Escrito na Areia
Deserto
Eis que estou a labutar, neste meu existir,
onde vou eu parar, se não me sinto triunfar?
Luto em vão neste deserto seco, de queimar.
Mal ando, na areia, que me quer destruir.
Ventos uivantes me estão a desviar, da minha rota,
e me querem fazer cair, no deserto à minha volta.
Para eu não chegar às fontes das águas puras,
que estão além daquelas longe avistadas dunas.
Estou cansado de tanto andar, eis que vou já parar.
Vou ficar por estas bandas, a descansar, até retomar,
meu vasto caminho da luta, da minha existência.
Mas já vejo ao longe um sinal de palmeiras verdes,
alma minha continua a tua peregrinação, até terdes,
a tua porção de água, tem aida muita insistência!
Ao olhar para trás vejo meus passos na areia. Posso não saber para aonde vou, mas sei de onde vim, e para mim é o suficiente para seguir em frente.
Castelo de Areia
Do castelo sou o rei...
Sou tão grande que não posso entrar.
Nesse reino situado,
Nas areias do imenso mar.
Mais ainda sou o rei,
E ali posso entrar.
No castelo de areia,
Na beira do extenso mar.
Pois lá estão guardados,
Os sonhos que irão se realizar.
No pequeno castelo,
Nas areias desse mar.
Os sonhos são meus tesouros,
Que ninguém pode roubar.
E do castelo sou o rei,
Mesmo grande,
Só eu posso entrar.
No meu castelo de areia.
De vista para o mar.
(2000)
O tempo deposita sobre nossas lembranças uma fina camada de areia, um vento traiçoeiro e tudo vem à tona
Dois poetas
Como se fossem o mar e a areia, enquanto um empurra o outro só abafa a dor do outro, absorvendo nao só a pancada e sim conhecimento para algo mais forte por vir, e acalmar a tempestade, que é o seu pensamento.
Se juntarmos a areia da praia, com toda a água do mar;
Ou ainda as flores do campo, com as Estrelas no céu a brilhar;
Não somariam a metade, do que tenho pra te dar;
Meu amor é de verdade, para sempre irei te amar...
Todo fim (objetivo) que é alcançado através de meios errados, esta condenado ao fim (encerramento). É como uma casa construída com fundamento de areia, por algum momento ela até fica de pé, mas vem abaixo com o primeiro vento.
Noite quente, o sono não chegou,
contava estrelas em minha janela,
Quem sou eu nessa imensidão?
Um grão de areia no Saara...
Basta o tempo
Que bata a água
Será o tempo ou o vento
Que encrespa a linha d'água
Aquela linha
Continua e reta
Que marca a pedra
Limite d'água
Alí na areia
Morna e tenrra
Pedra líquida e cheia
Seca e molhada d'água
Naquela onda
Espumada e branca
Retumba o som
Arqueia a linha d'água
Molham os pés
Depois as mãos
Quando dispersos
Atravessam a linha d'água
Agreste...
leito seco,
em passo lento,
tormento...
ausência...
cicatriz...
violento...
clemência...
minha demência...
margeia,
a pequena veia,
enfeia...
areia
seca,
o vento,
o cisco,
o olho,
a lágrima...
culpa do vento...
- Vamos brincar de passado?
Dizia a lágrima à areia.
- Eu sou a saudade,
tu és o amor.
Mas neste instante a lágrima rolou,
misturou-se à areia...
E nunca mais voltou!
A Saudade e o Amor
Arita Damasceno Pettená
