Nao Conto Detalhes e muito menos
Sinto-me incompreendida.
Mas não lamento por isso.
Há algo de esplêndido em ser um enigma aos olhos do mundo, desde que eu mesma saiba decifrar quem sou.
E eu sei.
Há momentos em que minha consciência de mim mesma se torna tão nítida que beira a liberdade.
Uma liberdade estranha, que não se prende ao tempo nem ao espaço.
Ela apenas paira sobre mim, dentro de mim. Como uma presença que observa em silêncio.
Por vezes, essa liberdade se afasta.
E quando percebo, estou presa outra vez.
Correntes invisíveis, não sei de onde surgem, tentam me conter.
Mas eu resisto.
Penso: será que parar me faria bem?
Talvez.
Ou talvez me arrastasse de volta para os becos escuros da minha mente, onde me perco de mim mesma.
Por isso sigo.
Não interrompo os sintomas da liberdade, deixo que ela se manifeste, mesmo quando assusta, mesmo quando me desorganiza.
Sei que sou incompreendida por olhos comuns.
Mas isso não me entristece.
Afinal, diante dos meus próprios olhos, reconheço: há beleza na minha excentricidade.
Houve um tempo em que eu queria saber tudo.
E, quando não sabia, não me sentia inferior aos outros; me sentia inferior a mim mesma.
Colocava um fardo sobre os ombros, como se só valesse alguma coisa se pudesse provar, a mim mesma, que era capaz.
Capaz de quê?
De tudo, talvez.
De tudo ao mesmo tempo.
Eu me enveredei por caminhos difíceis não por vocação, mas por negligência comigo mesma.
Não parava para respirar.
Não me importava se estava bem.
O importante era vencer... mesmo sem saber exatamente o que ou quem eu estava tentando vencer.
Até que, por força de alguns acontecimentos, me vi de frente com o espelho da verdade, e descobri que não era capaz de tudo.
Na verdade, percebi que não era capaz de quase nada.
E não por fraqueza. Mas porque sou humana.
Teimosa como sempre fui, demorei para enxergar o óbvio.
Mas quando tirei o véu; aquele véu espesso da arrogância disfarçada de autocobrança, fui atravessada por um sentimento impossível de descrever.
Me vi pequena.
Uma formiga diante do universo.
Um grão de mostarda na palma de Deus.
E, paradoxalmente, foi ao me reconhecer tão pequena que comecei, enfim, a existir de verdade.
Vi-me como alguém. Alguém que erra... e continuará errando.
Alguém que sente; e cujos sentimentos influenciam tudo: o ritmo, o foco, o desempenho.
Alguém que não sabe de tudo, e o pouco que sabe, sabe porque Deus, em Sua graça, permitiu.
Quando entendi isso, o peso escorregou dos meus ombros.
Não era mais uma batalha por merecimento.
Era a busca por ser, ser quem sou, com limites, com dúvidas, com perguntas sem resposta.
E foi nesse dia que descobri o que tantos passam a vida tentando encontrar: descobri quem eu sou.
Para encerrar, adapto as palavras de Newton:
O que sabemos é uma molécula de água.
O que achamos que sabemos… é um oceano.
E como disse Sócrates, com toda a sabedoria de quem já mergulhou nesse mar:
"Só sei que nada sei."
Demorei a entender, mas percebi que não é só o mal que passou a ser visto de forma genérica, nossa própria vida também se tornou assim.
Nos acostumamos com o extraordinário.
Algo novo nos encanta nas primeiras três vezes, e depois… vira ruído de fundo.
Nós mesmos apagamos o brilho das coisas.
Antes, ir ao mercado era quase um evento.
As prateleiras cheias, os rótulos coloridos, o frio da geladeira nos dedos, o som dos carrinhos deslizando; tudo era diferente, quase mágico.
Até mesmo a fila era motivo de conversa e expectativa.
Hoje, mal reparamos.
Não se trata do mercado, é claro.
O ponto é que o que é raro nos encanta, mas o que se repete demais, a gente aprende a ignorar.
E à medida que tudo fica mais acessível, mais automatizado, mais rápido… mais indiferentes nos tornamos.
Vivemos correndo.
Sem tempo para ver o pôr do sol, para rir até tarde, para ouvir com calma quem amamos.
A vida virou repetição.
Virou genérica.
E a culpa?
Não é da tecnologia, nem do progresso.
A culpa é nossa, por vermos tudo à nossa volta evoluir, enquanto deixamos nossa alma estacionada.
Esquecemos de valorizar.
De agradecer.
De viver o hoje como se fosse o único.
O tempo é eterno, mas não para nós.
Não para esses corpos frágeis e passageiros.
A vida não é uma fita que se pode pausar, rebobinar ou regravar.
Ela é agora.
E o agora não é o passado.
Chamo de "falta de emoção" aquilo que ainda não sei nomear.
É uma presença vazia, um sentimento sem forma, sem cor, sem raiz.
Não sei de onde vem, tampouco o que quer me dizer. Só sei que se instala. Silenciosamente.
E fico esperando que passe, como se a alma respirasse por impulso até que outro sentimento mais forte venha e ocupe seu lugar.
No meio desse vácuo, me torno mais analítica.
Começo a observar o mundo com olhos mais calmos, como se tudo ao redor pudesse me ensinar algo sobre mim.
Foi assim que reparei em meu gato.
E nele vi, não um animal de estimação, mas um reflexo.
Demorei a tê-lo. Não por falta de vontade, mas por resistência alheia.
Quando finalmente chegou, entendi de imediato por que sempre o desejei.
Gatos são estranhos à espera.
Amam a rotina.
Buscam afeto, mas apenas quando o silêncio pesa demais.
Percebi que éramos semelhantes.
Sou alguém que demorou a entender o que é afeto.
Guardo sentimentos em caixas seladas, como quem tenta proteger o mundo do que sente.
Mas quando a caixa cai, o estrago é incêndio: tudo arde de uma vez só.
Gatos, ao menos, não fingem.
Eles sentem e demonstram.
Se querem carinho, pedem.
Se algo muda sem aviso, se retraem.
Mas quando estão bem, vibram com uma intensidade que ninguém consegue conter.
São fiéis à própria natureza.
Talvez meu gato seja assim porque herdou a minha essência.
Talvez ele apenas a reflita com mais pureza.
Ele me ensina, com cada olhar e cada silêncio, a ser mais sincera com o que habita em mim.
E é aí que reside a beleza:
na humildade de aprender com o improvável.
Na coragem de admitir que a vida nos ensina pelos cantos.
E que crescer é, muitas vezes, parar de tentar entender tudo e apenas sentir.
Afinal, somos eternos aprendizes.
E o mundo, uma sala de aula infinita.
Aprendemos nos gestos mínimos.
E crescemos quando deixamos o orgulho ceder lugar à verdade.
Esse é o caminho:
ver com a alma,
sentir com o espírito,
e reconhecer, na simplicidade, a grandeza de viver.
Primeiro foi um besouro.
Achei que fosse azar. Matei. Fechei a janela.
No dia seguinte, não a abri; crente que o problema estava resolvido.
Doce ilusão. Dois dias depois, outro invadiu.
Dessa vez, mandei pelo ralo. Fiquei irritada. E por birra, deixei a janela escancarada.
Três horas. Mais um. O último.
Foi então que percebi: talvez não fosse acaso.
Nem sinal, nem maldição. Só consequência.
Eu deixava a janela aberta sempre na hora do banho.
E besouros, os danados, aproveitavam o descuido.
Fechei a janela. Nunca mais entraram.
Simples. Tão simples que parece lição de vida.
A gente insiste em chamar de destino o que é apenas resultado.
Janelas se abrem.
Mas não se mantêm assim para sempre.
Às vezes a oportunidade entra voando, discreta como um inseto.
Outras, você nem nota que ela passou.
E quando percebe, a janela já está trancada.
Você bate. Grita. Esperneia.
Só que ela não abre.
Só dói.
Por isso, um conselho:
não espere o vidro.
Viva o agora como quem sabe que as janelas fecham;
sem aviso, sem hora, sem retorno.
Um simples ponto.
Pequeno, quase imperceptível,
mas com a força de quem encerra.
Encerrar não é apagar;
é colocar o ponto exato onde a frase cumpriu seu papel.
E talvez, por isso mesmo, o fim de uma fase nunca seja apenas um fim.
É a pausa antes da próxima linha.
Hoje, concluo o parágrafo chamado "ensino médio".
Guardo entre suas linhas três anos que me transformaram.
Neles, fui vírgula, reticência, até mesmo travessão.
Mudei de tom, troquei de pele, aprendi a silenciar e a falar.
Conheci gente que virou parte do meu vocabulário afetivo,
professores que riscaram certezas e reescreveram caminhos.
Sou grata.
Pelas mudanças que me incomodaram,
mas me prepararam.
Pelas frases difíceis que quase não consegui terminar,
mas terminei.
Pelos capítulos que doeram e, mesmo assim, me ensinaram
a não desistir da história.
Agora, com o coração calmo e os olhos acesos,
inicio o parágrafo seguinte.
Título provisório: faculdade.
E quem sabe onde essa nova narrativa me leve?
Mas se há algo que aprendi com os pontos finais,
é que o adeus nunca é ausência,
é memória que permanece entre as páginas.
E essa parte de mim que agora se despede
ficará para sempre guardada.
Com saudade, com ternura,
e com um ponto final que não apaga,
mas ilumina
o que vem depois.
Dez - 2021
Enquanto lavava a louça, percebi algo óbvio.
Tão óbvio que me irrita; não por ser simples,
mas por ser antigo, conhecido em teoria
e só agora compreendido de verdade.
Talvez você se pergunte o que é.
E lhe respondo com regozijo:
é o ato de idealizar.
Mas não falo da idealização do corpo, da estética, do outro.
Refiro-me à mais sutil e silenciosa:
a idealização da vida.
Essa mania de projetar o amanhã como se fôssemos oniscientes,
nós, que mal lembramos o que almoçamos há dois dias.
Sorri.
Como pude nunca perceber algo tão evidente?
Explico.
Enquanto segurava um prato escorregadio e ensaboado,
pensei no que viria logo depois:
"Termino aqui, guardo as luvas, subo devagar as escadas..."
Tudo calculado, tudo tão claro.
Mas bastaram milésimos de segundo para minha mente
começar a antecipar caminhos,
todos desconsiderando a possibilidade mais real de todas:
os imprevistos.
Foi então que entendi:
por mais que eu deseje algo com todas as forças,
não é só o esforço que o torna possível.
Porque a única certeza é a incerteza.
E perceber isso…
é uma das coisas mais belas que já experimentei.
Tudo é incerto.
Absolutamente tudo.
Num nível tão profundo que chega a ser poético.
Tudo exceto três coisas:
a certeza da incerteza,
a dubiedade da minha existência (e, paradoxalmente, ainda assim existir),
e a certeza de Deus.
Sim, de Deus.
Pois é a própria dúvida que O confirma.
Se eu fosse Deus, não haveria incerteza em mim.
Eu seria resposta para tudo.
Mas como não sou, e a dúvida existe,
a própria existência dela me convence
de que há alguém além de mim;
alguém que é certeza,
e que, por isso mesmo,
é Deus.
E aqui estou.
Lágrimas nos olhos.
Sorriso largo.
Uma alegria que não sei descrever.
É como se, depois de anos,
eu finalmente entendesse o que sempre tentei entender e não consegui.
Como se tivesse encontrado, enfim, a porta,
e não só isso,
como se agora eu também soubesse atravessá-la.
Como se compreendesse a vastidão do universo dentro de mim.
Meus neurônios, uma teia cósmica.
Meu coração, o compasso das galáxias.
Tudo pulsando com uma sabedoria que não sei decifrar,
mas sinto.
Profundamente.
A dor corta.
Mais fria que o gelo, mais afiada que uma katana.
Não chega com ternura, nem com piedade.
É indesejada como a visita inesperada de um parente distante, aquela que ninguém quer receber.
Ela desnorteia, faz tremer de raiva só por existir,
e, paradoxalmente, agradeço por sua presença profunda.
Não a entendo, nem a expulso.
Mas sinto sua força e sei: ainda estou viva.
A dor é ambígua;
vazia e completa,
forte e frágil,
louca e sã,
eterna e fugaz,
calma e tempestade,
causa e remédio,
amiga e inimiga,
indesejada, porém essencial.
E a ela eu agradeço.
Porque só me levanto após a queda;
como pérolas que nascem da ostra que sofre,
porque só aprendo quando sinto.
A dor não é amiga, mas tampouco inimiga.
É a mestra silenciosa que me ensina a ignorá-la,
e, ao mesmo tempo, a conviver.
Talvez minha estrada não seja tão longa quanto desejo
Talvez meu vento não atravesse essa tempestade
E eu não tenha tempo para me encontrar novamente
E a única saída que vejo para fugir de tantos pensamentos negativos
É calar minha mente
Talvez isso seja seguir em frente
Porque todos os meus sonhos são tão impossíveis
E tudo é um sinal que esse é o mais distante dessa estrada
Talvez expor meu rádio, minha ulna seja seguir em frente
Deus quer te ver feliz e Ele não vai sossegar enquanto não conseguir.
Às vezes, você nem percebe, mas todos os dias Ele te livra de muitos males e te fortalece. Ele está ao seu lado e vai continuar a caminhada contigo, abençoando a sua vida com momentos de alegrias e muitas conquistas. Quando você nem havia nascido, Deus todo-poderoso já te amava e nunca se esqueceu de você, por isso você ainda vai conquistar tudo o que deseja nesta vida. (Código 0106)
Nelson Locatelli, escritor de Foz do Iguaçu
Recuse viver desmotivado e cheio de pensamentos negativos.
Levante, Deus não criou você para viver no chão. Não permita que o amanhã chegue e encontre você sofrendo por algo que está acontecendo apenas nos seus pensamentos e entristecendo o seu coração. Se levante na fé e cumpra o seu destino, cheio de esperança e alegria, pois as promessas de Deus na sua vida estão prestes a se cumprir e você vai receber a maior bênção de todos os tempos. (Código 0306)
Nelson Locatelli, escritor de Foz do Iguaçu
"A dor que vesti"
Não posso deixar a dor ir embora.
Ela é a única coisa que ficou.
Então aprendi a moldá-la —
como um ferreiro em silêncio forja o que precisa para continuar.
Com o ferro chamado dor, construí uma armadura.
Fria. Pesada.
E um escudo, para suportar os golpes invisíveis que o mundo me dá todos os dias.
Mas nunca uma espada.
Eu não quero atacar ninguém.
Só sobreviver.
A epilepsia é minha cicatriz.
Não é ferida aberta o tempo todo,
mas é como uma rachadura em vidro grosso:
invisível para muitos, mas que pode se partir a qualquer momento.
As crises vêm como tempestades sem aviso.
E os olhares —
ah, os olhares…
esses são como lâminas finas que cortam sem sangrar por fora.
Desprezo disfarçado.
Pena mal escondida.
Tratamentos que me diminuem até eu esquecer que tenho altura.
E então eu abaixo a cabeça.
Não por respeito,
mas por vergonha de existir do jeito que sou.
No trabalho, nos sonhos, em casa —
tudo me lembra que eu sou "o epiléptico".
Como se fosse só isso.
Como se minha história, meu valor, minha essência…
tivessem sido apagados por uma palavra.
E cada nova crise, cada nova conversa que me reduz a uma condição,
é mais uma luta.
Mais uma ferida que cicatriza, mas nunca desaparece.
Eu continuo aqui, vestindo a dor.
Vivendo como um zumbi com armadura.
Sem espada, sem raiva, sem guerra.
Só com o cansaço de existir assim.
Mas ainda existindo.
O Peso dos Dias e a Leveza do Tempo
Nunca gostei de comemorar aniversários.
Não me entendam mal — não é um desprezo pela vida, tampouco um capricho melancólico. É, talvez, um desacordo silencioso com o calendário. A data do nascimento me soa arbitrária demais para conter em si todo o mistério e a beleza de estar vivo. Há algo estranho em reduzir a celebração da existência a um dia fixo, como se a vastidão da vida coubesse numa vela, num bolo ou num parabéns apressado.
Eu prefiro envelhecer a fazer aniversário.
Gosto da ideia de envelhecer porque ela carrega marcas. Rugas, histórias, memórias e silêncios. Envelhecer é a confirmação de que estive aqui — que sangrei, sorri, perdi e me encontrei. Cada linha no rosto é uma frase escrita à mão pelo tempo. Cada ano que passa é mais uma página virada com esforço e sentido. Envelhecer é a prova irrefutável de que vivi — ou ao menos tentei viver.
Mas viver, veja bem, é diferente de estar vivo.
Estar vivo é biológico: pulmões funcionando, sangue correndo, agenda cheia. Viver é outra coisa. É quando a alma respira, quando os olhos se demoram num pôr do sol, quando o silêncio não assusta mais. É quando a dor ensina, quando o amor transforma, quando o tempo passa e você sabe que ele passou por você — e não apenas ao seu lado.
E é exatamente por isso que não temo a morte física. Essa virá para todos, no tempo que não escolhemos. O que realmente me assusta — e profundamente — é a morte em vida. Aquele estado em que os olhos seguem abertos, mas o mundo já não causa espanto; em que o coração bate, mas não se comove; em que se respira, mas não se sente mais o perfume da existência.
Essa morte silenciosa, discreta, cotidiana, me aterroriza. Porque ela se instala devagar, sem anunciar-se. De repente, já não se sonha. Já não se espera. Já não se luta. É essa a morte que me recuso a aceitar.
Por isso celebro o cotidiano. Todo dia é um aniversário da minha consciência desperta. Todo gesto de sensibilidade, toda lágrima sentida, toda esperança cultivada é uma prova de que ainda estou vivo — e não apenas biologicamente funcional, mas inteiro.
Não preciso de presentes nem de aplausos. Preciso apenas do milagre cotidiano de seguir. Porque todo dia que me é dado é, por si só, um aniversário da minha resistência. Um lembrete de que estou aqui — apesar de tudo, apesar de mim.
E assim, envelhecendo sem pressa, vivo celebrando o que realmente importa: a arte rara de continuar sendo.
NOITES COM SOL
Há noites em que o escuro se rende,
e o sol acende febre entre os corpos.
Não é manhã, tampouco é alvorecer —
é fusão de peles em silêncio e luz.
Nada dorme. Tudo arde.
O tempo hesita, a razão se afasta.
Há calor demais para ser sombra,
há desejo demais para ser calma.
São horas em que gestos se prolongam,
palavras se derretem antes de soar.
Olhares se encontram sem direção,
sabores se acham no idioma da pele.
A pele vira mapa, e o toque, viagem.
Suspiram janelas, suam espelhos.
Respira-se como quem mergulha fundo,
e volta à tona entre lençóis em combustão.
Nessas noites, o amor ganha nome,
o prazer não pergunta, apenas se revela.
Não há princípio, nem fim exato —
há uma dança que começa... e se enlaça em carne e tempo.
E quando, por fim, o silêncio sorri,
o sol ainda pulsa, morno e inteiro.
É noite, mas o lume segue oculto na carne,
como um sol que repousa — à espera de novas
noites com sol.
ENQUANTO ESPERO
Enquanto espero acontecer,
não sou espera,
sou intervalo entre o que não foi
e o que talvez.
Movo-me em silêncio,
como raiz que rasga a pedra
sem urgência,
sem alarde.
Derramo, sem intenção,
a febre dos meus ais,
como quem deixa escorrer
uma ausência antiga.
Mas há nisso algo que arde
sem consumir,
uma sombra que não escurece.
Vejo sem ver,
e, às vezes, sei.
Não porque me foi dito,
mas porque algo em mim
parece lembrar do que nunca soube.
Não caminho para chegar,
nem permaneço por abrigo.
Sou levado por algo que não escolhi,
mas consenti,
como quem ouve um chamado
sem saber de onde vem,
mas reconhece o tom.
E nisso,
como quem pressente sem saber,
na fidelidade que não cede,
este ser que se suporta e se recolhe
abriga, em silêncio,
um tempo que ainda não veio.
Porque é assim,
enquanto espero,
que me preparo
para, um dia,
ainda poder ir além.
NÃO ACEITE AS MASSAS TE TRANSFORMAR E CORROMPER
O maior erro e defeito que muitos matumbos diplomatizados (ignorantes com diploma; intelectuais demagogos) cometem, este nome ou atributo é dado a todos: licenciados, mestres e doutores, é que o que mais demonstram durante uma entrevista ou debate é a arrogância e a prepotência para com o adversário ou opositor, no que concerne a conversar, debater ou dialogar. Eles tomam essa atitude porque não conseguem debater ou conversar sem primarem pelo respeito sapiencial e intelectual. Segundo as percepções e argumentos que mostram e defendem, estes estão fundados nas ideologias de escritores que mais gostam de ler e apreciar, seja pelo percurso acadêmico, intelectual ou estilo literário. Isso os torna centralistas, presos psicológica e intelectualmente e, acima de tudo, demagogos, porque não se preocupam em libertar os ouvintes com o conhecimento que adquiriram durante os seus anos de formação. O que fazem é apenas exibir as suas posições, sotaque e diplomas conseguidos em instituições acadêmicas de destaque, acabando por se esquecer do verdadeiro sentido da educação e da formação, que é partilhar, ensinar e instruir o próximo a ser um ser pensante, e não um robô ou papagaio cuja única funcionalidade é a repetição de ideias. Podemos ler muitos livros e estudar nas melhores escolas e universidades, mas, se não tivermos a capacidade de criticar e criar as nossas próprias ideias e argumentos, nunca estaremos em pé de igualdade com aqueles que nos instruíram e partilharam o seu saber conosco. Isso acontece com muitos porque se sentem confortáveis em estar e pensar dentro da caixa... Algo que torna muitos licenciados, mestres e doutorados em matumbos diplomatizados. Por essa razão, muitos ainda continuam e estão presos no sistema da Matrix.
PARA TODOS OS ANGOLANOS QUE NÃO TROCAM A MORAL PELO PÃO
Durante as lutas e guerras contra os regimes coloniais em África, muitos foram destemidos e corajosos em defender o povo (cor preta), a terra (cor verde), a nossa cultura (cor amarela) e, acima de tudo, as nossas vidas (cor vermelha). Muitos destes continuam anônimos na história do nosso país e de África, pelo facto de, naquele tempo, não haver muitos estudantes, acadêmicos, filósofos, revolucionários e historiadores que se ocupassem de registrar acontecimentos desse género. Mas isso não impediu que muitos dessem o seu contributo em prol da nação e do povo. Com o tempo, os destemidos (nacionalistas, filósofos, intelectuais, artistas, patriotas e revolucionários) foram despertando mentes, alimentando sonhos e iluminando os caminhos de muitos que estavam aprisionados, e outros que eram injustiçados e oprimidos pelos colonizadores. Graças a essa resistência e oposição aos detratores, muitos aderiram à luta contra a opressão, a injustiça, a ditadura e a exploração. Essas revoluções foram as sementes lançadas no nosso solo, que deram origem e frutos para a criação e o surgimento de muitos partidos políticos da época, como: UPA, UNITA, FNLA, MPLA, etc. Com o tempo, a UPA foi-se juntando a outros partidos.
Esses partidos tiveram como líderes: Jonas Savimbi (UNITA), Holden Roberto (FNLA) e Agostinho Neto (MPLA). Estes partidos tinham como princípio angular (base) lutar e guerrear contra todo tipo de opressão, injustiça e ditadura dentro do território angolano, que naquele tempo era dominado pelo regime ditatorial português. Eles lutaram, mas nem todos se mantiveram sólidos. Porque dois dos líderes traíram o povo e os interesses nacionais e, pior ainda, venderam o país de volta aos antigos patrões (colonos), o que fez com que alcançássemos uma falsa independência, levando-nos a tornarmo-nos refugiados dentro da nossa própria pátria. Isso aconteceu porque a sede pelas riquezas (avareza) e a fome pelo pão (poder) falaram mais alto do que a moral. Por isso, muitos corromperam-se.
mesmo afastados, tão pertos
Não temos nada
Mas temos tudo
Gosto quando você vai devagar
Mas você ama o rápido
Sinto seu gosto na minha boca
Eu não pensei nos problemas
Minhas confusões
Só em como você faz eu me sentir no céu
Bem próximos, mas tão longe
Ninguém precisa saber
Mas pode confiar em mim
Mas não confie a frente
Estamos no escuro e escondidos
Você tirando uma parte de mim
Uma parte de mim que nunca havia perdido
E eu amei
Podemos continuar os outros dias
mesmo afastados, tão pertos
Não a o que comprometer aqui
Enquanto eu sinto-ti em mim
Enquanto ninguém sabe do meu segredo
O nosso segredo
mesmo tão afastados, tão pertos..
não tenho mais medo
não tenho mais medo
Ou mais do que temo?
Me fale todas aquelas coisas,
E fingirei não ouvir, nem ligar
Finjo tanto quanto sinto, sinto
E escondo tanto o que sinto
Minhas palavras são como facas
Para humilha-lo como facadas
Mas minhas lágrimas que são – como feridas em todo o meu corpo
não tenho mais medo
Mas ainda tenho medo que volte, volte
Tenho a mim, que tenho que me afastar
Para me sentir segura
Eu não tenho mais medo.
É mesmo você?
Por que confunde a minha mente
com dúvidas que não me pertencem?
Se não é você quem eu procuro,
por que então te encontrei?
Antes mesmo de tudo...
Foi por você que me apaixonei!
Por que tenta fugir e se esconder,
só porque é algo novo
e você não consegue entender?
Nem tudo é matemática,
nem tudo está na ponta do lápis...
Às vezes, é bem simples:
a resposta é só seguir o coração.
Brigar consigo mesmo
é sofrer duas vezes —
na verdade, três.
Porque o meu sofrimento
também se torna o seu...
Não tenho dúvidas do meu amor.
A pergunta é: é você quem devo amar?
É você quem está na linha do meu destino?
Está escrito nas estrelas
que lá fomos ligados?
Te encontrar é me perder...
é começar a sofrer.
Se me traz incertezas
e me faz questionar
se é mesmo você!
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