Epígrafe de Livro
Entre quatro mil estrelas
Aqui o lugar é lindo
Tudo é leve e mais fácil
Não significa que não da saudade
Porque quando o peito dói
E o coração aperta
Tudo fica difícil novamente.
Sei que ai tambem não está fácil
E as vezes essa dor que te consome
É a mesma que também me faz chorar
Mas como sempre dizíamos
A vida não é fácil
E quem disse que seria?
Faz um tempo que andei distante
Tentando não me prender aqui
Mas não consegui.
Há pessoas na vida que um simples adeus não basta
Nunca bastará
E por isso todas as noites quando voce se deita fazendo perguntas para a lua
Ali estou eu, entre quatro mil estrelas
Brilhando de saudades sua.
"Hoje, dia 19 de fevereiro de 1946, comemoro sozinha meu aniversário de 80 anos, sentada à mesa do Le Dôme Café, na Boulevard du Montparnasse.
Degusto uma deliciosa xícara de chocolate quente apreciando o maravilhoso cair da tarde de inverno extremamente frio, porém, ensolarado.
Pensativa, faço uma reflexão de minha vida".....
Trecho retirado do livro "Como Num Piscar de Olhos"(Brasil), da autora Adriana Manduco.
Romance de época que retrata, com sutileza, fatos importantes da história.
Nos serenos dos montes.
O meu desejo bate como as águas que caem nas fontes.
E deságuam no seu coração,nas noites enluaradas do sertão.
livro: inspiração em mim.
Autor: Marco silva
Poema Nascimentos
Lembro-me do último dia em que nasci,
e de outros nascimentos.
Talvez tenha sido servo de Nefertiti,
Cônsul dileto da Imperatriz.
Togado professor no Kansas.
Eremita numa caverna desabitada no Sul.
Quantas vezes me viveu, este jeito de existir?
Fui conselheiro de Napoleão.
Astrônomo inglês a velejar no céu.
Ou será que sou apenas,
quem te encontrou vestida de ramos,
numa manjedoura em Belém.
Não me sei bem as idades.
Vivo de sentir memória.
Vivo de viver no que cabe.
Lembro quando corrias atrás do Tiranossauro.
Quando pisaram na Lua e viram teu rosto estampado.
Assim nos fundamos de uns outros em nós.
Nos cingimos de tantas vozes que coabitam.
Como não ter me impregnando daquilo que pressenti,
Quando lia o livro da vida que um dia passou por mim.
Carlos Daniel Dojja
A questão é: ficamos felizes em supor que nossos netos talvez nunca consigam ver um elefante, exceto em um livro ilustrado?
Há dias que as horas não passam,
O dia se arrasta,
Meu sofrimento se intensifica,
Fecho os olhos e deixo a mente vadiar por lugares floridos.
Dia de alma leve e vida breve,
Sorrisos antigos...
Novos horizontes, caminhos planos, futuros impossíveis.
Sonho como criança!
Posso abrir um livro para dar aquele giro. Sentir os cheiros, novos sabores, o som da música, o afago da mão amiga.
Assim sinto que às horas tem asas.
O dia passa veloz.
Meu sofrimento assim findo.
Ira
Eu João, irmão vosso e companheiro na aflição,
pela fé em Jesus, no reino e na perseverança ,
Estava na ilha de Patmos, em minha prisão
fui arrebatado em espírito, na minha esperança .
Isto foi no dia do Senhor, quando aconteceu...
E ouvi detrás de mim, uma grande voz forte.
Como se fosse um de uma trombeta toque.
E uma ordem ele, me naquele momento, deu.
O que vês, escreve-o num livro de profecia,
e envia-o às sete igrejas que estão na Turquia.
A Éfeso, a Esmirna, a Pérgamo, e a Tiatira.
E também a Sardes, a Filadélfia e Laodiceia,
e me ordenou, de nada disto tu receia,
envia às igrejas e ao mundo, o dia da minha ira!
Baseado em Apocalipse 1:9-11
Às vezes, o lugar que a gente precisa para descansar o olhar cansado da mesmice do dia a dia está apenas a um livro de distância.
Ipê
Profunda e lentamente
Quero ser raiz certo dia
Embaraçar-me e enraizar na sua indecisão
Sufocar-te
Esmagar sua covardia
E você vai gritar encarniçado
Arrastar tempos
Consoantes e vogais
Vai verbar seu timbre
Asfixiado
Em noite de lua abarrotada
E não te reconhecerei
Serás estranho
Te matarei
Sem remorso
E na estação que interrompi
Para adornar esta conquista
Vou florescer
E de nada me lembrarei
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury
Fruto do Pai
Meu pai dizia
Que tinha de ser aroeira
Lustrar a epiderme cinzenta
Pinçar as sobrancelhas
Escovar o hálito
Acetinar os cabelos
Cortar as cascas
Ser adstringente nas respostas
Resinoso para atrair
Não ter muita importância
Se banhar de estimação
Ser baga trilocular
Desconfiar
Que somos
Filhos de Deus
Em parto humano
Que nada descende
De nossa criação
Mas do espírito
Capsula
Suavizada em Deus
Com nome e identidade
Pela vida além
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury
Poema
Não gosto de poesia
Nunca se despe
Aparece
Desaparece
Nunca tem fim
Aromática
Cheia de banhos e feridas
Levanta em versos
Cheia de arranhaduras
Esfola
Cozinha
E nunca serve a mesa
Arrebata
Arrebenta
Arrepios
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury
Saudades
Saudades, jardim de aromas, redemoinho de lembranças que se
espalham repentinamente; desabrocham em torrentes de lágrimas,
Em conta-gotas
O tempo pára
Retrocede
Para vivermos de novo.
Viver, agora, em sentimento
Em saudades
Em lembranças
Nas sombras do passado, na luz do presente.
Nas sombras das lembranças, ternas passagens, saudades,
aromas perdidos, estreitas aparências, vampiras recordações.
Na luz de todo dia, construindo saudades, suaves, a cada dia, Ave
Maria, nas contas do terço de nossa existência, espalhando aromas para que possamos ter sempre
Saudades.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury
As Serras de “Trem”
Nos altos e nos baixos
Nos vales e nos picos
Ondulando caminhos
Caminhos de Minas
as curvas não encurtam
Caminhos tortos,
Caminhos de Minas.
Nos caminhos
Os trilhos
Os trens
O trem
O que é que tem
Vamos esperar
Aí vem
Um café
Que está um trem.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury
Verdes Primícias
A Vida Prometia
Eu queria
Em cada frase
Deitada e deixadas nas linhas
Talvez abandonadas
Do nosso querer viver
Mas vivi
As primícias
De cada frase
Abertas
Destrancadas
Do seu verde adstringente
Deixei e deitei nelas
As proposições
Conclusões
Premissas
Da açucarada impossibilidade
Que ficou
Impregnada
No meu viver
Hoje revolvem
Os derradeiros
Sentimentos
E prazeres
Que só pertencem a você
Sempre verde.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury
Seremos
Eu te esperei
Sonhei anos
Séculos
Te aguardei
Te separei
Do resto
Ouvi sua voz
Naveguei
Voei
E vi
Que eras tu
Me desesperei
Te disse: Nunca
Chegaste no meio do verso
Sem ritmo
Serias ferida aberta
Metáfora tingida
Versos trancados
Quis gritar
Viajar
Voar
Navegar
Parar
Mas para falar de ti
Tem unguento
Meu amor
Minha frase
Se veste delas
E seremos
Felizes.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury
Obra de mãe
Esculpida no angico
Na angina dos dias
Ao meio-dia
Respirei
Havia chuva
No meio do dia
Brotei
Havia santos
Todos os santos
E me benzi
De todos os dias
Havia
Dor
Amores
Tumores
Andei
Dei formas
De acácias
A cafés
Negociei
O gosto do aroma
A infusão
E nas xícaras destilei
Mãe me recolhe
Quero seu colo... Embrionário
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury
As loucas
Jesus manso e humilde de coração
Fazei a minha essência semelhante à sua
Todas ficaram loucas
E fico a observá-las
Cuspirem sua demência
Mita tinha depressão
Comprava
E acumulava o mundo às prestações
Sofria nostalgia de aquisições
Férula eriçou os cabelos
Seus olhos mancharam de vermelho
Conseguia mastigar e digerir ódio
De sua boca proferiam palavras fétidas
Assia vagava pelo quintal
Blasfemando a chuva
Costurava vestidos com os dentes
Perdeu todas as joias
Ficou banguela
Procurando amores
De favela
Meu Deus
Tenho tanto medo
Fazei meu coração semelhante ao seu
Átia vivia de comichão
Seu cerne brotou na pele
Vivia de olhos apagados
Cabelos opacos
Feridas e pruridos
Cascas
Manchas e desilusão
Filha de Maria
Também ficou louca
Veste-se como santa
E diz que espanta o diabo
Jesus abrande meu coração
Tenho receio
Das alucinadas
Geórgia sabia amar
E enlouqueceu
Citava cacos de versos
Nas esquinas
Envelhecera com flores nos cabelos
Destrancava a casa à noite
Esperando fantasmas amantes
Ave Maria
Misericórdia
Todas ficaram loucas
Onde percorreram seus olhos?
Do que se embebedaram?
Quais sementes ingeriram?
Que germinaram loucas
Masmorra
Ficava em alguma rua sossegada, de vias estreitas, quase sem saída.
Moradia empilhada, de paredes finas e escadas escuras. Janelas apertadas davam ares de sufoco aos segredos. Entreabrindo a porta; de nada se vestiam as paredes, o chão empoeirado mostrava que ali morava o desabitado. Esperava encostada em alguma divisória o ingresso de uma figura dramática.
Chegava o visitante.
Sempre apertava seus braços e engolia seus beijos. O desejo e o medo se amavam.
Violavam a repreensão.
O temor logo desaparecia e os anseios gritavam doídos em sua carne explorada.
Havia um espelho mofado no lavabo, deformando sua imagem.
Iludiu sua boca de encarnado e saiu ajuizando que havia sido furtada por algum sentimento obscuro.
Na rua admitiu o sol abrasador iluminar sua marcha.
E nada do que desejava na sua profundeza permaneceria
no cárcere infinitamente.
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury
Nus
Estávamos despidos, nos cobrindo de algodão sem o mundo descortinar nosso pecado.
Seus pelos haviam arranhado minha pele e sem dizer que te amava, perguntei:
- Ate quando?
- Até algum dia. Nos vemos por aí.
Disse palavras sem hora, jogou displicência na minha cara.
Mastiguei sua elegância sem defeito e desapareceu pelo corredor.
Me vesti de transparência, masquei meu pecado. O celular tocou, era você novamente.
Atendi e verbalizou:
- Saia daí, ela vai chegar.
Não alterei meus passos entrei nas teias das mentiras e embriagada de culpa, “traguei “meu último pensamento:” isso não vale nada.”
E saí sem esperança e avancei rumo ao FINITO.
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury
