Homenagem para quem Ja Morreu

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Uma pessoa vai à floresta colher alimentos e já a idéia de um fruto em vez de outro se formou no seu espírito. Depois, pode ser que se encontre um fruto diferente e não aquele em que se pensou. Esperava-se uma alegria e recebeu-se outra. Mas nunca tinha antes dado por isso... que no próprio momento do achado há no espírito uma espécie de idéia de afastamento, de pôr de lado. A imagem do fruto que não achamos continua a estar, por um momento, diante dos nossos olhos. E se desejássemos... se fosse possível desejar... podia lá continuar. Podíamos recusar o bem real; podíamos fazer com que o fruto real fosse insípido, à força de pensar no outro.


[Eu] Pensava que nós seguíamos caminhos já feitos, mas parece que não os há. O nosso ir faz o caminho.

Nada posso lhe dar que já não exista em você mesmo. Nada posso lhe dar a não ser a chave e um impulso. Não posso abrir-lhe outro mundo além do que há em sua própria alma.

Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar

Só sei que eu estou preparada pra quebrar a minha cara se necessário, como eu já fiz muitas vezes na vida.

Feche algumas portas. Não por orgulho ou arrogância, mas porque já não levam a lugar nenhum.

Viver é um descuido prosseguido.
Mas quem é que sabe como?
Viver...
o senhor já sabe: viver é etcétera...

Na saudade descobrimos que pedaços de nós já ficaram para trás.
E descobrimos, na saudade, uma coisa estranha: desejamos encontrar, no futuro, aquilo que já experimentamos como alegria, no passado.
Só podemos amar o que um dia já tivemos.

O amor já está, está sempre. Falta apenas o golpe da graça – que se chama paixão.

Clarice Lispector
A paixão segundo G.H. Rio de Janeiro: Rocco, 2009.

Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares.

Fernando Teixeira de Andrade

Nota: Trecho de um poema de Fernando Teixeira de Andrade. A autoria do pensamento tem vindo a ser erroneamente atribuída a Fernando Pessoa.

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Quando penso no que já vivi me parece que fui deixando meus corpos pelos caminhos.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Rocco. 1998.

Imenso amor? Imenso amor, paixão violenta (...), acrescentando que talvez a definição já não coubesse bem ao atual sentimento da pessoa. Agora era uma adoração quieta e calada.

Machado de Assis
Quincas Borba (1891).

Meu silêncio é o grito mais alto que alguém já deu.

Cada brasileiro, vivo ou morto já foi Flamengo por um instante, por um dia.

Nelson Rodrigues
Fla-Flu...e as multidões despertaram!

Nota: Trecho de Link

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Só de ver o brilho no meu olho, os falsos já recuam.

Emicida

Nota: Trecho da música Triunfo.

Tenho a impressão
que já disse tudo.
E tudo foi tão de repente.

Quando te vi, amei-te já muito antes.
Tornei a achar-te quando te encontrei.
Nasci pra ti antes de haver o mundo.
Não há coisa feliz ou hora alegre
Que eu tenha tido pela vida fora,
Que não o fosse porque te previa,
Porque dormias nela tu futuro.

Fernando Pessoa
Fausto – Tragédia Subjectiva. Lisboa: Presença, 1988.

Nota: Trecho do poema MARIA: Amo como o amor ama.

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Se um dia, já homem feito e realizado, sentires que a terra cede a teus pés, que tuas obras desmoronam, que não há ninguém à tua volta para te estender a mão, esquece a tua maturidade, passa pela tua mocidade, volta à tua infância e balbucia, entre lágrimas e esperanças, as últimas palavras que sempre te restarão na alma: minha mãe, meu pai.

Quem nasce com coração?
Coração tem que ser feito.
Já tenho uma porção
Me infernizando o peito.

Com isso ninguém nasça.
Coração é coisa rara,
Coisa que a gente acha.
E é melhor encher a cara.

A Palavra

Já não quero dicionários
consultados em vão.
Quero só a palavra
que nunca estará neles
nem se pode inventar.
Que resumiria o mundo
e o substituiria.
Mais sol do que o sol,
dentro da qual vivêssemos
todos em comunhão,
mudos,
saboreando-a.

Carlos Drummond de Andrade
ANDRADE, C. D. A Paixão Medida, J. Olympio, 1983

O costume de cair endurece o corpo, ter chegado ao chão, só por si, já é um alívio.

José Saramago
Ensaio sobre a cegueira. Lisboa: Editorial Caminho. 1995