Escrita
EU ME SINTO
Sinto-me como uma criança colocada a força em um balanço e presa nele, enquanto ele gira em torno de si mesmo sem parar.
Como uma criança que não consegue ver nitidamente o que lhe cerca, o mundo a sua volta.
Como uma criança sem forças para parar o balanço, mas exausta de tanto tentar.
Como uma criança com tanto medo dentro de si que não consegue gritar.
Como uma criança que tudo o que faz é chorar.
Como uma criança, esperando que alguém possa me salvar.
Como uma criança com um imenso desejo de que tudo apenas acabe.
Inspiração vem à mente,
anoto tudo para não esquecer.
Quando estou inspirada
eu sou uma máquina de escrever.
Você pode fazer a melhor pesquisa e apresentar o argumento intelectual mais forte, mas se os leitores não passarem do terceiro parágrafo, você desperdiçou sua energia e tinta valiosa.
A arte surge quando alguém transforma um acto animal num objecto cultural que se pode tornar sublime. Ao pintar uma cena na floresta, o homem torna- se Deus porque cria numa tela a natureza, ao contar uma história num romance o homem torna-se Deus porque cria no papel a vida de pessoas, mesmo que imaginárias.
Há aspirantes a escritores que se julgam tão superiores que não aceitam, de maneira nenhuma, ser corrigidos gramaticalmente.
Às vezes ou com frequência eu cometo nos meus textos o erro de concordância verbal. É algo ainda a acertar na minha (ainda jovem) escrita. Sete anos. Escrevo desde 2013.
Não prometo, nem garanto nada para não decepcionar ninguém. Não sei se um dia eu atinjo a perfeição nesse quesito.
Está certo que escrever (livros) é diferente de ser autor publicado.
O segundo caso pode ser a evolução e a realização do primeiro caso.
Eu não me importo se eu escrevo, publico o que escrevo e (quase) ninguém lê.
Eu só quero
escrever, escrever, escrever.
Escrever ficção sempre foi, para mim, uma alquimia de transformar a dor em poesia, a feiura em beleza. Tem sido uma espécie de redenção.
O dom para algo vem de Deus. Se você não acredita em Deus não tem como acreditar mesmo que a escrita, por exemplo, é um dom de Deus dado a alguém.
Gosto do desejo dos outros que surge do meu desejo e o modifica, gosto dessa projeção, gosto de desaparecer atrás dela, não gosto mais de escrever, mas gosto dessa falsa liberdade.
Só quem escreve sabe o peso de cada palavra. Da ficção, à realidade sempre há um pouco de si, de suas verdades. Fora o imensurável prazer, quando se percebe, que apesar das diferenças, somos tão iguais, pois, o que se escreve também se encaixa no necessitar de outro alguém. Não importa se amadores, consagrados ou só por passatempo. Escrever sempre será o ato de derramar-se, porque não se pode conter a tempestade de palavras que se tem na alma. Há varias maneiras de expressar-se, e através delas busca-se a liberdade. Na escrita, nada difere, cada palavra desacorrenta, é como um aplanar suave sobre os nossos sonhos, e uma brisa que se sente quando conseguimos fugir do que nos aprisiona. Escrever sem dúvida também é um ato de coragem, pois, nem todos aceitam se expor. É quando se transforma o “eu” em palavras, desnuda-se alma, e você está ali em cada ideologia, crença, poesia, escrito, ficção, em cada linha, em cada pensamento.
Ainda que pareça vão cada palavra, sua missão é rara, é dádiva. O segredo é sempre utilizar das armas que tem, para o bem. Utilizar-se da escrita para mover o próximo para o novo, para seguir sempre em frente e ver a vida de forma realista e consistente.
Escrever é um ato de libertar-se, a mesmo tempo em que se alforria outras mentes.
Nem o céu é o limite
Quando os sonhos
São maiores que
O próprio Universo.
Encare a vida como um céu azul,
e as nuvens como apagador,
que a cada passada deixa a
lousa limpa para uma nova
história ser escrita.
As nuvens sempre passam.
Podem ser nuvens claras ou
escuras, mas sempre passam.
Talvez tenha que chover uma
tempestade, mas ela também passa.
Compreenda que você não é nuvem, você é céu.
