Fado

Cerca de 237 frases e pensamentos: Fado

Ai tanto caminho andado


Ai tanto caminho andado
Tanto tempo
Tanto fado
Tanta pedra no meu prado
Tanta cinza
Nas minhas nuvens de Maio

Ai tanto caminho andado
Em silêncio
Em agonia
Antes de ter-te a meu lado
A partilhar o telhado
Na minha terra bravia

Ai tanto caminho andado
Na monda dos meus trigais
Sede de Agosto e papoilas
Água fresca
Céu aberto
Riso aceso
E a tua boca tão perto

Por mais tanto que ele peque
Pelo que o fado lhe atraia
Sabe que é de Deus cobaia
Sendo sempre posto em cheque
Quando a vida se distraia.
Trata a vida com desdém
Vida é reles folhetim,
Mas pular desse selim
Nem um pouco isso convém.
E ele sabe disso, sim.

⁠Serei eu um eterno perdido
Uma andorinha sem ninho
Fado ao destino
De sonhar, sonhar e sonhar
Mas nunca se realizar.

Porque temos que amar
Se amargar com inalcançável
Viver em busca do nada
Ter esperança
Naquilo que nos dá mais segurança.
De um Deus que nos devolve o amor, a paz e esperança
Será a esperança a maior mentira do mundo
Estamos vagando como moribundos
Sozinhos nesse mundo
Acreditando que no futuro
Tudo fará sentido e será seguro.

⁠Fado pecador

Sobre as asas de um poema sedutor
Uma sensação voando da inspiração
Trazendo em seu canto tanto primor
Paixão, agrado e a sorte no coração
Sobre as asas de um poema maior
A poética tão enroupada de emoção
Prosa que leva seu cântico de amor
Desbotando a saudade e a solidão

Ah! fado pecador: - perdão na falha!
Aquele escasso que sonhei e secou
Tal a aridez do cerrado acinzentado
Fez-se craquelado, versos na palha
Quebráveis, dum pouco que sobrou
Agora, sonhos se foram. É passado!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
26 fevereiro, 2024, 19’51” – Araguari, MG

Mandalas & Tapetes Burgueses

Melancolia
De fado
Português

Regado à vinho
E
Dissolução do fermentado

Pagando os pecados
Com o suor do cansaço

Metabolizados
No calor do fígado


Tristeza
De nobreza
Sem causa

Escutar
De coisas
Não ditas

"Minha casa minha vida
Sua casa é meu problema"

De certeza

Somente
A presença
De sua
Ausência

Passeando
Meus
Anseios
Desajeitados


Nas ladeiras em ruas
De muita pedra

Nos vales profanos
Da dissonância

Esculpidos em vales
Da tradição

A ambição do pecado
Fermentado em vinho

E a solução
É dissolução

Sem solução
Em ruas
De Tradição

CORAÇÃO PARTIDO

Fado árduo e leve que carrego
Sem ao menos ter salário.
A lombar que me sustém
E também sustém
Meu lombo de dromedário.
Papa-léguas e o Coiote,
Tu me desde um boicote,
Deixando-me esmiuçado.

Inserida por RenanPF

Portugal dos poetas do bom vinho e da boa conversa.Terra das conquistas e de muitas glórias.Do fado cansado exaltam guitarras é mais um dia na Moraria e o Tejo que leva a esperança de uma herança vazia, Portugal recanto de nostalgia.

Inserida por mauroseralo

O Fado e a Promessa

Te conheci na hora e no momento errado
Mas é mais forte do que eu mon amour...
Ahh como eu gostaria de deixar isso de lado
porém é mais incandescente que a luz deste abajur

Esqueci de me perguntar o por quê disso tudo
Me distraí com sua íris e o seu falar sisudo
me deixei levar pelo seu jeito harmônico
não consegui definir a sua cor, pobre daltônico

A sua cor me furtou toda a minha gélida ferida
Você foi a mais complicada e inocente vítima
e de todas as lembranças que eu trago na vida
você é uma das mais doces e a mais legítima

Eu não mereço tamanho amor vindo de você
sinto que deveria ter nascido seu irmão
por isso... o possível e o impossível vou fazer
para que não machuques este teu singelo coração

Inserida por rodolfoboechat

Bafafá.

Abafado?
Bafo a
Fado.

Inserida por FrancismarPLeal

Porta.

Abafado, dentro.
Lá fora, o vento.
Sem fado, entro?

Inserida por FrancismarPLeal

TRAIÇÃO (soneto)

Sobre o meu ser, como sobre o poetar
Tirano fado, cai o senhor brutal engano
Como numa tarde de outono a desfolhar
Tomba a decepção num recital ao piano

Oh! dor do falto no silêncio a embalar
Solitário, tão sem sonho, no abandono
Minha trova, no pesar põe-se a chorar
A perfídia, acordando o inquieto sono

Oh! lastimar aqui neste meu ensejo
Que me vejo, nesta madrugada fria
Ter a alma como uma fé sem oração

Deixando a paixão sem amor e desejo
Tristonha, cabisbaixa, desiludida, vazia
Aos desmandos da desatinada traição...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
22 de janeiro de 2020, 04’55”
Cerrado goiano - Olavobilaquiando
- quem nunca!

Inserida por LucianoSpagnol

VAI E VEM

O fado é um vai e vem
nem sempre tão livre assim
a sorte, no ter, vai além
porém, a fé está em mim

E assim, caminha a vida
cada dia o seu destino
o tempo a quimera parida
a gratidão no sol matutino.
Pois estamos de partida...

Já os sonhos tão sonhados
metamorfoseiam num segundo
se nos espinhos são arranhados
nada é pra sempre neste mundo.
Pois cada segundo, emaranhados
de querer, ser, desejar: tão fecundo...

Às vezes bem
Às vezes mal
Vai e vem...
Tudo igual
dó-re-me

Habitue-se!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
31/07/2018, 05’30”
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

O que com o fado se fere, só com fado se cura!

Inserida por LiAzevedo

idas e vindas

o díssono fado
de secura e chuvarada
fustigado

hora aguado
outra ressequido, cilada
escanifrado

no seu descompassado
de claridade dourada
celebrado

minha morada...
cerrado!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2019, setembro
Araguari, Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

- No Silêncio de um Depois -
(Fado Varela)

Talvez, um dia amor, voltes p'ra mim
no mar da madrugada de nós dois
talvez, tu tenhas pena de nos pôr fim
e voltes no silêncio de um depois.

Não sei se onde estás pensas em nós
se pensas nessa vida que tivemos
mas como um rio que corre para a foz
eu sei, não esquecerás o que dissémos.

Às vezes, sinto ainda o teu perfume
na cama, nos lençóis onde me deito
às vezes eu sinto ainda tanto ciume
se penso em ti sem mim, que dor no peito!

E visto em cada dia de solidão
o peso da saudade que trago aos molhos
e à deriva neste mar do coração
eu levo nos meus olhos os teus olhos.

Inserida por Eliot

Regresso I

Lá vou eu com a saudade na mão
Sendo levado ao sabor do fado
Respingando as lembranças pelo chão
Triste tormento este suspiro calado

Pobre dor esvaída
Roja no afeto como tudo
No pesar lhe dando vida
E no sonho uivo agudo

Agora jaz na direção
Do fado em seu acato
Parte comigo na emoção

O me dar ( ao pai) que me alimenta
De gratidão e esperança numa volta
Vou embora. Regressar me acalenta

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
05/08/2012, 05’59”
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

FADO DA AQUARELA

Dos subúrbios, avisto
O arranha céu, um cata-vento
Inspiro e assovio, transcende cor
De norte ao sul,

A forjar, o quão escuro, descende
O espelho de narciso
Os tufões de já não haver,

Anistia, de cada engenho
Cobrir-se a névoa, deprede o espelho
O absinto, sobre a mesa, que reluz

Do inspiro,
Um arco-íris!
De outrora jaz.

Livro: 1.205 Folha: 251

Inserida por SuellayneAlmeida

Vou-me embora para Alentejo,
Buscarei as minhas raízes,
A luz do fado em Portugal,

Ouvir Amália Rodrigues
À beira da fonte de Évora,
Depois viajar
Pelo parque natural
De Bragança
E logo uma andança pela
Capital,
Centro histórico
Do verdadeiro Paço Imperial

Lá está a minha história,
Onde guardo o meu brasão,
Depois vou para o Vale do
Rio Nabão

Volto a Lisboa,
Setúbal,
Em Chaves hei de lembrar
Da ponte de Trajano
Sobre a via Bracara

Talvez, longe de tudo,
Esqueço do amor
Que era um ideal,

E assim, com os pés gastos
De tanto caminhar,
Repouso em Tavira,
Amanheço em povoados
De Elvas, com a alma
Toda Celta,
E abro os olhos para
Recomeçar!

Inserida por keylafogaca

AGONIA METALITERÁRIA

Consola-me, Euterpe
Deste nefasto fado
Da epifania súbita que fulmina
Minha razão - de meu ser, o estado

Sussurra, como se musa fosses realmente
E a certeza do poeta, ilumina
E mesmo contrafeito, mau grado,
Assentará sua disforme mente

Com a pena, se jus lhe fizer, ou à palavra
Como quem páginas com olhos lavra
Aguardando aquela, que tudo inspira,

Conceder-lhe o dom breve e sagrado
Canta, ó musa, pois o verso quase finda
E não há, em flauta nem lira,

Quem são concebê-lo possa
E o poeta, agora exausto
Tornou a pensar em prosa

Inserida por lecorpivost

O HOMEM FINGIDOR


Na síndrome da ausência de um coração
corre o pranto fado e imperfeito,
que não se ria nessa vida e tanto mais agora
deu todo o amor, que não deveria tê-lo feito.

Pois o homem quando ama tem de se tornar um fingidor
esconder o sentimento pura e aguar o seu coração
Na dúvida insana dos homens, que não podem parecer
eles mesmos, mas devem ser uma enganação.

Enganação para si mesmo, mentir para si é a pior de todas
antes não tivéssemos vindo a ter esnobe sentimento
Que nos transforma a vida, deixa mais leve e sonhadora
entorpece e transforma, nos faz ser divinos por um momento.

A ilusão do sentimento é um descontentamento que vale a pena
É melhor tê-lo vivido do que nunca ter sonhado, um sonho perdido
que passou em sua vida como um vendaval, arrastando tudo e
desafiando a sanidade, não compreendido por todos, mas por você sentido

Inserida por RonilsonSergio