Depois
O TREM QUE PASSOU POR AQUI
Passou, primeiramente, o trem...
Logo depois, uma embarcação também
Ousou passar; e passou repleta de fardos banais
De minha vida, levando tudo pro fundo do mar.
Difundindo seu triste ruído insano,
Desponta-se no horizonte
Um impertinente aeroplano...
[todo dissimulado],
Trazendo, outra vez, terríveis fardos
Presenteando minha pobre vida;
E passou depressa,
Mais rápido que um foguete, cortando o céu
Fazendo minh’alma desencontrar guarida.
Passou mais rápido
Que o velho trem, que o pobre barco,
Que famintas águias destras a caçar;
Passou mais rápido que a própria aeronave
Executando voos rasantes pelo ar!...
[Na verdade, um míssil devastador e mui temível]
Ainda, assim, bem menos nefasto
Que as ondas bravias do meu triste mar.
E lançou um fardo pesado em minha vida,
E deixou um rastro marcante, causando ferida...
Um verdadeiro vai-e-vem de homem vencido, alucinado
Embevecido, [e desvairado].
Um pouco de tempo mais tarde,
Um som de interrogação preliminar soou aos meus ouvidos:
“Cadê o trem, o qual por aqui também passou”?
Respondi, escrupulosamente, que o trem só veio aqui
Presentear-me com a paz, a liberdade...
E sanar a minha dor.
AUTOR: Sivaldo Prates Ribeiro
OBS. Poema classificado em concurso literário nacional
(SARAU BRASIL 2017)
Borboleta errante.
Eu vi borboletas voando em duplas.
Depois de um tempo, só uma voltou.
Bem-vinda, borboletinha, ao meu mundo.
De possuir o céu,
de voar sem rumo,
de amar o prumo torto da vida,
de ter a esperança, perdida,
de encontrar nesse quintal mundano,
a outra borboleta que errando,
foi com o vento, passear.
Depois de muito de ler e algumas biografias de Mahatma Gandhi, em que toda a duvida ela gera uma pergunta ? Se Gandhi era da paz, por que foi para a guerra? O indiano Mahatma Gandhi trabalhou na África do Sul por duas décadas depois de se formar como advogado em Londres. Nessa época, ele admirava o Império Britânico. Na Guerra dos Bôeres (1899-1902), entre britânicos e colonos descendentes de holandeses, Gandhi tomou o partido dos ingleses e comandou um grupo de carregadores de maca.
“Aqueles que conseguem cuidar de si próprios no fronte de batalha vivem em saúde e felicidade”, escreveu Gandhi.
Ao ajudar os feridos, Gandhi queria conquistar mais direitos para os indianos que trabalhavam na África do Sul, então parte do Império Britânico. Em 1906, ele voltou a transportar soldados ingleses durante a repressão aos nativos zulus.
Gandhi voltou para a Índia em 1915. Três anos depois, ele se juntou a uma campanha governamental para estimular os indianos a se voluntariar e integrar o Exército Britânico. “Está claro que aquele que perde o poder de matar não pode praticar a não violência”, dizia o líder espiritual. Para convencer mulheres a liberar seus maridos para a guerra, ele apelava para a espiritualidade hindu: “Eles serão de vocês na próxima encarnação“.
Em seu país natal, Gandhi desenvolveu ainda mais suas ideias. Segundo ele, a Índia chegaria ao swaraj (autonomia) quando conquistasse quatro coisas: uma aliança entre muçulmanos e hindus, o fim da casta dos intocáveis, a aceitação da disciplina da não-violência como um modo de vida e a produção local de fios e roupas. “As conexões lógicas às vezes só eram claras para ele. Gandhi era capaz de dizer que a união entre hindus e muçulmanos não poderia ser alcançada sem a fiação manual de roupas (…) Nem todo mundo entendia, mas suas palavras se tornaram crença para um grupo crescente de ativistas“, escreveu Joseph Lelyveld no livro Mahatma Gandhi e sua luta com a Índia.
Em 1930, Gandhi comandou a Marcha o Sal contra os impostos ingleses e ganhou fama em todo o mundo. Em um tour pela Europa, ele se encontrou com o fascista Benito Mussolini. O italiano o considerou um gênio e um santo, principalmente pela sua capacidade de enfrentar o poderoso Império Britânico. Em uma carta para um amigo, Gandhi deu sua opinião sobre o fascista:
“Muitas das reformas dele me atraem. Parece que ele fez muito pelos pobres camponeses. Eu sei que tem uma mão de ferro lá. Mas, uma vez que a violência é a base da sociedade ocidental, as reformas do Mussolini merecem uma análise imparcial“
Só quando Benito Mussolini invadiu a Etiópia é que Gandhi mudou de posição. Em 1947, sua doutrina da não-violência comprovou-se fundamental para que a Índia se tornasse independente.
A inconstância dos bens do mundo
Nasce o sol, e não dura mais que um dia,
Depois da luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém se acaba o Sol, por que nascia
Se formosura a Luz e, por que não dura
Como beleza assim se transfigura
Como o gosto da pena assim se fia
Mas no Sol, e na Luz, falte firmeza,
Na formosura não se dê constância.
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância
Não adianta eu lhe amar de todos os jeitos, se depois do deleite você me despreza de todas as formas.
Quando olho nos teus olhos, bebo...me delicio e vivo ! Sou paixão; depois...o que quiser !
27/06/2017
Élcio José Martins
A INTERROGAÇÃO DA CURVA
O que tem depois da curva?
Pode ser o monstro que uiva,
Ou o santo que cuida.
É São Cristóvão que ajuda.
A interrogação persiste,
No medo que existe.
Não tem regra nem palpite,
E nem Lei que eu acredite.
O que tem de lá,
Não pode ser o que tem de cá.
De cá é o que conheço,
De lá virá o que mereço.
Rezo a reza, rezo o terço,
Vida longa que eu mereço.
Tempo de ida e recomeço,
Vejo a curva pelo avesso.
Interrogo o tempo,
Interrogo o maestro do tempo.
Perco a hora, perco o tempo,
Faço contas, quero mais tempo.
Curva leve a acentuada,
Com descida e encruzilhada.
Estrada da vida transitada,
Pelo amor e a intolerância malvada.
Pequenos automóveis na estrada,
Cruzam carretas desgovernadas.
Estradas esburacadas,
Ceifam vidas estruturadas.
Vem o medo e some o riso,
Irresponsabilidade sem juízo.
Na placa tem o aviso,
Seu freio é seu paraíso.
Mas na curva da ilusão,
Tem caminho e direção.
Afoga as mágoas da emoção,
Tem o amor que acelera o coração.
O câmbio que muda a idade,
Troca marchas de sonhos e saudades.
Quinta marcha dos Casebres de bondade,
Pede a ré os rincões da falsidade.
Mas tem a curva da fé,
Homens justos ficam de pé.
Foi Maria e foi José na manjedoura de sapé,
Que deu ao universo Jesus de Nazaré.
Élcio José Martins
Sem Razão.
Ontem, depois da chuva
Outra vez algo constante
Presente em pensamentos
Sem palavras, sem versos,
Sem traves, graves incidentes,
Sem pauta e sem clave de sol
Duram sempre
Pouco menos que momento
Constantemente cortantes
E que demoram muito a passar
Meus olhos, não sei dizer se choram
Sei que o coração sempre se abate
Timidamente, um tanto pálido
Palidamente lívido
A noite passa
Hoje, bem antes do Sol
Respiro o nevoeiro
A cada dia mais sólido
A graça dos raios
Sutilmente coloridos
Despontando no horizonte
Ausentes aos olhos
de quem busca somente nos sentidos
A causa e a razão para vê-los
Eu penso e relembro
A imagem de olhos, cabelos, palavras
Penso no nada
Existente num lugar incerto
Que fica exatamente
Na linha imaginária
Que demarca o limite Longe-Perto
Um lugar que fica
Entre o Mar e o Deserto
Existentes
Nos nossos corações humanos
Agora, antes da tarde
Compreendo o ponto tardio
Uma certa visão
Que em outra versão
Ou época qualquer
Causaria arrepios
Mas agora são tão poucas
deslocadas, sem foco ou razão
Que quase nada me causam
Além da costumeira tristeza
Última certeza que restou na vida.
Edson Ricardo Paiva
Aluno não se reconhece,oprime,intimida,ameaça e não sabe por que ficou para recuperação.Depois repete a dose no II bimestre. ...no futuro se encontra com o desespero crônico. "Quem ajuda o tolo terá de ajudá-lo novamente"
Algumas pessoas dizem que a vida deveria ser como um rascunho, para vivermos uma vez e depois passarmos a limpo; Sendo de que a vida é assim, pois a cada dia que passa temos uma nova chance de passarmos a limpo.
Acredite em algo e o Universo está prestes a ser alterado. Porque você mudou, acreditando. Depois que você mudar, as outras coisas começam a mudar. Não é assim que funciona?
Não se preocupe com o sorriso que não pode manifestar.
Depois da dor vem a alegria.
Então faça a sua parte!
Mais adiante, será presenteada com sorrisos fartos.
Eu jogo fora uma hora por dia pelo menos deitado na cama. Depois eu
desperdiço tempo brisando. Desperdiço tempo pensando. Desperdiço tempo
ficando quieto e sem falar nada, por medo de gaguejar.
"Não senti nada, fiquei imóvel por algum tempo, depois lembrei que precisava respirar, e lembrei o que me fez parar: Você, o medo de perdê-lo de repente ou cedo demais, vi alguém ir, fiquei com medo de você também partir!"
Será que é isso ?
O silêncio...
Será este o meu destino ?
A solidão ?
Mesmo depois de passar por tudo isso sozinho
Eu vou continuar assim ?
As pessoas me assustam
Ou será que eu as assusto ?
Viver sozinho, estar sozinho, até que não é tão ruim...
Pelo menos posso pensar sem me preocupar com os outros ao meu redor
Os outros não se preocupam muito comigo, será que eles sabem que eu existo ?
Será que eu vivo ? Ou apenas existo ?
Existir é um fato, o fato de eu exitir não existe, é como algo que está ali mas não pode ser visto
Só aqueles com a chave secreta pode desbloquear este objeto, que pode ou não gostar de você
Eu só mudo por aqueles que mudam por mim, ou por aqueles que me entendem
Eu não vou mudar só por que a sociedade quer que eu mude, eu sou eu, não vou ter uma personalidade que não tenho apenas por que os outros querem
Mas eu sei que tenho uma personalidade original, que eu posso chamar de minha personalidade, só preciso buscar ela, eu sei que ela está em algum lugar dessa mente bagunçada e desse coração confuso, mas ela está aqui !
A solidão não é nada mais do que a falta da própria personalidade, busque esse "eu mesmo" dentro de você, ele está lá
Basta procurar, não é algo simples, mas procure, pense "Porquê eu sou assim ?" pense no porquê de tudo e assim você encontrará a resposta, a resposta para todas as suas perguntas é uma só
E ela está dentro de você...
Eu só conseguia ficar triste
Parei para pensar o que realmente importava na vida depois da morte de um ente querido, o que mais sinto falta é a sua amizade, seu afago, suas broncas e até nossas ofensas recíprocas.
Por dias fiquei aboletada no sofá pensando no nada, eu não me saía bem no quesito sofrer, mas a dor não saía do meu peito. Todo mundo passou a ter compaixão de mim, nada me dava alegria.
Passei a ser insegura, fiquei com medo de perder os outros que amo, tinha uma mania de pedir para Deus que tudo de ruim que pudesse acontecer com os meus que fossem transferidos para mim.
Eu não queria estar, nem existir, deixei de ter um lugar favorito no mundo, passei pela experiência da negação, coloquei na minha cabeça que ele iria voltar. Eu me fechei e fiquei em recesso.
Fiquei escandalizada com a dor que tive que suportar, perder quem se ama é como perder seu tesouro mais valioso. Às vezes me pego pensando nele sorrindo ou dizendo "eu te avisei", ou explicando para eu não abandonar o barco.
Por um período fiquei inconsciente, como se nada fosse me libertar daquele pedaço de mim que tinha se perdido, precisei fomentar minhas bases religiosas para não pirar, acabei me ocupando e deixei a preguiça de lado, era preciso energia e uma vida mais feliz.
A cada dia tenho a certeza que temos mais do que precisamos, economizamos nos afetos, nos gestos de carinho, não contemplamos o por do sol, a gente se desgasta com excesso, tem necessidade de virar a noite.
Por vezes meus amigos me colocaram no colo, por dias e anos revivi a dor, eu me senti fora do mundo, estava cheia de traumas, distanciada da felicidade, traída por sentimentos contraditórios.
Tudo era tedioso, a mesmice do dia-a-dia, a falta de coragem para acordar, as conexões desconectadas de não ter cabeça nem para escolher as próprias roupas. A minha vida estava com olhar no passado.
Fui conduzida a certeza da infelicidade eterna, fiquei em estado de hibernação, nem por um minuto achei que conseguiria ser feliz novamente, tive que agilizar minha rotina para não enlouquecer, tive que me impor para continuar sobrevivendo e assim as pequenas felicidades começaram a aparecer.
Não há fingimento, eu te amo. E eu vou amá-lo até eu morrer, e se é a vida depois disso, eu vou te amar então.
