Meninos de Rua
DISTANCIAMENTO
Já faz tempo que te dei
o meu último abraço.
Só te vejo à distância,
é da rua pro terraço.
Mas se é pra ter cuidado,
quero que meu pai amado
fique sempre bem vivaço.
Gritaram na rua até perder a voz
Sem noção, sem informação
Na má intenção um discurso nojento
Sucateamento da educação
Cartas só para um Amor
Da rua da saudade,
Despedi e peguei minhas bagagens,
Na ferrovia,
O trem estava de partida,
Dias de viagem,
Em um daqueles vagões eu viajei,
Cada dia,
Uma estação,
Cada dia,
Uma carta eu escrevia,
E em cada parada eu postava na caixinha dos Correios,
Não dava para esperar chegar para depois eu mandar,
Uma vez que na minha saída,
Não tive o prazer de olhar para minha amada e confessar tudo que eu sentia,
Cartas só para um Amor,
Quem sabe mais cedo chegando,
Ela pode ler,
E alcançar esse trem,
Assim,
Chegaremos juntos ao destino tão sonhado,
Uma boa surpresa posso ter,
Mas sonhar não custa nada,
Chegando ao destino,
Olhei para trás,
E nem sinal do meu amor,
Tristeza e solidão,
Imagino como um pequeno menino,
Agora estou aqui,
Distante e tão ausente,
Olhar para o passado eu não posso,
Voltar muito menos,
Me render ao sofrimento.
É.!
Tudo é possível quando a saudade fala mais alto...
Autor:Ricardo Melo
O Poeta que Voa
Solidão
Saio pela rua
Passos seguindo
Sem rumo
Caminhos que não
Levam a nada
O vento trás o gritar das folhas.
Os pensamentos vão
De carona,
juntos ao nada...
a nenhum lugar.
O corpo desequilibra-se.
A força dos sentimentos
Fazendo pressão
Nessa casca
a querer partir
Se quebrar, para
Aliviar a dor...
Aos poucos
As pernas falham
Os braços esvaziam-se
Só peso da cabeça
Segura as formas do homem.
Caem-se no chão
Sente-se a terra, a areia, a água.
Toda força do cair
Acorda a alma perdida.
Respira, expira, respira...
As rédeas está se compondo
A vida reluz a céu aberto
Mesmo com o coração
Sangrando.
Com lágrimas
a molhar os olhos.
Lavando as névoas
Que se instalaram.
Os espaços negros
São preenchidos
Por fios de esperanças.
A solidão se faz presente
No seu mundo.
Mas os rios continuam
A fluir para o mar
Os pássaros em revoadas
Voam
com suas ricas sinfonias
A beleza do ver, ouvir e sentir.
Sentir tudo isso.
Ao seu redor
Vale a pena
Estar viva.
Ande por sua rua, e eu andarei pela minha.
E poderíamos nos encontrar? Você poderia poupar algum tempo?
Você deveria ver meu mundo
Conheça minha espécie antes de julgar nossas mentes.
Durma seu sono, enquanto estou acordado e vivo .
Eu fico até tarde, das zero às cinco.
Eu gostaria que você conhecesse esse meu mundo
Preciso de horas de silêncio para produzir neste meu mundo
"Inspirado em um rock antigo pouco conheçido"
Rua Ana Baiana
Não sei quem é mais linda:
A canção, a lembrança, a menina.
Da canção, aprazimento
Da lembrança, felicidade
E a menina, que coisa linda!
Canta e toca alteridade
Canta Caymmi e o vatapá
Com sal, gengibre e camarão.
Vem acalmar os sentimentos
Demover o desalento
E afagar o coração
FILHO PRÓDIGO
Um dia resolvi ganhar a estrada...
Ardia em mim uma revolta interna,
busquei nas ruas a vida moderna,
andei sem rumo, sem rota traçada...
E em cada noite, no bar, na taberna,
uma amizade falsa era encontrada.
Fui enganado... e ao ficar sem nada
restou-me o rumo da casa paterna.
E ao encontrar, justo ao abrir a porta,
o beijo doce, o abraço que conforta,
fui entendendo, após andar demais:
Mesmo que os filhos vivam a vagar
eles somente vão chamar de “Lar”
a casa onde reside o amor dos pais!
Vai!
Bota tua cara na rua
E se chover
Que sorte a sua
O relampejo cai
Do teu ensejo vai
Nascer a ruptura
ASFALTO
Hoje eu acordei com os pensamentos fora de ordem
Cruzei a rua com os braços cruzados e os olhos cansados
Entre vitrines confusas & coloridas
”Borboletas num caleidoscópio”
Um bêbado tropeça num tijolo invisível
Cheio de riso de dança e de dor
Gotas de luz caindo no meu rosto
Diluindo sombras
Inaugurando a manhã
Motores bocejam rosnando como cães
Desafiando a nudez dos semáforos
E eu voo Pégaso
Alado, em círculos,
Meus sapatos de ferro pisando o asfalto em flor.
Desconhecida é a tarde no parque
Estilhaçando poesia no ar
Embriagando o bronze das esculturas
Antecipando o que está por chegar
Hoje eu não quero envelhecer
Já calculei a idade do tempo
Hoje eu me recuso a envelhecer
Hoje eu tenho a idade do tempo
Eu vou regar os rios
Acender velas ao Sol
Soprar a rosa dos ventos que me diz: pétalas
"Quando a rua vira rio
O piso da casa vira maromba
O telhado fica cada vez mais perto
E o sossego cada vez mais longe"
Sem Retorno -
Foi na rua dos teus braços
junto à porta da capela
que fiquei apaixonado;
pois do alto da janela
teu olhar imaculado
era a estrela da viela.
Dar-te um beijo quem me dera
delicado como a flor
no teu rosto sem idade;
mas quem espera, desespera
que a saudade e o amor
andam juntos na verdade.
Meu amor é fria a vida
como as dores que se estendem
desde a noite à madrugada;
e os teus olhos, minha querida
não me vêem nem entendem
nesta voz amargurada.
E ainda, creio, agora,
que a ternura nos renega
mas o amor não tem idade;
quem não espera vai embora
vai embora e desespera
no silencio da saudade.
Naquela manhã de bons ventos eu tinha ainda seis anos de idade.
A rua não era asfaltada e eu me gabava por conseguir correr descalço naquele lugar.
Minha paixão sempre foi o céu, olhava pro alto e tentava entender seus encantos.
A cor do céu é linda e as nuvens sempre me preparavam formas que até pareciam quadrinhos contando uma história.
Na outra quadra havia uma praça, onde, naquele dia especial, crianças em alvoroço corriam atrás de uma novidade.
Avistei a fileira da meninada que ia e voltava da praça contando, uns para os outros, o que estava acontecendo por lá.
Corri para ver e não acreditei. Meu passaporte para entender melhor o céu estava nas mãos de um homem.
Um homem que vendia aviõezinhos coloridos feitos de isopor!
A criançada em volta daquele nobre homem que segurando por uma linha fazia os jatinhos levantar vôo e irem até o alto no céu.
Entrei pelo meio da garotada, empurrando e garantindo meu espaço perto daquele encantador de crianças.
Quando num flash o seu olhar eu consegui, perguntei logo a ele o quanto custava a pequena maravilha que me levaria as alturas.
Como relâmpago corri para casa, onde minha mãe preparava já o almoço.
Naquela época nós não tínhamos muito, meu pai trabalhava duro, nossa televisão era uma Colorado preto e branco, por onde eu enxergava o mundo que não conhecia.
Tinha eu um cofrinho, estampado com os quadrinhos do SUPER-MAN!
Pois eu era fã daquele herói que dominava o céu e voava de verdade.
Pensei que meu cofrinho poderia ajudar!
Minha mãe me deu a tão almejada autorização para que rasgasse o cofrinho de papelão.
Contei as moedinhas debaixo dos olhos atentos da minha querida mãe! Que logo viu minha tristeza por não ter a quantidade necessária para pagar o sonho de voar.
No entanto, minha mãe tinha também um trocado, e com um belo sorriso maternal me olhou e mandou abrir a mão.
Da mão dela caíram as pratinhas que iriam garantir o meu sonho.
Corri, novamente, como um relâmpago e o homem ainda tinha um aviãozinho!
Feliz da vida peguei a maravilha! A máquina feita de isopor e cola que agora conduziria minhas fantasias e me fariam entender o céu.
Passei de frente de casa gritando minha mãe para que ela olhasse o quanto eu estava feliz manejando aquela máquina voadora.
Fiquei por alguns minutos me divertindo e aproveitando o vento que soprava diferente. Soprava como se estivesse também contente com o menino que corria imaginando estar dentro da máquina que voava tão alto e bem perto do céu.
As nuvens estavam próximas e o chão tão pequeno!
Mas o vento se descuidou por um instante e soprou o galho de uma grande árvore que chegava até o céu do meu aviãozinho!
O pequeno jato entrou por entre os galhos da árvore que insistia em atrapalhar o vôo tão sonhado do menino que agora olhando para o alto ficou a pensar!
Mas com todo o carinho comecei a puxar a linha, bem devagar!
Por longas "horas" insisti lutando com aquela árvore.
Ela tão forte e eu me sentindo tão fraco!
No entanto, não desisti, com mais cuidado ainda fui persistente para que minha máquina voadora não se quebrasse com o solavanco da árvore que desejava tomar para si o meu brinquedo, o meu direito de sonhar.
Ouvi um estalo! A asa da aeronave caiu ao chão! Pronto estava quebrado, estava acabado o Sonho de Ícaro, o sonho de chegar até o céu.
Aos choros fui para casa onde minha mãe me consolou.
Não havia mais dinheiro e mesmo se houvesse o mágico homem, que me vendera a aeronave, já tinha ido embora.
Agora adulto noto que minhas lágrimas, naquele dia de bons ventos, de certa forma mudaram minha sorte.
Talvez por que a minha persistência foi lapidada com a dificuldade daquela manhã e a partir daí, quando eu quero algo sou muito persistente.
No mais, o TODO PODEROSO se comoveu ao me ver chorar e decidiu soberanamente preparar meu futuro. Um futuro onde eu não paro de voar.
Ao menos as nuvens e o céu agora eu posso ver, como adulto, do alto em minhas viagens por este Brasil tão belo e grande! E que ainda me tem muito a oferecer.
Goiatuba
Estou com saudade da rua Maranhão
Onde meu coração caminhava alegre
Pela manhã e tambem à tarde pela rua
Só para contemplar o cheiro da doce lua.
Ela se movimenta bem macha lenta
Ela vem e arrebenta com sua inocência.
E meu coração forte finge que aguenta.
Toda emoção que ela provoca nas veias fomenta...
Uma bala de menta pra beijar o seu cheiro.
Aquele doce entre o cabelos liso e negro.
O meu olfato agradece da beleza a flor
o seu umbigo.
O paraíso que está no seu corpo escondido.
E um anjo perdido foi quem me revelou tudo isso...
Tire as roupas ali está o paraíso
uma delícia coisa louca
de deixar água na boca...
Recordações daquele tempo.
Era uma vez...
Era uma rua no centro da cidade, no Ponto Cem Réis, perto da Bodega do seu Aluísio e seu Antônio, perto da Feira Central, da escola Solon de Lucena, do colégio Anitta Cabral, dos empregos…pq pra chegar em qq lugar era só uma caminhada. Nos domingos a Maciel Pinheiro era a rua Augusta de Campina Grande, conhecida como a princesinha da Paraíba, onde íamos desfilar com as amigas ...
A rua Redentor, era sem saída, no final da rua tinha Árvores de Eucalipto gigantescas fechando a rua, era um conjunto de casinhas conjugadas e coloridas, com porta e janela, geralmente com uma árvore na frente da casa, um cachorro chamado "Relte" na estrada deitado na calçada, e minhas memórias, minhas lembranças espalhadas, despejadas nas calçadas e ruas do Alto Branco, ruas de paralepipedos...
Nas casas as cercas de arame farpado que dividiam os quintais no início da rua, tinham muitas serventias, na rua crianças correndo, brincavam sem se importar com a hora, ou medo do bicho papão, crianças de pés nos chão.
O ato de estender roupas tem todo um ritual, assim como Michelângelo/Mozart, é uma obra de arte aberta, as roupas de brim, vestidos de chita, as anáguas da minha mãe e umas peças surradas de algodão, gabardine ou casimira, lençóis toalhas a voarem leves e suaves com o vento, criando imagens e símbolos, afinal éramos nove, na conta fechada 'onze', em uma casa de três quartos, duas salas e uma cozinha com panelas penduradas no suporte de alumínio, reluziam, brilhavam sem marcas ou manchas.
Todas as peças lavadas com sabão deueuela sebo e soda. Não existia sabão glicerinado nas minhas memórias afetivas. As lavadeiras de roupas, que passavam pra lavar roupas no rio, com trouxas de roupas na cabeça, nos remetia as antigas escravas, imortalizadas pelo Cândido Portinari. Ali se via a alma daqueles mulheres de pés no chão. As roupas estendidas em dias de sol, depois de quaradas nas bacias de alumínio, cintilantes, como os olhos marrons da minha mãe, seu rosto era emoldurado por cabelos ondulados, presos na nuca, traços fortes, bem marcados e inesquecíveis.
A minha irmã usava anáguas e combinação, como a minha mãe, as duas tinham muitas sintonia, qse espiritual.
As camisas e calças de linho de meu pai eram lavadas à parte. Calças de linho branco...imagine o desespero passar linho branco em um ferro de brasa.
Naquele varal, o que se via era uma obra de arte a céu aberto, o vento brincava com as peças, cuidadosamente presas em pegadores de madeiras. Como tinha poesia naqueles varais e nas cercas de arame farpado, envolvendo as casas, com plantas de cerca vida, dos avelós.
Minhas costas e pernas marcadas pelos arranhões para fugir para outros quintais, atrás de passarinhos, lagartixas, ou correr no canal que passava ao lado, a diversão era certa, caçar girino e atravessar o canal correndo, pagava os castigos maternos pela desobediência até pq não éramos "moleques de ruas", éramos sim, uma molecada feliz.
Debaixo dessas arapucas é que morava minha alegria, sorrisos despreocupadados, bola de gude, peões e brincadeira de se esconder, ou guerra coletiva entre corridas, rostos e cabelos sorridentes, com ataques de jurubeba, livros, revistas em quadrinhos, música, tudo estava em ebulição...
Quantos voos interrompidos para os sonhos do menino-alado, meu irmão mais velho fazia engenharia, o segundo na escala familiar, queria ir para as Agulhas Negras, mas não passou na seleção, fez medicina. Minha irmã passou em Química, mas se transferiu pra Odontologia. E assim, foi-se criando a cultura da profissionalização técnica de qualidade. Já não era segredo, dizer tanto de todos, dito: não conto nada além, como tem que ser. Aquele homem virtuoso, alto, magro, conversa franca, chapéu na cabeça , terno de linho branco- me permita sorrir pras suas lembranças amáveis.
A cidade é intrigante, fica numa serra: é quente, é fria. Polo intelectual importador e exportador, internacionalmente conhecido e respeitado.
Em tempo de chuva, as bicas das casas se prestavam às virtudes das águas, tecendo grinaldas transparentes e abundantes, era uma folia mágica.
O pecado não existia, nunca esteve naqueles olhos infantil, a espiar o mundo, tomando banho de bica, a "Redentor Trinta" era um mundo, que aos poucos foi diminuindo… qdo a gente cresce o mundo se apequena. As lembranças vivem guardadas, em minhas memórias afetivas, elas têm cheiro, cor e vive nos temperos da minha mãe, xaropes/lambedores de muçambê, colhidas no mato verde, curava de gripe a alergias pesadas, manipulados pela mãos daquela mulher serena e forte. Os cheiros, a essência, os costumes da minha casa, ainda posso ver e ouvir, os murmúrios, dos almoços aos domingos após a Igreja Congregacional da Treze de Maio, a ida a casa da Tia Maria, do Tio João, tinha até avó, por um tempo, em casa a mesa posta, feijão verde, arroz, salada verde, legumes, lasanha, frango assado, carne, bifes, mocotó, fígado bifado acebolado, temperados com ervas frescas, frutas da época, doces, bolos, pavê, com família reunida e amigos, era só chegar, em um tempo onde se comia um, comiam dez.
Um universo enorme de recordações, a minha rua tem memória, a minha casa tem imagens, os móveis tem lugar, as recordações vivem para além do esquecimento da morte...
Nina Pilar
O mundo é o chão gelado de uma rua em dias de extremo frio. Não há coberta, não existe alento. O inverno chega para todos!
Rede Social é bastante engraçada, há quem trabalhe com você, ou até passe por você na rua e não lhe oferece, se quer, um bom dia!
Mas, ao se deparar com um status seu, é o primeiro à visualizar!
Sabe que mistério é esse? Mera curiosidade! E não se engane, pessoas assim, jamais torcerão por você!
Eu sou o tipo de pessoa simples, gosto de ser assim, se me chamar pra sentar na porta da rua, pra ouvir oque tem pra falar, eu vou.
Eu gosto do que cativa, não quero muito nessa vida, apenas quero um dia ser inesquecível.
Ando com Deus, e se um dia eu for com ele, quero pelo menos deixar uma coisa minha, mesmo que seja minhas simples frases, porem através delas, serei lembrado.
"Cor(ação)"
A lembrança será vaga,
A saudade vai passar em outra rua.
Pra que me serve essa coisa?
Que só me ocupa quando eu vejo
A lua.
Na nossa Rua -
Meu amor eu não te vi
Ao passar à nossa rua
Nessa rua onde eu vivi
Bem me lembro, não esqueci
Mas a vida continua.
Dessa casa que foi branca
Nada resta de nós dois
Junto à porta há uma santa
Um letreiro vem depois
Que tristeza, não encanta.
Na varanda não há flores
Nem cortinas nas janelas
A fachada não tem cores
Nada resta, pobre dela
Da casa dos meus amores.
E no meu peito continua
Desse tempo que abalou
A saudade nua e crua
Que da casa já passou
Mas ficou na nossa rua.
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