Poemas Nordestinos
Num sorriso amarelado
Ainda vejo um olhar brilhar
Mesmo em meio a fraqueza e fome, ele só quer trabalhar
Sonho e esperança carrega
De um dia abraçar
A família nordestina que deixara para trás
As lágrimas lavam a sua alma
E as migalhas alimentam o seu desgosto
Enquanto o suor nordestino, lhe escorre pelo seu rosto
E assim ,dia após dia ,em meio à nostalgia
Vai sonhando encontrar
A felicidade prometida pela vida, que ficou do lado de lá
De joelhos, ele clama, para Deus não o abandonar
E que chova o bastante, para ele regressar.
Enquanto soluça, e diz a si mesmo:
-Eita terra esquecida, mas é lá o meu lugar.
Agradecer!
É pouco mas é decente
mesmo assim me sinto bem
o nosso povo é carente
sem reclamar de ninguém
agradeço pelo presente
porque sei que muita gente
nem mesmo esse pouco tem.
A nossa dor.
Seca, sonho e desengano
vida que a fome destroça
nem parece ser humano
onde a lei faz vista grossa
e essa dor do africano
se confunde com a nossa.
Cuscuz de milho.
Eu como cuscuz com leite
com charque como também
com picanha no azeite
e carne de sol quando tem
com uma tripinha respeite
no coco ralado é enfeite
cuscuz com tudo faz bem.
Aqui nasci.
Este aqui é meu destino
é onde me sinto bem
tenho sangue de Virgulino
e desse orgulho sou refém
aqui nasci... sou nordestino
e não nego pra ninguém.
Não nego.
Meu banco é o da praça
meu shopping é na bodega
não tenho nada de graça
pobre que não se entrega
sou nordestino de raça
origem que não se nega.
Fartura.
A nossa fome tem cura
muito mais que imagino
se é feito com ternura
tem a benção do Divino
e que venha de fartura
pra mesa do nordestino.
Nosso valor.
Não me considero pobre
trabalho desde menino
quando o coração é nobre
não tem medo do destino
pois na luta se descobre
o valor de um nordestino.
Tem muito disso.
O cabra passa um mês no Rio
vai morar numa maloca
descobre que se iludiu
e volta falando carioca
chia mais do que pavio
e pergunta ô Thi Thiiio
tem cuxcuxx e tapióóóca.
Cada calo.
Na garupa de um cavalo
na enxada no sol quente
todo dia brota um calo
todo calo é diferente
mas a raiz do nosso talo
não se tora no batente.
Sem diferença.
Mesmo boa a vida é dura
reclamar não tem por quê
toda essa arquitetura
Deus fez com tanto prazer
pôs beleza e deu cultura
e fez cada criatura
do jeitinho que fez você.
Saga.
Lugar de povo valente
de sangue de Virgulino
todo amigo é um parente
na vida de um nordestino
onde se planta a semente
das rédias do seu destino.
Vida simples.
Assim é o nosso viver
a barriga as vezes contesta
com pouco pra se comer
a esperança é o que resta
mas tenho orgulho em dizer
sou pobre, mas sou honesta.
Pense num povo roxedo,
de fibra, força e vigor.
Povo que não teme o esforço,
eita povo trabalhador.
Povo que vive lutando,
mata um leão por dia,
agora vou dedicando ,
pra eles minha poesia.
Muitas vezes esquecidos,
muitas vezes pre julgados,
mas com um coração imenso,
coração apaixonado.
Apaixonado pelas raizes,
sotaque , comidas tipicas.
Cultura e poesia,
apaixonados pela vida.
Um exemplo de beleza,
mistura, diversidade,
um povo que acolha bem,
a todos sem falsidade.
Esse povo tão bonito,
o qual me orgulho e faço parte,
povo que é muito sofrido,
povo que ama de verdade.
Eita povo nordestino,
lindos e de coração gigante,
eu te dedico essa rima,
e o meu amor constante.
Coisa linda de se ver,
de sentir, de fazer parte,
eu direi sou nordestino,
até que meu tempo se acabe.
Nosso respeito!
Nós aqui temos respeito
ao paulista e o carioca
se a palavra for conceito
não se vende e não se troca
diga não ao preconceito
cada qual com seu direito
sem arenga e sem fofoca.
Não mexa no meu cuscuz.
Que suba a gasolina
aumente o preço da luz
o pão da massa fina
ou a carne de avestruz
receba a sua propina
só não venha na surdina
encarecer o meu cuscuz.
Sonho!
O nordeste representa
uma nação independente
produz o que lhe sustenta
sem ajuda de parente
tira o peixe da água benta
e da terra o que alimenta
o sonho de muita gente.
Um forte.
Essa é a nossa trajetória
a seca, a fome e a morte
a sobrevivência é a glória
que transforma fraco em forte
o nordestino faz a história
não espera pela sorte.
O forró está de luto
E Campina muito mais
Pela morte de Biliu
Que tristeza isso traz.
Mais tenhamos certeza
Que seu legado ficou
Pois seu nome encravou
Na cultura nordestina.
Biliu está partido
E deixando as lembranças
Das prosas do calçadão
Dos versos de improviso.
Do coco de embolada
Do forró e do baião
Que fez feliz muita gente
Nas noites de São João.
Por aqui vamos ficando
Preservando a sua história
Vá em paz velho Biliu
Maior carrego do Brasil.
Chuva forte é "toró"
Rir dos outros é "mangar"
Pão bisnaga é "tabica"
Matar aula é "gazear"
Um estouro é "pipoco"
Um botão é um "pitoco"
Afrouxar é "afolosar"
