Nao Chega aos meus Pes
De pés descalços em chão macio,destino feito sem impedimentos... Rodo ciganamente, espalhando a areia do tempo com minha saia colorida!
Olha temos tudo pela frente. A vida, os pés, as mãos, os lábios, e a própria tensão que também só terá sentido se for para frente.
Á Virgem Santíssima
A teus pés, tal fé de incerteza,
O coração cheio de inquietude.
Posto o meu olhar de solicitude,
No teu doce alento de pureza...
Mais que piedade, é plenitude,
Que nem sei se há mais riqueza.
Tal o amor, tal luz, tal grandeza,
Que ao nosso clamor, servitude...
No rosário, desfio minha rudeza.
Mãe feita de perdão, pura beleza,
Cheia de graças, a reza primeira...
Da paz, divina piedosa dolorosa,
Silenciosa, fita-me assim chorosa...
Auxílio em nossa hora derradeira.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, setembro
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Deep ecology
com imprevisível alegria
no friozinho duma manhã de seca
massagear os pés sob um espelho d'água:
caminho descalço sobre pedrinhas e seixos
sinto essa nascente brotar
devagarinho
borbulhante
cristalina
um milagre em círculos
que se expandem.
Delícias são coisas simples nesta vida
felicidade pode estar bem perto:
Deixar de lado as couraças do adulto
e conectar-se ao Ser, sempre agora
é o que nos liberta.
TRILHOS
Quando os trilhos me cansaram os pés
Limitaram-me a jornada
Prenderam-me ao destino
A poesia ensinou-me a abrir trilhas.
Tules rosas
Sapatilhas
Esse é o sonho dessas meninas
Na ponta dos pés elas lutam
E sua guerra nunca acaba
Lutam pela magreza e padrão ideal
Lutam pra estar com auto astral
Seja morena ruiva ou loira
Toda garota já sonhou em ser uma bailarina
Mas vale a pena ? Vale ver
É só fazer para crer
Lute pelo que quer
Levante sua cabeça
Fique na ponta dos pés
Você já é da realeza
Tainara Bomfim: Ah esse corpo cansado esses pés calejados hospeda uma alma cantante uma mente brilhante (pensamentos que livres feito pássaros voam) estou Aki não por atoa ,vim em corações planta minha semente faço um jardim de corações de gente eu aprendi cultivar o meu jardim, e hj descobri que ensinando meu hospedeiro a ser um nobre jardineiro era nossa parcela pra ser feliz...
Valha-me, minha Nossa Senhora, Mãe de Deus de Nazaré. Cubra-me com seu manto da minha cabeça aos pés! Salve, Mamãe das Águas Doces, salve Senhora da Simplicidade!
Nunca te esqueças quem tu es, se te sentes vivo... Aguenta com os teus pes, mantenha-te activo... Nao ignore de onde vens.
A Previdência e as viúvas
DEBORA DINIZ
Antropóloga, professora da Universidade de Brasília e pesquisadora da Anis - Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero.
Artigo publicado em 6/1/2015 no jornal
Cara presidente Dilma Rousseff, estou indignada: nós, mulheres, não somos as responsáveis pelo “rombo das contas públicas”. O ano suspirava seu final quando o então ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, anunciou medidas provisórias que alteraram as formas de proteção às famílias trabalhadoras. Tempo de conjugalidade, período de contribuição, idade dos beneficiários foram modificados e sem regras de transição. Trabalhadores jovens e velhos serão igualmente afetados por medidas econômicas que ignoram características fundamentais não só do mercado de trabalho, mas do modo como as famílias se reproduzem no Brasil. Tenho vontade de gritar minha surpresa — o tema não foi discutido, sequer anunciado durante a campanha presidencial —, mas guardarei minha indignação para os fatos. Entre as medidas de contenção, está o corte de 50% da aposentadoria para o cônjuge do trabalhador falecido. As medidas provisórias se protegem nesse falso universal neutro da língua portuguesa, pois o correto seria dizer “haverá corte de 50% na aposentadoria das viúvas idosas”.
Sou de uma geração em que as mulheres trabalham na casa e na rua — cuidam dos filhos e recebem salários. Muitas enfrentaram a difícil decisão sobre como cuidar dos filhos e se ordenar no mercado do trabalho, esse ambiente que ignora que as crianças vão à escola, adoecem, reclamam cuidados. Conheço mulheres mais jovens do que eu — e uma multidão de velhas — que optaram por cuidar dos filhos, pois consideraram que o salário de seus companheiros seria uma garantia de aposentadoria integral a ser compartilhada. Algumas delas escolheram empregos com menor remuneração, como forma de ajustes domésticos para os deveres de cuidado.
Uma divisão do trabalho doméstico e da rua foi acordada no passado com projeção para o futuro: cuidariam dos filhos — ela na casa e ele na rua —, mas casa e rua teriam a mesma proteção na velhice. Fizeram escolhas de longa data, pois acreditaram na estabilidade democrática. As medidas provisórias ignoram como as famílias se organizam no Brasil, mas principalmente ignoram a vida das mulheres que nos antecederam. Pergunto-me se essas mulheres não seriam também mães dos senhores que anunciaram as medidas provisórias — talvez uma amnésia os tenha feito esquecer quem os amamentou, limpou suas fraldas ou revisou seu dever de casa de matemática.
Em nome de uma economia que se anuncia como de bilhões, as medidas provisórias dizem a cada uma das senhoras idosas perto da viuvez que, além do luto, experimentarão empobrecimento. O Estado brasileiro passou a entender que o direito à aposentadoria é como patrimônio — a esposa teria direito a 50% dos bens. Por que falo em mulheres velhas? Porque é para elas que as medidas provisórias de “reforma da previdência” apontam o dedo como as responsáveis pelo rombo: elas seriam como sanguessugas do dinheiro público, mulheres que não trabalharam na rua, mas herdaram o direito conquistado pelo suor de seus companheiros. Há muito erro e injustiça nessa análise rasa das formas de conjugalidade e reprodução social. A aposentadoria não é apenas um direito do trabalhador, mas uma forma de proteção às famílias.
Na velhice, senhora presidente, a família se reduz à viúva. As mulheres morrem mais tardiamente do que os homens. Há explicações epidemiológicas e demográficas para a longevidade das mulheres que alcançam a velhice: cuidam melhor da saúde, e são mais jovens que seus velhos maridos. Nem perco tempo com a nova fantasia da previdência social sobre as mulheres — homens velhos que se casam com meninas jovens, eles oferecem segurança, e elas, juventude. Até mesmo para esse roteiro amoroso, as medidas provisórias lançaram a rede: o direito à aposentadoria não é mais vitalício para mulheres com menos de 44 anos e é preciso, ao menos, dois anos de conjugalidade para o direito. Sim, o alvo são as mulheres.
Se minha indignação por cada mulher idosa não for suficiente para fazer este governo envergonhar-se das medidas provisórias, apelo à estabilidade democrática. Essa é uma matéria da mais absoluta centralidade para o justo: não pode ser decidida por medidas provisórias e em período de recesso da atenção pública. Por isso, repito, não estamos falando de reformas, senhora presidente, mas da seguridade social, de desrespeito à boa democracia e, mais ainda, de fragilização da velhice.
Que o dia seja cansativo, que as costas fiquem doloridas e os pés inchados, mas que saboreie o gosto da missão cumprida. E a alma? Ah! A alma... Que seja apenas leve!
Asco
Com os pés nessa realidade
Um suspiro vem avisando...
Voltei para este canto,
Sem cantos nem encantos.
Terra de gente ingrata,
Você um dia foi morada de flores.
Hoje, até os pássaros tem horrores
Em voar sobre estes ares.
Há homens que matam humanos,
Mais cabarés do que santidade.
Torpezas e avarezas os cabem...
E! Se eu for continuar com minha indignação
Não cardíaco, morrerei do coração,
Pois hoje fui revestido de sentimentalidade.
Eis que o dinheiro se tornou no deus de nosso mundo e quem o controla acaba por dominar todas as pessoas.
Aonde você se vê chegando?
Onde seus pés estarão pisando?
Conseguirá tocar o céu?
O amanhã é a lembrança do agora.
Se os pés vivem em sintonia... É que o amor ainda valsa em nossos corações. São os pés que definem os melhores passos na dança do amor!
Como um raio estrondoso...
Meu mundo cai aos seus pés indevidamente
Iludo-me nestes sonhos que jamais serão efetivados
Fico presa a esta armadilha sem direitos reservados
O que segura a estrutura do teu corpo
no dia a dia:
Os pés com sapatos.
O que guarda e descansa o teu fisico
a noite depois de longo e exaustivo
dia:
O corpo no colchão.
Entao: Tenha os melhores para ti.
