Literatura de Cordel

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⁠" VAMOS VER "

Agora, vamos ver no que vai dar
o enredo do romance arquitetado
pra que te ponhas preso, do meu lado,
em vez de só querer acasalar!...

O meu feitiço intenso foi lançado
e é só questão de tempo pro luar
deixar toda a poesia te enredar
e te sentires todo enamorado.

Tá feito! É só questão de tempo, agora,
e, em breve, já não mais irás embora
fugindo, outra vez mais, do compromisso…

Veremos no que vai dar meu encanto!
Já pus pra te enredar o meu quebranto
que te fará ficar, do amor, submisso!

⁠" BANDIDO "

Bandido, sem-vergonha, salafrário,
conquistador barato, sem moral,
que quis, tão só, encontro ocasional
pra se manter guardado, e só, no armário!...

Chegou, já, com malícia intencional
e preparando o clima, até o cenário
que, enfim, tornou-se apenas meu calvário
pra sua artimanha de querer carnal.

É caso pra polícia, com certeza,
pois que levou, também, minha pureza,
meus sonhos, meu querer, minha paixão…

Roubou-me, esse bandido, o olhar, a fé,
orgasmos meus, os sonhos tais e, até,
tomou-me o amor que dei-lhe ao coração!

⁠"GUERRA "

Quer guerra? Vem pro embate, vem pra luta,
já pronta, assim, pro que der e vier
mostrar o que melhor tens, de mulher
que sabe impor-se às normas da disputa!

Sai dessa de esperar que o bem-me-quer
revele quem é quem pra essa labuta…
Me mostre que és guerreira, sim, astuta,
disposta para o embate que se der.

Procures no arsenal da tua paixão,
carinhos, por perfeita munição,
suspiros e gemidos de prazer…

Se é guerra que tu queres, estou pronto
e, para o bate-coxa, aqui te afronto
pra que faças de mim o que quiser!

⁠" UM CANTO "

Talvez exista um canto onde a saudade
se esconda, vez ou outra, pra descanso!
Algum regato doce, leve, manso
que a abrigue da saudade que lhe invade!

Também, bem pode ser (não afianço)
que nem saudade tenha de verdade
e apenas finja ter, na falsidade,
pra assim conter, das críticas, o avanço.

Pois, quem é ela pra trazer consigo
histórias de outros, sempre em tenro abrigo,
pra atazanar a gente deste jeito?...

Tomara que ela sofra igual tormento
e tenha, de saudade, ao pensamento
o amor batendo forte junto ao peito!

⁠" DESTACA-SE "

Se busca o diferente, a novidade,
o que diferencia-nos da massa;
de tudo que, ao comum, cá nos enlaça
ou que deixe evidente a nossa idade.

O que nos põe no igual, pois, se rechaça
e não queremos nós, por dignidade,
contados ser no rol da identidade
com que, o de corriqueiro, nos abraça.

Mas, o que é diferente nasce pronto
e se destaca, é claro! Digo, e ponto.
Mais nada se acrescenta nesse enredo…

Sequer precisa, então, pôr-se em destaque
ou dar maquiagem de cartola e fraque…
Destaque-se do mais sem ter segredo!

⁠" GENIOSA "

Um gênio de mulher, bela, faceira,
intensa em seu amor, leal, honesta,
e, tudo em derredor, lhe é puro, é festa,
e sua alegria é benção costumeira!

Tem arte em suas mãos! A vida atesta
o quanto que é prendada! É costureira,
pintora, uma artesã… É bordadeira
e que, talento tem, ninguém contesta.

Porém, essa mulher de tanto encanto,
que se divide entre alegria e pranto,
insiste em ser, por vez, frágil, dengosa…

Rainha de seu reino, feiticeira,
levou-me, da loucura intensa, à beira
mostrando-me também ser geniosa!

⁠Enquanto Houver Migalhas
Enquanto estava repousada em um banco no coração da cidade, observava atentamente um pombo que, em seus movimentos ansiosos, ciscava pelo chão à minha volta, buscando algo para se alimentar.

Sem pensar nas consequências, lancei-lhe um pedaço generoso de pão — sem hesitar, ele se aproximou, aceitando o que eu oferecia com uma gratidão imensa. Mas aquilo não foi o suficiente, pois sua fome era insaciável, ele desejava mais.

Continuei alimentando-o, até que a exaustão me tomou, e os pedaços que antes eram grandes, começaram a se reduzir, tornando-se migalhas insignificantes.

Apesar de já não ter mais o que oferecer, o pombo retornava todos os dias, em busca do que não poderia mais dar, esperando algo maior, porém apenas me calei.

Eu cansei, não quero mais sustentar uma esperança vazia, não posso continuar alimentando essa busca incessante por migalhas — por algo que deveria ser completo, mas que se contenta com tão pouco.

Inserida por OceanLy

MERO

Quem tem poesia: o céu ou as estrelas?
Dirias ser os astros no esplendor
ou todo o manto azul, feito de amor
no simples ato seu de, ali, contê-las?!

Relembres que o poeta, trovador,
abria a sua janela só pra vê-las
e, em sua compreensão fugaz, sabê-las
nos versos em que o céu era o doador.

O fato é que a poesia não tem dono,
nem palco, nem salário, nem patrono…
Cativa-nos por livre ser em tudo!...

Eu cá, um mero poeta entre outros tantos,
ao ver estrelas, céu, sorrisos, prantos,
não posso, ante a poesia, ficar mudo!

⁠Sou como a poesia de meus versos, literária.

Inserida por ARRUDAJBde

Uma vez viciada, sempre viciada.

Inserida por ARRUDAJBde

guerra das biscates

guerra dos mascates daí
guerra das gueixas, daqui
entre invasões e mortes
você ainda é meu gênio

mais ainda não realizou nenhum desejo


nessa guerra de gêneros
resta um homens branco
três mulheres mestiças
indígenas
minha criança menina
a sua criança menino

a guerra na russa, implodindo bombas
cada míssil com seus próprios erros
amando desse pesadelo

nossos traumas
são dois velhos
sem almas

eu de mim com minhas fraquezas
aprendo a ser mais forte
talvez na sequência
porque é tão só minha
essa experiência chama sorte

quem sabe um dia a gente aprende
a não cair mais na inconsequência
mais vale a dor latente
que perder essa frequência

vou encontrar seu próprio mestre
meu eu superior
superar meu amor a minha dor

nossa casa feita de pele
idéia a existência é livre
meu corpo de luz tem sete cores
sete belezas e sete amores

amor pra dar na mesa
com saudade
a sala toda acesa
candelabros de tristeza

ainda sou tua
aceita com clareza
meu amor subiu na Lua
beija meus pés de realeza

guerra de biscate
que come peixe com abacate
você mordeu meu coração com alicate
agora eu que me mate

morri
só não

literatura cura
capaz da minha alma obscura
traz luz às palavras da minha loucura
escrevo sem parar até meu amor por você acabar

Inserida por JeyneStakflett

⁠"TESOURO"

Amei o que era infância, ingenuidade,
e, nela, a quem primeira namorada…
Também amei, na adolescência dada,
já com gostinho de promiscuidade!

Me veio amores mais! Pessoa amada
também eu tive em minha mocidade
e, quando veio-me a maturidade,
amei de forma adulta, apaixonada!

Deixou-me, a estrada, pronto pra que agora,
quando a minh'alma velha se enamora,
eu tenha amor sereno, duradouro…

Se eu, hoje, estendo a mão a um compromisso
não quero ser, do sentimento, omisso
e faço, deste amor, o meu tesouro!

⁠"ASSUMO"

Assumo os meus cabelos! Por que não?
Se o tempo os branqueou, foi pela vida
de luta contumaz, feroz, renhida,
que trouxe-me de pé até então!...

Talvez não fora a história pretendida
mas, certamente, tenho compreensão
que foi de muito amor e de paixão
na estrada que me foi dada e estendida.

Se vê-me sob o céu acinzentado
desse envelhecimento acentuado,
perdoe-me se tenho dele orgulho…

Os meus cabelos, pois, assumo brancos
na vida vinda a trancos e barrancos
enquanto, em gratidão e amor, mergulho!

" Toda sexta,
numa cesta macia,
ahhh, fazer uma sesta!!!"

Inserida por reconceituando

"Não me importa se há ou não leitores, eu sempre escrevo para mim mesma."

Inserida por reconceituando

"Poeta é alguém que vê o por detrás das coisas e o por detrás desse por detrás e ainda o por detrás disso."

Inserida por reconceituando

⁠A melhor maneira de eternizar um amor é transformá-lo em romance.

Inserida por reconceituando

⁠O nordeste não é para os fracos
É pra cabra macho, mulher arretada, povo trabalhador
Quem não conhece a tua história
Nem reconhece a tua luta
Não conhece o seu real valor.

Inserida por RuanVieira999

⁠A insaciável sede tem de ser atingida,
repetidamente,
pela água.

Inserida por lasana_lukata

⁠" DESCONFIANÇA "

Se desconfias, vai-se a confiança
no elo que se efetivou no amor
e, o sonho tido, passa a ser terror
de que se deteriore essa aliança!

O que era garantia, era penhor,
se torna apenas dúvida, cobrança,
e o sentimento esfria co'a mudança
de tudo posto, agora, em desfavor.

Difícil retornar ao de consenso
pois que, o caminho a tal, se faz extenso,
bem árduo, tenso, frágil, arenoso…

Se te há desconfiança, abre o jogo…
Escutes, da razão, a voz, o rogo,
pois, sem amor, perdoar é mais custoso!