Coleção pessoal de mucio_bruck

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⁠Eternamente eterno...

Vives em mim, plena e completamente
Inteira, séria... sorridente
Compartilhando o ar que visita puro
Meus pulmões, minha face, cada poro

Vives em mim por me ensinar
Que tudo podemos quando juntos
Que temos a opção de caminhar
Em passadas gêmeas, sem penar


Vives em mim, tomas e doma meu peito
Amado, amante do seu a dominar-me
Sem temores, receios e nem pressa
Um amor em arte, união sem contrato

Vives em mim e de ti me alimento
Me sacio ainda nas frias noites
Do calor inda sentido de seu corpo
Do mel de seus lábios, de toda você, meu céu

⁠A Esperança Jamais Abandona...

E se de repente a gente olhasse
Pela janela, à espera, à espreita
De ver chegar, suave e precipitado
O homem que o amor expressa?
Um cavaleiro, príncipe guerreiro
Culto, astuto, com ares de herói
Vestindo armadura e grande elmo
Cessando-me o sonho que mais me dói?
E se de repente, a esperança
Se tornasse quase palpável
Vista e ouvida, sem enganos
Naquela vinda, fim do aguardo cruel?
E se de repente a gente visse
Bem ao longe, a silhueta do esperado
Decorada, perenemente sonhada
A cavalgar, garbosamente compassado?
E no encontro chegado
Quais palavras seriam ditas?
Ou quiçá, silente e necessárias
Sobrestadas na pressa das carícias
Dói, viver a vida sem ter ao lado
Um companheiro, confidente
Um amigo leal, sorridente
Que torne nossa alma mais quente

Mulher...
(Múcio Bruck)


Quem sou?
Sou a graça que emana sensibilidade
A palavra certa, na presença sã e exata
Rio límpido que corre, pulsando felicidade

Me importo contigo e mais comigo
Não brinco com a vida, no engano de ser frágil
Meu melhor reside na força de ser generosa
Alma do bem que me habita, jardim de mim

Me dou tão bem comigo mesma
Quiçá, por me faltar quem mais me mereça
Dizem:-“És fraca!”. Não! Sou rara e mais eu!
Confiante demais, vezes, feliz de menos

Concordo com emoções sensatas
E sei exatamente como me construí:
Me amando, me acendendo em desejos
Prazer: sou flor, sou luz: um brilho de estrela!

Desejo e Querer...



Ainda que a poesia
Teime em não se completar
Ainda que uma breve canção
Se negue a se deixar findar
Ainda que a chuva demore chegar
Ou por mera teimosia, se negue a partir
Inda que a voz insista por perguntar
Por quais veredas deveria caminhar
Nas curtas passadas, para mais além
Vendo as horas seguindo a se repetirem
Na virada dos dias... nas noites insones
Não desistirei de reencontrá-la
Porque, estando eu, fraco ou forte
Jamais perderei meu norte
Inda que sobre o solo seco na vastidão
Desses de passar sertanejo em retidão
Em busca de um sonho, desejado em Fé
Seguirei valente, mais Quixote que Cervantes
E não haverá pedra, barreira nem muro
Que possam haver por meu caminho
Que sobrevivam ao valer de meu querer
Dar-te meu coração ao cruzar teu destino

Belo Horizonte...


Sinto orgulho de minha mineiridade
Que faz vibrar em meu peito o ardor
Da emoção de ver florir nos jardins
De minha emoção, honra e paixão


A cidade que nasci, se acende em mim
Na beleza de cada canto, cada esquina
E são nos jardins, parques e lagoas
Que reside um pouco que muito ensina


Meu querer não se resume a cuidar-te
Vai além... atravessa matas e montanhas
Sigo confiante, passando veredas e bela fonte
Encantos do verde vivo de um Belo Horizonte

Que Seja por Respeito...
(Múcio Bruck)

Tento, na caminhada da vida
Usar as passadas para passar
Momentos, desvios... me aventurar
Para aprender, quiçá, até ensinar

Quantas intransigências incontidas
Observei, na ação impensável
Brotada da intolerância implacável
Cultura arraigada, prava e cruel

Não é doença, não é diferença
Bulluing é engano inconsequente
È uma filosofia vã, inútil, dolente
Fere de morte a alma de quem sente

Quem tenta inferiorizar seu igual
Seja por maldade ou prazer nesse intento
Nada sabe do amar, afronta o jurídico direito
E, se não sabe amar, se cale, tenha respeito

Achados na Lembrança...


Num relógio apressado, ponteiros sem freio
Dependurado por sobre o umbral de acesso
Onde vivente, me havia generoso exemplo
Inda infrene, desde tenra juventude o visitava



A puerícia se perdeu entre uma conversa e outra
E nesse mundo nosso, nele, descortinei um amigo
Um mestre que bem conheci... e me apaixonei
Vezes, envesso à sua visão de perdão e aceitação



Admirava-me com a facilidade e simplicidade
De traduzir-se em suas palavras que fluíam
Fáceis, viajantes, disparadas amenas
Com imenso poder de entrega e sabedorias



Aprendi que perdoar é mais que um verbo
Que o amor é mutável, mas jamais se finda
Que quem fere, é quem mais necessita de cura
Que bom sentimento é dádiva, eternamente pura

E lá se vai...


Trago no peito muitos desejos
Tristeza sem fim, de alegria, um tiquin
Trago pouca esperança e muita cegueira
Sentimentos cimentados sem eira nem beira


Trago no peito um mundo inteiro
De dores que já não suporto em mim
Um caís vazio, um deserto sem vento
Um dia que se inicia e nunca tem fim


Trago em mim uma viagem de ida
Sem destino incerto, sem carraspana
Onde aos poucos, me evapora a lucidez
Convencido de que é chegada minha vez


O medo não me tomava, nem me domava
Vigorava em meus olhos um mar sem movimento
Sem lágrimas... sequer um fio de luz a refletir
Como num voo cego, a vida seguiu sem me seguir

Após a lida...



Supero com a força de minha raça
Cicatrizes e feridas que trago nas mãos
Restadas da lida diária em incerto destino
Ais ecoam reiterados nos dias inglórios



Mas, meu sustento vem do canavial
A paga é parca, mas é a que resta
Só e exausto, a noite corre a me socorrer
Me entregando a lua sobre o fruto que semeei



Viajo livre e solto em minha imaginação
Onde não cabem limites: corro e brinco
Reparo uma estrelinha saliente a piscar
Retribuo silente, como a brincar de amar

Só sei que é assim...



A matemática da compreensão da ordem
Era simples, não dava espaço para dúvidas
Dezenas de equipes eram convocadas
Para receberem designações ordenadas


A finalidade de tudo era clara
Envelopes lacrados eram entregues
Cada chefe de equipe recebia um
E a saída em comboio, tudo se revelava


Já a caminho de um destino incerto
Transitando em meio às ruas e avenidas
Era dada a ordem de se abrir incontinente
Os envelopes distribuídos aleatoriamente


Se tratavam de Mandatos Judiciais a cumprir
Eram duas as enfáticas determinações
Celulares desligados e armas municiadas
A madrugada trazia o olor da emboscada



Já no destino alcançado
Os temores, são fatos consumados
Mas não são empecilhos, nem valorizados
O êxito de cada ação trás em seu bojo a tradição

Eternamente...


Ela soube a razão do atraso
Não fui porque havia na praça
Mais que sangue derramado
Um corpo sem vida, sem amparo


Sob meu pés, o solo rachado
À minha volta, curiosos atentos
Nada mais há de se fazer
Chama apagada, sem vela, sem nada


E a me esperar, estava minha amada
Que ao meu lado, me faz inteiro
Me torna único, seu menino
Que brinca de amar, amando


Olho em teus olhos e vejo a primavera
Num canto o outono, noutro, o verão
E a primavera a passear alada, sem direção
No céu de seu olhar, no amor de meu amar


Meu refúgio se esconde em seu abraço
Pra onde corro, faminto de carinho
Sussurrando em mim, um grito de quem ama
Bem baixinho, bem profundo, explícito


Estremeço, vou da terra ao inimaginável
Sentido da certeza de que mesmo frágil
Com a alma arrebatada, num sem limites
Alço voo, pousando certeiro, em beijo faceiro


Desses que tocam os lábios e se atam
Saboroso e sem pressa... flecha de querubim
Sutilmente certeira, nascente a me saciar
Estava selado: eras para mim início e fim

Na melhor idade...


Envelheci
Mas minha mente floresceu
Trago viva a adolescência em mim
Meus pensamentos, frutos em meu jardim


Envelheci
Aprendi do muito que posso
O pouco que sei... e me decorei
Me fiz simples, digno em meu eu


Envelheci
Mas minha mente engrandeceu
Meu corpo não acompanhou os anos idos
Nem alcancei a fruta no pé que me apeteceu


Envelheci
Muitos limites perdi nessa estrada
E, me dou a fazer o que não devo
Quiçá, porque o cérebro trai meus desejo


Envelheci
Ficou no passado, mais que minha força
Menos o instinto, inda jovem e aguçado
Esquecido que meu corpo se fez cansado

Raposa Albina


Se somavam em doze os filhotes
Que tinha o casal de raposas
Nascidos iguais, nus, aventurados
Todos, sem exceção, muito amados


Se somavam em doze onde cabiam seis
Até ganharem experiência de vida
E deixarem de ser caça e alimento
Para predadores que a fome era tormento


Nos primeiros meses, dependentes eram
Viviam vida inocente e pouco farta
Mas, os pais, por natureza e amor
Jamais deixou faltar aconchego e amor


Eram doze as pequenas raposas
Que, num piscar de estrela, cresciam
Evoluirão rápidos, espertos, cautelosos
E logo veio a maturidade e o ninho deixaram


Aconteceu naturalmente, um após o outro
Partiram para viver a sobrevivência aprendida
E, quando os pais se viram sós naquele efúgio
Tiveram a certeza do fadário findado... cumprido


E caçavam em bando e em bando viviam
Atentos, vorazes, alcateia impiedosamente edaz
Sofria mais entre eles o que nascera albino
E expulso do bando foi, sem clemência ou aviso


Eram agora somente um bando, menos um
E a raposa albina sem irmãos, já não caçava
Vivia o revés dos excluídos sem compaixão
Enfraquecido, feneceu na voracidade de um leão

Lado B...


Na frente de meu coração
Não há importantes escritos
Tatuados no passar do tempo
Mas há brisa, abraçada ao vento


Que leva e afasta a tristeza
E silente, em valentia rara
Versa pelo brilho dos olhos
Que saudade é um invento


Hora outra, um sentimento
Que se achega e nos atormenta
Se apossa covardemente
E não percebe que mata a gente


No avesso de meu coração
Tem um mapa de rima e canção
Vereda, odores sutis e folhas pelo chão
Ansiando-te chegar e cruzar minha paixão

Para gostar de poesia...

Não basta apenas lê-la. Buscar sentir o que sente o poeta no momento da criação da obra é quase impossível. O que leva o poeta (ou poetisa), a escrever versos que nos emocionam? Que momento é esse o da criação, da construção da obra? Introspectivo, quase sempre sem atenção às métricas ou rimas, sem o desejo pleno de muitas vezes, ser entendido ou compreendido... o poeta escreve para si, entrega, sem segredos, o que rasga-lhe a alma ou a alegra, mesmo que passageira, traduz nas letras de sua virtude, não raro, o que se identifica com o desejo silencioso do outro que não consegue exprimir um sentimento gêmeo, mas o sente... e o que lê, admira, sereno e profundamente tocado!

Quem sabe amar, aceita com alegria e encanto que a outra parte venha residir e viver dentro de seu coração... habitar seu peito, passear por sua alma: de maneira pulsante, sentida, desejada, sem distâncias, um território onde não vingam desculpas... nem mentiras, sem aquela dor cortante que rasga o bom do amor ... quem sabe amar, nunca esta só e conhece o bem e nele faz florescer e acontecer o imprevisível, o inesperado, faz da alegria colorida e bem vinda, um universo em favor desse sentimento raro, mesmo tendo a consciência de que, em algum momento, não terá a reciprocidade dessa oferta! Quem sabe amar, sabe ofertar, sem nada esperar em troca!

Jamais suscite um desafeto que tenha mais "poder de fogo" que você! Seria uma tragédia ver seus sonhos conquistados ruírem porque você agiu por instinto e não pela razão, quando poderia, num determinado momento, retroceder um passo e aguardar a hora exata de dar três à frente!

No vão do tempo...


Envelheci porque muito vivi
E vivo, entre suspiros de alegria
Pelos meus vigias, meus descendentes
Silentemente amados em segredos e magia


Envelheci e não vi bem como se deu
Estava ocupada demais em cuidar
Preparar a casa para a festa esperada
Festa de ter pronta a face a ser beijada


Chegada que sentida, eu desfruto
Que me emociona, sem medo de me conter
Sou mais lúcida que na mocidade
Essa é a grandeza de ter longa idade


Chegada de quem gerei... ou não
Pois sou mãe, sou a poesia sã
Rimas sem métricas e sem intenções
Só vida, transitando por mil emoções


Suporto e me conformo com partidas
Porque também tive meu bom tempo
De ir e vir e assim, me fiz quem sou
Um tantin de flor, um mar de amor

Colhi uma muda de jasmim
No jardim mais belo que vi
Cuidei da plantinha que havia em ti
E a plantei num cantinho em mim
Sigo a vida, sentindo seu cheirn
Feliz demais por ser assim
Mesmo que distante de tudo, enfim
De você, de seu olhar, num sem fim
A saudade machuca só um tantin
Pois brinca em meu quintal
Um gêmeo faceiro de seu anjin

Por ti querer...


Meu céu e meu bom residia em seu olhar
Era eu, passageiro alado visitando-te
Gastando versos e rimas em intenção
De me permitires adentrar-te o coração


Na vida, que sentida é e sempre será
Não via meus intentos como batalhas
A serem vencidas para te ganhar
Era mais entrega, desejo por te amar


Sentia a alma crucificada, amarrada
Tomada de planos a te ofertar
Por mais querer que me houvesse
Seu descuido não a permitia notar


Queria eu ser seu presente e futuro
Queria eu ser seu jardim... sua festa
Viver sua flor, única a te encantar
Ser quiçá, sua estrada, seu caminhar


Deixar de vez de ser espectador de ti
Tocar-te com mãos de afeto e ternura
Ser teu colo, garantia de bem estar
Viver de entregas... acontecer o sonhar