Autran Dourado

1 - 25 do total de 44 pensamentos de Autran Dourado

Depois, muito depois, foi que começou a dar conta de si, como se voltasse de um mundo de brumas, como se acordasse de um sono pesado, despovoado de sonhos.

Nada parecia mudar e tudo mudava para ela, sem que pudesse perceber. [...]Ela se acostumava com aquela vida que seria agora sempre a sua vida.

Autran Dourado
DOURADO, A., Uma Vida em Segredo, 1964
Inserida por pandavonteese

Um dia sentiu que precisava parar de pensar em como tudo tinha começado, como ela deixou que tudo começasse. Sentiu que precisava mudar, precisava fazer alguma coisa para acabar com aquele sofrimento tão fundo, tão continuado. Se não fizesse nada, se cultivasse a sua dor, tinha a certeza de que não lhe restaria outro caminho senão se embrenhar no mundo, virar coisa, morrer.

Sozinha no quarto era quando se sentia mesmo miserável. E ruminava a sua dor, se repetia, o grande ressentimento que afundava dentro dela.

Embora Mazília estivesse viva, a sua lembrança lhe chegava como lembrança de gente morta, como a neblina da mãe longíqua. Como se tivesse morrido e não voltasse nunca mais. Ou se voltasse, ai sim ela via medo, seria uma pessoa inteiramente diversa.

Inserida por pandavonteese

Na verdade Mazília para ela já morreu, sem que Biela percebesse. Mazília - o seu piano, seu harmonium, as suas belezas - Era mais uma camada de terra no coração.

Autran Dourado
DOURADO, A., Uma Vida em Segredo, 1964
Inserida por pandavonteese

Ninguém sabe o que se passa dentro de ninguém, somos muralhas uns para os outros.

As coisas mais importantes, para os criadores, sobre romance, foram ditas por romancistas.

Autran Dourado
DOURADO, A., Uma poética de romance: matéria de carpintaria, São Paulo, DIFEL
Inserida por autran1956

Eu sempre procurei pensar a minha obra. Analisá-la e mostrar como eu a concebo e faço.

Autran Dourado

Nota: Em depoimento prestado na Faculdade de Letras da UFMG em 1992

Inserida por autran1956

O escritor que sou tem seu limite precisamente nesse confinamento mineiro em que sempre vivi atrelado.

Inserida por autran1956

O lugar onde a gente vai é sempre tão diferente, tão mais seco do que o lugar que a gente sonha.

Autran Dourado
DOURADO, A., A Ópera dos Mortos, 1967
Inserida por autran1956

A gente deve falar sem medida, a gente deve falar sem medo, conforme dita a regra do coração.

A vida era o comum da vida da gente, sem nenhum outro mistério e sobressalto senão o mistério mesmo de existir.

Autran Dourado
DOURADO, A., A Ópera dos Mortos, 1967
Inserida por autran1956

A gente deixa sempre presença no mundo, nos outros. E o que fica, o resto evapora.

Autran Dourado
DOURADO, A., A Ópera dos Mortos, 1967

Meu Deus, meu Deus, por que tenho esses pensamentos? É deixar a rédea solta e lá vou eu por este mundo sem fim.

Autran Dourado
DOURADO, A., A Ópera dos Mortos, 1967

O pensamento boiava longe, num azul longe, numa paisagem sonhada, era como se sonhasse.

Autran Dourado
DOURADO, A., A Ópera dos Mortos, 1967
Inserida por autran1956

Luz e dor, o primeiro conhecimento do mundo.

Inserida por autran1956

Melhor não pensar. Quanto mais reza, mais tentação aparece. A vida é pra frente, o que ficou pra trás é escuridão, poeira só, lembrança.

Autran Dourado
DOURADO, A., A Ópera dos Mortos, 1967

O sol não tem memórias, o sol invade a terra, atravessa os homens, escurece-os de sombras, seca-os.

Autran Dourado
DOURADO, A., A Barca dos Homens, 1961
Inserida por autran1956

Os homens necessitam de espelho para se verem. Ou de uma ação qualquer, de uma luta qualquer.

Inserida por autran1956

Há muitas coisas escondidas dentro do homem, que o pensamento jamais descobrirá.

Não vivo de escrever. Vivo quase que para escrever.

Inserida por autran1956

Se há para mim alguma aventura, é a aventura da escrita. A escrita é o sustentáculo da minha solidão.

Autran Dourado
DOURADO, A., Os Sinos da Agonia, 1974
Inserida por autran1956

Uma história não deve ser apressada, tem-se de compor devagarinho, é que nem bordado, deve obedecer a um risco.

Escrevo para entender a loucura humana em geral e a loucura particular que é Minas Gerais.

Autran Dourado

Nota: depoimento prestado na Faculdade de Letras da UFMG, em 1992.

Inserida por autran1956