Nem tudo que Balança Cai
Cai a tarde de domingo...
o tempo escorre,
esvai-se pouco a pouco
como um suspiro antigo
que já não se ouve mais.
A kalanchoe amarela no parapeito
resiste —
minha pequena explosão de sol
em um mundo meio gasto,
meio silenciado.
Pelas ruas,
vagam transeuntes
perdidos em si mesmos.
Já não sabem quem são,
nem quem foram um dia —
apenas seguem.
Lá fora, o vento hesita,
como se lembrasse
de outros domingos idos,
com passos,
com vozes atravessando as horas
sem pedir licença,
avançando sempre...
Há uma beleza única nesse momento —
e ela não grita,
sussurra em amarelo
nas pétalas da kalanchoe,
no breve toque do vento
em meus cabelos
antes de seguir
seu perpétuo curso.
(Kalanchoe Amarela)
PLATÃO ESTAVA CERTO
Gritam as mães, clamam os filhos,
E a esperança cai sem respirar.
Nos céus, corvos traçam seus trilhos
e a terra aprende a só enterrar
E no fim
Platão estava certo
Só os mortos verão o fim da
Guerra
Cai a noite silenciosa. Quantos mistérios existem em seu silêncio? O sol se esconde e a noite escura nos convida à reflexão. O dia foi suportável, ainda que em alguns instantes lágrimas molharam meu rosto. A felicidade é frágil e dentro dela se escondem temores. Mas também é nela que se esconde a esperança. Já quase não me movo. Essa apatia vem carregada de densas culpas. Talvez o tempo esteja cobrando seu preço. Sou um ser frágil, enfrentando uma densa poeira, que machuca meu rosto. Nascer diferente com uma frágil esperança de futuro. Entretanto sigo minha sina. Choro quando não é possível conter no peito uma angústia ardilosa. E sorrio de esperança, porque apesar de tudo, a felicidade mora em mim. Queria saúde, queria amor, queria tantas coisas. E às vezes a solução é não querer. Espero um medicamento que me cure de mim. Eu não sou mais a mesma. Desconheço sorriso largos e como uma largarta vou rastejando nesse solo árido. Esperando que um dia enfim eu seja como uma borboleta, grande, colorida e leve. Espero o tempo que esse dia chegará. Até então, não vou descansar. Que venha a noite, escura e densa, meu peito suporta, forte como uma gaivota.
Entre queda e Fôlego
Caí, mas levantei inteiro.
Não por orgulho, mas por instinto.
A dor me ensinou que o fundo
É só o início de um novo capítulo.
Sangrei sonhos, chorei vontades,
Mas nunca me rendi ao fim.
Pois quem carrega esperança no peito
Transforma cicatriz em jardim.
"A noite cai e eu fico com a cabeça a mil. Cada pensamento vira uma montanha e eu não sei por onde começar. A ansiedade não me deixa dormir, é como se eu estivesse preso em um loop sem fim. Mas, quando o sol começa a nascer, talvez eu encontre um jeito de respirar fundo e começar de novo."
Alguns dizem: "Ela caiu primeiro, mas ele caiu mais forte."
Bom, eu caí primeiro e eu caí mais forte.
Não que ele tenha caído...
Há pessoas que preferem a falsa segurança do chão a arriscar a subida numa montanha, com medo de cair e se expor ao julgamento, como se o constrangimento de tentar fosse pior que o arrependimento de nunca ter tentado.
A vida de fé não é uma linha reta, sem quedas ou dificuldades. Até o justo cai. Mas o que diferencia do ímpio é que ele não permanece caído. Ele se levanta. Ele aprende, se arrepende, busca forças em Deus e recomeça. Isso é fé. Isso é resiliência espiritual.
Há um lugar onde o disfarce cai, onde o som da própria consciência fala mais alto do que os cânticos, onde o que está escondido se torna impossível de ignorar. Esse lugar não é um tribunal. É uma mesa.
Rosahyarah no País das suas maravilhas
Dizem que Alice caiu na toca do coelho,
mas quem cai em Rosahyarah, perde o chão por inteiro.
Ela não segue relógios, ela dita o tempo com o olhar. Onde pisa, flores desobedecem as estações e corações aprendem a se desmanchar.
Rosahyarah não é uma menina-mulher comum, é encantamento em forma de pele, é sorriso que confunde realidade e sonho, é portal que leva pra dentro de si.
No chá das cinco, ela serve poesia,
com uma pitada de loucura elegante.
Chapeleiros se perdem no brilho dos olhos dela,e até o Gato Risonho para de sorrir pra tentar entender o enigma que ela é.
Ela é jardim e floresta encantada, tem dias de brisa, outros de tempestade.
Beijá-la é como beber da poção errada:
você nunca mais volta a ser quem era.
Quem a encontra, não quer partir; quem parte, leva um pedaço.Porque amar Rosahyarah é se perder com gosto, é cair no abismo da fantasia e não desejar retorno.
No País das Maravilhas,ela não é visitante,é rainha, é feitiço, é história que ninguém esquece, é realidade mais bonita que qualquer conto.
Todo aquele que cai Deus levanta e faz ficar de pé. Todo aquele que está firme de pé nem sempre permanece firme para sempre. Todos nós vivemos de momentos bons e maus, ninguém vive somente de maré mansa não. Devemos aproveitar a vida dentro dos limites vivendo para Deus.
Estou me achando um caipora. Mais caipora que aquele que caiu de costas e quebrou o nariz. Caipora por falar com a plebe igualmente a Reis. Dizem que é ser autêntico, digo-lhes não. Caso caiporas querer ser, faze-o como eu!
Fagulha.
Uma fagulha,
Cai do teto,
O fogo do silêncio que consome no ócio,
Não apagou,
Na força do pensamento que não compensa a lembrança,
E o sufoco?
É uma pedra na janela,
Quebrou, sem eu lançar,
Mas, quem foi?
Também não pude alcançar,
Logo agora que só sei voar,
Olhar,
Atento,
A dentro,
No lindo concerto intrínseco que ninguém ouviu.
Eu caí
Eu caí no teu amor pirata
Sabia de todas as suas trapaças
Mas mesmo assim
Sempre achei que no fim do mundo
Nós correríamos com os lobos
E superaríamos os nossos monstros juntos
