Poemas Nordestinos
IPÊ AMARELO
Quem acha que no sertão
só vai ver planta morrendo,
tá muito mal informado
sobre a flora aqui crescendo.
Olhe o ipê amarelo,
mais parece caramelo,
é o Nordeste florescendo.
LUAR NO CERRADO
Nos confins do sertão eis que acontece
O níveo clarão de uma diáfana doçura
Que na imensidão do céu resplandece
Descorando a negrura da noite escura
Num entreabrir desvanece e aparece
As estrelas, ornando a ti, ó formosura
Em um balé de harmonia e de prece
Enchendo de poesia, graça e candura
O luar no cerrado, probo e tão divinal
Guia da noite, confidente e boa prosa
Sempre revelado no angelical castiço
O luar no cerrado, de fase temporal:
Nova, crescente, minguante, gibosa
E ao matuto: ilusão, sonho e feitiço!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30 janeiro, 2022, 20’06” – Araguari, MG
SÃO JOÃO NA PANDEMIA
Esse ano no sertão
A sanfona não cantou
A fogueira não acendeu
Pra transformar frio em calor
Mais eu digo a você cabra
Meu amor pelo são João aumentou
Meu são João abençoado
Tem seu povo animado
Para um forrozinho dançar
Mas o triste do corona
Mizeráve fii da boba
Hoje quer atrapalhar
Acha ele que nordestino
Hoje vai se abalar
Mas esqueça logo isso
A gente vai é se ajeitar
Nem que seja com as lives
Mas um forró nós vai dançar
A Sanfona não cantou porem
Eu canto e conto, no são João
No ano que vem vou dançar
Meu forrozim com juros
E sem descontos e outra
Eu não danço sozinho
Ao som de Luiz Gonzaga
Fulo de mandacaru ou
Jorge de autinho
Vai ser uma festa só
Pra dançar o meu forró
Junto ao meus vizinhos
Tem gente que é demais
quando deixa o sertão
vai pro Rio, Minas Gerais
pra São Paulo de busão
passa um mês nas capitais
quando volta chia mais
do que panela de pressão.
Eu sou filho do sertão
que o lampião ilumina
eu sou dessa região
onde a semente germina
das amarras do mourão
sou um pedaço de chão
com a vertente nordestina.
O pouso da Asa Branca
O sertão de asas cortadas.
Tempos, eras, jornadas.
Povo que não desisti.
O plantio que existe.
A seara do Senhor.
Sertão da aquarela.
A mulher humilde bela.
O homem sonhador.
A seca colocou sabor de prantos em nossos lábios.
Água que nos sustentou.
É verdade que as pálpebras sangram.
O coração, uma Bahia que a água desaguou.
Lá pro Norte.
Cheiro de capim forte.
Não morre.
A essência do homem vibrador.
Mesmo na escassez, creiamos, a asa branca foi, voltou.
Aliás ela nunca fugiu.
As asas sempre abriu.
No coração do Brasil.
Ela pousou.
Nos flancos da dor.
Do deserto.
Do homem inquieto.
Da mulher sedenta de esperança.
Vem avança.
Chamamos as asas do amor.
Chuva, Sol, Vento, a tua força, tua energia.
Vigor do céu.
Que vence as ondas turbulentas.
Toda manifestação violenta.
Que tenta colocar o véu.
Asa branca.
Voe em todas as pastagens.
Nas florestas de Asfaltos.
Gira veloz como Falcão.
Águias, muito mais que a imaginação.
Oh Asa Branca, tua chama, tua inspiração.
Apesar do pranto gratidão.
A Baía, asas de expansão.
Veja o Nordeste.
Nas tuas asas, nosso coração.
Brasil, teu sopro, vigorando as asas, da esperança, seara, rio do Sul e Norte, suspira como toda região.
Vida, pouso da Asa Branca, como uma constelação.
Giovane Silva Santos
Licença poética:
Existe uma canção no silêncio de um fim de tarde,
Assim é o pôr do sol no sertão, a lua toca violão,
Quando a fogueira acende a saudade.
O nosso amor é infinito
essa beleza me seduz
o sertão é meu destrito
o sol forte é a minha luz
e o nordeste é tão bonito
que até hoje eu acredito
que é o refúgio de Jesus.
Quero sair da cidade
Pro sertão vou viajar
O botão do paletó
Quero desabotoar
Calçar a minha chinela
Ver o campo da janela
No roçado descansar
No sertão se abranda
o vento que se propaga
a natureza é a varanda
de onde escuto Gonzaga
a água São Pedro manda
e a luz Deus é quem paga!
Outono
" Folhas secas
caem ao chão.
Noites frescas,
luar no sertão.
Prenúncio de
aconhego,
já é
outono no
meu coração.
Passam - se os dias...
Renovação!
Vou florir na próxima estação..."
Ar puro e azul celeste
povo forte e verdadeiro
do litoral ao agreste
por esse sertão inteiro
quem vive no nordeste
é rico sem ter dinheiro.
O poeta das poesias.
No mar ondulado em que vivi,
Foi um sertão pantaneiro de coração fértil e bem regado,
Ali nasceu uma família,
Que viviam do seu suor derramado,
Naquele tempo,
Veio em minha imaginação,
E tentei fazer uma canção dedicada,
Buscando em meu mundo de sonhos,
Em uma época cheia de realidades,
As estradas eram turvas,
Mas meu olhar sempre estava aguçado,
No Teatro da vida,
Ainda me lembro,
Nada era e nunca foi premeditado,
Tudo foi ao vivo,
Naquele cenário lindo , alegre e inusitado,
As estrelas guias iam sorrindo,
Pareciam que iam dizendo,
Do seu jeito sereno como garoa fina caindo,
E ao mesmo tempo,
Como um nevoeiro fechado,
Aqueles sorrisos lindos de outrora,
Era de mamãe e papai,
Irmãs ,titias(os) e primos(as) e outras senhoras
Chamado por um destino,
Deixei tudo e fui embora,
Inspirado em minha própria criação,
Fui vivendo e atropelando,
Balançando e caindo,
E levantando quase toda hora,
Sem álcool e sem tequilas,
Em pouco tempo fui aprendendo,
Ser inspirador por dedicação,
Um mero rimador indexado,
Avante em minhas escritas,
Um tropeiro nessa longa estrada,
Varei campos e fazendas,
E vicinais nessa jornada,
Deus sempre em primeiro lugar,
A chinela chiava que até quebrava,
Escolhendo palavras em um alfabeto desconhecido,
Fazia levantar poeiras debaixo de chuvaradas,
Inspirações faceiras,
Heranças de uma infância,
Que trago comigo desde o ventre que nasci,
A luta é batuta,
E o meu coracao é aquebratado,
Sou da terra e sou do ar,
Sou do Mar e desse imenso Sol sagrado,
Não sou indigente,
Sou humano e sou gente,
Que também erra e comete pecados,
Sou do poema,
Sou dessa confraria,
Sou de Deus e sou da lua,
Sou uma vida que está a deriva,
Sou eu mesmo em minha imaginação,
Que inspira no lindo Azul do céu,
Porque foi esse que me deu,
Esse dom de ser,
O poeta das poesias....
Autor:Ricardo Melo.
O Poeta que Voa.
Ida e volta!!!
A Beleza aqui aflora
tem do sertão ao mar
um clima que revigora
bem fácil se apaixonar
mesmo quem foi embora
até hoje ainda chora
pedindo a Deus pra voltar.
Minha terra, meu sertão
minha vida, meu destino
onde a flor brota no chão
onde nasceu Virgulino
peço a Deus em oração
se tiver reencarnação
ser de novo nordestino.
Uma paixão...
Meu São João!
De cantigas, do sertão
De fogueira, de balão
Ai meu coração!
Das memórias mais saudosas
Guardo as mais gostosas
Da pipoca, do milho, do aluá
Do cuscuz ao mungunzá
Anavantu, anarriê!
Merci beaucoup
Não há de quê...
A água por aqui é rara
mas o chão tem qualidade
no sertão o tempo para
pra viver a liberdade
porque ter uma vida cara
não quer dizer felicidade.
A natureza aqui investe
no verde da plantação
no mar de azul celeste
e nas belezas do sertão
quem fala mal do nordeste
só pode ser cafajeste
ou quem não vale um tostão.
Nato compositor
Sou um nativo,
Trovador lá do sertão.
Vou improvisando sozinho,
Com as dores do meu coração.
A bota de couro
Vai chiando no estribo,
E o meu cavalo,
Vai levantando poeira no estradão.
Derramando lágrimas,
A nevoeira vai acentando no chão.
Levo comigo,
Uma sacola em mãos,
Mantimentos,
Um deles arroz e feijão.
Levo também meu amigo,
Um cachorro da raça pastor alemão.
Naquela fronteira,
Antigamente eram tudo flores.
Depois que decidi,
Amanheci deixando saudades.
Nem disse adeus,
Parti não devendo um tostão.
As aves que voam no céu,
São minhas companheiras.
Para onde eu vou,
Elas migram comigo ao léu.
Na cintura,
Uma fita de couro suporta meus trajes.
Entender minha jornada,
Não é tão fácil assim não.
Se canto sentindo tormentos,
Espanto até os que comigo vão.
Mas logo tudo se acalma,
E eles voltam a comer,
Nas palmas de minhas mãos.....
Não posso mudar o meu destino,
Faço de mim o meu próprio momento.
Sou tímido,sou expressivo
Um nato compositor,
Ingênuo,
Natural e acaboclado...
Tem horas que sou civilizado.
Outras horas um índio mestiçado...
Passivo,paciente e de boa mente.
Vou compondo canção.
Para todo tipo de gente.
Insisto,
Porque tenho fé em Jesus Cristo.
Ah! Se não fosse ele.
Nessa hora eu estava era frito....
O fim de tudo para mim.
É um segredo ainda não revelado.
Vou vivendo meus dias.
Com o meu lápis sempre apontado.
Do nascer do sol,
Ao poente de cada tardinha.
Tomo banho no Ribeirão.
E aproveito pesco sardinhas.
A cair da noite.
Pego no sono profundo.
Ao acordar.
Faço meu precioso café.
Para esquecer,
Até que sou desse mundo.....
Autor:Ricardo Melo
O Poeta que Voa
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