Lentamente
SEDIMENTOS
tão lentamente quanto o vasto tempo que passou
passa o mundo a uma nova era que não findou
de grão em grão, de fração em fração
o que um dia vivia, agora morto desce ao chão
cada ser, cada elemento, existente em dado momento
deve o seu desaparecimento tão somente ao tempo
nada nunca fica do jeito que um dia foi
e a cada dia algo se vai daquilo que o tempo deixou
no grande leito repousam os seres de uma nova era
ainda não sedimentada neste inconstante presente
a ser entregue num distante e descrente futuro
Aquele que segue pegadas de lobos famintos tem o conhecimento lentamente devorado pela alcatéia, até chegar em estado de decomposição.
Estou em uma estrada caminhando em linha reta…
Sozinha, olhos no horizonte, caminho lentamente…
Em direção ao desconhecido.
Já não corro mais…
Já não sinto mais (ou tento)…
Já não choro tanto…
Somente nos raros momentos…
Em que desligo o meu piloto automático.
Sobre a cama, o cobertor cobre meus pensamentos, lentamente, meus olhos cedem ao brilho e atenuam como o sol por trás das grandes montanhas, sinto minha alma enfraquecer, envolto ao meu próprio corpo como uma serpente sobre a lua, lua que ainda assim me abraça mesmo distante.
Acordei, abri os olhos lentamente e não te vi. Abracei o travesseiro que ainda tinha o cheiro bom do teu perfume, ao lado da cama uma garrafa de vinho, tinha apenas um restinho, as taças não sei onde estão. Sua pulseira e seu laço de cabelo ficaram na cabeceira, lembro que eu mesmo tirei. Junto estavam as rosas já meio murchas, mas lembro que eram cinco e agora apenas quatro, acho que levou uma contigo.
Uma toalha molhada no encosto da cadeira, tinha cheiro de shampoo. Quando me olhei no espelho que ainda embaçado, estava descabelado, e com marcas de batom mas com um sorriso fácil e continuo no rosto. Estava feliz, simplesmente feliz. E me lembrei da noite passada, do amor que te dei, afinal o amor serve apenas para isso, para darmos.
E tu levastes o meu, não sei para onde...
São vestígios e lembranças de uma noite que ainda não aconteceu. De uma noite com alguém muito especial, que eu ainda quero ter.
"Silenciosa
Vem a noite fria
Que lentamente habita em meu âmago
E reclama um verso!
‒ Que pena! Não te tenho rimas.
Sou apenas miragem de uma vida!
Rindo… uma vez outra chorando!
Às vezes de um sonho
De uma canção
Ou de um gemido a devorar-me!"
Rogério Pacheco
Livro: Vermelho Navalha - 2023
Teófilo Otoni/MG
O amanhecer não depende do canto dos pássaros, do sol dourando e aquecendo lentamente a terra, das flores coloridas desabrochando como uma moldura viva a céu aberto. Sequer, o amanhecer, depende da nossa vontade, da nossa expectativa ou da nossa existência. O amanhecer só precisa que a noite, gentil e gradativamente, se retire amparada pelo enfraquecer do luzir das estrelas para que o Tempo nos conceda mais uma oportunidade de ver o dia acontecer começando por ele, o amanhecer.
Conhece o golpe da ilusão? Alimenta a vítima lentamente,com o afago de um capricho,com o salto vazio de uma expectativa,com o comodismo da emoção.
Lamúria Inanimada
Caminhando lentamente,
Seguindo através de uma linha transparente,
Visão turva,
Por ali, se caia uma incessante chuva,
Seria aquilo o pesar de um pranto de amor ??
Perdida em meio ao bombardeio de tanto caô,
Tudo aquilo, será que era um ofurô??
Ela acordou e se viu tão ausente e presente no hoje,
Na direção de um rio de água doce,
Corpo sem sua armadura,
Todo despido,
Sua dúvida era assim tão insistente??
O que estaria tanto em sua mente a matutar ??
Humana ou anjo de candura??
E a sina que tanto perdura??
Pele fria e intacta,
Internamente continua a se despedaçar..
Respiração compacta,
Alarme de longe se escuta a alardear,
Lá, esta ela,
Ainda a sangrar,
Seria esse o real significado do verbo amar?
Garganta sufoca,
Almejando sentir,
A caprichosa textura daquela aguardente,
A clareza de toda a sua acidez.
O confuso que sempre insiste em sabotar,
Lama inesperada,
Se pôs a vestir as botas,
Racionalidade veio pra arrepiar,
Consciência não quis nem mesmo te ouvir falar,
Vários tiros se fez materializar,
Ilusão se fez revoltar,
Incrível foi mesmo ela achar,
Que contra a força de um verdadeiro amor,
Existe algo neste planeta capaz a um prático fim fazer chegar.
Escrito por Madam Avizza em Santos – 25/08/2020
Grande é a saudade que mora em mim
Saudade que invade, que se estende
Dia a dia, lentamente
Ocupa cada canto do corpo e da mente
Que saudade maldita
Rasga o peito e maltrata o coração
Não passando de uma ilusão
Desilusão
Transformando-se em mais saudade
Torna-se a roupa da alma, roupa diária
Alastra-se como raiz e se faz raiz
Ramificando-se no falso sorriso e no "eu estou feliz"
É DE MANHÃ
É de manhã
A luz do sol nasce lentamente,
Contente e solenemente,
Bate suavemente, janelas por janela.
Vai acordar lindas donzelas.
É de manhã
Moços, moças, crianças,
Homens, carros, metrôs,
Ônibus, motos e bicicletas,
Aceleram!
É de manhã
É um turbilhão de vozes,
Barulhos ferozes.
Esta formidável dança,
Pra lá e pra cá,
Cores vibrantes,
Sorrisos radiantes.
É de manhã
Logo, logo o espaço vai ficando vazio.
As casas comerciais e industriais abrem seus corações,
Aos poucos o calor humano sobrepõe as
Ferragens e as frias máquinas.
È a busca do sustento da família,
Ali começa o progresso na nação.
É de manhã
As escolas se amontoam de cores e alegria.
Professores preparam o ensinamento,
Alunos abrem seus ouvidos ao aprendizado.
É o presente dando recado ao futuro.
É de manhã
O orvalho na relva verde declama o amor.
O clarão na montanha assanha.
A mão de Deus cobre de bênçãos seus filhos amados.
É de manhã
É de manhã o nascer da vida,
É de manhã o florescer,
É de manhã que faz acontecer.
É de manhã!!!
Élcio José Martins
Lentamente, sublinho o tempo em que te tornaste a mais bela arte aos olhos dos teus filhos, tão linda e majestosa, que animas e convertes o mundo de quem contigo convive em grande certeza de que vale apenas viver, neste mundo tão incerto e conturbado que é a terra.
Vc abriu o caminho e eu passei, passei devagar, lentamente, de uma maneira que não notou eu passa, não me viu no seu caminho, não me notou lá, mais surpresa eu estou aqui bem no meio do seu caminho agora.
o tempo constrói lentamente
um monumento entre nós
seus meandros são um mistério
tua figura solar se delineia contra o desconhecido
tua figura solar encarna por vezes o inexplorado
em que lar repousa teu pensamento
e quanto perdeu-se de ti
pelas veredas que a muito contento
teus olhos vislumbraram
de mim, quanto havia em ti
do meu amor,
quanto ficou pelo caminho
quanto ainda resta
quanto é necessário
quanto havia no teu pensar
quanto havia na tua ideia de lar
quanto havia na tua volta
tua figura solar me faz lembrar
dos pássaros, do pássaro que parte
para norte ou sul, indelével
e que nunca é o mesmo quando volta
No fim do dia você anda lentamente para casa
Com um sorriso no rosto e o íntimo de um milhão de olhos chorosos
Você segura a lâmina com as mãos trêmulas
Preparado para não errar o corte final
Eu nunca consegui fazer o que era preciso
Lentamente
E todos os dias eu me mato
Aos poucos
Em uma morte
Que permanece viva
Talvez até mais
Que o meu próprio viver.
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