Poemas de Memória
Canção à Inoportuna
Morte e Vida se encontram
em trechos convergentes de uma mesma história,
eu te amo e te odeio vida,
eu te amo e te odeio morte.
Com sorte é a paz que encontrarás
nas lembranças que nos acalentam a alma.
Há de haver esperança
nessa trama que se desvela a vida,
enquanto vagueia a mente perdida,
sopra sombrio o vento que nos conforma a sorte.
Um adeus aos entes queridos que se foram,
que se vão de forma inesperada todos os dias.
As vezes de forma trágica, morna e ou inoportuna ( uma paixão não correspondida, uma vida cheia do mais absurdo vazio, uma queda da própria altura...).
Há de haver luz que robustença as nossas memórias,
há de haver conforto
nessas tão insuportáveis horas.
Eu te odeio e te amo vida,
eu te odeio e te amo morte,
e apesar de tanta ira em teus olhos,
aguardo-te ansioso inoportuna sorte.
Na derradeira hora venha me buscar cerimoniosa e, não se atrase.
Também não precisa acelerar demais!
Quero ouvir-te chegando lentamente,
passo a passo pisando o chão duro que me servirá de leito na noite mais escura.
Mas vá com calma!
Por que a minha alma está encomendada ao universo e o meu corpo já nem é lá grande coisa.
Às vezes falo de coisas determinadas
afasto-me irremediavelmente do silêncio do horror das cosas
Está tudo a acabar e a começar no entanto o peso da memória instala-se em todas as coisas de dentro para fora
Descrer
quero algo que me arrebate dos veios da lucidez
quero algo que me resgate da nascente dos meus olhos
quero algo que me indenize o deslize juvenil
quero perder-me até que eu possa falar diferente
o meu sorrir moribundo.
Presente e Passado se cruzam
quando uma bela vida
em andamento se encontra
entre as ruínas de momentos vividos numa conexão de tempos
que na memória continuará existindo.
Somos histórias
Me sinto como esta casa grande
de janelas pequenas, pintada com
tinta velha e sem muita beleza
onde só o próprio dono de bom
coração se agrada.
Mas o que isso importa?
Se todos os dias pessoas veem e
pessoas vão; Sou invisível para os novos,
esquecido na memória dos velhos
sou história contada quando lembrada
AO TEMPO
Por que esse tempo reluta em passar quando longe estou
Em presença ele voa
Na ausência retarda
Na memória é eterno
Na realidade é avassalador inimigo
Por que o tempo não congela nas alegrias
Insiste em se demorar nas tristezas
No momento doce é tão curto
No momento amargo é longo por demasia
E assim, nesse combate
O tempo controla
Ou eu o controlo?
Ainda não achei a resposta
Sei que não aprendi a me dar com a sabedoria que dizem que o tempo tem
Só sei que por vezes me acho intrigada dele
Quiçá nos últimos dias eu venha compreendê-lo
Então, me verei sem ele
E a falta dele provocará o fim desse embate
Tempo, és meu profundo problema!
Anne Lima
A carne se cozinha na panela.
Na chaleira, água em ebulição.
Dilui-se o meu tempo,
Entre a louça lavada e o ralo da pia.
Evapora-se a inspiração!
Meus textos não dão mais cria.
Útero seco, memória fraca.
Vão-se os dias.
Eu preciso partir...
Acredito que tenha ficado tempo demais
Por ora, sumo e visto o eterno.
Minhas memórias, carrego comigo,
Meu sorriso, deixo consigo.
O ímpeto de minha existência se esvai.
E então... Aurora.
ÚLTIMO BEIJO
Vazio ficou aquele dia
Ao respirar o teu cheiro;
Esgotou-se a melodia
Naquele final de janeiro.
Eu queria ficar
Tu preferiste partir...
Nada mais irá mudar
Depois que o sol emergir.
Como uma sombra calada
Redefini os seus traços;
Em uma pintura moderna
Tingindo os seus abraços.
Passou o tempo... Passou;
Levando a nossa história,
Talvez algo restou...
Trancado em memórias.
Depois do último beijo;
A vida caminhou... Seguiu;
Aquele oceano de desejo
Calou-se, submergiu.
Guimarães Júnior.
Vou embora da minha vida para não mais voltar.
E se quiseres saber de mim, me procure em suas memórias.
Nas mágoas esquecidas.
Na vida sofrida, cuja a qual não quero mais voltar.
"Fecho os olhos...
Não há forma melhor de encurtar a distância.
Não conheço outro jeito de acessar o impossível.
Como máquina temporal, trás o momento, infinitas vezes ao ponto escolhido.
Olhos são portais das memórias.
No avesso das minhas pálpebras, um mundo paralelo, insiste em acontecer."
Devo ter jogado fora minhas memórias simplórias.
Sem pressa e sem demora, a saudade só piora.
Será que as mereço por agora?
Já estava na hora.
Eu trato bem o Lápis..
Ele é meu amigo.
Eu trato bem o "Lápis..."
Ele é meu parceiro...
Democrático, discreto, bruto, Inteligente e as vezes até burro, cabe em um bolso, eguarda todas as palavras e desenhos do mundo !
La Description du Poète
Um corpo extenso, tez alongada e alta,
E, homem, chorando vivo incessantemente.
Dos meus dez anos, na vida rude, a falta,
Perdi a mãe, talvez por desígnio da Mente.
A alma aparenta-se inclinada, cônscia
De dores maternais e tumultos extremos;
Em meu cérebro, a ideia, não vã, propícia,
De esperanças e triunfos supremos.
Nenhum livro me escapa ao ardor da mente,
Mas, ah! Conhecimento, que pura ilusão!
Nenhuma dor ou pranto silente,
Pode esconder-me o fúnebre caixão
Da triste esperança, eterna e persistente,
Nos olhos mortos do meu coração.
Um poeta, cujo olhar nos céus se encontra,
Reflete em nuvens sua ambiciosa visão;
Uma erudição que em vão se desponta,
E, em vasta escala, uma férrea solidão.
Poeta visionário, sem mente sombria,
Vislumbra o amor no mundo em sua dor.
Mas, em seu tempo, é uma alma vazia
Sem saber se é criatura ou criador.
Memórias e o Tempo
Memórias que colecionamos ao longo do tempo,
Adormecidas, surgem com o cheiro, o gesto, o rosto,
Trazendo lembranças de outros tempos,
Congeladas nas imagens, fotos antigas, filmes de eventos.
Festas, reuniões para comemorar algo,
Memórias afetivas da infância,
Saudosistas, de paixões e amores,
Da escola, dos amigos, das risadas.
O tempo em que o jovem só tinha que viver,
Sem preocupações, apenas estudar,
Memórias dos carinhos e cuidados da mãe, da avó,
Dos ensinamentos dos pais, perdidas no tempo.
Surgem como um filme quando a idade chega,
A velhice bate à porta,
Viver e recordar,
Viver e ter memórias para relembrar,
O tempo que não volta mais.
Onde está a história do meu chão?
Nos tambores que batem, na palma da mão.
Nas vozes antigas que o vento levou,
Nos cantos do povo que o tempo calou.
Rasgaram os livros que nunca escrevemos,
Silenciaram os deuses que sempre tivemos.
Diziam que éramos sombra, sem luz, sem razão,
Mas esquecem que somos raiz do chão.
Na areia do Saara, no ouro de Mali,
Nas pedras de Zimbabué, na força de Aksum, ali,
Está a verdade que tentaram esconder,
Queimar a memória, mas não nos deter.
Escravos das mentiras, livres na essência,
Somos a história que desafia a ausência.
Mesmo roubada, reescrevemos o destino,
Com sangue, suor e o orgulho genuíno.
Onde está a história? Está nos corpos dançantes,
No ritmo dos passos, nos olhos brilhantes.
Nos griots que cantam, nas mãos que criam,
Nas lutas do ontem, nas dores que uniam.
A história da África não pode morrer,
Pois vive no povo que nunca vai ceder.
Se apagaram os textos, recontamos a canção,
A história roubada é nossa redenção.
Aglomerado de folhas unidas por um elo,
Papel áspero que, fontificado, as protege.
No início e no fim, se tais palavras descrevem,
Apresento à vista: um caderno.
Um caderno, ou melhor, um diário que, simples,
Traz à lembrança uma época branda,
Quando a riqueza era lenda
Ou, por que não dizer, a liberdade, uma dádiva,
E estudar, uma oportunidade.
Tudo mudou, e com isso, o significado.
Hoje, o caderno é um recurso cuja importância se perdeu.
A riqueza se foi, o significado do significado
Desconfigurou-se. Pois tudo se pode ter,
Mas o porquê de ter não existe;
O para quê se dissolveu.
O altruísmo e a resiliência de outrora
Tornaram-se as lendas de hoje.
Sonhos escaparam dos sonhos para uma realidade medonha,
Onde significar é apenas alinhar-se
A uma linha percebida, que leva ao nada.
"O que seria de mim sem o outono
Sem as cores, sem as folhas, sem a chuva
E sem você na memória?..."
Você me fala através das músicas, das lembranças, das ocasiões e dos lugares que minha cabeça elegeu
Por isso, decido liberar tua voz dos meus domínios e evito andar por certos lugares, me obrigando á distração em certos momentos marcados com a tua presença
Mas a vida já não se chamará vida no dia em que acatar nossas decisões sem nenhuma objeção, sem nenhum trocadilho barato nas estrelinhas
Por isso, encurralado te escuto nas praças, nas rádios dos carros, nos lugares em que a rotina força a minha presença, na fisionomia dos teus amigos vadiando pela cidade, na voz de algum cantor barato, nos assuntos alheios...
Em quase tudo.
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