Literatura de Cordel
Ser escritora em um país árabe significa ser forçada a ser astuta e ambígua, mostrar um pouco aqui e esconder um pouco ali. Ser escritora em um país árabe significa escrever em código, para que um "amante" se torne um "bom amigo".
Ser escritora em um país árabe significa ter que enfrentar a suspeita ofensiva de que um homem nas sombras está escrevendo o que você publica em seu próprio nome.
Escrever é uma das formas mais antigas de oração. Escrever é acreditar que a comunicação é possível, que outras pessoas são boas, que você pode despertar sua generosidade e seu desejo de fazer melhor.
O que a cigana não costumava dizer
“Eu vi o seu caminho
Uma mão difícil de se ler
Um mapa complexo e imprevisível
Mas os seus olhos ..
Seus olhos mostrava o que poucas pessoas conseguiam entender
mas não existe cara feia para um bom leitor ..”.
Escrevo, antes de tudo, por amor, mas também como uma necessidade incansável de ressignificar os pensamentos, a realidade, a vida, o meu estar no mundo.
O autor não pode estar acima de sua obra, assim como o herói não pode ser superior à sua glória, pois ambos são mortais, mas suas contribuições são uma herança perpétua.
Durante meu crescimento – infância e adolescência –, as mulheres sempre estiveram mais no meu radar afetivo. Na escrita, a personagem feminina me parece mais profunda, com mais camadas, um desafio.
Sentimentos verdadeiros não moram em palavras vazias... Sentimentos verdadeiros moram nas atitudes.
Ler é uma experiência que, além de nutrir nosso intelecto e abrir nossas mentes a um universo tecido pelas palavras, também nos enche a imaginação com estímulos e percepções únicas.
Canais
Canais são pequenos caminhos de vida
Eles levam e trazem as marés
E depositam nossos sonhos nos rios
Eles são como veias distribuídas
Por todo o corpo desta cidade
Que embora intensa, moderna,
Urbanizada (e civilizada),
Ainda se conecta de muitas formas
Com a natureza,
Com os rios e com seus cursos.
Canais são isso; conexões com o fluxo do
Tâmisa, pequenos fragmentos de uma
Imensidão sem fim, a desaguar no mar.
Também somos canais.
Pequenos fragmentos
Fôlegos de vida levando o que deve ficar
Para trás e trazendo esperanças
Somos canais de amor.
Precisamos desaguar
Este afeto, este desejo de mudança
Para o mundo neste imenso rio
Que flui sob as nuvens de anseios
Aguardando por desaguarem abraços e choverem reencontros.
Vivíamos então... aquela maneira de esperar pelas coisas que cabe a nós prosseguir de direito, para depois reivindicar de tal maneira.
Incluir aceitação dentro da bandeja do respeito é ir de boca à lixeira, com tudo o qual um dia foi acreditado.
Prolongamos, lutamos, bebemos, voltamos, não findamos e ainda assim existe; aquilo tudo que nos coloca adiante, adiante do que nos fez irmos atrás.
