Moradores de Rua
E se eu não tivesse perdido a chave naquele dia, o queria seria hoje?
Teria te visto na rua? Ao quase trombar em você. Talvez você passasse muito à frente, antes de eu estar no ponto certo de você entrar na minha vida, talvez você passasse atrás de mim, me veria de costas e eu até hoje não saberia a cor dos seus olhos.
Lembro que estava procurando a chave, que fiquei mal-humorado e fiquei xingando alguns santos, se eu soubesse que aquilo era necessário, que era responsável pelo sorriso que dei hoje de manhã ao te beijar e foi tão bom, jamais reclamaria.
Aproveite cada momento, seja ele bom ou ruim, seja ele provocante, ou louco, pois são eles que compõem uma vida, que trazem um amor, um sorriso, que salvam vidas. Talvez se eu tivesse encontrado a chave antes, teria atravessado a rua e, distraído, não estaria aqui, por mais simples que tenha sido, hoje sei que a chave perdida me trouxe dias bons e ruins, me trouxe amor.
Amanheceu
Um dia sem cor, sem tom, sem riso
Pacato por demais
E não é domingo
Na rua ninguém à vista
Em casa até mesmo os ratos e as lagartixas
Esqueceram de aparecer
O relógio parou em plena onze horas
Horário do trem
Será que vem?
Por incrível que pareça
O trem não passou
Amanheceu
Um dia sem cor, sem tom, sem riso
Que dia meu amigo
Ainda bem que tudo terminou bem
O dia acabou
Novamente amanheceu
Dessa vez com sol radiante
Um dia lindo
Graças a Deus
Que ainda posso ver um novo amanhecer
Eu te dei o meu respeito, eu te dei honestidade Por que você tem que tomar essa rua de sentido único?
Um menino. Três tomates. Uma liberdade. Um sorriso.
Um menino.
Caminhando na rua. Em uma de mãos, a liberdade dos dedos, na outra, um saco com alguns tomates. Muito mais o menino trazia na alma.
Três tomates.
O menino e seus tomates. Para que servem os tomates ele nem sabe. Ao chegar em casa seus tomates serviram de alimentos para sua família. Mas antes disso, seus tomates são seus brinquedos. São alimentos que saciam à fome da alegria.
Uma liberdade.
Em uma das mãos próxima ao pescoço ele segura seu saco com três tomates. Na outra, ele brincava com a leveza do ar. Emprestava ao ar a liberdade de seus dedos que voavam na direção de seus pensamentos.
Um sorriso.
O menino, o tomate e a liberdade. O endereço desse encontro é o sorriso. No sorriso a liberdade ganha inocência de menino. No sorriso a imaginação permite que tomates se transformem em brinquedos. No sorriso, um menino será sempre o menino...
Um menino. Três tomates. Uma liberdade. Um sorriso.
Nunca mais ouvi o sino daquela igreja bater. Era 07:00, chovia. A rua estava em silêncio. No céu cinzento não havia pássaros, apenas um imenso cobertor sem cor que cobria as árvores.
Aquele momento fez tudo parar, me permitindo lembrar que o que encanta é o toque, depois o silêncio. Dois extremos: um desperta, o outro faz sonhar.
Um mar de epiléticos
Você bem que podia morar do outro lado
Da calçada, da rua ou do bairro,
Para que sempre que eu quisesse te ver
Pudesse piscar os olhos e olho no olho estaria eu diante do teu ser.
Poderia até dançar esse jazz, quem sabe da noite fazer cartaz para avisar a saudade que ela não mais vai vencer... Mesmo diante disso eu confesso que a vontade é mar de epiléticos nadando com força nesse viver, sentir tua saudade, até que é boa, por isso te faço essa garoa de palavras que samba entre eu e você.
Os cães de rua estão ali não por vontade própria, mas porque foram abandonados, excluídos, enxotados, negligenciados e esquecidos, por tutores irresponsáveis.
Estão ali famintos, com muito medo, com FOME.
Estão ali inseguros, sem esperança e sem amor, quando tudo o que mais sabem fazer é justamente amar.
Não maltrate um animal de rua.
Eles precisam de ajuda.
As vezes achamos que os problemas estão lá fora, na rua, no olho gordo, na macumba, etc...Mas a grande maioria dos problemas está em não aceitar a si mesmo.
Sorriso
Um dia casativo de trabalho
Sentei em um banco,
Olhando a rua,vi um cem teto.
Me peguei no sono.
E viagei pelo o universo
La eu via a lua de perto
Que imenciadao
No começo fiquei inquieto
Mais fui me soltando
E podia voar.
De planetas em planetas
Vendo a terra,
E varias estrelas.
Conheci saturno
Mais nao gostei
Era muinto escuro
Nao tinha sol para iluminar
Ou cheguei la a noite mesmo.
Rodei todo universo
Tava lindo
Acredite vi tudo isso
No sorisso de um mendigo
Falam de mim a todo momento,
Passou o catador na rua e uns poucos comentaram,
Aos que apoiam agradeço, os que são do contra, a gratidão é aos mesmos aceito e entendo que os poucos que alfinetam não sabem de nada,
TRAVESSIA
Do outro lado da rua a vida se acaba...
É uma travessia rápida,
Mas antes das flores, das folhas, das chuvas,
Antes dos verões...
Sonhamos com todas as belezas,
Fazemos planos com todas as incertezas;
Somos tão românticos que os nossos olhares passeiam,
As confusões permeiam, as paixões incendeiam...
Então estamos do outro lado da rua
E não temos mais retorno;
Só temos os ocasos e as estações
E a certeza que do mesmo jeito, faríamos tudo de novo
Aqui estou eu parada no meio da rua, sentindo a chuva escorrer fria pelo meu rosto, sinto frio, sinto o cheiro da grama, e eu tento chegar ao meu destino mais não consigo, quero ficar aqui pra sempre nesse momento apenas parada, lembrando o quanto era doce o seu beijo e quente os seus braços.
Um concelho a todos os pichadores: não deixem de pichar, os militantes da cultura de rua podem descobrir que não precisam de vocês.
Nos falta olhar para os dois lados da rua e lembrar que há pessoas dirigindo os carros. Nos falta perceber que as árvores na beira da estrada já estão plantadas desde antes de nascermos. Nos falta perceber que nossos objetos pessoais demorarão outros cem anos até se decomporem após a nossa morte. Mas esquecemos. Estamos tão hipnotizados para entrar dentro de casa, que esquecemos da chave girando entre os dedos. As texturas, cores, sabores, vozes e cheiros trocam de lugar com o borrão da pressa. Nada mais importa. Só chegar no horário certo.
Muitas pessoas dizem que os militantes da cultura de rua não fazem críticas à pichação. Não procede. É possível ver muitos militantes criticando o fato de eles picharem sem nenhum gravador para se protegerem da polícia fascista. 😗
Cantei;
cantei em cada esquina,
de cada rua,
de cada bairro,
de cada cidade,
de cada estado,
de cada país,
de cada continente.
encantei-me com os sorrisos,
com os cheiros,
com os gostos,
com as culturas,
com as letras,
com as vestes,
com as pessoas.
deixei em cada lugar
um pedacinho de mim.
tudo que restou
que gritou-me
que implorou-me
para ficar, deixei.
e, assim, me desfiz
em refrões,
largados por todo esse mundo,
jogados num vagão,
de uma plataforma qualquer
e os levando para bem longe de mim.
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