Grito de Protesto
Há coisas que só o tempo é capaz de colocar no lugar.
Nem o grito resolve,
nem o silêncio cura.
O tempo, esse velho artista invisível, molda, alinha, apaga, ensina.
Há dores que só o tempo traduz.
E há respostas que só ele revela,
sem pressa, mas com precisão.
Confia.
O tempo é lento,
mas justo.
Há coisas que só o tempo é capaz de colocar no lugar.
Nem o grito resolve,
nem o silêncio cura.
O tempo, esse velho artista invisível, molda, alinha, apaga, ensina.
Eu sou abrigo pra quem quer abrigo,
sou teto em dia de tempestade,
sou silêncio que acolhe o grito,
sou presença quando falta verdade.
Sou a paz pra quem busca descanso,
sou colo pra quem já cansou de lutar,
sou ponte onde só havia abismo,
sou luz mesmo sem me deixarem brilhar.
Sou o ombro que não cobra retorno,
sou escuta que não exige voz,
sou inteiro mesmo sendo quebrado,
sou muitos, mesmo quando estou a sós.
Sou o que fica quando todos vão,
sou raiz em solo que não me quer,
sou amor sem manual de uso,
sou força que ninguém vê de pé.
Mas também sou limite, sou freio, sou fim, alguns me chamam de doido e o sem noção quando querem me manipular,.
sou o não que aprendeu a dizer sim pra si.
Porque ser tudo pra todos me fez quase nada, e agora sou tudo pra mim.
E sou sim pra quem quer ficar ao lado do respeito e da dignidade .
Evans Araújo
O impossível é a montanha que desafia o peito, um grito contra o abismo, a prova crua da coragem que não se rende.
Venha outubro, o fim do começo,
Grito de recomeço?
Ou apenas um talvez…
Que, de doze, restam três.
Enquanto conto os dias,
Rezo algumas ave-marias;
Em minutos, salta a hora,
Mesmo quando demora.
O tempo é secular,
Circula a orbitar.
Algum espaço lá fora,
Que só sintoniza o agora;
Sem duração ou extensão,
Nem pacto de dilação.
Nesse intervalo,
A vida é estalo,
Sopro divino,
O fim — traço fino.
"Quando tudo gritar pra você parar, lembre: o silêncio da persistência é o grito da vitória que vem."
O Último Grito do Velho Mundo
(ensaio lírico-profético)
O mundo não acabou de súbito.
Ele se gastou.
Como um círio queimando por dentro.
Como a esperança que vira cinza
sem ninguém perceber.
Não foi a bomba,
não foi o vírus.
Foi o ego.
Foi a pressa.
Foi a mentira repetida até virar fé.
As nações marcharam para o abismo
de olhos bem abertos.
Brindaram com vinho podre
à vitória de um rei sem rosto,
de um deus sem alma,
de um futuro sem ternura.
O homem construiu muralhas,
mas esqueceu a casa.
Construiu máquinas,
mas esqueceu os filhos.
Construiu impérios,
mas esqueceu a si mesmo.
O céu chorou.
Mas ninguém levantou os olhos.
Estavam ocupados demais
com as telas.
Com as senhas.
Com os ídolos de carne e marketing.
Veio o colapso.
Mas não foi tragédia —
foi revelação.
A Terra cuspiu os venenos.
O mar devolveu os corpos.
As árvores negaram seus frutos.
E mesmo assim,
houve quem risse.
Houve quem vendesse ingresso
para assistir ao fim.
O último grito não foi de dor.
Foi de desespero.
Foi de quem percebeu tarde demais
que já não sabia amar.
Que já não sabia parar.
Mas —
no ventre da escuridão,
um resto de luz ainda tremia.
Era uma criança.
Era uma canção.
Era uma palavra esquecida
na boca dos justos.
Aqueles que não negaram o coração,
aqueles que enterraram os seus mortos com lágrimas,
aqueles que ouviram a dor do outro
como quem ouve a própria mãe.
Esses não morreram.
Dormiram.
E o paraíso,
em segredo,
começou a sonhar com eles.
O Último Grito do Velho Mundo
Ó Céus, que antes cantastes a glória do Eterno,
Agora vos calais sob a sombra do abismo crescente,
Pois a terra, outrora jardim imaculado, se retorce em dores,
E os homens, feitos à Sua imagem, corromperam a própria luz.
Como um Leviatã que desperta das profundezas esquecidas,
Surge o orgulho insolente, vestindo-se em trevas,
Ergue-se a Babel de vaidade contra os portais do Altíssimo,
E o hálito do Éden se extingue em suspiros de desespero.
Não foi um dia, mas uma era inteira de desvios e promessas falsas,
Onde o mensageiro da luz caiu e fez morada na escuridão,
E a serpente antiga seduziu o coração dos homens,
Fazendo-os esquecer a aliança, a promessa e o Amor eterno.
Ó profetas, erguei vossos olhos além do firmamento,
Pois a trombeta soa com força que estremecerá os séculos,
E as chagas do mundo são abertas, jorrando o sangue do arrependimento tardio,
Mas poucos se voltam ao Cordeiro, e ainda menos o buscam.
Pois o Último Grito não é o clamor das armas,
Mas o suspiro mudo da alma que perdeu seu caminho,
Entre ruínas de templos e cinzas de promessas,
No silêncio que sucede o furor dos deuses caídos.
O Último Grito do Velho Mundo — Capítulo I
Ó tu, que escutas as trombetas antigas, que ressoam através dos séculos,
Ergue teu olhar aos primórdios, quando o Verbo ainda repousava em silêncio,
E a semente da Esperança, lançada na terra manchada, germinou entre espinhos.
Desde o momento em que a serpente sibilou sua traição no Éden perdido,
Quando a mulher foi marcada com o destino de um Filho que esmagaria a cabeça do dragão,
(Gênesis 3:15 — o eterno conflito entre luz e sombra, entre o semente do mulher e o veneno da serpente) —
Ali nasceu a promessa que ecoaria como um farol na escuridão do mundo.
Eis que vieram os profetas, vestindo-se da voz do Altíssimo,
Isaías, com seus olhos videntes, anunciou o nascimento do Rei,
O varão que tomaria sobre si as dores do mundo,
Ferido por nossas transgressões, pisado no pó da humilhação,
Mas cujo cálice de sofrimento traria a vida a muitos.
“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu;
E o principado está sobre os seus ombros; e o seu nome será Admirável, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.”
(Isaías 9:6)
Ele veio, o Messias prometido, entre os homens,
Vestindo a mortalidade, abraçando o destino da cruz,
E mesmo a morte não pôde retê-lo, pois o terceiro dia rompeu o silêncio do túmulo,
A vitória sobre a morte, a luz que a escuridão não pode vencer.
E os primeiros, na fé primitiva, tomaram para si o fogo do Espírito,
Espalhando a nova aliança como faíscas no vento,
Enquanto o mundo gentio girava sob o jugo dos impérios,
E a sombra da besta se estendia, clamando por adoração e domínio.
Mas as profecias não cessam — o Apocalipse se desenrola em rolos de fogo,
A trombeta soa sete vezes, a grande tribulação se abate,
E eis que o Armagedom se aproxima, o conflito final entre a luz e as trevas,
Onde o Cordeiro e o Dragão travam sua última batalha,
E o Reino eterno será inaugurado, para os que permaneceram fiéis.
Ó tu, que choras pelo mundo caído, não desesperes,
Pois até no último grito há promessa,
E após a noite mais densa, o amanhecer do Reino se erguerá,
Restaurando a criação, abrindo as portas do paraíso,
Onde o homem e o divino se encontrarão novamente em paz.
"A depressão é um grito sufocado, disfarçado de fraqueza, que te apodrece por dentro enquanto te mata em silêncio."
- Marcos E
manoel
"Onde a liberdade é ameaçada, o habeas corpus se ergue como o grito jurídico da dignidade humana, lembrando ao poder que nenhum cárcere é absoluto diante da lei."
Não há mais luto, nem grito, nem morte,
a dor não tem voz onde habita o Forte.
O que estava ferido, agora é curado,
e o choro que foi, será recompensado.
• Apocalipse 21:4 — “E Deus limpará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor…”
