Inverno
Bahia te queria
no inverno me esquentava a cama
no verão me assoprava derretida na lama
segurava minhas mãos com força
me amarravas com tiras de ceda
nunca fui tão feliz quanto naquele quartinho
na ilha do Araujo, teus olhos dois lindos caramujos
lembro bem nossas risadas pelas ruas e praças
entre vales e montanhas tortas sem placas
a gente cantando no carro feito garças
o escritor e a atriz, divertidos comparsas
hoje me esqueceu por aí
blasfema nosso amor, diz que tanto faz
que sou louca, obcecada, te persigo
desequilibrada, exibida e você meu inimigo
só não achei que você fosse tão burro
gênio imperfeito inseguro
fez da palavra algo duro, rabugento carrancudo
seu ciúme é seu escudo vou te deixar no escuro
Este ano o inverno será diferente, pois não será possível aquecer o coração com longos e aconchegantes abraços apertados; mas assim como as estações, isso também vai passar – espero que pra nunca mais voltar – e, enfim, vamos poder abraçar todos estes abraços acumulados.
...não há ninguém, só o inverno de jardim negro, e a noite, e a chuva, e o vento,
um velho sueter aconchegado ao corpo, uma xícara de chá quente...
Apenas caem as gotas lá fora uma a uma,
dividem o frio de um poema terno,
Poeta e poesia são aconchegos do inverno.
O inverno chegou
em véspera tonta
de eclipse anular,
é contigo que quero
constelações tocar.
Ainda não tenho
você aqui ao lado
para me abraçar
e eu te acarinhar
na tua cidade
das sete colinas.
Do mundo doido
para me proteger
e nada nos deter,
aqui cedo ou tarde
comigo vai estar
além das estrelas
e da noites de luar.
Na verdade o quê
importa é que te
trago e exalto
como quem leva
um escapulário,
és minha rima,
sutil planetário
e grã inspiração.
Intangível
O inverno chegou mais cedo e se deitoucomigo sob as flores de uma estação quede tão minha, o tempo não ousou tocar.
NUMA TARDE DE INVERNO NO ARAGUARI
Inverno. Em frente ao cerrado. Está frio
A nevoa espessa na calçada, miro absorto
Pela janela. Rodopia o vento, num assobio
Vai e vem, arrepio, tá frio, um desconforto
O silêncio aqui dentro, lá fora um vazio
Sinto calafrio, que frio, à tarde no orto
E o pensamento em um devaneio vadio
E o sentimento angustiado num aborto
Ai que frio! Tá frio! E a poesia por aí
Numa tarde de inverno em Araguari
E a noite mansa chega assim tão triste
E eu olho o céu deserto, avermelhado
É de frio! O inverno é todo o cerrado
Banhado deste frio, tá frio! Que insiste!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21/06/2020, 16’12” - Araguari
Olavobilaquiando
Inverno
Estação do amor, aquecendo corpos, imenso calor. Sabor ousado, vinho adequado, entre beijos... o pecado.
Olhares trêmulos, marejados, sereno na madrugada, desejo intenso... aflorados.
Lareira a frente, queimando, ímpetos aquecidos, melodia provocante... acordes enveidecidos.
Soando até o amanhecer, instinto proposto, eternizando o prazer.
NUMA MANHÃ DE INVERNO (soneto)
Inverno. Defronte a inspiração. Cato por quimera
Sobre os sentimentos calados, e a agasta solidão.
Devaneios, perturbação. E a sensação na espera
No frio... tudo solitário, e desgarrado da emoção
A vidraça da janela, embaçada, úmida atmosfera
Tal uma tela em branco, aguardando uma demão
De imaginação, e perfume da delicada primavera
Aí, assim, adornar a epopeia devotada ao coração
E logo, ao vir do vento, gelado, ao abrir a janela
Invade a alma a sensação dum vazio subalterno
No horizonte cinza e tão sem uma luzida estrela
E eu olho o céu deserto, e vejo com o olhar terno
Absorto, com uma oca ideia de uma cor amarela
Que priva o estro poético, numa manhã de inverno
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03 julho de 2020 – Triângulo Mineiro
Olavobilaquiando
Ontem você me ligou eis que meu coração ansiou para voltar nos dias de inverno. Sua voz principiava cuidados, meus cuidados. Será que é o meu azul que está te fazendo falta? Será que você entenderá que solicitar por você nos desalentos desses dias é minha forma mais louca de amar você? Fico com as músicas, com os versos soltos lidos de algum lugar, com a porta aberta, minhas cores para te dar e uma saudade que se transforma em ventania e, ainda assim, fico impossibilitado de distinguir se é maior o amor ou a saudade que se repete todos os dias.
Noite de inverno
Me envolvendo nos teus braços, nessa noite de inverno.
Te esquentar é tudo o que quero.
Me apaixonar no brilho dos teus olhos.
Ouvir cada verso e cada palavra que sai de você.
Sentir seu coração palpitando junto ao meu.
Sua respiração lenta perto do meu ser é a única coisa que não quero esquecer.
SONETO INVERNOSO
Inverno, dias tristes, sem luz...
As árvores se despem de seus trajes verdes,
Esqueletos inertes,
Meu pensamento fica triste, sinto tua falta!
Em minha cama enrolada em cobertores,
Onde estão teus braços, enlaces, abraços, não sei!
Onde estão nossos abrigos invernais?
Tudo ausente de meus sonhos, encantos, magias...
Por que partiste para tão longe?
Na solidão das minhas noites,
Fecho os olhos, imagino, sinto você
!
Apareces entre anjos imensos…
Em um céu repleto de estrelas,
Sorris para mim…
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