fica tão triste a minha cidade !
Quando o homem é triste,
pois a cidade triste é o homem triste.
A leitura me dá asas quando a realidade me prende, me joga numa gaiola e me dá de comer um alpiste barato. E dessas asas as penas são a poesia e do canto alegre é criado a fantasia. Não vou romantizá-la, mas é ela que me romantiza. E assim sigo agradecendo por cada miníma linha.
- Sukays (@2golesemsaturno )
...PAI
Se eu pudesse escrever um poema
Duma história, nossa, verso a verso
Na melhor inspiração no melhor tema
De um pai reto, sério, bravo, diverso
No seu jeito amoroso, coração bondoso
Nestas singelas estrofes... pois, nada seria
Tão completo... grato, e tão mais generoso
Que tua proteção, pouco é a minha poesia
Pra te reverenciar e, tão valeroso!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
08/08/2021, 05’50” – Araguari, MG
Viva e contemple a miséria
Viva e prove da dor
Sucumba ao desespero
Sinta a fome doer
Sinta o desprazer de está vivo
Se beneficie de promessas
E limite sua existência
Torne-a insignificante
Para almeja o paraíso que tanto prometem
Comtemple quase que imutavelmente
Seu desejo pela morte
E desista graças ao medo.
pouso a mão exausta
na circunscrição do objecto
demorado no meu tempo
chamo-lhe qualquer coisa
circunciso-lhe a consistência
porque não há segredos
no universo exacto
a memória não é exacta
os pés da terra são
terríveis hastes moles
árvore que se dança
é tudo quanto basta.
(Pedro Rodrigues de Menezes, "a mão exacta")
no silêncio metamórfico das rochas
irrompendo do solo como um trovão
o tímido ladrar canino da alcateia
constitui o único vestígio humano
abandono absoluto no tempo presente.
homens íngremes de outrora ergueram
na imponente altura dos mistérios
cruzes dispersas como faróis acesos
liturgia imóvel dos mil cataventos
apontando ao destino o seu caminho.
(Pedro Rodrigues de Menezes, "aldeia dos cães")
o parco roçagar da frondosa giesta
acesa pelo vento como um chicote
acelera em mim a lúcida consciência
de que as árvores, procurando o solo,
regressam ao útero que as gerou
por isso também eu caminho pleno
um homem plano sobre outro plano
uma luz, um astro cego, um abismo
desenhando um círculo com palavras
no misterioso alfabeto da criação
vou enchendo a boca de terra
vou abraçando a morte iminente
porque tudo em mim é imediato
o grito, o eco e o súbito silêncio.
(Pedro Rodrigues de Menezes, "cabo de gata")
uma crisálida indecifrável
que respirasse
na perpendicularidade
das minhas pálpebras
como uma força
vibrante e extraordinária
a desenhar as novas veias
fartas e cálidas
do dogma
filosofia ou religião
paradoxais
um paradoxo forte
imbatível e irrefutável
que fizesse esvoaçar
a inércia do verão
que é na memória póstuma
dos outros
o solstício
permanentemente sombrio
uma silhueta contendo
os risos verdes
lá atrás
onde os braços descansam
nus
no imponente esquecimento
do mundo.
(Pedro Rodrigues de Menezes, "crisálida indecifrável")
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